Capítulo 25 – O Despertar

Conto de Sonhador Viajante como (Seguir)

Parte da série As Férias Dos Meus Sonhos (Baseada Numa História Real)

Quando a água entrou... Invadiu meu núcleo... Inundou meu ser... Afogou meu cerne. A água me possuiu. Ela se espalhou por todos os lugares. Ela me invadiu. Eu me tornei a água. Eu me transformei na fonte de sua origem. Debaixo daquele lago escuro e inexplorado, eu me encontrei perdido... Preso. Abandonado. Afogado. Morto. Enclausurado. Era frio. Era abrangente. Quanto mais eu o explorava, mas grande ele era... Não existia fim. Não existia saída. Eu nadei... Eu gritei... Pedi ajuda... Procurei uma saída... Tentei encontrar um caminho de volta. Mas não encontrei nada. Ninguém me respondeu. Ninguém me ajudaria. O silêncio corrompeu-me. Não existia salvação. Desisti.

Após um longo tempo ali, comecei a enlouquecer. Perdi a noção da realidade. Fiquei com raiva. Triste. Chorei. A dor se tornou o meu eu. Eu me tornei a dor. A devassa natureza aquática se expandiu e me tomou como sua. Esqueci quem eu era. Ou o que eu era. Eu era o lago agora. Eu era as algas marinhas. Eu era as bolhas que flutuavam de suas profundezas. Eu era a espuma da correnteza desordenada. Eu era as pedras camufladas por musgos. Eu era a água sombria. Eu era o escuro. Eu sou o lago. ...

Uma voz, vindo de muito longe, ecoou na minha imensidão... Eu escutei... Eu ouvi-a. “Tente mais uma vez. Só mais uma vez”, disse-me a voz. Ignorei. “Não desista. Não faça isso”, insistiu. “Por favor! De novo”. Olhei para a escuridão e nadei para o alto. Mesmo sabendo que nunca encontraria a superfície. Foi quando algo mudou. Algo aconteceu. A água começou a escorrer. A escuridão foi clareando... Meu corpo começou a ser esvaziado. A água, antes parada, remoeu-se á minha volta. Num redemoinho reanimador. Algo me puxou. Uma força me dominou. Eu ouvi a voz. Agora, mais clara do que nunca. “Volte! Volte! Você consegue”. Lutei para subir. A escuridão ainda me agarrava para ficar, entorpecendo meu interior. Mas à voz me guiava. Chamava-me. Dando-me esperança. Fazendo-me acreditar numa ressurreição impossível. E foi essa voz que me fez emergir.

...

Acordei numa forte luz branca. Tão intensa e ofuscante, que me cegou completamente. Eu não conseguia ver nada. Fechei meus olhos de novo... Eu queria enxergar... Abri-os novamente... A dor nos meus olhos foi atordoante... Era angustiante querer ver através de toda aquela intensidade, mas eu queria... Eu quis. Abri meus olhos de uma vez, suportando os raios de luz da minha nova vida... Insistindo em atravessar aquele véu... Um branco gélido apoderou-se da minha visão... Moldando-se para um cinza escuro... Logo em seguida, tomando cores mais vivas... Cada cor voltando ao seu lugar... Cada tom se ajustando mecanicamente... Meus frágeis globos oculares achavam tudo aquilo perfeito... Por que era tudo tão claro? Por que era tudo tão intenso? Pisquei... E foi como se eu conseguisse controlar todas aquelas cores... De que cor eu as chamaria? Tudo que eu conhecia era que escuro, branco e cinza... Que nomes essas outras cores teriam? Mexi meus dedos dos pés... Fechei minha mão... Senti minha pele... Apertei os finos lençóis que me protegiam... Minha força estava ali. Pronta. Resistente. Senti minha boca abrir e fechar. Senti sabores. Cheiros. Escutei vozes. Sons. Senti meu coração pulsando no meu peito. Tudo voltava. Eu voltava. Eu finalmente voltei.

...

Eu era um poço fundo e seco. Meu interior era uma enorme cratera escura e insondável. Mas quando adormeci tudo aquilo foi inundado... Eu fui preenchido... E foi isso que me fez afundar. Eu fiquei submerso e me acostumei á isso. Era bom ficar á deriva dentro de si. Era reconfortante parar tudo e apenas ancorar. Eu quis acordar... Eu quis muito... Mas quanto mais eu queria... Mais relaxava na minha profunda inundação.

O meu despertar foi uma grande surpresa pra mim, sendo que eu mesmo já tinha desistido de voltar. Acordar foi doloroso. Amedrontador. Foi ainda pior do que submergir. Pois agora, eu não estava mais afundando, e sim, boiando. Eu boiava naquela nova realidade aonde eu tinha acabado de cair. Não saber de mais nada, fez isso comigo. Eu praticamente pairei na minha história, e de súbito, a pausa estagnou meu destino. Senti-me como se nunca tivesse vivido aquela vida. Como se nunca tivesse existido nela. Eu acordei num play contínuo... Mas onde eu parei? Aonde eu comecei? O play pode ter continuado, mas eu não. Acordei no meio do meu próprio filme.

