Prólogo!!!

Conto de Salém como (Seguir)

Parte da série DESEJO DE SANGUE

Seria mais uma noite de lua cheia, mais uma em 25 anos de vida, mas uma noite comum em que a lua me invadia, em que a fera que existe dentro de mim se liberta das amaras e toma a liberdade como sua, seria mais uma noite normal em que eu me acorrento em prata e agonizo a noite toda até a lua dar lugar ao astro rei sol, seria assim, se não fosse um acidente na pista que atrapalhou o trafego, fazendo com que o transito que já é lento ficasse ainda mais devagar, agora, várias quadras e avenidas me separam do meu quarto, das minhas correntes e da minha segurança, e também dos que me rodeiam, pode ser uma segurança forçada ou falsa, mas melhor que nenhuma. Mas agora não sei o que pode acontecer, resta pouco tempo para a lua tomar seu lugar ao céu, e depois que isso acontece seu poder começa a tomar conta de meu corpo, das minhas entranhas, o sangue acelera nas veias e a transformação começa, só me restava uma coisa a fazer. Saio do carro, ando pelo acostamento até me distanciar do transito parado, tento correr com o máximo de pressa que minhas pernas aguentam, mais adiante vejo um bosque, passava por ali todos os dias, mas na verdade nunca o reparara verdadeiramente, então me aproximei, vi que a imensidão das arvores também demostravam a imensidão do verde que cobria a paisagem, então entrei nele, e quanto mais para dentro andava, mas sentia a força da lua em meu ser, ela já alcançara seu lugar no céu, já brilhava cheia e pomposa dona da noite e dona de mim, por mais uma vez ela me cegará, pois já não via mais as árvores, nem a lua, nem a mim mesmo, a escuridão me dominou e dominou também meus instintos.

Acordei em meio a folhagens verdes, galhos e ramos, meu corpo todo arranhado, minhas roupas, ou o pelo menos alguns fiapos que restavam em meu corpo nada representavam ao que um dia foi, me recolhi do chão, ainda estava no bosque que entrara na noite passada, pois era somente isso que me recordava, do momento que entrei no bosque e por ele comecei a andar, depois tudo ficou negro, então me acordo, e como muitas outras vezes sem roupas, e sem direção, na verdade tinha direção, mas como atravessariam distancia que restava até minha casa neste estado, fui então andando pelo bosque, me adentrando cada vez mais, e assim foi por horas e nada de uma alma viva ou algo parecido nem sequer a saída encontrara, quando mais andava mais perdido ficava, mas adiante ouviu barulho de vozes, como uma multidão, se aproximou ainda se escondendo, mas logo foi visto:

- Ei quem é você? E o que faz aqui e neste estado?

Ao percebo ser um policial, ele era alto e sua face contraída demostrava raiva e desprezo, resolvi me acalmar e repetir a mesma história que muitas outras vezes já usara:

- Me desculpe, mas eu fui assaltado, me levaram tudo, me deixaram desacordado e quando acordei estava assim, comecei a andar procurando por ajuda, e cheguei aqui.

- E você conseguiria descrever o assaltante?

- Sinto muito, estava escuro e ele me acertou com algo na cabeça, só lembro disso, mas o que ouve ali, eu fiquei com medo de me aproximar neste estado!

- A claro meu jovem, venha vamos lhe arranjar roupas, na verdade esperava que se você lembrasse do assaltante quem sabe nos ajudaria neste caso.

- Como assim?

- É horrível meu jovem, uma senhora na casa dos 60 anos vivia sozinha nesta velha casa, e ontem foi brutalmente assassinada, eu quase poderia dizer que foi algum animal, pois não sei se algum ser humano seria capaz de tamanha crueldade, ela foi esquartejada, seus pedaços são encontrado a cada tanto espalhados por estas arvores, pelo que a perícia disse aparentemente nada foi levado.

O rosto de Miguel ficou pálido, algo o invadira como medo ou receio, um terror jamais sentido, o medo de ter tirado uma vida inocente, o medo de ter sido ele o culpado de tamanha crueldade, pois ele nunca soube realmente do que fora capaz de fazer quando transformado. Nunca lembrava, o que poderia ser uma benção, mas também era uma maldição, não lembrar, era não sentir culpa, mas também era não sentir remorso e isso o dava remorso e culpa.

Depois de vestir umas roupas que um outro policial arrumou, ele foi levado a delegacia para depor e explicar sobre o assalto, foi tudo automático, sua boca se movia explicando o que supostamente acontecera, enquanto seus pensamentos permeavam sua mente em busca de resquícios do que poderia ou não ter acontecido na noite passada.

Voltou pra casa, a polícia já havia rebocado seu carro até sua casa, pois havia ficado na rua e sido rebocado, agora já na sua garagem, ele pegou as pastas do dia anterior, subiu para seu quarto tirou a roupa e se dirigiu ao banho, enquanto caia a água, levando embora o que ainda restava da sujeira do bosque levava também resquícios de algo que mesmo tentado jamais seria lembrado, pois a memória do lobo permanecia com o lobo.

Comentários

Há 3 comentários.

Por LucasFre em 2016-10-03 00:47:40
Uma pergunta. Em que outros sites vc costuma postar suas histórias???
Por LucasFre em 2016-10-03 00:43:12
Ansiosíssimo para acompanhar esse conto, sou seu grande fã e admiro muito o seu trabalho Salém.
Por haryan em 2016-10-02 02:02:11
opa, belo começo.... gostei....