Capítulo 21 - Meu Novo Melhor Amigo

Conto de Sonhador Viajante como (Seguir)

Parte da série As Férias Dos Meus Sonhos (Baseada Numa História Real)

Minha história com Gabriel começou e terminou assim:

Quando o vi pela primeira vez, ele era apenas um garoto, rodeado por seus amigos extrovertidos e populares. O bonitão cobiçado por todas as garotas das turmas. Só via-o de vista... E não o achava tão bonito, como todo mundo dizia. Sempre passava por ele, mas nunca parando o suficiente para reparar de fato nele. Pra mim, era um tanto faz. Não me interessava por ele nem um pouquinho; Achava-o exibido demais. Nunca nem me passava pela cabeça, algum dia interessar-me por ele. Jamais! Nesse tempo, teve até uma vez, que chegamos a nos cumprimentarmos formalmente, numa roda de colegas. Mas, nem aí, consegui me simpatizar com ele. Naquela época, ele já me olhava diferente. Eu só ignorava, pois achava que era deboche ou algo do tipo... Sabe aquele olhar de hétero, avaliando um gay enrustido (eu). Pois é, era assim que eu interpretava seus olhares. Tomamos destinos diferentes e não nos vimos mais, por um bom tempo.

Anos depois... O destino resolveu me surpreender. Nossas vidas se cruzaram por acaso, e foi como se um encontro de verdade acontecesse. Quando o vi pela segunda vez, eu me encantei... Era como se o visse pela primeira vez... Sua beleza era exótica e estonteante. Ele estava mais atraente do que nunca. De fato, bonito. Do tipo, gato pra caralho. Foi amor á primeira vista. Lembro-me de olhar pra ele, e ficar vidrado, como se estivesse hipnotizado. Eu queria falar com ele... Ser seu amigo... Conversar... Fazer parte da vida dele... Mas ele nunca me notaria... Será que ele reconheceria o estranho garoto do fundamental? É claro que não. Eu era apagado. Invisível. Tentei não criar expectativas, até o momento em que senti seu olhar sobre mim. Foi um choque. Eu não acreditava que pudesse ser notado por ele. Nunca! Mas, fui. Por incrível que pareça, eu fui notado no meio da multidão. Ele me encarou e eu o encarei. E foi aí que começou... Eu me apaixonei. E Fodeu! Já era... Foi rápido demais. Quando dei por mim, estava envolvido o bastante, para ficar pensando nele, todas as noites e todos os dias.

Nossa aproximação só aconteceu, porque ele tomou a iniciativa de vim falar comigo. Nunca me esqueci das suas primeiras palavras, dirigidas á mim: “Você tem horas?” perguntou-me ele. Eu tinha noção de que ele, só queria puxar conversa. Ele tinha relógio. Celular. Então, por que me perguntar? Deduzi na mesma hora. E não parou por aí... Ele começou a me encarar com mais frequência. Eu só faltava enfartar, toda vez que sentia seu olhar em mim. Pensei várias vezes, que era coisa da minha cabeça. Só que as coisas começaram a se desenrolar, como um rolo de lã... Seu contato comigo, ficou mais constante. Quanto mais eu me afastava, mas ele queria ficar perto de mim... Era caneta emprestada... Perguntas aleatórias sobre assuntos diversos... Ele fazia questão de puxar conversa... Chegando perto de mim, mesmo com minha distância... Pronunciando meu nome como um velho amigo... Sem falar nos olhares intensos e demorados... Tudo nos levava ao óbvio. Ele estava afim... Não podia ser ilusão minha. Era real.

Como eu sempre ficava na defensiva, não dava chance de rolar nada. Ele também parecia não ter coragem de me falar nada. O destino mais uma vez nos separou... Mais por pouco tempo. Quando comecei a minha faculdade de direito, para minha surpresa, lá estava ele. E dessa vez, fomos mais objetivos. Não tínhamos mais medo de nada. Só queríamos viver o que sentíamos... Numa noite, ao sair da faculdade, ele me chamou pra sair... Eu aceitei, logicamente... O brilho no olhar dele, quando eu disse sim, o denunciou. Ele fazia de tudo para ter uma aproximação comigo. Eu sentia. Ele estava ainda mais lindo, do que quando nos vimos pela segunda vez... Eu sabia que tinha me apaixonado por ele antes, e agora de novo, só que com mais intensidade... Foi aí que tudo começou... Eu estava apaixonado por ele e ele me correspondia. Começamos a namorar escondido... Vivi meses de aventuras... Durou o que tinha que durar. Tive todas as minhas primeiras experiências com ele... Beijo... Sexo... Reciprocidade... Tudo. Mas, como toda boa novela... Acabaram dez meses depois, quando ele resolveu morar em fortaleza... E eu fiquei.