Olhei ao redor. Piscando várias vezes. O estranho ambiente hospitalar clareou minhas primeiras impressões. Eu sabia que estava internado. Eu sabia que estava num hospital. Isso era bom. Eu tinha consciência. Vi uma mulher se aproximar... Lembrei-me do seu nome. Catarina. E lembrei-me de quem ela era. Minha mãe. Ela me encarava ansiosa. O brilho nos olhos dela se evidenciou ainda mais quando eu olhei para ela. Meus lábios ressecos tiveram dificuldade ao se abrir, mas mesmo assim esforcei-me para falar.

– Mãe... – eu disse, molhando meus lábios com a língua. – O que... É isso? – tentei puxar os fios que me ligavam aos aparelhos. – O que tá acontecendo? – perguntei atordoado, olhando para aquele quarto desconhecido, e procurando uma razão para estar ali. Eram às minhas primeiras palavras, horas depois de ter acordado.

Confusão e perdimento me anestesiaram naquele momento. Minha cabeça era um turbilhão. Cheguei a ficar zonzo com tanta perdição.

– Filho... Oh meu Deus! Graças á Deus! Você acordou! Chama o médico! Agora! – pediu ela com urgência á uma enfermeira do lado. – Calma! Vai ficar tudo bem. Você vai ficar bem, agora. – disse ela, pegando na minha mão e apertando-a.

Eu não a compreendia. Dona Catarina era outra pessoa. Não reconheci minha mãe. Ela não era a mesma que eu conhecia. O que tinha acontecido com ela?

– Por que a senhora está assim? O que foi que fizeram com a senhora? – indaguei assustado, olhando bem pra ela e vendo suas olheiras fundas. Sua magreza escancarada. Suas lágrimas de tristeza. A expressão dela era de alguém doente. – A senhora está doente?

Um medo repentino de perdê-la tomou conta de mim. Eu a segurei com força, prendendo meus dedos aos dela.

– Não! Não meu amor... Não estou doente. Isso não é nada. – respondeu-me ela, aturdida.

– Não parece ser nada... Você não me parece bem. O que aconteceu? – indaguei.

– Eu tenho dormido pouco. Só isso. Nada para você se preocupar, viu? Tudo o que me importa é você. Sua saúde é que está em questão aqui, meu bem. – disse ela, sorrindo sem jeito, enxugando lágrimas sorrateiras.

Eu não me conformei com sua resposta. Algo estava errado. Eu sentia.

– Mãe, eu tô assustado. O que aconteceu comigo? O que eu estou fazendo aqui? Eu não entendo... – coloquei as mãos na cabeça e senti meus cabelos. Estavam grandes. Cheios. Lisos. O que diabos tinha acontecido comigo? Por que eu não me lembrava de nada? Como eu tinha vindo parar ali?

– Eu vou te contar tudo, meu filho! Só fique calmo! Respire... Não chore! Você passou por muita coisa. Precisa relaxar. – aconselhou-me ela.

– Relaxar? Eu não quero relaxar... Eu só quero saber. Entender, mãe! – exclamei exaurido. – Por que eu não me lembro? Por quê?

Eu estava num desespero absoluto. Tinha medo até de mim mesmo. O vazio era estarrecedor.

– Você não tem recordação de nada, meu bem? Nadinha? – perguntou-me ela, surpresa.

– Não... Minha cabeça está vazia... Eu tento ver alguma coisa, mas tá tudo longe... Eu tô com medo, mãe! – falei, desolado, querendo chorar.

As minhas emoções voltavam. Ainda mais fortes do que nunca. Ela me abraçou e eu a apertei. Eu me sentia tão desprotegido, que vi nela uma sombra boa naquela luz toda.

...

As primeiras respostas para tantas perguntas vieram horas depois... Foi um choque saber da verdade. Quando minha mãe e o médico começaram a me contar o que tinha acontecido e como eu tinha vindo parar ali... A tristeza me sufocou ainda mais. Toda a história foi pesada demais pra mim. Cada detalhe sórdido não se encaixou em nada com o quebra-cabeça da minha mente. Eu não acreditei. Eu não quis aceitar. Reneguei toda a sua verdade. Que verdade era aquela? Por quê? Não! Como? Não pode ser. Eu ri e depois chorei ao encarar á realidade nua e crua.

Segundo me disseram, no dia 7 de janeiro, eu tinha sofrido um grave acidente. Eu estava voltando da casa de uma amiga, quando de repente, o ônibus em que eu estava foi assaltado. Fui feito de refém e para piorar, me levaram como garantia de fuga. Houve uma perseguição. E o carro em que eu estava sendo levado, capotou, e caiu numa ponte. Afundando comigo e todos dentro. Não sei como saí de lá. Mas saí. Já desacordado. Sofri traumatismo craniano. Quase morri. Passei por cirurgias. E fiquei em coma profundo por seis meses.

