Cap. 20:

Conto de Salém como (Seguir)

Parte da série Uma História de Amor

Passei a semana me tratando daquela gripe chata, não agüentava mais ficar de

repouso sem poder fazer as coisas que eu gostava, eu também nem conseguia, acabava

fazendo tudo mesmo contra a vontade dos médicos. Na véspera do casamento eu já estava melhor, meu dedo também já havia cicatrizado, fui visitar os noivos em Campinas e entregar o meu presente e o do Daniel.

- Oh de casa...

- Bader...

- Oi mãe!

- Oi Bader...

- Tudo bem, Millena?

- Eu tô ótima.

- Entre, meu filho...

- Cadê o pai?

- Tá tomando banho, sente aí que já já ele termina...

- Ok, e o Rodrigo?

- Saiu com os amigos.

- Vem cá, ele não trabalha não?

- Trabalha...

- Ele só dá trabalho, é diferente...

- Hahaha... Só você mesmo, Millena.

Passei o dia com eles, minha mãe tinha acabado de fazer o almoço, acabei não

resistindo e sentando à mesa pra almoçar com eles, eu sentia muita falta daquela comidinha caseira de mãe. Logo depois o Rodrigo chegou, todo sujo, parecia estar voltando de uma pelada, era visível a ansiedade dos noivos para o casamento, a Millena provou 14 vestidos antes de decidir qual iria usar, foi muito engraçado ver minha mãe contando, disse que a vendedora da loja quase ficou louca, mas no lugar dela até eu teria ficado, imagine guardar aquele monte de vestidos depois, as duas disseram que escolheram o melhor vestido da loja e o mais bonito, isso eu só iria comprovar no dia da cerimônia.

- Bom, eu preciso ir agora...

- Tá cedo, Bader.

- Não Millena, ainda tenho que passar na tinturaria pra pegar minha roupa e a do

Daniel.

- Filho, fiz um pudim de leite condensado, você quer levar?

- Isso é pergunta que se faça? Mas é claro que eu quero.

- Espere um pouco que vou embrulhar pra você...

- Tudo bem.

- Bader...

- Fala, pai.

- O Cristiano tá precisando fazer um trabalho de escola que fala dessas coisas de

comercial...

- Sei...

- Ele veio me perguntar se você poderia dar uma ajuda pra ele.

- Claro, do que ele precisa exatamente?

- Parece que precisa vender água em pó.

- Hahaha... Pode deixar, vou pensar em um argumento bem bacana, passa meu telefone pra ele...

- Tudo bem, filho.

- Aqui está o pudim, filho.

- Obrigado mãe.

- Vai com Deus.

- Já falei que não gosto que a senhora fale assim, parece que eu morri.

- Desculpe, Deus te acompanhe.

- Agora sim. Fiquem com ele.

- Obrigado pela visita, Bader.

- Espero que curtam bastante a viagem de lua de mel.

- Você não faz idéia de como vamos nos divertir...

- Opa, lua de mel? Vai ser o dia todo...

- Rodrigo? Respeite seus pais...

- Ah... Finja que nem tô aqui...

- Hahaha, só você mesmo, pai. Beijo pra vocês e até amanhã.

Cristiano era o filho caçula do amigo do meu pai, deveria ter uns 12 anos, morava na mesma rua que meus pais, o pai dele e meu pai cresceram juntos, eu lembro que nas festas de fim de ano nossas famílias se reuniam e passavam todas juntas, pois minha avó

era comadre da avó do Cristiano.

Adorei ter passado um começo de tarde tão gostoso com eles, sempre que ia pra lá

eu me divertia, pois eles eram uma verdadeira comédia, também tinha os doces que minha mãe fazia que eu não resistia, um mais gostoso que o outro, principalmente o bolo de chocolate com três camadas de creme que ela sabia fazer como ninguém, bem macio e molhadinho, tinha também o vidro de doce de leite e chocolate, eu adorava esse, o de chocolate e de laranja em caldas eram ótimos também, eu me lambuzava e no final eu deixava a Dani lamber o pote com o que sobrava.

Na volta pra São Paulo estava passando pelo Centro quando vi um terreno cheio de

entulhos, com uma placa de vende-se, fiquei interessado no local e anotei o número do

telefone, encostei o carro e na mesma hora liguei do meu celular para consultar o preço, a localização era boa, pois bem no centro de São Paulo com metrô perto, fácil acesso, seria um ótimo lugar para construir uma instituição para as crianças com HIV. Marquei de encontrar com o dono na próxima semana, a minha intenção era comprar aquele terreno e construir ali uma ONG para crianças com HIV. Depois fui até a tinturaria para pegar minha roupa para o casamento, aproveitei e peguei a do Daniel também. Quando cheguei em casa o Daniel já estava fazendo o jantar, coloquei a chave sobre a mesa, dei-lhe um beijo e fui colocar as roupas no cabide do quarto para não amassar.

- Hum... Que cheirinho bom...

- Boa noite petit... Já trouxe as roupas?

- Estão aqui, vou lá colocar no cabide para não amassarem.

- Tudo bem.

- O que você está fazendo de bom?

- Pene ao sugo.

- Hum... Me casei com um Chefe de cozinha e não sabia?...

- Tem muita coisa ainda que você não sabe sobre mim...

- Uau... E como é que eu faço para descobrir mais sobre você?

- Assim...

Ele colocou a colher sobre a pia, tirou o avental e me abraçou, olhando pros meus

lábios com olhos de desejo, pouco a pouco ele foi me beijando e tocando minha pela por

baixo da roupa.