Foi duro no começo... Mas eu superei com o passar dos anos. Afinal, nenhuma separação é fácil... E agora, ao vê-lo na minha frente, depois de tanto tempo, sinto como se voltasse para aquela vida. Sinto como se nada tivesse mudado... Uma volta perigosa ao passado podia me custar, boas noites de sono, mas não me importei... Caminhei na direção de Gabriel, e ele se levantou do banquinho, onde estava sentado, vindo até mim. Surpreendentemente, nos abraçamos por longos segundos. Eu não tinha palavras... Não sabia o que falar... O que pensar... O que dizer. Meu coração batia acelerado, confrontando-me no meio de tantos sentimentos guardados e esquecidos.

– Eu não tô acreditando... Nossa! É você mesmo? – indagou Gabriel, soltando-me, e me olhando dos pés a cabeça.

Sorri, engolindo em seco. Esperava que ele não reparasse na minha aparência derrubada.

– Sim... Por incrível que pareça. – respondo, envergonhado com meu aparente desconcerto.

Ele me encarou, sorrindo com os olhos. Ele continuava do mesmo jeito... O mesmo corpo razoável, de um nadador assíduo. Com a pele bronzeada pelo sol. Os mesmos olhos escuros indecifráveis. Os cabelos sempre encaracolados e desarrumados. Os lábios finos e simétricos, tomados por uma pequena barbicha, com bigode e calcanhar ralo. O rosto encovado e reto, cheios de pequenas sardas. E aquele sorriso de lado, que me encantava até hoje. Segurei o olhar nos seus olhos pretos, e sorri de volta. Era um bom sinal. Não... Era um ótimo sinal. Eu o tinha superado. Se fosse antes, eu nem conseguiria encará-lo. Mas agora, era normal. Amigável... Simples... Como encontrar um velho amigo, e não um ex-namorado.

– Há quanto tempo, hein... E aí, cara? Como você está? – quis saber ele, ainda perplexo na minha frente.

– Eu estou bem... – menti, rindo da minha resposta. – Quer dizer, vou levando... Tenho que levar, né?

– Com certeza... Seguir sempre em frente! – encorajou-me ele.

– E você? Como vai? – perguntei.

– Vivendo um dia de cada vez... E tentando não deixar de sorrir pra vida... O que é cada dia mais difícil de fazer. Mas, estou bem sim... Agora, ainda melhor... – disse ele, abrindo aquele meio sorriso, que sempre me fez suspirar. – Sabe, faz tanto tempo que não falo com pessoas conhecidas... Você não tem ideia de como é bom tá te vendo, e falando com você aqui... Aliás, você andou bem sumido nesses últimos tempos, não é mesmo? Não te via em lugar nenhum... Eu até achei que você tivesse saído do país... – disse ele, cruzando os braços.

– Oh, não! Quem dera. Um dia, talvez... E sobre me ver por aí, pode acreditar, é a coisa mais rara do mundo... Eu não sou mais tão sociável como antes, por isso não tem como me encontrar com tanta frequência pela rua... Mas olha só o destino nos pregando peças... Finalmente nos encontramos! – expliquei-me, pensando nos anos em que fiquei em hibernação.

– Engraçado, porque hoje de manhã, quando eu saí de casa, senti uma coisa estranha, como um tipo de aviso, sabe lá. Como se algo pudesse acontecer, entende? Meio que uma intuição bizarra, eu não sei... É... Eu estava certo. – contou-me ele.

Era de praxe do Gabriel, sentir essas coisas. Ele adorava prever acontecimentos... Uma das suas características mais estranhas e também as mais interessantes.

– Sempre sensitivo, não é? Você devia ser vidente, sabia? – opinei.

– Você adorava implicar comigo quando eu fazia isso, lembra? – relembrou-me ele, sorrindo.

– E como eu vou esquecer? Você acordava dizendo que ia chover, e de fato chovia... Eu até te apelidava de “Senhor do tempo”... Sem falar, naquela vez que você acertou todos os palpites, de quem ia ganhar a copa. – lembrei-o.

– Parece que foi ontem, né?

– É... E realmente foi... Bons tempos... – falei, olhando-o com carinho. – Que bom que você continua com a mesma essência de antes... É bom saber que algumas coisas nunca mudam... Fico feliz em saber que você, ainda é você. – admito.

– Mudar pra quê, né? Prometi morrer sendo o mesmo sempre... E vou continuar cumprindo essa promessa... Agora, você parece diferente... Muito por sinal? – observou ele.

– Você acha? Diferente como?

– Começando pelos hematomas no seu rosto... Desculpa tá ressaltando isso, mas é que está bem evidente. – disse ele, passando os dedos pelo meu olho roxo.

Aí meu Deus... Tinha me esquecido da minha fantasia de zumbi. Desviei-me de sua mão e suspirei.

– É... Eu andei me metendo em algumas brigas nos últimos dias... – eu disse, desviando o olhar.

