Cap. 03,2:

Conto de Salém como (Seguir)

Parte da série OS FILHOS DA LUA

- Por quê? Como? Você é... Você é... contagioso, ou algo assim?

- Acho que não - Jacob sorriu. - Já tivemos outros contatos com humanos e isso nunca aconteceu.

- Então, não sou como a maioria dos humanos...

- Isso eu já sabia. Você é único! - Ele beijou o ombro onde antes existira uma marca.

- Adulador - Isac riu, fechando os olhos para melhor sentir os lábios sobre sua pele. Podia sentir o beijo se espalhando por todo o corpo como uma onda, a pele queimando por conta de uma súbita sensibilidade. - Não acha que eu devia traçar minha genealogia? Talvez encontre algum ancestral Druida...

- Não encontraria esse tipo de coisa com facilidade, considerando que seus ancestrais deviam estar se escondendo de nós. Esse não foi um dos momentos mais gloriosos da nossa historia. Punir e extinguir toda uma raça não é algo de que nos orgulhamos. - Jacob suspirou demonstrando profundo pesar.

- Bem, você não tem culpa de nada. Foram seus ancestrais que entraram em guerra com os Druidas e os destruíram. Tudo que pode fazer é reparar esse lamentável erro da melhor maneira possível. Se sua raça quer mesmo superar a loucura provocada por certas fases da lua, vai ter de encontrar os Druidas, mesmo que estejam dispersos e quase extintos, e reintroduzi-los em suas vidas e na sua cultura. Foi isso que eu Ii.

- Noah parece concordar com essa idéia - respondeu Jacob. - Mas, para isso, teremos de trazer humanos ao nosso mundo, porque, aparentemente, os Druidas se escondem atrás deles agora. Misturam-se a eles. Quero dizer, você é um exemplo... Se é que realmente descende de Druidas... Jacob suspirou e se afastou, deitando-se com a cabeça no travesseiro ao lado do de Isac e tocando o ponto mais alto do nariz, como se desenvolvesse uma forte dor de cabeça.

- O que é?

- Isac, quando isso se tomar público... se a necessidade de encontrar Druidas for verdadeiramente aceita... se eles se escondem mesmo atrás dos humanos... Bem, vamos viver uma espécie de temporada de caça a sua raça. Posso ate imaginar... "Mas, Jacob, pensei que ela fosse Druida"... Como vou lidar com tudo isso?

- Oh, céus... - Isac gemeu, captando com facilidade o significado do comentário apreensivo. Sentia o coração apertado diante da evidente tristeza de Jacob. Podia sentir nele o alarme, a preocupação pelo futuro e o bem-estar da raça humana.

- Mas, Jacob, e se a natureza já tiver encontrado outro caminho?

Agora ele a olhava com atenção e curiosidade, uma mistura de sentimentos que, aos poucos, foi se transformando em compreensão e esperança. - Eu vim ajudá-lo, não vim?

Isac sentiu no espírito a poderosa reação causada por suas palavras, a compreensão de que essa realidade poderia modificá-lo para sempre. Invadia uma parte dele jamais tocada anteriormente, sentindo nesse espaço, um canyon de solidão que se tomara parte integrante de uma vida tão longa. Era algo que vinha de muito longe, da morte de muitos amigos e familiares que não haviam conseguido sobreviver aos inimigos de seu mundo, que o deixaram sozinho para enfrentar a fria aceitação de ser um mal necessário ao próprio povo. Mais importante e doloroso, ele nunca partilhara inteiramente o que sentia em decorrência desse temível isolamento.

Isac compreendia agora o que ninguém sabia. Ninguém imaginava como o Defensor era realmente solitário, exceto ele mesmo, e só havia adquirido esse conhecimento porque podia tocar sua mente. E agora, diante do que ele sugeria, ele se sentia devastado pelo medo. Jacob temia pelo outro. Não queria que ele tivesse a mesma vida que ele sempre suportara.

Contudo, ele via toda a situação de um jeito bem diferente. Sentia uma profunda alegria, uma esperança e um entusiasmo como nunca havia experimentado antes.

- Sou uma espécie de...capitão américa - Ele se ajoelhou no colchão, saltando com entusiasmo juvenil. Com as mãos pra o alto - Sabe como é, lutando pela justiça, pela verdade e... pelos Demônios!

- Esse não é o Super-Homem? - Jacob perguntou com tom seco.

- Fique quieto. Estou vivendo um momento de glória aqui. Não me atrapalhe. Seria preferível pular a parte da caçada e a da morte, porque é um pouco... viscosa... mas gosto da idéia dos poderes especiais. Por que só apareceram agora?

