Capítulo 10 - Plínio

Conto de Sonhador Viajante como (Seguir)

Parte da série As Férias Dos Meus Sonhos (Baseada Numa História Real)

Os doces olhos castanhos claros do rapaz esperavam alguma reação minha, mas eu definitivamente não conseguia demonstrar nenhuma sentimentalidade ou interesse por ele. Sentia-me tão danificado por dentro, que nem queria juntar os cacos... O que mais eu poderia fazer? Tinha acabado de decidir deixar para trás, alguém que eu achei que pudesse me completar... As desilusões tirariam férias dessa vez... Não estava mais com animo para conhecer ninguém, pois várias coisas eu tinha aprendido e duas delas era que... Tudo sempre desmoronava sobre mim... E era sempre eu que sobrava.

Umas das primeiras coisas que eu notei no desconhecido, foram seus longos dreadlocks que estavam bem amarrados num grande coque atrás da cabeça, e o braço cheio de pulseiras e tomado por algumas tatuagens indistintas. O homem aparentava ter de 24 á 25 anos... Era alto e magro, com um corpo razoável e uma pele bronzeada, aparentando uma coloração amarela parda. Nem branca e nem morena. Apenas parda. Ele vestia uma calça jeans folgada e uma blusa branca de manga curta, colada num peitoral magrinho, mas bem tonificado. Uma barba grande e penteada tomava conta do seu rosto fino e encovado. Nada espetacular demais, apenas um cara simples e sem muitos mistérios. Sua boca era carnuda e rosada... Já seus olhos, pareciam brasas de fogo, num castanho tão claro que deixavam suas pupilas efervescentes.

Ele tinha uma iniciativa impressionante... E foi justamente ele que puxou assunto.

– Sou Plínio... E você é? – apresentou-se ele, oferecendo uma mão gentilmente delicada.

– Um garoto que não tá muito a fim de conhecer ninguém... – respondo tristonho e me viro de costas pra ele, querendo ignorá-lo.

– É justo... Sua amiga tinha me falado... Mas, eu sou teimoso e te vendo aqui sozinho, tudo em que eu pensei foi em falar com você... Mesmo que você me dê o maior fora, eu preferi arriscar! E acho de verdade que tomei a decisão certa... – esclareceu ele convicto.

Fiquei em silêncio e direcionei minha visão em algum lugar distante, na maré noturna... Muitas pessoas pulavam suas sete ondas e jogavam coisas no mar. Quando eu pensei que ele já tinha ido embora... Plínio aparece novamente na minha frente e bloqueia meu transe solitário.

Foquei-me nele, analisando-o com minha cara amarrada. Ele não desistia... Como se pudesse esperar meu momento quantas horas fossem necessárias... Eu precisava ser duro com ele... Ele olhava pra mim com seus olhos brilhando e eu retribuía de mal humor... A paciência dele era interminável... Eu devia dar um fora nele e dispensá-lo... E eu até tentei, mas ele não desistia facilmente.

– Feliz ano novo! – digo secamente e me viro novamente, andando numa direção sem destino pela beira da praia.

– Feliz ano novo pra você também! Você não vai nem me dar um abraço? Olha que sem abraço, suas felicitações não vão valer hein... – ironizou ele, seguindo-me á risca.

Paro por um instante e o encaro, cansado da persistência. Aí gente... Eu estava cansado até de mim mesmo.

– Desculpa, mas eu não te conheço né? Cara! Tem muitas pessoas por aí que adoraria te conhecer... Aproveita e não perde seu tempo comigo! Eu não estou com vontade de falar com ninguém... Beleza? – falo, e apresso meus passos pela orla, desviando das várias pessoas se abraçando e se beijando.

– Só que eu não tô a fim de conhecer outra pessoa... Eu estou querendo conhecer você! Será que eu não mereço saber pelo menos o seu nome? – insiste Plínio.

– Pra quê? Entende uma coisa: Eu não quero que você tenha esperanças comigo! – rebato ainda mais cabisbaixo.

– E se eu quiser... O problema vai ser todo meu não é? O que importa? Eu gosto mesmo de me ferrar! – falou ele, sincero e direto.

– Você não devia dizer isso... É péssimo ser enganado... E dói! Eu não quero causar dor á ninguém... – revelei me afastando dele.