– Sério? Não pode ser... Você, brigando? Não brinca... Desde quando? – espantou-se ele.

Queria dizer pra ele: “Desde o dia em que conheci o cara da minha vida. Pois é, eu estou apaixonado por um homem e acho de verdade, que ele é o cara que eu quero passar o resto da minha vida junto”. Mas só o que falei foi:

– É uma longa história complicada... Você vai querer pegar uma pipoca pra escutar tudo... – alertei-o, brincando.

– Uau... Conhecendo você, como eu conheço, prevejo muito drama amoroso, estou certo? – adivinhou-me ele.

– Numa escala de zero á dez? Onze! – entreguei.

– Poxa... O negócio foi sério, hein...

– Bem mais do que você imagina.

Uma voz nos interrompe. Cortando o clima... Um cantor desconhecido começa a cantar e a tocar violão, do outro lado do salão. Chamando assim, a atenção do público viajante que passava. Gabriel o olha com reprovação, entristecido.

– Gabriel? O que foi?

– Aquele cara! – disse ele, apontando para o homem, aparentando ter uns trinta e poucos anos, cantando um sertanejo arrastado.

– O que é que tem?

– Nós dois somos rivais nesse ponto... Quando um para, o outro começa... É uma espécie de duelo, pra ver quem tem mais público... Nem sempre somos formais... Muitas vezes, enfrentamos um ao outro ao mesmo tempo. – relatou-me ele.

– Entendi... Aliás, o que você faz por aqui? É um tipo de apresentação? – pergunto curioso com sua nova vida.

– Pode-se dizer que trabalhando... A gente se vira como pode... Na verdade, eu tô tentando juntar uma grana... Aconteceram algumas coisas... Bem fodidas, pra ser mais exato. Fiquei desempregado. Sabe como é, né? A vida te obriga a fazer coisas que você nem imagina. Pelo menos agora, estou fazendo algo que amo. – explicou ele.

Gabriel era músico há um bom tempo. E eu e ele sabíamos que viver de música, nem sempre eram essas mil maravilhas. Ele tinha uma banda, composta por cinco integrantes, chamada: “Sol Do Meio Dia”. Na época em que estávamos juntos, eles faziam shows todas as noites de sábado, em diversos restaurantes e bares. O sucesso foi tanto, que Gabriel chegou a desistir da faculdade de cinema, que ele tanto queria cursar. Nós brigávamos muito por causa disso... Uma vez, eles viajaram pra uma cidade fora de Pernambuco... Passaram dias fora. Quando ele chegou do tour, veio um pouco mudado... Cheio de planos para mais viagens de shows... Foi um dos muitos motivos da nossa separação.

– É trabalho honesto... E é isso que importa... Você não desistiu. Continua seguindo suas metas... Acredito do fundo do meu coração, que você vai conseguir tudo que você quer um dia. Você merece. – avalio-o, pensativo.

– Espero que sim. Como é possível, depois de tanto tempo, você me conhecer tão bem?

– Vivência, meu caro amigo! Sabe, Gabriel, tudo que a gente viveu durou o suficiente pra isso. E conexões assim, nunca se desfazem. Não importa quanto tempo passe...

– Tenho saudade dessas nossas conversas... Principalmente, dos seus conselhos. – ressaltou ele.

– Também sinto falta desse meu “eu”... É uma pena que ele não exista mais... – digo cabisbaixo.

– Ué? E esse seu “eu”, não existe mais por quê? – perguntou ele, apontando para meu coração. – É claro que ele tá aí, sim... Basta lembrar-se dele. Ninguém deixa de ser o que já foi um dia...

– Será? Ás vezes, eu acho que nunca mais voltarei a ser como antes...

– Besteira sua... Você só é o que você quer ser... Sabe, esse papo me faz lembrar as noites em claro? – disse ele, levantando uma sobrancelha.

– Todos os sábados... Impossível esquecer. – falei.

Sorrimos, relembrando das noites de sábado, onde madrugávamos, conversando sobre o futuro... Eu tinha tantos planos, e ele tantas metas também... Mas em nenhum momento, imaginei que não estaríamos mais juntos. Parecia tão certo. Tudo sempre parece... Um silêncio constrangedor se instala. Baixo a cabeça constrangido. Só que ele é mais comunicativo, e fala:

– Você... Tá indo á algum lugar?

– Sim... Pra casa. Na verdade, eu estava na casa de uma amiga, passando alguns dias, e agora estou voltando. – respondi, omitindo uma porrada de verdades.

– Que horas seu ônibus sai?

– Daqui á pouco... Tenho exatos 50 minutos.

– Perfeito! Você aceita tomar um café ou um suco comigo? Prometo não te atrasar... Claro, se não tiver problema. Você tá com alguém? – perguntou ele, receoso de eu estar acompanhado.