- Não sei. Estou tão surpreso quanto você.

- Bem, a primeira vez que notei alguma coisa foi na biblioteca, quando... Quando consegui ler seu idioma. E isso foi depois de... - Ele se deteve, desistindo do que ia dizer, certamente para poupá-lo da culpa, mas Jacob podia sentir as palavras como na própria mente, e perceber sua intenção de poupá-lo era ainda pior do que enfrentar a acusação direta.

- Foi antes disso. Logo depois de cair da janela, você teve o primeiro episódio de empatia, quando sentiu o que Saul estava sentindo. Lembra? .

_ Ah, sim! Aquela foi a primeira vez. Logo que você me pegou. Ele riu. - Sim, pode ter sido você. Deve ser contagioso, afinal. Ele percebeu a sombra que passou pelos olhos de Jacob. - Ah, não, não comece com isso agora! Foi só uma piada - corrigiu-se apressado. - Não quero ouvir o que esta pensando.

Ele riu.

- Mesmo que eu falasse o que estou pensando, seria apenas uma especulação.

- Então, pare de especular - ele ordenou, debruçando-se sobre a cama para poder bater no ombro de Jacob.

- Você é autoritário demais para alguém do seu tamanho - ele acusou, segurando-o pelos ombros para abraçá-lo. Queria sentir sua presença, tocá-lo de todas as maneiras. Não havia mal nenhum em uma inocente troca de calor.

- Já estou lamentando ter permitido que me pegasse naquela noite - ele comentou com ar serio, ajeitando os cabelos sem perceber como o gesto o encantava.

- Meu bem, era eu ou o concreto. Um de nós a receberia de braços abertos.

- A essa altura, já começo a pensar se o concreto não teria sido menos doloroso... e menos complicado.

Jacob sabia que ele estava só brincando, mas o comentário o tocou profundamente.

- Temos causado sofrimento para você, Isac? Eu o fiz sofrer?

Ele ficou em silencio, olhando para aqueles olhos escuros e profundos, consciente de que sua resposta seria vital para o Defensor. Por isso, refletiu com cuidado antes de responder. Jacob descobriria a verdade, como sempre.

- Só uma vez, Jacob. Mas não como esta pensando. Foi aquela vez na biblioteca...

- Eu tinha de agir de acordo com o que acreditava ser melhor para você. Por favor, me perdoe...

- Só se terminar o que começou.

Ele se levantou de repente, deixando-o sozinho na cama. Sério, Jacob andava de um lado para o outro no quarto, as mãos tensas deslizando pelos cabelos num gesto típico de nervosismo.

- Jacob?

- Por favor, não diga nada!

Agora ele estava indo longe demais.

- Bem, lamento que considere minha declaração tão ofensiva – ele reagiu irritado. - Peço desculpas. Não vai mais acontecer!

Lutando contra as lagrimas que só tomaria sua situação ainda pior, ele se levantou e marchou para a porta. Determinado, agarrou a maçaneta e girou-a, mas nada aconteceu. Por mais que puxasse, a porta permanecia fechada. Verificou a chave, consciente de que a dificuldade arruinava uma saída triunfal, e tentou novamente. A porta continuava emperrada. Era difícil conter o soluço que se formava em seu peito, e ele bateu um pé num gesto frustrado. Se não estivesse tão furioso, teria percebido que Jacob havia se posicionado atrás dele. Mas, distraído, quase gritou ao sentir a mão em seu ombro.

- O que é agora? - ele reagiu furioso.

Devagar, Jacob deu alguns passos aproximando-se um pouco mais, empurrando-o contra a porta e apoiando as duas mãos, primeiro uma, depois a outra, contra a folha de madeira, bem perto de seus ombros. Para implementar a reação provocada por sua atitude, ele aproximou seu corpo do corpo menor até quase tocá-lo. Quando fitou os olhos cor negros quase não havia espaço entre eles. Envolvia Isac com o potente e perigoso calor que emanava de seu corpo, e seu corarão batia acelerado.

- Isac - Jacob começou devagar -, você me entendeu mal. Acha que não o desejo, meu pequeno? Ele se inclinou um pouco mais, o peito tão próximo do menor que Isac teve de virar a cabeça. Um gemido rouco soou em seu ouvido, e o hálito tímido e morno tocou seu pescoço como uma caricia sensual. - Pelo contrário. Se me afasto em alguns momentos, se o evito, é justamente por saber que o quero muito, que o desejo tanto que, quando você diz coisas como as que acabou de dizer, talvez não possa prever minhas reações. Tenho medo de perder o controle.