SEIS MESES... Caralho! Para mim, mais pareceram seis dias... Ou mesmo seis horas... Como eu poderia ter dormido tanto? Quanta ignorância á minha. O tempo passou muito mais rápido pra mim. Foi tudo mais fácil pra mim. Agora, pra quem me esperava acordar, o tempo foi uma longa eternidade. Eu sabia, só de olhar para a nova aparência da minha mãe, o quanto eu a tinha destruído nesses meses sombrios. O que eu tinha feito? O mais surreal era que aquela pessoa que eles descreveram na história, não se parecia em nada comigo. Não existia lógica. O Alef que tinha sofrido esse acidente era outra pessoa. Eu nunca faria algo do tipo. Nunca gostei de viajar sozinho. Estaria eu, usando drogas? Que amizade me faria fazer aquilo? Que amiga era essa? Eu não me lembrava de nada.

Seis meses em um coma profundo... Seis meses dormindo... Seis meses deitado sem mexer um músculo... Seis meses inconsciente... Seis meses num silêncio amordaçado... Seis meses praticamente morto... Até agora. O despertar do meu novo destino, começou conforme o ecoar de um sino distante. Anunciando a minha chegada. Prenunciando o novo eu, que eu conheceria dali pra frente.

...

Por que eu me sentia tão deslocado? Até as paredes daquele quarto, pareciam mais bem colocadas, do que eu ali dentro. Era como se eu estivesse no lugar errado. Vivendo a história errada. Eu nunca deveria me encontrar ali, para começar. Sabe quando você acorda e percebe que não está na vida certa pra você? Foi exatamente assim que eu me senti. Eu não deveria ser o protagonista daquela história. E se eu devesse morrer? E se fosse melhor que eu tivesse morrido? O que eu estava fazendo ali? Que vida era aquela?

Eu deveria estar comemorando por estar vivo e acordado. Mas não fiz isso. Pelo contrário. Eu me martirizei. A culpa que eu sentia por estar fazendo minha família sofrer dissolvia minha felicidade. Eu estava triste demais por mim e por todos á minha volta. Depois que eu fiquei sabendo da verdade, tudo foi um torpor pra mim. A minha carga emocional surrupiou as minhas esperanças. Levando toda e qualquer força de vontade naquilo tudo... Era normal querer ficar sozinho, dentro de um hospital, após tanto tempo ali? Pois se fosse, eu queria muito ficar isolado. Longe de todos. Retornar dos mortos não é fácil... Ainda mais quando não temos mais noção de nada do que vivemos. A depressão pós-despertar me pegou com tudo. A situação piorou ainda mais pra mim, no dia seguinte, quando o médico veio me examinar e conversar comigo.

– Bom dia, garoto dorminhoco! – saudou-me o médico, sorridente.

– Bom dia! – respondi sem vontade.

– Como você se sente hoje, Alef? – quis saber ele, objetivo.

– Igual. Exatamente como ontem... Nada mudou! – falei de cabeça baixa.

– A sua falta de memória nesse momento é totalmente normal, Alef. Sua recuperação é que vai juntar todas as peças que você não se lembra de existirem. E pelo o que eu posso examinar você está muito bem. – disse ele, avaliando o meu prontuário.

Sério? Puxa vida! Isso é ótimo... Pelo menos estou aliviando a dor da minha mãe. Mas o que eu queria dizer pra ele era: “Não doutor, eu não estou nada bem... Você deveria ver isso nos meus olhos. Eu não estou bem. Estou perdido”.

– Obrigado doutor! Eu... Apenas quero poder sair logo daqui. – falei, dando um sorriso vago, e escondendo minha tristeza.

Eu queria a verdade. Eu queria a minha verdade. Por que não conseguia acreditar em mim? Por que duvidava tanto de mim?

– Vejo que se continuar assim, logo, logo, você vai sair sim. – disse ele, piscando pra mim e colocando uma luz nos meus olhos, naquele teste de retina.

– É tudo o que eu mais quero. Levar o meu menino pra casa sã e salvo. – disse minha mãe, do meu lado, agradecida pelas observações do doutor.

– Eu não vejo a hora... Cadê o meu pai, mãe? Ele não veio? – eu disse, fazendo minha mãe arregalar os olhos, e me olhar estranho. Ela balançou a cabeça e desviou os olhos para o médico.

Ela não soube o que falar. Sua expressão transparecia devastação. Ela sorriu e olhou pra mim com os olhos cheios d’água.

– Seu pai? Ah meu Deus. Você não lembra... Nem mesmo dele. – disse ela, decepcionada.

– Do quê, mãe? Dona Catarina, dona Catarina... O que você está escondendo? Eu conheço esse seu olhar... Já sei... Vocês se separaram, não é? – deduzi, e ela abriu a boca, entregando-se. – Sabia que isso ia acontecer.

– É... Nós nos separamos sim, meu filho. É isso! – respondeu ela, branca de vergonha.

– Você está bem com isso? – perguntei, percebendo seu olhar perdido.

– Sim! Claro! Ele já foi tarde! Seu pai nunca foi bom. Nunca! – disse ela, vidrada, espelhando muitas sombras naquelas palavras.

