Cap. 17:

Conto de Salém como (Seguir)

Parte da série Uma História de Amor

- Bader, tem uma pilha de papeis sobre sua mesa...

- Do que se tratam?

- Da gravação de amanhã, parece que o cliente quer assistir as filmagens.

- Sem problemas, você já contatou a prefeitura sobre a interdição do espaço pra

filmagem?

- Já, a autorização já foi dada.

- Vem até minha sala que preciso falar algumas coisas com você.

- Já tô indo, vou pegar um café e já volto.

Entrei dentro da sala, coloquei meu casaco na cadeira e liguei o computador e

comecei a imprimir os roteiros de gravação do outro dia.

- Cheguei...

- Sente aí.

- O que você está imprimindo?

- O roteiro pra gravação de amanhã. Você tem que chegar no local antes das 10h, às

14h vamos começar as gravações e eu preciso que os equipamentos já estejam

posicionados.

- Vou passar isso pro Henrique, ele quem está cuidando dessa parte.

- Quem está cuidando dos figurinos?

- A Vanessa e o Gilberto.

- Leva esses desenhos pra eles, quero as roupas iguais a essas dos desenhos.

- Lindas... E a trilha sonora, já foi escolhida?

- O Glauber quem está cuidando disso.

- E seu namoro, como está?

- Não está mais, estou solteiro.

- Não creio...

- Pois é, mas vamos mudar de assunto.

- Ok, desculpa. Teve alguém procurando por você um dia desses...

- Quem?

- Não sei, a Vanessa que disse.

Não fazia idéia de quem seria, o Daniel não poderia ser, pois se fosse ele a Vanessa

viria correndo me contar, de qualquer forma não dei muita importância a isso.

- Deixou algum recado pelo menos?

- Parece que não.

- Bom, se for algo de importante vão me procurar outra vez.

- Com certeza.

No outro dia começaram as gravações do comercial, acordei bem cedo, comi um

pedaço de pão integral com creme cheese e um copo de suco de goiaba, tomei meu banho bem rapidinho e segui pra Praça Ramos, onde iríamos gravar a propaganda. Cheguei lá e havia muita correria, uma movimentação de pessoas pra lá e pra cá carregando equipamentos, parecia estar tudo atrasado.

- Bom dia!

- Bom dia, Bader.

- O que aconteceu que não está tudo pronto ainda?

- Ai Bader, estava tendo um protesto de sindicato aqui, atrapalhou tudo, só podemos

começar agora.

- Espere aí... Tira aquele canhão de luz dali e coloque perto daquela marquise... Hei

você, já vestiu os atores? Cadê as câmeras?

- Calma Bader... Você está muito nervoso.

- Como calma? Se essa publicidade não ficar pronta hoje você tem idéia do prejuízo

que vamos ter?

- Mas não é culpa nossa...

- Não interessa de quem é a culpa, é seu emprego que está em jogo.

- Galera vamos apressar essa montagem de equipamentos aí...

- Você viu a Vanessa?

- Está vestindo os atores.

- E a Kelly, já está aí?

- Está sim, acho que já começou a maquiá-los também.

- Ótimo. Em meia hora quero ver tudo pronto.

- Pode deixar, Bader.

- Eduarda, eu disse que não era pra ninguém circular pelo cercado sem crachá, não

disse?

- Sim.

- Avise aquele rapaz, por favor.

- Ok.

Eu adorava meu trabalho, mas às vezes ele era estressante, principalmente em

gravações externas que exigiam mais tempo, se fosse em estúdio seria mais rápido e fácil.

- Bader, tenho uma má notícia...

- Humpft... O que é, Eduarda?

- O cliente chegou pra assistir a gravação.

- O quê?

- E agora, o que eu faço?

- Dê um jeito de distraí-lo, enquanto eu arrumo uma maneira de fazer um milagre

aqui.

- Tudo bem.

Consegui deixar tudo pronto em quinze minutos e demos início à gravação. A visita

do cliente foi de ultima hora, nos pegando de surpresa.

Passamos a tarde inteira gravando as externas no Centro de São Paulo. Não é fácil

filmar em externa, pois dá muito trabalho. Foi necessário fechar um quarteirão inteiro,

cercar o local. A equipe técnica que levamos era enorme, cerca de vinte pessoas, foram armadas cinco tendas para abrigar equipamentos, figurinos, atores e produção. Muitas pessoas paravam para acompanhar as filmagens.

Começamos com a parte mais difícil que era o beijo do casal em frente ao Municipal. No meio da gravação tivemos que interromper por causa de uma chuva repentina. Ficamos em média quarenta minutos esperando a chuva forte passar, depois retomamos normalmente as filmagens.