- Jacob...

- Isac, não há um lugar seguro dentro de mim quando se trata desse poderoso desejo de fazer de você meu parceiro. Meu senso de moralidade me abandona. Até meus pensamentos mais seguros e certos se unem ao clamor que queima em meu corpo quando ele busca o seu. Esta entendendo?

- Se é isso mesmo que sente, por que lutar contra esse fogo? Especialmente agora, que conhece a profecia...

Jacob recuou.

- Não quero que se entregue a mim por causa de um punhado de papéis antigos, documentos cujos propósitos são ainda mera teoria. Não pode permitir que profecias tão antigas ditem o que sente por mim. Está assustado, apesar de demonstrar coragem. Eu sei. Posso sentir. Como acha que me sinto com isso?

- Mas...

- Ainda é inocente, Isac. Por mais que seu corpo responda ao meu, sua mente ainda não tomou a decisão. Não consegue nem pronunciar a palavra sexo sem corar. E não quero forçá-lo a nada. Não quero pressioná-lo, seja no aspecto mental ou emocional, e não quero pressioná-lo fisicamente, também. Mas não me entenda mal. A necessidade que sinto de colocar alguma distancia entre nós é simplesmente um esforço pessoal, uma tentativa desesperada de me manter sob controle, até o momento em que puder tomar uma decisão consciente, uma decisão espontânea que brote de sua mais profunda e sincera vontade, não de uma profecia.

- Mas, Jacob, quando estávamos na biblioteca, e antes disso, não sabíamos que havia uma profecia.

Tão simples. Tão lógico. Tão verdadeiro. As mãos de Jacob se fecharam contra a porta, o desejo e as emoções ganhando força e ameaçando escapar ao domínio da razão. Seus sensos clamavam pelo menor. Ate o calor da fragrância que invadia suas narinas era insuficiente para compensar o vazio deixado pelos outros sentidos tão negligenciados.

Jacob rangeu os dentes.

- Isac, por favor, tome cuidado com as coisas que diz. Estou me empenhando para manter o controle, e posso assegurar que não é fácil. Se eu não conseguir... Se começarmos alguma coisa... Não vai ser possível recuar. Entende o que eu digo?

- Entendo. E quero que entenda algo, também. É você, Jacob. Quando me toca, quando me beija, você desperta coisas que jamais havia experimentado antes, que nunca imaginei poder sentir. Algumas pessoas passam por uma vida sexual variada e longa sem nunca sentir o que estou sentindo agora. Sendo assim, minha inocência e só física. Emocionalmente, já me tomei homem desde a primeira vez em que você me tocou.

Jacob suspirou.

- A ingenuidade desse seu comentário serve para me lembrar do quanto ainda é inocente, Isac.

A resposta direta e fria despertou no menor a vontade de esbofeteá-lo. A atitude condescendente começara a irritá-lo de verdade. Podia ser inexperiente, mas pelo menos sabia e tinha coragem de reconhecer que encontrara algo especial.

Mundos diferentes, espécies diferentes até, mas ele entendia que a ligação entre eles era especial. Uma oportunidade única.

Apesar de se sentir intimidado, apesar do perigo evidente e das razões óbvias para sentir medo, não deixaria passar essa chance. Talvez toda a sua vida houvesse sido apenas uma preparação para esse momento com Jacob e todas as mudanças rápidas que vivia desde que o conhecera. Talvez houvesse mesmo algo chamado Destino, e talvez ele fosse o dela. Isac sabia que só havia um jeito de descobrir, e essa era uma descoberta que ele buscava além da razão.

- Muito bem, eu entendo - ele disse erguendo o queixo, mas virando a cabeça para impedi-lo de ler a verdade em seus olhos. - Se esse detalhe é assim tão importante para você, vou tentar encontrar um homem, um humano, com quem possa ter esta experiência. Então saberei do que vamos falar na próxima vez em que discutirmos sobre esse assunto.

Jacob recebeu a declaração como um soco no peito. A idéia de outro homem tocar aquela pele delicada, beijar aquela boca... A possibilidade destruía seu sentido de direção e equilíbrio. A raiva foi a reação imediata e inevitável. Revolta. Fúria. O que o outro sugeria era demais. Mais do que demais.

- Só por cima do meu cadáver! - ele disparou. - Nunca permitirei tal coisa! A declaração era uma mistura de rugido furioso e promessa sensual. Isac podia ver que ele tremia da cabeça aos pés, podia sentir a vibração desses tremores ecoando na porta e tocando seu corpo. Em um único instante, o frio e sofisticado Jacob desaparecia e dava lugar a uma besta, cuja cabeça surgia sobre a superfície do verniz social.