– Pode acreditar. É por isso que ele não veio né? – entendi.

– De fato. Mas ele vai vim. Ele não o deixaria de ver... Você ainda é filho dele. – lembrou-me ela, meio tremida.

A reação dela era estranha e cognitiva á cada resposta dada. Eu não sabia o quê... Mas que ela estava escondendo algo. Isso ela estava. Meu pai era um homem cheio de segredos. Já tinha traído minha mãe. Já tinha saído de casa. Já tinha até sumido. Mas eles nunca tinham se deixado de verdade. Pelo menos até agora. Mudei de assunto, querendo poupá-la de mais sofrimento.

– Que dia é hoje, mãe? – eu quis saber, curioso. – Em que data, estamos agora?

Ela olhou apreensiva para o médico novamente, e ele acenou com a cabeça. Eu não entendi. Os dois se comunicavam silenciosamente, através de olhares misteriosos.

– 5 de julho... – respondeu minha mãe, calmamente, como se eu fosse demente. – De 2016.

Não gostei daquilo. Aliás, eu não gostei da resposta. Aquilo me fez rir. Eu estreitei os olhos e balancei a cabeça.

– O quê? O que você disse? – perguntei confuso.

– 5 de julho de 2016. – repetiu ela, compreensiva, pegando na minha mão.

– 2016? Você ficou maluca? A minha última lembrança ainda é de 2012... Como posso ter dormido por seis meses e ter acordado em 2016? – pergunto com uma leve pontada na cabeça;

– Alef... O que você tá falando não faz sentido, meu bem. – disse ela, incompreendida. – Seu acidente foi em janeiro de 2016...

Aquilo me pegou ainda mais de surpresa. Meu estômago caiu em queda livre. E eu me esborrachei no chão e paralisei despedaçado. A luz do quarto pareceu apagar. Meu filme foi pausado.

– Não! Não! Por que a senhora tá mentindo na frente do doutor? Não estamos em 2016... É 2012! – falei, estressado. – Doutor, você pode confirmar pra ela que estamos em 2012? – perguntei, olhando somente para o médico á minha frente.

Ele me avaliou pensativo. Seu olhar não era nada amigável. Ele chegou mais perto de mim, olhando-me com atenção. Aquele olhar de médico preocupado. Que procura... E encontra um problema. Um problema gravíssimo.

– Alef, você pode me responder umas perguntas? – perguntou-me ele.

– Claro... – eu disse.

– Qual é o seu nome? Completo.

– Alef Sales Morais. – respondi de imediato.

– Muito bem... Agora, quantos anos você tem? – o médico parecia acreditar em mim.

Era uma piada? O que eu tinha virado? Uma criança de oito anos? Que droga de pergunta era aquela?

– Eu tenho dezesseis anos. – relembrei-o, sabendo que ele já sabia.

Eu me lembro, claramente, do meu último aniversário. Eu tinha ganhado um Ipod. Um par de sapatos. E uma blusa polo vermelha. Meu pai até tinha comprado uma torta de chocolate com morango.

– Tem certeza? – insistiu o médico.

– Sim! Absoluta! Eu completei em dezembro, antes de tudo isso acontecer. Eu lembro. Não é, mãe? Fala pra ele... – falei com convicção da minha verdade.

Só que ela não me olhou. Ela estava distante... Como se estivesse lembrando-se de algo também.

– Qual é a última coisa de que você se lembra? – indagou o médico, querendo mais respostas minhas.

– Eu... Não sei... Lembro-me do meu último aniversário. De andar de bicicleta num parque. De correr numa praia. Meu pai gritar comigo. Meu colégio. Um amigo chato. Acho que só... Por quê? – falei sem jeito.

Os olhares se estreitaram á minha volta. Minha mãe começou a chorar. Não entendi nada. Por que eles estavam me olhando daquele jeito? Eu causava mesmo tanta tristeza a todo mundo? Eu tinha falado alguma mentira? Eu tinha mesmo dezesseis anos... E estava prestes a cursar o segundo ano do ensino médio. – Quer dizer, eu deveria estar cursando. Agora vou ter que repetir o ano. – Eu sou o garoto tímido e afastado da turma... Eu tenho vários planos para cursar uma faculdade de direito... Trabalho nos finais de semana na lojinha da tia Cláudia... Gosto de ler romances com vampiros, todas as noites antes de dormir... Ando de bicicleta num parque da cidade, durante as tardes de domingo, só pra ver o carinha do vôlei que eu estou paquerando, dando saques e mais saques numa agilidade descomunal... Eu não tenho muitos amigos e muito menos namoro... Eu nunca fui beijado por alguém... Ou mesmo tocado... Eu sou virgem... Sou um rapaz bem solitário e gosto disso... E claro, eu sou gay... E ninguém sabe disso. Não é? Eu ainda sou esse Alef. Ou não sou?

– Alef, você não tem dezesseis anos... Você tem vinte anos. – disse minha mãe, determinada.

Eu petrifiquei de novo. Mais uma vez fui jogado contra a parede. Mais uma vez me senti um intruso naquela história. Isso não era possível.