– Quem disse que você vai me causar dor? Só pra você saber... Nosso papo tá me fazendo muito bem agora! Sinto que tô conseguindo chegar até você e isso é bom. – admite ele.

– O que te faz pensar isso? Eu nem te disse meu nome... Olha, na boa? Me deixa em paz... – peço, andando novamente com ele na minha cola.

– E você está em paz sem a minha presença? Acho que não! Eu acho que você tava triste muito antes de ter me encontrado, estou certo? – deduz ele.

– Talvez... Não é da sua conta! – retruco, desconcertado.

– Então... Se quiser desabafar, eu sou todo ouvido... – ofereceu-se ele.

– Por que você ainda continua á me seguir? Você não tem mais o que fazer? – enfureço-me.

– Até poderia ter mesmo... Mas decidi te seguir só por essa noite! Você é birrento e eu gosto disso... Pessoas difíceis são as melhores de se conquistar! – enfatiza ele, revelando um sorriso travesso, enquanto tenta acompanhar meus passos apressados.

– Qual a sua importância nisso tudo? – pergunto.

– Eu gosto de ajudar... – responde ele.

– A gente nem se conhece...

– Mas tá se conhecendo agora! Olha! Me escuta! – pede ele, pegando meu braço e me fazendo parar de caminhar. – Eu te observei a noite inteira... Eu sei, pode me chamar de psicopata e tal, mas eu não conseguia tirar os olhos de você... E nossa pouca conversa agora, me deixa ainda mais ansioso pra te conhecer... Eu gostei de verdade de você! Eu percebo que você tá triste... E na real? Pensei que fosse ser eu á estar assim no final da noite... Pois eu jurava que você podia ter alguém ou tá namorando... Mas aquela sua amiga renovou minhas esperanças ao dizer que você tava livre... Pra você ter uma ideia, eu nem liguei quando ela me disse que você não queria conhecer ninguém... Muito pelo contrário, eu vi uma esperança acesa ali... E aqui estou eu! Louco pra te conhecer, mas você só quer me dar patada... – declara ele.

– Desculpa! Eu não queria ser grosso com ninguém... Eu só tô perdidão entende? Não sei se vou ser uma boa companhia pra alguém hoje... – admito.

– Por que a gente não tenta? Eu não espero nada e você também não... Que tal?

– Promete mesmo não esperar? Porque se você acha que vai me levar pra cama, pode ir cortando esse teatro agora mesmo... EU NÃO VOU FAZER SEXO COM VOCÊ! – repreendo-o, deixando claro minhas intenções.

– Ah! Se eu quisesse mesmo fazer sexo contigo, já tinha deixado isso bem claro... Não sou de fazer rodeios... Quando quero, sou direto! Do mesmo jeito que estou sendo agora... Eu quero mesmo conversar contigo! Sem segundas intenções... Juro pra você... Posso me ajoelhar e até fazer um juramento... – disse ele, querendo ficar de joelho, mas eu o agarrei pelo braço e não deixei.

– Não precisa disso... Eu... Posso me arrepender do que vou dizer agora, mas eu confio em você! – falo.

– Assim que se fala! Eu também confio em você...

Encaramo-nos e ele sorri... Arrancando-me um leve sorriso. Não é que o insistente estava mesmo conseguindo me despertar... Comecei a gostar dele naquele momento.

– Alef... – apresento-me finalmente.

– Acho que agora começamos de verdade... – disse ele feliz.

– Satisfeito?

– Muito... E pra selar nosso começo... Você toparia dar um rolê por aí? – pede ele.

– Lá vem você... – enraiveço, mas ele logo me acalma.

– Não esquenta... É aqui perto... Á não ser que você queira ficar por aqui mesmo... Ou voltar pra festa, para os seus amigos! Eu vou entender, mesmo não querendo... – disse ele, meio triste e conformado.

Aí eu me lembrei dele... E das outras pessoas... E daquele ambiente... Eu só queria ficar longe de tudo e de todos por algum tempo... Era a única forma de deixá-lo pra trás... Precisava seguir em frente e aquela estava sendo a oportunidade. Pensei e decidi.

– Pensando melhor... Acho que um passeio é tudo que eu preciso agora... Tá! Eu topo, mas você promete não avançar nenhum sinal? – alerto.