– Não... Estou sozinho. E sim, eu adoraria um suco ou até mesmo uma água... Não vou te atrapalhar também, né? – falei, com receio de estar importunando-o.

– Lógico que não! Tenho muita coisa pra te contar... – adiantou ele, num tom misterioso.

– Eu também tenho!

– Então temos muito que conversar... Vêm! Tô louco pra saber, por onde você andou... E o que você fez. – chamou-me ele.

Gabriel pegou seu violão e suas coisas, guardando num estojo de instrumentos, e me passou a mão pelo meu ombro, levando-me para um dos muitos restaurantes e lanchonetes daquela rodoviária. Eu apenas aceitei... Concluindo que por mais que minha vida estivesse de cabeça para baixo, algo bom sempre saía desses embaraços. Sentir sua mão no meu ombro, me reconfortou mais do que eu queria.

...

Sentados numa mesa reservada, num canto do pequeno restaurante da rodoviária. Eu e Gabriel, tomávamos uma água de coco bem gelada. Nossas conversas fluíam tão confortavelmente, que eu até me esqueci do tempo e dos meus problemas. Era como se não houvesse dor... Por um instante, queria tê-lo encontrado antes de a minha vida chegar á esse bagaço... Antes de conhecer Wallace... Wallace... O nome dele ainda me deixava entorpecido... Pensar nele seria perigoso. Tentei ignorar suas lembranças e me focar apenas em Gabriel... Num rompante desesperado, perguntei:

– Posso te perguntar uma coisa?

– Depende... Não, mentira... Claro que pode. – disse ele, sorrindo.

– Você tá namorando alguém?

Ele estagnou por alguns segundos. Meu Deus... Por que eu tinha que perguntar logo isso? Percebendo meu ultraje, ele respondeu tão de boa, que eu até daria um abraço nele por sua compreensão.

– Sim... Eu mesmo. – respondeu ele.

Nós dois rimos.

– Ah tá! Sei bem... – falei, revirando os olhos, pensando no quão cobiçado ele ainda podia ser.

– Sério mesmo, não estou namorando e nem ficando com ninguém... Estou dando um tempo na minha vida amorosa, sabe? É mais saudável... Apesar de algumas noites, bater uma carência insuportável... Eu tô convivendo bem com isso. – disse ele, sugando sua água de coco.

– Entendo... Mas quer saber de uma coisa? É bom ficar sozinho por um tempo... Evita decepções e enganos desnecessários. – declaro.

Meu silêncio se estendeu e me entregou. E ele, não querendo perder a chance, perguntou:

– E você? Imagino que não esteja na pista como eu, não é? Dadas ás circunstâncias do seu estado?

– É... Tá tão na cara, né? Eu nem ao menos consigo disfarçar... – comecei.

– Vejo que é sério... Mas, o quão intenso é?

– Demais... Eu diria... Do tipo que te derruba e te levanta. É forte, Gabriel... Mais do que eu já senti em toda a minha vida. – admiti.

Aquilo o pegou de surpresa. Ele mudou a posição de relaxado para tenso.

– Quem é o felizardo? Eu o conheço? – quis saber ele, arranhando seu coco, com suas unhas grandes e bem feitas.

– Não! Provavelmente não... – murmurei, balançando a cabeça.

– Ok... Hã... E então? Como tudo isso aconteceu? Como vocês se conheceram? Se você quiser contar, claro. – disse ele, curioso.

Não aguentei e contei tudo pra ele... Mais até do que eu contaria a minha melhor amiga... Do começo enrolado e prazeroso, ao desfecho catastrófico e surrealista... Gabriel escutava á tudo com atenção e afinco. No fundo, eu sabia que desabafar com alguém, que um dia tinha me conhecido tão bem, ajudaria em muito na sobrecarga que eu estava carregando, durante todos aqueles infindáveis dias. Era tão bom conversar com alguém, sem medo de julgamentos ou de repreensões. Falar apenas para ser escutado e nada mais. É tão raro encontrar pessoas para nos escutar, hoje em dia... Quando terminei, estava chorando um pouco... Cansado de segurar, aquele choro pesado e sufocante... Arrasado por ter perdido Wallace... E destroçado por dentro e por fora, com minhas escolhas.

Gabriel pegou na minha mão. Alisou-a e deu um forte aperto. Eu senti um apoio... Como se naquele momento, ele segurasse todo meu chão.

– Você o ama. Isso tá nítido... – deduziu ele.

– Sim... – confirmei, enxugando meu rosto. – Com toda certeza!

– Então, o que está acontecendo, pra você estar tão infeliz agora? Por que vocês não estão juntos? O que impede vocês se serem felizes?

– Eu! Ele! Nós dois somos o problema... E claro, eu fiz besteira... Como sempre faço! – exclamei, corroendo-me de culpa. – Eu e ele, não conseguimos ficar em paz... Parece um carma, sabe? Quando tudo vai bem, algo ruim acontece.