– O quê? Não! Mãe... O que tá acontecendo? Por que você tá me dizendo que eu tenho 20 anos? Que doideira é essa? – perguntei incrédulo.

Ninguém respondeu. Ninguém falou nada. Eu me senti um estranho naquela vida. Meu mundo se desmanchou numa mancha indistinta. E foi aí que eu me perguntei: “Quem eu era? Quem eu sou”?

Naquele momento, me senti arruinado. Desejei não nunca ter acordado. Desejei a minha própria morte. Afinal de contas, tinha eu ficado louco naquilo tudo?

...

É... As sequelas do meu acidente eram mesmo insuperáveis. Perdi a memória. Perdi parte de uma vida. Fodeu! De cara, eu me taxei de louco. Para as outras pessoas, eu tinha apenas perdido a cabeça. Só que em outras palavras no meu dicionário... “Alef era um caso perdido”.

O primeiro mês de recuperação foi torturante. Até me mudar de hospital, para receber tratamento exclusivo pra cabeça, eu fiz. Algumas coisas eram novas pra mim. Era como se eu tivesse nascido de novo. Eu tinha que reaprender coisas tão banais, que nem me lembrava de serem tão importantes, até experimentá-las de novo. Eu não sabia de nada. Eu não entendia mais nada. As terapias e aconselhamentos com psicólogos e fisioterapeutas foram uma completa chatice. Foi decepcionante me ver desistindo de tentar encontrar as respostas, que eu tanto precisava para seguir. Eu simplesmente não conseguia lembrar. E quando conseguia sempre me esquecia de novo. Eu chorei muito por isso. Revoltei-me de um jeito, que não conseguia mais nem me olhar no espelho. Eu não sentia mais vontade de me ver ou mesmo de me ouvir. Toda vez que me via no espelho, via outra pessoa. Como se eu estivesse no corpo de outra pessoa. Pra quê me preocupar com minha aparência, se eu nem lembrava mais dos meus novos traços no rosto? Aquele olhar não era mais o meu olhar. Aquele corpo já não servia mais para minha antiga personalidade.

Durante todos aqueles dias, não recebi visitas. Eu mesmo não queria ver ninguém. Tinha medo de não reconhecer os outros. Já me sentia frustrado o suficiente pra uma vida só. Da minha família só tinha minha mãe. Nem meu pai queria me ver. Eu estava mais sozinho do que nunca. Com o passar dos dias, comecei a me acostumar a viver naquele nevoeiro sem fim. E passei a dormir mal á noite. Por incrível que pareça. Sei lá, vai que eu dormisse e não acordasse mais. Ou pior, e se eu acordasse num mundo ainda mais diferente. Eu estava ficando meio paranoico com o sono. O que era ainda mais perigoso para minha saúde mental. E se eu enlouquecesse, por não conseguir dormir mais? Os cochilos tardios eram minha nova forma de dormir. Eu só queria lembrar. Tudo que eu desejava, era que eu voltasse ser o que eu era antes. O que eu fui um dia. Para isso, me mante acordado o máximo de tempo possível. Já tinha dormido demais naqueles meses. Só que era mais complicado. Ficar acordado não traria minhas lembranças automaticamente. O buraco na minha mente era muito mais largo do que eu podia imaginava. Minha cabeça estava deserta. Só existiam ecos.

Minhas lembranças tinham sido apagadas. Eu perdi cinco anos da minha vida nessa perca de memória. Eu perdi todas as experiências, que eu tinha vivido e experimentado nos últimos anos. E não era só as minhas memórias que tinham sido exterminadas. Eu mesmo me sentia apagado. Invisível. Era como se eu não pertencesse aquele corpo. Aquela vida. Aquelas pessoas. Comecei a entrar em abstinência social. Nada fazia sentido pra mim. Eu chorava sem poder. Sorria sem gostar. Tudo pra agradar. Pra fazer as pessoas acreditarem que eu ficaria bem. Que eu me recuperaria. Que eu sairia dessa. Mas como eu poderia me recuperar daquilo? Eu não lembrava quem eu era. Quem eu tinha sido. Eu era uma completa página em branco. Todo o meu passado mais importante tinha sido apagado. Como eu poderia ficar bem? Como eu poderia continuar de onde parei?

Fui levando minha vida assim... Nesse escuro meio iluminado... Aonde uma parte minha era só sombras, enquanto a outra parte era luz e interrogações. Onde todos viam menos eu.

No dia em que eu recebi alta, olhei-me num espelho por vários minutos, antes de sair para o novo mundo lá fora. Meus cabelos tinham crescido tanto, que apresentavam pontas espetadas, em decorrência do grande volume crescente. Penteei-o para o lado, ajeitando-o de forma desordenada. Minha pele estava limpa, descansada, corada. Pálida. Meus olhos nunca estiveram mais intensos. Meus lábios eram de um vermelho vivo. Eu estava magro, mas em compensação mais tonificado. Respirei fundo e tentei domar as rédeas daquele corpo. Eu me sentia bonito. Até atraente. É. Eu me desejava. Já era um começo.