Ele se ajoelhou e pegou minha mão, mesmo eu relutando e morrendo de vergonha. Fiquei branco de choque. As pessoas que nos cercavam, gritaram e deram vivas. Eu nem consegui me mexer. Apenas olhei para ele e o fuzilei, me divertindo com sua capacidade de me fazer rir em tão pouco tempo.

– Eu prometo! Alef! Não tentar nada com você! Acredita em mim agora? – fala ele, me olhando profundamente.

Um grupo de pessoas começou á nos rodear e á gritar: ACEITAR! ACEITAR! ACEITAR! Gente! O que será que eles estavam pensando? Que ele estava me pedindo em namoro ou casamento? Corei muito nessa hora... Eu queria me esconder num buraco...

– Tudo bem! Eu acredito! Agora levanta, pelo amor de Deus... Tá todo mundo entendo outra coisa... – falo sem jeito.

– ELE ACEITOU PESSOAL... ACEITOU! – gritou ele, levantando os braços para cima, descontrolado e engraçado.

O que ele estava fazendo? Plínio me pegou no braço e correu comigo para longe. Como um casal em lua de mel... Rindo pra caralho da minha cara de espanto... Algumas pessoas jogavam coisas em nossas cabeças, como se tivéssemos começando um relacionamento. Aí meu Deus... E se alguém tivesse filmado aquilo e postasse em alguma rede social? Fodeu né...

– Você é louco! – exclamo.

– Só ás vezes... – disse ele, rindo e me colocando no chão do calçadão, longe da praia.

– Fica aqui... Eu já volto!

Eu estava perplexo com a energia daquele cara... Gente! Ele era louco? Ninguém nunca tinha me feito passar por uma situação assim... Plínio era divertido e alegrava todos á sua volta... E se ele fosse um tipo de presente do novo ano que já tinha se iniciado? E se ele fosse meu recomeço? Poderia eu estar com tanta sorte assim? Era melhor não arriscar-me tanto assim... Deixaria rolar... O destino que me surpreendesse.

Ele voltou... E quase não o reconheci... Plínio dirigia uma linda moto preta, que mais parecia de corrida... Meu queixo caiu... Ele acenou para mim... E fui até ele, que logo me ofereceu o capacete. Peguei-o e o coloquei na cabeça... Subi na moto e me acomodei... Só que não tive coragem de segurar sua cintura... Ele percebeu que faltava alguma coisa e puxou meus braços para sua cintura... Segurei hesitante seu quadril, sentindo seu corpinho simples e no lugar.

– Você precisa segurar com mais força... –avisou-me ele e ligou a moto, fazendo um barulho veloz.

Nem dei bola, mas me arrependi logo em seguida, quando ele deu partida e saiu rasgando pela estrada numa velocidade absurdamente imprevisível... Segurei-o com todas as minhas forças, sentindo seu corpo bem colado ao meu...

– Bem melhor... – disse ele convencido.

Eu gostei daquilo e sorri me divertindo cada vez mais com aquela nova presença na minha vida. Mesmo que só talvez, eu ainda me lembrasse do Wallace... Nem que fosse por um misero instante.

...

A Adrenalina tomava conta do meu corpo, enquanto a moto subia uma longa estrada, numa praia que ficava ainda mais deserta. A lua e as estrelas sobrevoando nossas cabeças e tornando aquela madrugada memorável. O vento forte me invadia, fazendo das coisas e dos ambientes ao nosso redor, virarem vultos indistintos. Meus braços o seguravam firmemente... Eu estava com medo e ao mesmo tempo inseguro. Num relapso de movimento, ele diminuiu a velocidade e pegou minha mão pressionada na sua barriguinha magrinha, enquanto segurava a direção, acariciando-me carinhosamente e me deixando confortável. Seu toque reativava meu coração... Como se estivesse religando e ativando todas as minhas funções, antes desligadas. Olhei-o pelo retrovisor e percebi sua expressão calma e determinada. Plínio era de fato um livro aberto... O calor do corpo dele era tão agradável e simplório, que eu me sentia delirar.

Quando chegamos ao local planejado por ele, não tive vontade de descer. Ele parou numa encosta e tirou o capacete. Soltei-me do seu corpo e desci da moto, tirando o capacete e ajeitando meu cabelo despenteado.