– Pelo visto a história está se repetindo... Você percebe um antigo padrão, nisso tudo?

– Padrão? Como assim?

Ele respirou fundo.

– Por que nós dois não demos certo juntos? Hã? – perguntou-me ele.

Um filme passou pela minha cabeça... Quando nós dois estávamos juntos, tudo era um mar de rosas. Mas, no exato momento em que nos separávamos aquilo mudava nossas perspectivas... A banda de Gabriel exigia muito dele. O que sempre me fazia ser jogado em segundo plano na vida dele. Perdemos tantos momentos, querendo cobrar exigências da pessoa que amamos, que quando a perdemos, vemos o quão tolo fomos. Eu fui muito tolo... E ele também não ficou pra trás. A nossa última briga foi o fim... Ele disse que estava cansado de querer me agradar, apenas pra me satisfazer; Eu respondi que não queria ser um martírio pra ele... Foi quando ele disse que ia embora... Fazer sua vida longe de mim. Sem limitações ou cobranças... O problema era e sempre seria a nossa distância... Ele queria algo mais e eu o mesmo de sempre. Aprendi no fim disso tudo, á não exigir mais nada de ninguém... E a caminhar conforme os passos do outro, e nunca á sua frente.

– Porque nós dois... Juntos... Queríamos ser perfeitos uns para os outros... Esquecendo-se de nos satisfazer. – eu disse pensativo.

– Exatamente... Por que cobrávamos tanto uns dos outros? Pra quê? Isso nunca nos levou a nada... Muito pelo contrário, Alef... Em vez de esperar algo de alguém, por que não nos importamos em esperar algo de nós mesmos? Por que não tomamos a iniciativa e fazemos a nossa parte... Tenho certeza que se fizermos o que pudermos não precisaremos nos preocupar com as atitudes do outro... Se ele gostar mesmo de você e você dele, vocês vão encontrar um modo de dar um jeito nas coisas... De as fazerem darem certo... Por mais difícil que sejam os seus problemas, seja eles quais forem, todo dia você tem a chance de ser melhor. De fazer diferente. De mudar. – aconselhou-me ele.

– Tudo é tão complicado, sabe? Não é fácil...

– E quando é que foi? Nunca será. Acha mesmo que você vai viver um conto de fadas, como nos filmes que a gente via na infância, onde tudo era incrível e perfeito? Não mesmo, Alef! A vida é dura... Machuca... Destroça a gente de jeitos inimagináveis... Relacionamentos são complicados mesmo... Ninguém está a salvo disso... Mas lembre-se: Tudo pelo o que passamos, no final vale a pena... Nos torna fortes... Sábios... Cada lágrima é recompensada. – continuou ele.

– Eu tenho medo de nunca conseguir ser feliz... Tenho medo de nunca nada dar certo pra mim... De ficar sozinho para sempre... Sei lá, eu ando meio paranoico... Tudo pra mim é uma pergunta sem resposta, entende? – desabafei.

– Procuro não pensar muito nisso... E você devia fazer o mesmo... Às vezes a gente se convence tanto que vai terminar sozinho e que nada vai funcionar, que o destino sempre nos surpreende, mudando todo o final que a gente previa... Portanto, não pense. Não vale a pena... Apenas viva. E acredite num final feliz pra você... Quem sabe ele não estava ali te esperando e você não viu... Tudo pode acontecer. – disse ele, encorajando-me com cada palavra.

– Só você mesmo pra conseguir me dar alguma força nesse momento... Eu tô um caco... Tá um verdadeiro caos aqui dentro. – falo, colocando a mão no meu peito, angustiado.

– Vai passar... Tudo sempre passa... Nada é pra sempre... Nenhuma dor é infinita... Fica calmo. As coisas vão se acertar, mais cedo do que tu pensas... – consolou-me ele, apertando meu ombro. Enquanto eu relaxava um pouco mais.

– Obrigado por isso... Acho que você é o melhor ex-namorado do mundo. – elogio-o.

– Tô aqui pro que precisar... Sem frescuras, viu? Só pensa bem nisso tá? Não desiste não... Você é melhor do que isso. E te conhecendo bem, você vai dar a volta por cima. Logo, logo, seus pedaços se colam... E se não colarem, liga pra mim. Não fique sozinho se sentindo infeliz... Por favor... Eu tô aqui pra gente conversar sempre que você quiser. – dispõe-se ele, prestativo.

– É tão bom saber que eu posso contar com você... Acredite, eu vou cobrar isso, hein... Aí, sério, por que quê a gente acabou mesmo, hein? – brinquei.

– Não era pra ser... Eu acho. – riu ele.

– Era sim... Só não estávamos destinados a ficar juntos. – conclui.

– Uma pena...

Petrifiquei com sua divagação, e ignorei-o.

– Foi bom enquanto durou... Pelo menos ainda somos amigos, né? – digo, tentando mudar o clima.