Meu tratamento seria o tempo. O tempo ajustaria os meus ponteiros. Os anos me transformariam no que eu devia ser. Já os remédios, me preparariam para isso. Minha cabeça era agora, uma bomba relógio. Tudo podia explodir. E vir a tona com força total. O médico disse que eu poderia lembrar á qualquer momento. Eu só precisava de uma válvula de escape. Um impulso. Uma lembrança forte o suficiente para fazer lembrar-me de tudo. Eu queria tanto lembrar. Eu daria tudo pela mais leve recordação.

Enfim, saí do hospital. E continuei sendo a folha em branco, esperando para ser pintado.

...

Dentro do táxi, eu divagava, olhando pela janela, enquanto as paisagens da cidade urbana passavam pelos meus olhos. Fixei minha visão nos prédios e estranhei todo aquele percurso. A cidade tinha outros ares. As pessoas passavam na faixa de pedestres, apressadas, vivendo suas vidas. Focados em si. Jovens sorriam ao voltar da escola... Animados e ansiosos com suas identidades seguras. Entristeci-me. Só eu mesmo. Ali dentro, pensativo, me achava o cara mais estranho do mundo. Não consegui me ver como eles. Não me senti como parte de uma sociedade. Não achei uma linha que me ligasse àquela normalidade. Minha mentalidade era de um garoto de dezesseis anos, mas minha idade me denunciava. Eu estava velho. Não era mais aquele adolescente. Tudo estava diferente. Eu estava tão mudado. Só precisava lembrar quem eu era. Como eu poderia um dia ser um cara normal de novo?

Paramos num sinal fechado. Um carro parou do meu lado. Olhei para ele e meus olhos se fixaram. Era um Jeep. Vermelho. Minha mente se revirou e eu visualizei um Jeep... Só que de outra cor. Claro e nítido. Como se eu já tivesse visto em algum lugar. Forcei minha mente. E um flash de lembrança clareou algo. Meu primeiro flash surgiu... Um Jeep cinza, com rodas gigantescas, parado na frente da minha antiga casa. Bonito. Reluzente. Chique... Que estranho! De quem seria um carro daqueles? O que aquele carro esportivo fazia nas minhas lembranças? O Jeep vermelho se foi e eu fiquei pensativo, mas nada mais voltou. Foi só uma pequena lembrança no meio de tantas outras para serem descobertas. Seria assim de agora em diante. Gravei aquele Jeep na memória, para ligar com alguma outra lembrança mais tarde.

Durante todo o caminho para minha nova casa, tentei convencer-me de quem as pessoas queriam que eu fosse... “Olá, eu sou o Alef. Tenho 21 anos. Moro com minha mãe e meu padrasto. Estou fazendo faculdade de jornalismo. E penso seriamente no meu futuro...” Tá bom? Só que não. Seria uma pena se algo terrível tivesse acontecido e mudasse toda a minha perspectiva de saber o que eu quero e o que eu sou. Mas aqui estou. Tentando recomeçar. Anulando minha fraca memória e construindo uma nova realidade. Eu tinha que tentar me encaixar de novo. Não havia alternativa. Ou eu lembrava quem eu era... Ou eu me conformava com quem eu devia ser. Ensaiei meu novo mantra: “Seja você mesmo, e o resto que se foda”. Um calafrio percorreu minha espinha dorsal, quando pensei no que me aguardava quando eu chegasse lá. Minha mãe tinha me revelado mais coisas, antes de eu sair do hospital. O que me deixou ainda mais aflito.

Além de ter que aturar um padrasto desconhecido. Dona Catarina tinha me falado que os filhos do novo marido estavam morando na casa deles. Uau! Já tinham me substituído na cara dura. Já era horrível voltar pra uma casa que eu nem conhecia, para viver uma vida que eu desconhecia. Agora, eu teria que aturar moradores novos. Que ótimo! “Estou ansioso para voltar pra casa...” O solavanco do táxi parando, acordou-me dos meus pensamentos. Ele estacionou no meio fio, de uma rua residencial, cheia de casas arrumadas e bem pintadas. A rua tinha uns poucos carros estacionados em frente ás residências. Era um daqueles bairros nobres do Recife. No centro, perto de tudo. Um muro alto, com um longo portão de alumínio, impressionou-me. Eu não acreditei que moraria ali. Será que não era engano da minha mãe? Ou do taxista?

– É essa a casa? – perguntei.

– Sim! Seu novo lar! Gostou? – quis saber minha mãe.

– O meu padrasto é rico? – olhei abismado lá pra fora, apreciando o novo ambiente. Quando é que eu imaginaria que moraria num bairro daqueles? Nunca. Mamãe não tinha condições e meu pai muito menos.

– Só um pouquinho... – sorriu ela. – A gente se mudou do endereço antigo...

– Por quê?

Ela estreitou os olhos. Pensativa.