– Chegamos... – enfatizou-me ele.

– Que praia é essa? – pergunto.

– Hum... É linda não é? – impressionou-se ele, olhando ao redor.

– E é mesmo... Mas qual o nome dela? – insisto.

Ele parou por um momento... Meio confuso e perdido. Ele não sabia onde a gente estava?

– Plínio... Onde a gente tá?

– Posso ser sincero contigo? Nem eu sei... Eu só dirigi sem rumo e parei aqui por ver que não tinha muita gente... É isso! – disse ele, abaixando á cabeça decepcionado.

Eu comecei a rir... Ele era engraçado com aquele jeito desconcertado.

– Quer dizer que a gente está numa praia que nem você e nem eu sabe exatamente onde fica? – observo.

– Não briga comigo por isso... Por favor! Eu só queria te levar dali e vim para um lugar, onde a gente pudesse ficar mais á vontade entende? Espero que você não peça pra voltar... – disse ele, de uma maneira fofa, com medo da minha reação.

– Sabe... – falo, e ele me olha retraído, como se eu fosse lhe dar uma bronca.

– Eu sei... Eu sou um desastre quando se trata de levar alguém pra sair... – diz ele, entristecido.

– Na verdade não... – admito, surpreendo-o. – Tá ótimo aqui seu bobo! O que vale é sua intenção! E eu até gostei... Vamo explorar? – convido-o.

A gente corre para a areia e ele se anima de novo. Plínio parecia sempre estar com medo das minhas reações... Como se tivesse receio que eu o abandonasse á qualquer momento.

Caminhamos um pouco e achamos um lugar ainda mais deserto, onde nos sentamos na areia e olhamos para o mar baixo e calmo á poucos metros na nossa frente.

– Bom... E aí? Você tá aqui de férias? – começa ele.

– Na verdade, só vim para passar ano novo mesmo... A Jennifer, minha amiga que você conheceu e pediu pra falar comigo, pois é, foi ela que me convidou pra cá... Se não fosse ela eu provavelmente estaria em casa, acho que já dormindo á essa hora. – falo, olhando no relógio e vendo que já eram quase uma e meia da manhã.

– Que sorte á minha! Não consigo mais me imaginar sem você aqui? Será que foi destino? – pergunta ele, sorrindo e eu também.

– Pode ser... O destino pode ser bem bonzinho quando ele quer. Mas nem sempre é assim... Sinto que ele brinca comigo sabe? – respondo.

– Como assim?

– Sei lá... Sabe quando ás vezes você se sente um fantoche dos encontros e desencontros da vida? Tem encontros que eu tenho certeza que só podem ser pegadinha... Já outros... Acho que nunca deveriam ter acontecido. – falo, pensando no Wallace.

– Não o nosso né?

– Não mesmo... O nosso foi à exceção no final das contas... – admito.

Ele me olhou com seus olhos de brasa e eu virei o rosto. Ele me analisava e eu tentava não me deixar levar.

– O que aconteceu com você? Você disse que alguns encontros nunca deveriam ter acontecido? Isso tem á ver com o que você tá passando agora não é? Pode falar... Eu não vou te julgar! – disse ele.

Olhei para ele surpreso com sua capacidade em querer escutar...

– É... Pode se dizer que sim... Eu... – engoli em seco e paralisei.

– Ei... Tudo bem se não quiser falar...

– Você é tão compreensível que eu tenho medo sabia... Você é de verdade mesmo ou é sonho?

– Eu sou um sonho... Muito bom se você deixar! – disse ele, e sorri com sua intenção escancarada na testa.

– Gosto de um cara que não é muito bem resolvido entende? – falei cortando o clima. – Ele pode ser bem carinhoso, e logo em seguida pode ser muito distante... Como se nem me conhecesse...

– Sei bem o que você tá falando... Já passei por isso... Uma vez...

– Sério? – falei, e ele confirmou. – O que você fez?

– Esperei um ano... E no final acabei sendo chutado! Ele hoje é casado e tem uma filha... – disse ele, olhando para o mar.

– Nossa... Que barra, Plínio. Eu nem sei o que dizer...

