Cap. 5,2:

Conto de Salém como (Seguir)

Parte da série Uma História de Amor

No décimo dia fomos para Carcassonne, ficamos na estação aguardando a partida do

TGV que é um trem bem veloz na França, dependendo do lugar a viagem sai mais cara que ir de avião. Sentados na estação ficamos aguardando o anuncio, o Daniel não entendia nada, ficou todo confuso:

“Correspondance pour Carcassonne”

“Départ 11h29, quai nº 4, voie B.”.

- Mas o quê ele está falando?

- Ele disse que o trem que parte para Carcassonne vai partir as 11h29, na plataforma

4, via B.

- Nossa...

- Hahaha...

- Pára de rir, eu só sei falar inglês...

- Mas eu não tô rindo de você.

- Do que você está rindo?

- Da careta que você fez...

Dentro do trem tive que fechar a cortina, pois ele andava tão rápido que quando

passava outro ao lado nos dava vários sustos e me deixava um pouco tonto, mas as

paisagens eram lindas. A cada dia que passava eu gostava mais do Daniel, seu jeito me cativava, sua alegria me contagiava, seu brilho nos olhos me faziam acreditar que seu sentimento era verdadeiro, ele tinha uma sensualidade inexplicável, uma magia dentro de si. Meu medo era a hora que ele não me quisesse mais, o melhor a fazer era não criar expectativas, o difícil era por em pratica, eu estava começando a gostar dele de verdade, já nem lembrava mais do Bruno, ao lado do Daniel eu me sentia seguro, mesmo assim não ia me entregar por completo e correr o risco de me machucar depois. No décimo quinto dia fomos conhecer o Chaetau de Versailles, Louis XIII em 1623, construiu em Versailles uma morada para sua residência em tempo de caça, Louis XIV, seu filho, conhecido como “Rei Sol”, aproveitou essa construção e mandou erigir um dos mais

lindos palácios existentes até hoje na Europa, com seus jardins e edifícios, o famoso salão dos espelhos, os luxuosos quartos do rei e da rainha, era tanta beleza que chegava até a doer os olhos. Graças à sua dupla vocação, residência real e Museu da história da França, possui inúmeras obras de arte, uma mais linda que a outra, pena que não podemos tirar fotos. O lugar teve sua inscrição na lista de Patrimônio Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura - UNESCO em 1979.

Eu e Daniel ficamos babando na beleza daquele lugar, aproveitei a oportunidade e

caminhei, corri pelos corredores verdes da vegetação que cercava aqueles lindos jardins,

tiramos fotos, filmamos o lugar, foi engraçado em uma hora que o Daniel foi segurando a câmera e eu fui fingindo que era o rei Louis XIV, desfilando pelo corredor de nariz

empinado. Naquele dia brincamos bastante, foi muito divertido eu caminhando na ponta

dos pés com o nariz empinado, as imagens saíram um pouco tremidas, pois o Daniel se

matava de rir.

- Do que você está rindo?

- Nada majestade...

- Quer ir para o calabouço?

- Não, não...

Depois fomos ao Museu do Louvre, um dos mais importantes museus do mundo.

Tivemos que ir com um mapa nas mãos, fomos visitando as obras expostas lá, para

conhecer tudo seria necessário pelo menos 1 semana lá dentro, tamanha era a grandiosidade do lugar e quantidade de obras. Construído em 1190 como um forte, foi reconstruído em 1360 para ser um Palácio Real. Durante 4 séculos, com Reis e Imperadores, sofreu acréscimos e construções tendo sido transformado em Museu, em 1793. O acervo está dividido em 7 departamentos por período: Antiguidades orientais, gregas, romanas, egípcias e etruscas, pinturas, esculturas, objetos d'art da Idade Média até 1850, impressões e desenhos.

Eu fiquei maravilhado com a parte egípcia, pois adoro essa mitologia de faraós,

aquelas múmias originais na minha frente me fizeram tremer de emoção e medo ao mesmo tempo. A coleção de tesouros do Museu começou com Francisco I que adquiriu muitos quadros italianos, inclusive a Mona Lisa, de Leonardo da Vinci. No Louvre também está a Vênus de Milo, que data de século 2 a.C. São 8kms de galerias com milhares de trabalhos expostos, claro que eu e o Daniel não conseguimos ver tudo, mas valeu a pena ver o que vimos. A nova entrada do Louvre é uma pirâmide de vidro, de autoria de um arquiteto sinoamericano, inaugurada em 1989.

Depois de algumas compras e um almoço próximo a Basílica, descemos uma ladeira

e chegamos ao Moulin Rouge, o bordel mais famoso do mundo, sempre tive curiosidade

sobre a historia que contavam sobre esse lugar, finalmente pude conhecer o local.

Assistimos o famoso show com 60 dançarinas, mil fantasias e "French Can Can". A célebre dança parisiense nasceu neste local, que também foi imortalizado por Toulouse Lautrec, no quadro "Bal du Moulin Rouge".