– E seremos até o dia em que nos apaixonarmos de novo. – disse ele, fixando seriamente seu olhar.

Eu sorri, desviando o olhar. Gabriel era passado... E qualquer possibilidade de ficarmos juntos, era nula. Não conseguia sentir paixão por ele... Meu coração, agora, batia por outro. Eu sabia muito bem o que eu queria... E não era ele. Nunca seria. Apesar de termos uma conexão fortemente abrangente, nosso romance jamais voltaria a ser o que era antes. Nem em sonho. Eu tinha um novo destino pela frente... Uma nova e arrebatadora paixão... Que ultrapassava qualquer outra, que eu já tinha tido. Wallace era único... Mesmo que não ficássemos juntos, ele ficaria com metade do meu coração para todo sempre.

– Tudo bem... Eu já falei demais de mim... Sua vez! O que você andou fazendo? E como chegou aqui? Na última vez que nos vimos, você estava tão bem com a, “Sol Do Meio Dia”. O que aconteceu? – eu quis saber.

– Falimos... Isso mesmo... Estava tão bom no começo, sabe? A gente estava ganhando fama e prestígio, mas aí a vaca dura e os tempos sombrios, se instalaram sobre nossas cabeças, e deu no que deu... Cada um seguiu um caminho, e foi trabalhar com algo que realmente desse dinheiro. Foi o fim... Ainda nos encontramos, pra matar a saudade, de vez em quando, mas não mais como antes. É a vida... Pregando suas peças. – relatou-me ele, com simpatia.

– Nossa... Que virada, hein? E você? O que tem feito? Como tá sendo sua vida agora?

– Agora você já sabe... Tocando em rodoviárias... Fazendo um bico ali... Economizando um tiquinho aqui... A gente vai se ajustando. Não tá fácil, mas não está totalmente fodido assim. Eu vou aprendendo todos os dias... – contou-me ele.

– Nunca conheci um cara tão otimista como você. Olha só isso... Mesmo passando por uma fase complicada, continua mais positivo do que nunca. Você é um milagre, sabia? – elogiei-o.

– Eu tento ser... Não o tempo todo, mas tento. – disse ele, rindo.

– E onde você tá morando? – perguntei.

Ele engoliu em seco e sua expressão ficou entristecida. Por um momento, eu o achei perdido... Até mesmo desolado.

– Eu voltei a morar com a minha mãe... Meu pai, você sabe... Tá com aquela vaca da Janice... Eu meio que estou cuidando dela. – disse ele.

– Ah! Bom... Legal, né? Eu também ainda estou morando com minha mãe e meu padrasto. – completei.

– E seu pai? Ainda problemático?

Aquilo não. Por favor. Tudo menos isso.

– Eu não queria falar dele, não hoje... Nem agora. Você melhor do que ninguém sabe o que esse assunto me traz. – falei, expulsando as lembranças desgostosas do meu pai.

– E como sei... Deixa pra lá. Esse canalha não merece ser falado ou mesmo citado. – finalizou ele.

Mudei de assunto.

– Dona Carolina deve ter ficado uma fera com você, não é? E a faculdade? Imagino o sermão... – digo, e ele baixa a cabeça e sorri sem gosto. – O que foi? Eu disse alguma coisa que te chateou?

– Não... Não é isso... É só que... Alef... Eu preciso te contar uma coisa. – começou ele.

– Pode falar... Você me escutou... Eu também posso te escutar. Fale!

– Minha mãe está com câncer. – revelou-me ele.

– Como? Ela sempre foi tão saudável... Eu sempre a vi tão bem. – lembrei.

– Pois é... Eu também achava a mesma coisa... Só que foi de repente... Num dia estava tudo bem, no outro, um desassossego sem fim.

– Meu Deus... – falei chocado, juntando as cadeiras, e pondo meu braço nas suas costas.

– Foi barra... Mas já estou me acostumando... Estou vivendo esse pesadelo, há mais de dois anos... Então, estou melhor nisso agora. – disse ele.

– Caramba, Gabriel. Eu não tinha ideia pelo que você tava passando... Eu sinto muito não ter estado contigo. Queria estar lá pra te ajudar de alguma forma.

E queria mesmo. Eu sabia muito bem como era cuidar de uma pessoa sozinha. Meu Deus... Que barra ele não tinha engolido e tudo sozinho. Segurei mais firme sua mão.

– Eu sei... Mas eu não podia meter ninguém nisso... Eu queria enfrentar isso sozinho. Foi escolha minha. Eu quis. -

– Eu te entendo... Só que, poxa... Você não precisa passar por isso tudo sozinho... Não dá pra enfrentar e nem achar que pode fazer tudo sozinho. Eu podia ajudar você. Te dar meu apoio. O que você precisasse... – consolei-o.