– Pois é... Mas eu já o superei... Sabe Alef... Tem pessoas que gostam de viver na mentira! E sabe por quê? Porque é mais fácil... Ninguém quer nada que seja difícil... – revelou-me ele.

Depois que ele disse isso, olhei para ele e dessa vez não pude conter a admiração que eu reprimia. Plínio falou aquilo de um jeito tão sincero e só seu, que me fez gostar ainda mais dele. Ele era delicado, gentil e engraçado... Sem precisar recorrer à beleza ou a sensualidade. Eu poderia conversar com ele por dias e ainda assim não me cansaria.

...

Eram quase cinco horas da manhã, do dia 1 de janeiro de 2016, quando a gente saiu daquela praia e voltamos para a festa. Não tinha rolado nada... Nem sequer um beijo, mas pelo menos a gente tinha tomado banho de mar juntos vendo o sol nascer...

– Cara! Eu não vou conseguir... A água deve tá muito gelada... Eu não vou entrar... – digo.

– Beleza! Só que eu vou e vou fazer isso ainda mais á vontade...

– Como assim? O que você tá fazendo, Plínio? – perguntei estupefato.

– Só começando o ano bem... – disse ele, tirando a cueca Box.

– Aí meu Deus... – falei, colocando as mãos nos olhos.

Plínio era louco... As coisas absurdas que ele fazia, eu não teria coragem de fazer nem em sonhos. Ele gritava meu nome, enquanto corria em direção á praia pelado. Tirei as mãos dos olhos e o avistei em alto mar com as partes íntimas escondidas pela água. Sorri pra ele e acenei...

– Se você não vier eu vou te buscar... – gritou ele ao longe.

Olhei ao redor e não vi sinal de ninguém por ali. A praia estava deserta. Acabei cedendo à chantagem dele e comecei a tirar a roupa. Dispensando vergonha e todo e qualquer medo... Ele se animou e começou a mergulhar e nadar... Aproveitei o momento e tirei a cueca. Corri para ás águas geladas do começo daquela primeira manhã do ano e o encontro. Tremi de frio e ele me afundou propositalmente, me fazendo afundar metros abaixo d’água. Emergi assustado...

– Agora você não vai ter mais frio... – disse ele rindo.

– Cara, você é muito louco... E eu gosto disso! – falo.

A gente se encarou e ele avançou até mim... Joguei água nele e nadei para longe, com ele me seguindo, como sempre. Eu podia jurar que em algum lugar estava tocando (Panama – Destroyer).

O sol nasceu ao longe e eu me senti carregado de novas esperanças... Como se tudo começasse de novo, só que muito melhor. Plínio e eu admiramos o nascer do sol, e eu sentia que ele me olhava atentamente... Só que eu não cedi.

...

Desci da moto na frente da porta do casarão e entreguei o capacete ao Plínio.

– Valeu por ter me seguido e insistido em mim... Não sei como... Mas você conseguiu transformar minha noite num evento inesquecível! – admiti e sorri.

– Espero não ser apenas esta... Que tenhamos mais... – disse ele, descendo da moto e ficando bem na minha frente. – A gente pode se ver de novo?

– Pode! – respondo.

– Quando? – pergunta-me ele.

– Eu vou dormir bastante agora... Quem sabe á noite de novo... Fechado?

– Dá hora! Eu vou esperar ansioso por isso... – animasse ele.

Ele chega mais perto e tenta me beijar... Eu desvio e ele entende o recado.

– É melhor a gente ir com calma, lembra? Por favor? – falo.

– Claro... Vou tentar ser paciente! Por mais que seja difícil... Alef! Posso te dá um conselho?

– Deve... – digo.

– Sobre aquela pessoa indecisa que você ainda tá a fim... Não comete o mesmo erro que eu... Pensa bem! Tem pessoas que não merecem á sorte que tem... Qual idiota é capaz de te ignorar e desprezar como se você fosse um objeto? – diz ele inconformado.

– É melhor você ir... Eu quero mesmo dormir... E obrigado de novo! Por tudo! – abraço-o e ele me aperta.

– Pensa no que eu te falei tá? – sussurra ele no meu ouvido. Arrepio-me e me afasto dele.

Plínio sobe na moto e vai embora numa velocidade arrasadora.

...