Isac conteve um sorriso vitorioso, satisfeito com a reação que havia conseguido provocar.

-- Mas você acabou de dizer...

- Esqueça! Ninguém vai tocar seu corpo. Fui claro?

- Bem. Alguém vai ter de me tocar, porque ser padre não faz parte da minha lista de ambições e possibilidades! Especialmente agora, depois que descobri como é desejar um homem e ser desejado por ele. E como me considera frágil e inocente demais para você, vou procurar outro parceiro, sim!

Isac sentiu de repente a mão envolvendo sua cabeça, os olhos mergulhando nos do outro, o fogo do ciúme ardendo em sua alma. As emoções de Jacob eram como toques físicos, reais e intensos, como uma onda se formando e quebrando na praia de seu corpo; o medo que ele sentia invadia sua psique como um milhão de agulhas. A idéia de outro homem tocando seu corpo o dilacerava por dentro, física e espiritualmente, marcando sua alma como uma tatuagem de veneno e crueldade. Em uma fração de segundos ele se arrependeu do jogo. Nunca tivera a intenção de magoá-lo. Tudo que desejara havia sido fornecer uma motivação para ele superar os conflitos.

Jacob sabia que não havia justificativa para o que sentia, especialmente se considerasse as regras que tentava impor ao relacionamento que ainda nem existia de fato. Porem, sentia uma necessidade brutal de apoderar-se de Isac. Mataria sem nenhuma hesitação aquele que tentasse toca-lo. Nesse momento ele jurou para si mesmo que nunca o deixaria partir, e com o olhar, transmitiu a ele esse mesmo juramento.

- Nunca! - exclamou. - Esta me ouvindo, Isac? Nunca outro homem poderá tocá-lo!

- Então... Isso me deixa duas alternativas. - Ele lembrou ofegante, afetado pelos sentimentos que o atingiam como rajadas de vento. - Você, ou ninguém. - Isac respirou fundo, forçando-se a banir da mente a influência exercida por Jacob e suas emoções. - Francamente, Jacob - ele prosseguiu com voz suave - acho que seria uma pena perder a oportunidade de possuir um corpo como o meu, tão quente, tão ansioso para descobrir a paixão, tão ardente por você e por suas caricias. Seria um crime entregar tudo isso ao desperdício do celibato. Não concorda comigo?

Jacob reconhecia a tentativa de manipulação, mas o reconhecimento não tomava o truque menos efetivo. Estava excitado, e o desejo era como um vulcão ameaçando entrar em erupção, fazendo ferver seu sangue e pondo em risco o precário equilíbrio ditado pela razão.

- Está fazendo isso de propósito. Quer me tentar, mas não sabe que está brincando com fogo. Por que me atormenta?

- Talvez por ser esse meu destino, Jacob. Sou sua loucura. Ou você é a minha. Não sei. Tudo que sei é que quero estar com você mais do que tudo que jamais desejei antes.

Jacob estava arfante, ardendo pelo outro a sua frente, mas ainda lutava para se manter controlado, pois temia a alternativa.

- Isac, eu já disse que esse também é o meu maior desejo, mas estou preocupado! Lembra-se de como foi quando nos beijamos pela primeira vez? Um segundo, e eu estava descontrolado, tomado inteiramente pelo instinto, pelo animal que há em mim; o homem civilizado desapareceu sem tentar lutar. Se Elijah não houvesse interrompido, eu teria sido brutal com seu corpo, com sua inocência. Não é isso que você quer, e não é isso que eu quero para você. Sei que merece mais.

- Mais? Como naquela segunda vez, na biblioteca? Naquela ocasião o animal não assumiu o controle, Jacob, mas o que me fez sentir com suas mãos e com sua boca... E o que me fez sentir quando me deixou... Agiu como um amante terno, preocupado e cheio de consideração. Foi atencioso, me fez sentir desejado... Quero repetir aquela experiência. Quero viver o que vejo refletido em seus olhos cada vez que olha para mim. Quero sentir plenamente o que transborda do seu coração quando estamos juntos. Oh, Jacob, por favor! Não resista!

Jacob o beijou. Era inútil resistir.

- Eu teria medo, se houvesse razão para isso, Jacob.

Dessa vez Jacob notou que a voz dele soava clara em sua mente. O elo entre eles se fortalecia a cada toque.

- Estou em sua mente, Defensor. Eu saberia se houvesse algo a temer.