Uma produção como essa leva horas para ficar pronta, é necessário gravar várias

vezes a mesma cena e nem sempre conseguimos o resultado que queremos na primeira

filmagem. Temos que achar a posição certa da câmera, ajustar a luz de acordo com a

claridade do dia, e uma infinidade de detalhes que contam muito para que saia um trabalho de boa qualidade.

Terminamos as gravações quando já era noite. O cliente acompanhou as filmagens

do início ao fim, pela cara dele parecia ter gostado:

- Bader?

- Eu.

- Parabéns, a idéia foi toda sua?

- Foi...

- Nossa... Muito talentoso você...

- Obrigado...

- Não é à toa que ele é destaque na agência por ter essas idéias persuasivas.

- Vocês estão me deixando sem graça...

- Bom, preciso ir...

- Sem problemas, obrigado pela presença.

- Obrigado você pelo bom trabalho que desempenhou para nossa empresa, em nome

de todos agradeço.

- Mais uma vez, obrigado!

Fiquei muito feliz em receber pessoalmente um elogio do representante da empresa,

melhor ainda era saber que ele havia ficado satisfeito com meu trabalho, sinal de que eu

estava seguindo o caminho certo. Depois que ele foi embora não demorou muito e eu fui também, mas antes tive que passar na produtora para deixar alguns equipamentos antes de ir pra casa, não via a hora de tomar meu banho, deitar na minha cama quentinha abraçado com a Dani e ver um filme na TV, pois o dia havia sido exaustivo. Fui dirigindo e pensando em como seria meu outro dia, na edição das imagens das gravações, sonoplastia, enfim. O bom de ficar ocupado assim é que você esquece um pouco de seus problemas, focando somente naquela tarefa que você está desempenhando no momento, chega cansado em casa e não tem tempo para nada.

Parei em frente o condomínio, pois havia esquecido o controle que abria o portão

automático, buzinei para que o porteiro abrisse para mim. Chovia e trovejava demais,

manobrei o carro na garagem e acabei estacionando o carro de qualquer jeito, pois o

cansaço era tanto que não via a hora de dormir, subi para meu apartamento morrendo de

saudade da Dani e louco pra cair na cama, minhas pernas estavam doloridas, começou a me dar dor de cabeça e minha garganta doer, quando coloquei a chave na fechadura, já percebi que ela estava ali cheirando por baixo, mal abri a porta e ela começou a pular nas minhas pernas.

- Oi bebê... Papai chegou...

Deixei as bolsas no meu quarto, fui até a cozinha, tirei alguns congelados do freezer

e coloquei para aquecer no microondas, dei a comida da Dani e fui tomar um banho bem quente para tirar o stress. Minha mãe dizia que não é recomendável tomar banho enquanto estivesse relampeando, tratei de não demorar muito, passei meu óleo de amêndoas no corpo todo para dormir melhor, enrolei a toalha na minha cintura e fui preparar um suco, tirei a polpa de fruta do freezer, coloquei no liquidificador com água e açúcar, depois bati até ficar cremoso. O microondas começou apitar indicando que a comida ficou pronta, coloquei no prato e fui coar o suco quando a campainha tocou, eu já até previa quem era, por ter estacionado o carro de qualquer jeito já seria um pretexto pro Carlos ir bater na minha porta pra me encher o saco, já que ele costumava pegar um pouco no meu pé, deixei o que estava fazendo e fui abrir a porta antes de jantar, já estava preparado pra descer os cachorros em cima dele, não estava nos meus melhores dias pra escutar desaforos:

- Já estou indo...

Quando abri a porta levei um susto, eu esperava que fosse qualquer pessoa, menos

que fosse o Daniel, estava lindo como nunca, perfumado, bem vestido, com uma bermuda tipo surfista azul e preta com a "barraca" meio armada, camiseta amarela e tênis sem meia, tive que me segurar para não cair, meu coração foi a mil, minha boca secou, não conseguia pensar, ao mesmo tempo que fiquei feliz por vê-lo, também fiquei com medo, depois de descobrir que eu estava com HIV por um descuido meu coisa boa ele não haveria de querer ali, minha voz custou a sair, com um olhar sério ele me encarava calado, imóvel, aquilo estava me incomodando, minha única atitude foi pedir mais uma vez desculpas:

Comentários

Há 3 comentários.

Por joão em 2016-06-23 22:29:42
Aí meu céus, por favor posta logo o próximo, por misericórdia ....😭😭😭❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️
Por Fla Morenna em 2016-06-23 07:40:52
Ta muito bom esse conto
Por BD97@ em 2016-06-23 02:12:23
postaaaaaaaa logooooooo por favor...tá muito bom...ando ansioso pelos teus capítulos...são ótimos...abraços ai!!!!