- Amor...

- Fala gato.

- Agora eu vou tomar um banho, ficar bem gostosinho pra você...

- Como assim VOCÊ vai? Nós vamos tomar banho juntos.

Na cozinha mesmo ele começou a tirar nossas roupas, aquela vontade de me ter parecia nunca terminar, se ele ficasse um dia sem sentir minha pele colada a sua ele ficava louco, fomos nos amando e nos despindo no caminho e quando chegamos no banheiro já não vestíamos mais nada, com os dois corpos nus abri o chuveiro enquanto o Daniel

ascendia à luz.

- Ascende a luz pra mim...

- Peraê... Hum...

- Não... Pára... Tá gelada...

- Hahaha...

- Ai... Vem aqui também...

- Não... Petit... Hahaha...

- Viu só?...

- Sabe o que isso me lembra?

- O quê?

- O dia em que nós ficamos pela primeira vez... O dia que eu me interessei por você...

- Foi só naquele dia que você se interessou por mim?

- Naquele dia eu comecei a me interessar por você. Deve ser por que eu estava bêbado.

Dei um empurrão nele:

- Ah, é?

- Tô brincando, amor. E você?

- Eu o quê?

- Desde quando você passou a sentir um interesse por mim?

Passando xampu em seu cabelo:

- Não vou falar...

- Fala, vai?...

- Não faz essa carinha que eu não resisto, vai... Você começou a dominar meus pensamentos desde quando me abraçou no Ibirapuera pra comemorar seu gol...

- Nossa...

- Pois é, mas deixa isso pra lá.

- Deixa pra lá, é?

Ele me deu um abraço e começou a me beijar, nossa... Já estávamos de barraca armada, o Daniel quando ficava assim era meio descontrolado, acabamos "terminando o trabalho" ali mesmo, no chuveiro, des de que eu descobri minha nova condição e com o Daniel com aquele fogo inapagável eu já havia colocado camisinhas por quase a casa toda, pelo jeito dele de fazer tudo onde quer que estejamos, melhor prevenir né, e no banheiro claro que tinha, afinal o banho era um dos seus, e meus também, momentos prediletos.

Depois do nosso "banho" fomos jantar, abrimos um vinho tinto e brindamos nosso amor, a comida que o Daniel preparou estava ótima, ele sabia cozinhar muito bem, além de ser tudo o que uma pessoa sonhou ter na vida.

- Sente aí que vou te servir.

- Tudo bem...

- Você vai provar agora uma especialidade do Daniel...

- Sem contar aquela que acabamos de fazer, né?

- Além daquela.

- Hum... O aroma está ótimo.

A comida estava tudo de bom, o vinho era um dos melhores também, naquela noite

fomos dormir mais cedo, quer dizer, fomos deitar, pois dormir mesmo demorou um pouco, pois tivemos a idéia de repetir o que havíamos feito no banho, como disse um fogo inapagável.

No outro dia logo pela manhã eu levantei mais cedo e fui fazer limpeza de pele, arrumar o cabelo, precisava cuidar da minha aparência, pois era um dia especial, não que eu largasse mão de me cuidar, sempre fui bem vaidoso, mas aquele dia eu tinha que ir a fundo.

- Bom dia, Cláu!

- Oi Bader, tudo bem?

- Tudo ótimo, vim fazer uma hidratação...

- Espere aí que eu já te atendo.

- Tudo bem.

- Pode sentar no lavatório...

- Está cheio aqui hoje...

- De sábado é sempre assim.

O salão de cabeleireiro que eu costuma ir ficava dentro do shopping, havia vários

profissionais, mas eu só deixava o Cláu mexer no meu cabelo, acho que era o costume, pois desde a primeira vez que fui até lá era ele que me atendia.

- Seu cabelo tá tão bonito, o que você tem feito nele?

- Nada, só uso aqueles xampus que você recomendou e a pomada pra modelar.

- Mas seu cabelo já é bonito. Vamos começar lavando com xampu especial.

- Tudo bem.

Depois de arrumar o cabelo eu subi no andar de cima e fiz a limpeza de pele, passei

quase a manhã toda no salão, cheguei em casa 10h, o Daniel já estava pronto me esperando, perfumado, impecável como sempre, jogando vídeo game. O casamento estava marcado para as 11h, no caminho fomos conversando sobre o abrigo das crianças que eu havia conhecido, o Daniel quem foi dirigindo meu carro, pois o dele estava no mecânico fazendo revisão.

- Eu já te falei que você está muito bonito hoje?

- Ainda não.

- O que você acha de aproveitarmos a ocasião e pedirmos para o padre casar a gente

também?

- Seria ótimo, Daniel.

- Já comprou as alianças?

- Ainda não.

- Então vamos comprar agora...

- Compramos depois, não devemos atrasar o casamento, só a noiva pode fazer isso.

- É verdade.

- Daniel...

- Diga...

- Quando voltarmos pra São Paulo quero que você conheça um lugar cujo me

apaixonei...

- Que lugar?

- É uma entidade que cuida de crianças com HIV...

- Sério?

- É, fui conhecer e fiquei apaixonado por uma das crianças.

- Sério?

- Vou te levar lá e você vai ver, assim como gostei você também vai gostar.

Comentários

Há 2 comentários.

Por em 2016-07-04 20:06:51
a historia ta muito boa
Por joão em 2016-07-02 12:39:58
Aí que lindo 😭❤️🌹