– Nós queríamos nos mudar já faz um tempo. Depois que você ficou em coma, decidimos fazer isso. Aqui era mais perto do hospital. Tínhamos mais acessibilidade. Gostamos do lugar e do preço, é claro. Aí, resolvemos comprar essa casa, que é muito maior e bem mais confortável. E estamos aqui agora. – explicou-me ela, orgulhosa da escolha.

– Poxa. Deve ter custado uma grana. Quem diria! A gente sempre quis morar num bairro assim, lembra? Legal! Gostei. Se ele te faz feliz, é claro que eu gostei. – falei, animando-me um pouco.

– Que bom, meu filho. Você vai se recuperar viu? Quer dizer, você está ótimo. – disse ela, tocando minha bochecha encovada. – Algumas memórias faltando não vão mudar quem você é... Jamais. Preparado, meu bem? – perguntou mamãe, avaliativa.

Ela tinha conversado tanto com o médico antes de sairmos. Pedindo informações e todos os aconselhamentos possíveis, que com toda certeza, ela estava mais preparada do que eu.

– Nem um pouco... Mas vou tentar. Eu já passei por tanta coisa, não é mesmo? Isso vai ser fichinha. – falei, dando o sorriso mais convincente possível.

Ela pagou ao motorista e pegou algumas bolsas, saindo do carro. Abri a porta e desci do táxi. O ar fresco de uma brisa balançou meus cabelos. O cheiro de cidade grande entornou nas minhas narinas. Como era bom não sentir mais o cheiro do hospital. Como era bom estar livre dos olhares de enfermeiros e doutores. Olhei ao meu redor. As ruas eram mais desertas. O silencioso ambiente era reconfortante. Eu só ouvia o barulho de carros distantes, passando por alguma avenida ao longe. Aquele bairro era muito mais discreto do que eu podia imaginar. Não se ouvia um pio. Nem mesmo vizinhos na janela ou na porta. Meus novos vizinhos, provavelmente, deviam estar trabalhando em escritórios importantes, enquanto os filhos faziam faculdades particulares. Suponho. Só sei que todas as casas eram muradas. Protegidas com cercas elétricas. Até a minha.

Era Agosto. Uma bela segunda-feira ensolarada. Olhei no meu relógio de pulso e vi que eram dez e meia da manhã. O começo de semana que eu finalmente voltei pra casa. Aonde eu começaria a ajustar a minha vida. Recomeçando o quê quer que fosse. Que seja! Aceitei meu novo destino e caminhei para ele. Minha mãe abriu o portão da garagem e eu entrei, segurando umas das minhas mochilas. Um carro bacana estava estacionado na garagem. De um lado, uma bicicleta de corrida, estava presa num cadeado. Não era a minha, infelizmente. A porta da frente estava fechada. Existia um beco todo de cerâmica, com um pastor alemão enorme, que avançou na minha direção. Pulei. E soltei um palavrão. Assustando-me. Ele latiu e eu me retraí. Ainda bem que uma coleira grossa o segurava. Já pensou sair do hospital e voltar na mesma hora? Não quis nem pensar nisso. Deus me livre. Benzi-me e perguntei:

– Nossa! Desde quando temos um cachorro desses? – apontei para o cão latindo.

– É do filho do Edson. Ele não morderá você. Só precisa conhecê-lo. – disse minha mãe, indo até o cachorro e o alisando. – Não é, Fênix?

Edson. Meu padrasto. Queria só ver se iria com a cara dele. Pelo que ela tinha me falado, ele parecia ser uma boa pessoa. Será que o Alef de antes, gostava dele? Era péssimo ter um padrasto naquele meu estado. Que confusão, meu Deus. E se eu não gostasse do novo marido da minha mãe? O que seria de mim? E pior, o que os filhos dele, achariam de mim? Já sentia cheiro de antipatia, antes mesmo de conhecê-los.

Um silêncio estranho abrangia o lugar. Cadê o pessoal? Teriam todos, ido embora? Seria melhor que tivessem mesmo. Eu não estava pra ninguém.

– Acho que não tem ninguém em casa. – falei, animando-me com a ideia.

– Será? Vamos ver... Acredito que tem sim! – disse ela, com aquele olhar duvidoso, que esconde alguma coisa.

– Mãe... – repreendi-a.

Ela girou a maçaneta da porta da frente e me convidou a entrar.

– Depois de você. – avisou-me ela, abrindo a porta.

Balancei a cabeça, mal humorado e entrei na escura sala. E foi eu pisar lá dentro, e um estouro ser disparado. A luz acendeu. Desconhecidos me cercaram. E uma chuva de confetes caiu em cima de mim com tudo. Gritos de alegria, com saudações alternadas, receberam-me com um entusiasmo inesperado. Chocado, paralisei na porta. Tinha pra mais de dez pessoas, totalmente desconhecidas pra mim, ali naquele momento. Era uma festa. De boas vindas. Pra mim. Que ótimo! Eu já estava adorando aquele retorno... Só que não. Sorri sem graça. E de repente, fui levantado do chão. Um cara me pegou pela cintura e me colocou no braço, gritando:

– Bem-vindo de volta irmãozinho! – disse ele, sorrindo escancaradamente.