– Você acha que eu não sei disso? Foi minha opção... Eu só queria cuidar dela, sem ver as pessoas sentirem pena de mim ou dela. – revelou-me ele.

– Ela vai se recuperar?

– É terminal. – concluiu ele, chorando finalmente.

Aquilo me abalou ainda mais. Fiquei inconformado, com quão a vida podia ser injusta, com algumas pessoas. Vi que meus problemas não eram nada, comparados aos dos outros. E me toquei que aquele encontro, tinha que acontecer de uma forma de outra. Precisávamos nos encontrar... Era pra ser. Tinha que acontecer... Abracei-o com força e tentei segurar as lágrimas, que não paravam de cair dos meus olhos. Eu precisava me controlar. Ele precisava da minha força, e não da minha tristeza. Era minha vez de ser o forte... Foi difícil respirar de novo. Agora, além da minha dor, eu também carregaria a dele... E sofreria por ele, com toda minha compaixão.

...

Olhei no relógio do celular, e tomei um susto, quando vi as muitas ligações perdidas de tantos números desconhecidos. Eu até fiquei com medo... Mas ignorei. Já sabia de quem se tratava. Tirei o chip e joguei no bolso da minha calça. Gabriel e eu, caminhamos em direção ao terminal, onde o ônibus sairia, com uma tristeza digna de funeral. Faltavam dez minutos para eu embarcar... Queria poder ter mais tempo.

Ao chegar à parada, muitos passageiros já se amontoavam, para entrar e guardar suas bagagens. Enquanto que eu, só queria ficar mais um pouco.

– Chegamos... O seu é aquele ali, não é? – apontou ele, para um enorme ônibus azul e branco, com os destinos piscando no letreiro acima.

– É... Esse mesmo. – confirmei.

– Então... Eu acho bom você se apressar... E conseguir um lugar na janela. – disse ele.

– Sabe... Eu poderia ficar... Tirar um dia pra gente sair um pouco... Se divertir... Eu queria também visitar sua mãe. – falei condescendente.

– Outro dia... Você já tem problemas demais... Nem pensar que eu vou te encher com mais isso.

– Você não está me enchendo... Muito pelo contrário. Eu adoraria ficar com você... – insisti.

– Agora não, Alef. Obrigado por se dispor a fazer isso... Mas não. Agora você precisa concertar sua vida. E você deve.

– Tem certeza? Eu ia amar...

– Nem pensar... Corre lá, que seu ônibus já está quase saindo... Vai, vai! – dispensou-me ele, dando tapinhas nas minhas costas.

– Tá legal! Você tem meu número, né?

– Anotado e discado.

– Eu te ligo... – acrescentei.

– Não! EU TE LIGO... – contrariou-me ele.

– Ok!

– Vai em paz, tá? – desejou ele.

– E você fica bem... Não hesite em ligar pra mim... Qualquer hora. – advirto-o.

– Pode deixar... Eu vou te encher com minhas ligações. – avisou-me ele.

– Assim espero.

Abraçamo-nos e ficamos assim por uns segundos. Eu sentia que ele queria me dizer mais alguma coisa, mas não sabia o quê. O silêncio foi nossa deixa. Eu disse tchau e ele acenou, com seu violão, balançando nas costas... Entreguei minha passagem para o motorista e olhei pra trás, avaliando meu músico encantador... O rapaz solidário... O homem sonhador... O ex-namorado viajante... Meu novo melhor amigo... Encarando-me com água nos olhos ao longe. Eu fui forte e não chorei... A vida tinha nos separado e nos reencontrado em momentos tão arrasadores... Por que isso? Acenei uma última vez... Ele sorriu fracamente. Pegou o violão e começou a tocar uma canção alegre com as cordas. Eletrizando o ambiente e atraindo olhares curiosos.

Entrei no ônibus. Assim que me sentei no assento perto da janela, olhei lá pra fora, querendo vê-lo tocar pela última vez. Gabriel parecia tão radiante, olhando pra mim e tocando aquela canção, que eu até imaginei nós dois juntos de novo. Não saí da janela, enquanto o ônibus não partiu... Eu queria curtir, toda aquela glória dele... Acreditando em dias melhores... Se não hoje, mas talvez amanhã e depois de amanhã. Eu sentia que quando voltássemos á nos ver de novo, algo teria mudado. E mudado pra melhor. Pra nós dois.

...

Fazia mais de uma hora, que estávamos na estrada... As paisagens passavam vespertinas pela janela... Com a cabeça encostada na janela, olhei para os horizontes, cheios de matas e montes, pensando na minha vida. O que eu faria á seguir? Que atitude tomar? Para onde prosseguir? Não consegui cochilar, portanto, a falta de respostas para essas perguntas, me atormentou, profundamente... Queria poder desligar minha mente... Tudo começava com Wallace e terminava com Gabriel... Minha cabeça estava transbordando em pensamentos e lembranças de um e de outro... Eu estava ficando louco. Peguei meu celular. Decidi ligar minha playlist, e a primeira música á tocar da minha lista depressiva, foi: (Under the Table – Banks), aí pronto, fodeu com todo meu psicológico. Fechei meus olhos e deixei a dor tomar conta.