Entro pelo portão aberto e ainda com gente indo embora, àquela hora da manhã. A piscina e o jardim estavam cheio de gente deitado e bêbada. Passei por eles e não vi ninguém conhecido. Entrei na sala e ali também estava cheio de gente deitada. Vi Yumi e Otto, abraçados num canto e deduzi o óbvio. Acenei para eles e eles sorriram cansados. Subi a escada, totalmente molenga, e corri para o meu quarto.

Abri á porta e logo me tranquei. Tirei á roupa e fiquei só de cueca... Não estava com saco para nada e nem para tomar banho naquele momento... Pulei na cama e me deitei, fechando meus olhos. Passaram-se alguns minutos e eu já estava entrando num sono profundo, quando algo bateu na porta... Não liguei... A batida insistiu. Dois toques e mais dois... Desisti de ignorar e fui ver quem era... Abri á porta e tomei um susto. Wallace me encarava muito desligado e com os olhos cheios de olheiras.

– Wallace? O que você quer?

– Onde você tava? – perguntou-me ele, enraivecido.

– Não te interessa... Vai embora do meu quarto! – ordeno.

– Eu te procurei á noite toda... – diz ele com uma voz embolorada.

– Ah foi? Quer dizer que você só se lembra de mim quando quer me usar? Vai se foder! – exclamo.

– Eu quero você... Mas não é só pra isso... Você disse que me entenderia... – enfureceu-se ele, pegando meu braço e tentando me beijar. Desvencilho-me dele, que quase cai.

– Você não tá nada bem, Wallace! O que você tomou? – pergunto preocupado.

O bafo de bebida me sufocava... Ele estava caindo de bêbado... Segurei-o com força e perdi o controle... Wallace já era pesado e agora então nem se fala! Segurei sua cintura e o coloquei no chão, e nesse momento ele começou á chorar... Um choro alto e desesperado... Pedindo-me perdão e derramando lágrimas num descontrole total. Fiquei chocado... O que ele estava fazendo?

– Wallace, para com isso! – peço.

Como um fantasma, Jennifer aparece e me ajuda á levantar seu irmão. Ela estava calada, como se tivesse algo pra me dizer. E para piorar a situação... Para onde é que a gente levou o Wallace? Para minha cama, infelizmente... Lá ele caiu e lá ele ficou. Murmurando coisas sobre mim... Fodeu!

– Por que você não me contou? – perguntou-me ela.

– Contou o quê? – indago.

– Vocês dois, lógico! Ele só tá assim, por sua causa sabia? Bebeu como nunca tinha visto antes... Você desapareceu... Nem eu sabia onde você tava... Ele contou pra todo mundo... O álcool fez o Wallace abrir o jogo, Alef... Tá todo mundo sabendo de vocês... – exalta Jennifer.

Wallace tinha chutado o pau da barraca? Só agora ele tinha resolvido fazer isso? Depois de toda frieza e distância na festa e ainda tendo beijado a safada da Paty? Que bom... Se antes eu já estava decidido, agora então, nem via mais atalhos nessa minha decisão... Eu tinha muita coisa para dizer pra ele quando ele ficasse sóbrio... E não seriam palavras de amor... Estava na hora do Wallace decidir o que ele queria! E eu faria questão de colocar as cartas na mesa de uma vez por todas... Se eu não fizesse isso agora, estaria condenado á acabar num miserável filme depressivo, por causa de um cara indeciso e prepotente.

...

Foi longo esse capítulo né... Gente o conto vai dar uma pausa breve e volta logo logo! Não estranhem se eu não postar essa semana! O tempo agora me fodeu completamente rsrsrs! Sei que postei capítulos seguidos com intervalos de poucos dias, só que agora vai demorar um pouquinho mais pra sair, mas relaxem e é até melhor pra não cansar né!! Abraços para os leitores de plantão e para todo mundo que acompanha! Volto em breve! bjs!

Comentários

Há 3 comentários.

Por Ali T. Jones em 2016-03-22 04:20:09
Meu Deus, essa é uma das melhores séries que eu já li aqui! Por favor,volta logo!!! #TeamPlinio
Por dfc em 2016-03-15 23:17:27
Só não demora por favor ;'(
Por Anjo perdido em 2016-03-14 08:45:14
Isso é um ultraje, parar nesse cap, mas fazer o quê? Ansioso pelo próximo