Ai meu Deus! “Saudades zona de conforto”. Pensei. Quem era esse cara? E o que ele achava que estava fazendo? A gente nem se conhecia. Ou se conhecia? Sei lá. Por mais embaraçoso que minha mente estivesse, tinha coisas que eu me recusava a aceitar. Aquilo era uma delas. Pelo amor de Deus! Tudo o que eu queria fazer, quando chegasse a minha nova casa, era me deitar e tentar dormir num colchão macio até não poder mais. Nunca isso. Nunca essa recepção. Esse falatório descompassado. Quem eram todas aquelas pessoas, afinal? Eu não queria falar com ninguém. Tá legal! Eu admito que eu esteja um pouco chato nessa fase. Mas quem não estaria?

Ele me balançou no ar, e eu me segurei no seu pescoço. A euforia dele era surreal. Todo mundo estava achando graça. Menos eu. “Quando foi que eu fiquei emo e gótico? Será que não dava para eu me sentir um pouco mais parte daquela família”? Talvez eu até fizesse parte da turma... Não! Eu não fazia parte daquela tribo. O meu novo irmão me colocou no chão e eu suspirei, aliviado. Ele era forte como um touro. Analisei. E até ficou vermelho por ter me segurado. Por um momento, eu desejei voltar para meu papel de bela adormecida de novo. Cara... Eu definitivamente não fazia parte dessa vida. Não mesmo. Se as pessoas esperassem que eu fosse abraçá-las... Esperariam sentadas. A minha nova versão era super punk trevoso.

Continua...

Comentários

Há 9 comentários.

Por Monamour em 2017-05-01 20:28:14
Eu amo essa história demais, essa história me fez partir o coração muitas vezes, pude imaginar a dor do wallace ao ficar longo do Alef, eles realmente não vivem sem o outro, PELO AMOR DE DEUS, faz eles ficarem juntos, bem e em paz 🙏🏻❤️. Se algum dia eu estiver na faculdade de cinema, adoraria transformar sua história em um longa metragem 🙏🏻🙌🏻❤️ Não para de escrever, deixa o amor tomar conta, deixa o amor de Wallace reativar Alef, não os mate, por favor. Obs: o Alec tem meu sobrenome (morais) Prazer leitores Vítor Morais 18 anos 😊
Por Sonhador Viajante em 2017-04-27 21:08:26
Oi Gente! Tudo bem? Eu sei que estou demorando pra postar, mas um atraso vai ter que ocorrer essa semana. Não se preocupem! Vou postar capítulos seguidos. Bjs e volto logo mais com esses capítulos prontos. ;)
Por Julhinho em 2017-04-27 09:02:22
Eu amooo essa história. Mas demora muito pra postar e a gente fica na anciedade vc nos deve um cap extra em voltaaaa logo por favor.😥😥😱😱😱😱
Por em 2017-04-26 02:12:06
Eu preciso desse final Essa história é a minha vida Por favor 😥😭😢😭
Por Guerra21 em 2017-04-22 17:24:02
Punk foi esse capítulo, minha nossa deu uma canseira, kkkk. Tudo bem o Alef vai lembrar do que a aconteceu logo mais, acho difícil ele não se lembrar se seu boi magia aparecer na sua frente, inclusive eu preciso de um Boy, 😂😂 Como bem tudo são flores possa ser que o Alef se encante por um novo Boy dentro dessa história, seria muito fácil se ele acordasse e voltasse logo com o Wallece, vamos ver as fortes emoções que nos aguardam no próximo capítulo. Espero que o Wallece apareça logo.
Por Diva em 2017-04-22 10:00:31
Nossa...😵😵😵UOU tava muito bom melhor capítulo, nossa que legal os irmãos gostam dele, tipo pensei sera que eles vão achar como mais um na família que tipo tinham ciúmes dele pelo amor de mãe e tals, já gostei do irmão dele UE interessante... Como sera a reação do reencontro dos pombinhos😍😍
Por Rafinhah em 2017-04-22 01:02:32
Eu imagino toda a memória de Alef vindo a tona quando ele ver o Wallace...(thousand years) "Eu não sabia quem era ele, so sentia uma coisa forte ao ve-lo, seu cheiro me trazia lembranças e a cada passo de sua aproximação meu coração ia aumentado cada vez mais. Ele estava se aproximando ao ponto dele conseguir me tocar e foi o feito por ele. Sua mão vinha subindo lentamente e eu la, parado, olhando pra ele incrédulo e nervoso até que sinto seu toque..."{e toda a memória voltara}
Por Julhinho em 2017-04-21 20:20:33
Tava resando pra vc posta logooooo. Poxa chorei horrores com esse capítulo. Tomare q vc consiga posta o de amanhã também 🙏🙏🙏🙏🙏 amooooo essa história ❤💞💕💕😍😘😘😘😘😘😘😘😘😘😘
Por Elizalva.c.s em 2017-04-21 20:13:45
Ansiosisima pra ver a reação do Alef quando encontrar o seu amor frente a frente.😘😘😘😘