Cap. 09:

Conto de Salém como (Seguir)

Parte da série Uma História de Amor

No começo da manhã, abraçado junto a mim ele me contou que sua mãe havia

descoberto tudo sobre nós:

- Tenho uma coisa pra te contar...

- O quê?

- Minha mãe descobriu tudo sobre nós ontem...

- Mas como?

- Ela abriu uma pasta no computador onde eu tinha guardado nossas fotos e...

- Viu a foto do nosso beijo.

- É... Depois ela foi vasculhar minhas coisas e encontrou uma foto nossa onde você fez uma dedicatória para mim.

- Caramba... E agora?

- Tive que contar a verdade, ela chorou no começo, mas depois teve que respeitar.

- Será que ela aceitou numa boa?

- Se aceitou eu não sei, ninguém é obrigado a aceitar a homossexualidade, mas é

uma obrigação respeitar.

- Isso é verdade.

- Ela disse que quer te conhecer...

- Quê? Tá louco?

- Eu? No caso quem está louca é ela... O melhor disso tudo, é que agora eu não vou

precisar mais me esconder de ninguém.

- Espero que ela tenha mesmo entendido numa boa.

- Hoje eu te levo lá pra conhecê-la.

- Tá bom.

Saímos de lá em direção a casa dele, eu estava com um pouco de receio em conhecer a minha sogra, e se ela não gostasse de mim? Fiquei com receio do que estava por vir, nem toda família encara uma situação dessa como a minha encarou, o medo se remoía

dentro de mim, quando ele disse:

- Chegamos.

Pronto, fiquei com o coração quase saltando pela boca, minhas pernas tremiam, meus lábios secaram, saímos do carro e paramos em frente à casa, era uma casa bonita, moderna, 3 andares, ficava dentro de um condomínio de luxo na Zona Sul de São Paulo, o Daniel parecia mesmo ter vindo de uma família de classe média alta.

Entramos na casa que por sinal era linda, na sala havia muitos retratos espalhados

pela parede de paisagens, viagens de família, uma estante de madeira cobria um lado inteiro da parede, uma mesa de vidro, um tapete chinês enorme cobria todo o chão da sala, tudo decorado com muito bom gosto, principalmente uma cristaleira que tinha na sala de jantar com um espelho enorme.

- Sente aí no sofá que vou chamá-la...

- Ok!

Sentei no sofá e avistei a mãe dele descendo as escadas, era uma senhora de nariz

empinado, cabelos presos, lisos e pretos, com pose de superior, olhos verdes, parecia olhar as pessoas "de cima", porém era uma mulher muito elegante e viajada.

- Então você é o Bader...

- Sim, prazer.

- Marisa. Meu filho me falou muito de você...

- Sério?

- É... Desejo felicidades a vocês, espero que volte mais vezes.

Sentados no sofá, Daniel me abraçou, notei que sua mãe não gostou nem um pouco

de presenciar aquela cena, eu fiquei um pouco constrangido ao ver à reação dela.

- Voltarei sim, pode deixar.

- Daniel é meu filho único, quero a felicidade dele.

- Disso não tenho dúvidas.

- Eu disse a você que minha mãe era uma pessoa legal...

- Pare com isso, Daniel. Você aceita um café, Bader?

- Não bebo café.

- Um suco?

- Pode ser.

- Luana... Traga um suco para o rapaz.

Luana era a empregada da casa. Uma mulher um pouco tímida, deveria ter em

média 168cm, branquinha, parecia ser uma boa pessoa.

- Você trabalha com o que, Bader?

- Eu trabalho com Publicidade e Propaganda.

- Meu sonho era ver o Daniel na Aeronáutica como o pai dele, e não entendo essa

vidinha de academia que ele leva.

- Não fale assim, mãe. Eu faço o que eu gosto.

- Você mora com seus pais, Bader?

- Não, moramos eu e minha cachorra Dani.

Conversamos bastante aquele dia, almoçamos juntos e depois o Daniel me levou

para casa. A mãe dele até que era uma pessoa legal, tinha lá seus defeitos, mas quem sou eu para julgar. Cheguei em casa e fui dar comida pra Dani, me olhei no espelho e achei meus olhos um pouco fundos, subi na balança que tinha no lavabo e vi que tinha emagrecido 4 quilos, era estranho porque eu havia voltado à rotina de sempre, será que eu estava com anemia? Não dei muita importância e fui colocar algumas roupas na máquina pra lavar, programei a lavadora e fui beber um copo d'água, quando levei a mão na testa notei que estava com febre, será que foi a comida daquele restaurante?

Lembro que há 6 meses atrás aconteceu a mesma coisa, fui para o banheiro e

comecei a tirar a roupa para tomar um banho frio, passei a ter cólicas e diarréia, dessa vez eu estava evacuando com sangue. Fiquei preocupado, terminei meu banho e fui até o hospital, muito preocupado com o que estava acontecendo. Quando aconteceu da primeira vez eu fiquei de ir ao médico e acabei deixando passar, agora voltou a acontecer, eu devo ser alérgico a algum tempero ou tipo de comida. Cheguei na recepção do pronto socorro e não havia ninguém na sala de espera, a recepcionista pegou minha carteirinha de titular junto com o RG e pediu para eu aguardar na sala de espera, não demorou muito e ela foi me devolver os documentos. Fiquei vendo TV na sala de espera até ouvir o médico me chamar, entrei na sala com um pouco de receio, sempre tive receio de hospital, aquele cheiro de álcool, iodo, barulho de ambulância...

- Pode se sentar... O quê acontece, Bader?

Expliquei o que tinha acontecido para o médico, em uma folha com letras verdes ele

ia anotando tudo, depois me fez uma série de perguntas íntimas que eu não gostei muito,

mas respondi, depois ele se levantou, puxou um papel para cobrir a maca e pediu para que eu deitasse de lado para me examinar.

- Pode baixar a calça, cueca e deitar na maca pra eu examinar... Vou buscar uma luva e já volto.

Enquanto ele saiu eu deitei na maca do jeito que ele pediu, dava pra escutar alguém

chorando no andar de cima, não consegui distinguir se era uma criança ou uma mulher, às vezes parava, e voltava outra vez. O médico entrou na sala e trancou a porta, pediu para eu ficar em uma posição que desse para ele examinar.

- Eu já sei o que é...

- O quê é?

Comentários

Há 1 comentários.

Por Nando martinez em 2016-05-07 20:45:47
Dst ou câncer de próstata?