- Essas dançarinas não dançavam sem calcinha?

- Não acredito que você vai ficar reparando se elas usam calcinha ou não...

- Desculpa amor, foi só um comentário bobo.

- Tá bom, Daniel.

Na volta para o hotel acabei me perdendo do Daniel, com medo de me perder pela

cidade resolvi voltar para o hotel e espera-lo por lá, quando cheguei à recepção a

recepcionista me parou para entregar algo:

- “Pardon monsieur, une chose pour vous.” (Com licença, tem algo pro senhor).

- “Pour moi?” (Pra mim?).

- “Oui.” (Sim).

- “Qu’est-ce?” (O que é?).

- “Je ne sais pas”. (Não sei).

- “Voilà. Merci beaucoup.” (Ok. Muito obrigado).

- “De rien.” (De nada).

Peguei o embrulho que esperava por mim na recepção, deixei para abrir no quarto

do hotel, quando eu estava subindo as escadas comecei a sentir cólicas, aconteceu de

repente, de uma hora pra outra comecei a ter diarréia, deveria ser alguma coisa que eu havia comido estragada, nem dei muita importância. Após sair do toillete fui abrir o pacote que recebi, era um coração vermelho de pelúcia, com o perfume do Daniel, no meio estava escrito Je t’aime, que significa “Te amo” em francês. Não demorou muito e o Daniel chegou, com um botão de rosa nas mãos.

- Gostou da surpresa?

- E tem como não gostar das suas surpresas?

- Comprei isso aqui pra você guardar como recordação.

- Obrigado.

No dia de voltarmos ao Brasil, quase perdemos o avião, a culpa foi do Daniel que

inventou de pegar um ônibus até o aeroporto e mais uma vez ficamos perdidos. Fomos os últimos a embarcar, dessa vez ele ficou na janela e eu no corredor. Já era noite e todos no avião já dormiam, inclusive o Daniel, sem despertar muita atenção das pessoas me levantei e fui até o banheiro, não estava conseguindo dormir, lavei o rosto, enxuguei as mãos no papel e quando ia saindo levei um susto, ao destravar a porta o Daniel já foi me empurrando com tudo pra dentro do banheiro, travou a porta e começou a me beijar.

- Eu sempre tive vontade de fazer amor no banheiro de avião...

- Mas...

- Vou me realizar com você...

Ele me fazia perder o juízo, eu ficava fora de mim quando ele vinha com aquela carinha de cachorro abandonado, bati 2 vezes a cabeça na parede tamanha era à força de suas pegadas, ele me beijava como se não me visse há anos, em menos de 5 minutos o Daniel já havia tirado minha roupa e a dele também, começamos a pingar de suor, o ar

condicionado não estava dando conta, transamos no canto da pia, naquele banheiro

apertadinho, não podíamos gritar nem fazer muito barulho para não acordar os passageiros, nossos gemidos eram bem baixinhos, um seguido do outro, em ritmo lento e acelerado, ficamos em média meia hora fazendo amor, sexo, sacanagem. Muito tesão, desejo, era uma mistura de sentimentos que me deixava louco, eu adorava essas fantasias muito malucas que ele tinha, era divertido e ao mesmo tempo dava muito tesão, a adrenalina subia á mil.

Deixamos o banheiro do avião discretamente, sem que fossemos notados voltamos para

nossas poltronas e tentamos dormir, suados, ofegantes, exalando sexo.

Eu e Daniel achamos em geral, as pessoas em Paris, um pouco mal educadas, andam

rápido e se fosse preciso passavam por cima da gente. Não me senti seguro andando em

Paris, não sei por que, mas em várias situações nos pegamos sendo observados por pessoas estranhas, principalmente dentro de trens e metrô. Incrível, mas foi um dos lugares onde me senti mais inseguro. Paris é uma cidade muito cara, fiquei impressionado, mas também pudera, Paris é Paris.

Ao desembarcarmos no Aeroporto Internacional de Guarulhos, chamamos um táxi,

Daniel preferiu me acompanhar até em casa, eu estava ansioso, parecia que nunca

chegávamos, não via a hora de rever meu “bebê”, ver minha mãe, meu pai... Quando

chegamos em casa fui logo telefonar para minha mãe:

- Alô?

- Alô... Mãe?

- Oi meu filho, como você está?

- Tô bem, mãe! Acabei de voltar, como está meu “bebê”?

- Está aqui do meu lado.

- Põe o telefone no ouvido dela?

- Dani... Dani...

Minha mãe colocou o telefone na orelha dela e comecei a chamar seu nome, ela

reconheceu minha voz e começou a latir sem parar.

- Filho, ela chorou todas as noites olhando pela janela...

- Eu vou buscá-la hoje, mãe. Meu braço já está curado e eu já posso dirigir.

- Tá bom meu filho, vou arrumar todas as coisinhas dela na malinha.

- Ok mãe, beijo.

- Outro!

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