Jacob olhou aqueles profundos olhos cor da noite, vendo neles a confiança como uma luz quente. Era a primeira vez que alguém o chamava de Defensor e fazia o termo soar como um tratamento afetuoso, amistoso. Ele sentiu o coração apertado dentro do peito, a garganta fechada pela tensão emocional. Até aquele momento, não havia percebido o quanto queria que alguém o tratasse com carinho e afeto, e estava se referindo a alguém alheio ao circulo de irmãos e amigos respeitáveis como Noah, por exemplo.

O sentimento era profundo. Não podia ter esperanças de escondê-lo de Isac, e sabia que o que via nos olhos dele era compaixão por sua solidão, por todo o abuso e a animosidade que já havia enfrentado dos próprios membros de sua raça, criaturas que precisavam dele. A bondade de Isac era um dom, um presente da vida, algo que ele não podia destruir. Ele era generosa e confiante, sempre doando sem pensar em quanto isso poderia custar a ele mesmo. Era um raio de sol no qual ele poderia se aquecer sem sofrer as conseqüências. Seria cuidadoso com Isac, ou morreria tentando.

Foi nesse momento que ele percebeu como seria fácil perder o coração para esse humano. Talvez isso já houvesse ocorrido.

Jacob guardou esse pensamento, tentando evitar que Isac o lesse, sentindo que ele já estava sob pressão excessiva sem ter de partilhar também de seus temores e de suas dúvidas. Se tivesse de ser dele, e o Destino sabia que esse era seu maior desejo, não seria por caridade, por preocupação com seu povo ou pela pressão dos sentimentos que já nutria por ele. Isac faria sua escolha por vontade própria, sem pressão ou sobrecarga.

Isac o viu compenetrado em pensamentos densos, pesados, mas ele os mantinha protegidos, isolados dela. Sim, sabia que não devia estar bisbilhotando em sua cabeça depois do discurso que fizera sobre a importância da privacidade, mas habituara-se a partilhar sentimentos e impressões com Jacob. Isso os conectava, e ele se sentia seguro com essa conexão firmemente estabelecida. Olhou para a própria mão, para os dedos que brincavam distraídos com os botões da camisa dele, tentando tocar a pele morena e tentadora. Começou a abrir a camisa botão a botão, concentrando-se na textura macia da pele e em como podia sentir o calor que dela emanava. Jacob suspirou. Havia nos olhos dele aquele brilho que ele aprendera a reconhecer e apreciar como uma jóia preciosa.

- Um toque, Isac, e você me vira do avesso. Consegue sentir?

Conseguia. Ele sorriu, fechou os olhos e deixou a consciência se misturar a dele. Era delicioso sentir o calor de seu corpo, o pulsar do sangue em suas veias, a ereção que, para ele, chegava a ser desconfortável.

A experiência era fascinante. Não podia conter-se. No momento em que retomou a própria mente e ao corpo que ardia em chamas incontroláveis, o menor deslizou as mãos pelo peito largo e forte, tocando-o com uma intimidade que era ao mesmo tempo uma provocação e uma súplica desesperada.

- Vai me levar a loucura - Jacob declarou com tom rouco.

- Deve ser minha inexperiência, porque não estou me esforçando para isso – ele comentou sorrindo, tocando a evidencia física de seu desejo.

Ele gemeu. Isac se sentia poderoso e excitado, podia também sentir sua ereção pressionando sua roupa, ousado, voltou a brincar com os botões da camisa para terminar de abri-la, deslizando as mãos pelo peito largo e pelas costas, sentindo nas mãos os tremores que o sacudiam.

- Tem certeza de que e isso mesmo que quer, meu pequeno? Porque, quando eu começar... não poderei mais me conter. Tem certeza?

- Jacob, eu quero você. Nunca tive tanta certeza de outra coisa em toda a minha vida. Entre em minha mente, e saberá que estou dizendo a verdade.

Ele aceitou o convite e encontrou uma certeza inabalável. E isso era tudo que ele precisava saber para, finalmente, se entregar de corpo e alma ao que o destino havia preparado para ele. Sem medo ou hesitação, beijou-o e, erguendo-o nos braços, levou-o para a cama.

Comentários

Há 2 comentários.

Por Anjinho Sonhador em 2016-07-02 12:53:52
MA-RA-VI-LHO-SO. Sua seri ta incrivel, nossa finalmenti. Anciosooooo pelo proximo capitulo.
Por Lycan em 2016-07-02 11:48:45
Finalmente eles vão fazer. Sua serie e ótima todo dia eu venho as ver se foi postado um capítulo novo adoro