Podem ter certeza... Wallace tomava conta de todo o meu cérebro... Não parei de pensar nele, um só segundo... Na verdade, eu não tinha parado de pensar nele em nenhum momento. Agora então, nem pensar... Eu queria poder voltar no tempo e não ter saído daquele quarto... Queria voltar no tempo e não perguntar do seu passado com Plínio... Queria voltar no tempo e não ter brigado com aquele idiota do Saulo... Queria voltar no tempo e ainda ser eu... Mas, se não tivesse acontecido tudo isso, nunca teria reencontrado Gabriel. Por mais complicado que tenha sido as circunstâncias, precisávamos que acontecesse o pior, para acontecer um melhor. Não tinha como evitar.

O ônibus deu um forte solavanco e parou... Interrompendo meus devaneios... Abri meus olhos, assustado, e me deparei com a senhora do meu lado, que estava lendo um livro, assustada com a parada repentina. Ninguém entendeu nada. Por que estávamos parando? Olhei pela janela e não consegui ver nada. Era apenas uma estrada deserta, cercada de árvores, e banhada por um sol quente desgraçado. Todos nós ficamos desentendidos. O que estava acontecendo?

– Eu acho que é a polícia... Tem três carros pretos parados na frente. – disse uma mulher mais á frente.

– Deve ser alguma revista ou sei lá o quê... – disse outra pessoa, olhando da outra janela.

Foi quando os barulhos de tiros nos alertaram, para algo muito pior... Foi tanta bala, que eu achei que tivesse no Iraque. Todo mundo começou a gritar, e se abaixar de todas as formas possíveis... O tiroteio durou uma eternidade... E não parou... Eu gelei, desconcertado... Perdido... Assustado... Rezando para acabar... Após alguns longos minutos naquele inferno... Um demônio de preto, abriu a porta do ônibus... Armado dos pés a cabeça, ele apontou uma metralhadora pra geral... Defecamos todos ali.

Continua...

Nota do autor: #MORTO... Galera que comenta: junior amor, Guerra21, Elizalva.c.s,Danimel, Ped🎶, Rafinhah, Diva,Jeffs, e todos os outros que leem... Mais uma vez obrigado! Espero que curtam e continuem gostando da história! Bjs pra todos! Cap 22 em andamento... Promete!

Comentários

Há 12 comentários.

Por Júnior amor em 2017-04-03 07:49:06
KD o capítulo 😱😱😭😭😭😭😭😭😭
Por Ped🎶 em 2017-04-02 14:16:56
Kd o cap 22😢??
Por Alone em 2017-04-02 02:49:11
💓💓
Por Júnior amor em 2017-04-01 11:35:24
Hj é o dia tomare que venha o capítulo 22 😱❤😘🙏🙏🙏🙏🙏🙏🙏🙏🙏🙏
Por Júnior amor em 2017-03-30 23:05:38
Tomare que vc consiga posta o capítulo 22 amanhã. Ancioso pra ver a continuação,. Tomare q Wallace vá atrás do Alef e os dois se acertem 😨😨😨😨😨❤❤❤❤❤❤❤❤
Por em 2017-03-29 20:25:01
Amei de mais o conto aguardo ansiosamente a continuaçao E espero q o alef nao desista do wallacy Os dois se dao bem e merecem ter um final lindo juntos ☺😅☺☺
Por Rafinhah em 2017-03-28 01:09:58
Meu Deeeeeuuuuuussss, que turbulência na vida desse coitadoooo e pra falar a verdade, do fundo do meu coração, acho melhor ele com o Gabriel do que com o Wallace, mas fazer o que né... Bjoosss e ja quero o próximo ep!
Por Elizalva.c.s em 2017-03-27 23:32:02
Amado quando é que a vida do Alef vai melhorar? esse garoto precisa de um banho de sal grosso ou vida zincada. Ansiosa😘😘😘😘😘
Por Júnior amor em 2017-03-27 12:58:51
Hooooooo meu deus esperando ancioso pelo cap 22 espero que saiaaaa logooooo. Estou mim roendo aq pela continuação.😍😘😱😱😱😱😱😱😱😱😱😱😱😱😱😱😱😱😱😱😱😱😱😱😱😨😨😨♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥
Por Guerra21 em 2017-03-27 09:24:48
Nossa, quando eu achava que não podia piorar, espero que fique tudo bem.
Por Lucimon em 2017-03-27 09:23:23
Tô chocado !!!! 😱😱😱😱
Por Ped🎶 em 2017-03-27 03:57:58
Nossa q capitulo foda😍😍😍😍😍😍