Cap. IV:

Parte da série DESEJO DE SANGUE

- Ei bela adormecida, sonhando acordado.

- Só pensando!

- Em que?

- Nada não – Miguel vai então ate suas roupas e as coloca.

Fernando não se conforma com a resposta, então levanta da cama, e vai até Miguel:

- Como assim em nada?

- Nada uéi – continua Miguel se vestindo.

Fernando o pega pelo braço o virando de frente:

- Eu não aceito esta resposta – ele olha sério para Miguel – a alguns minutos atrás eu estava dentro de você, mas não consigo estar dentro da sua cabeça, então me fale o que era.

Miguel olha para seus olhos, sério, negros como a noite, difícil não se intimidar, por mais que Miguel tivesse força, e mais ainda a força do lobo em seu corpo, os olhos de Fernando eram carregados de algo que desarmava Miguel, o deixava sem energia para lutar ou contrariar:

- Tava pensando em você!

Fernando se surpreende, frouxando sua mão no braço do outro, até larga-lo por completo:

- Em mim porque? O que? – pede curioso.

- Em tudo, em como tudo foi tão louco entre a gente- Miguel termina de por a camiseta, a mesma do dia anterior. – a gente mal se conheceu, você achando que eu era um assassino frio, eu com raiva de você por isso, depois você me ve transformando, e logo depois estamos na cama, nas mais diversas posições – ele ri – seria engraçado, se não fosse louco.

Fernando o olha sério, logo vira seu rosto, e vai ao banheiro, Miguel estranha a atitude do outro mas não fala nada, vai até a sala e aguarda o outro sair do banheiro para se despedir, o outro sai já vestido.

- Você ainda está ai pensei que já tivesse ido – fala rude.

Miguel estranha:

- Eu estava esperando você sair do banho para poder me despedir – fala acanhado.

Fernando o olha novamente, aquele jeito acanhado de falar não combinava com a estrutura corpórea do homem que a falava, mas se concentrou, não ia cair novamente na lábia do outro.

- Já se despediu, pode ir.

Miguel o olha atônito não entendendo nada, pensou em virar as costas e sair, sem olhar para trás, mas dai se lembrou dos filmes, séries ou livros que viu o personagem fazer a mesma coisa e se arrepender todo o resto por não saber o que ouve, então se voltou sério para Fernando e pede:

- O que ouve? Até agora pouco tava tudo ótimo, dai você vai tomar banho e volta outra pessoa, que coisa, será que com a gente vai ser sempre assim, depois do paraíso o inferno.

Fernando acha engraçado suas palavras, mas não ri, permanece sério, o olha com fúria nos olhos:

- Isso deve ser um show de humor pra você não é – faz uma pausa – a me desculpe, é apenas uma loucura.

- Não estou te entendendo Fernando.

- Você não ta me entendendo, eu me declarei a você, disse que nunca me entreguei a homem nenhum, apenas a você, te trago na minha casa, levo você pra minha cama, onde nunca trouxe ninguém, nem namorados meus eu nunca trouxe para ca, e você acha que é engraçado ou uma LOUCURA – ele dá ênfase na última palavra, quase gritando, deixando o outro atônito.

- Olha eu não sei o que ...

- Não sabe – Fernando o interrompe- não sabe o que? Eu posso ser durão, grande, e tals, mas tenho coração Miguel, eu sou um homem sim, com jeito de homem, achei que fosse isso que você curtisse em mim, mas nem por isso eu deixo de ter sentimentos.

- Como ...

- Eu curti você Miguel – interrompe mais uma vez – eu curti você de verdade, mais do que devia, eu me dei a você, e você vem me acha tudo uma loucura.

- Fernando ...

O celular de Fernando o interrompe, Fernando o pega do bolço, e atende, fica sério, se vira de costas, e no final apenas concorda:

- Ok, já estou indo pra ai!- desliga, olha para Miguel, entre a fúria e o medo – encontraram mais um corpo – faz uma pausa – só que desta vez, só tinha uma mordida profunda no pescoço.

Passaram dias desde de seu último encontro com Fernando, depois da polícia encontrar o corpo do menino de 16 anos, na mata morto pelo que parecia uma mordida de animal, ninguém ligou aos outros crimes, erra horrível mas era um em vários outros mortos por animais selvagens na mata.