Cap. II,II:

Conto de Salém como (Seguir)

Parte da série DESEJO DE SANGUE

- Mas isso não tem cura nem ...- Miguel o interrompe:

- Nada, nem cura, nem como evitar, é o que eu sou, faz parte de mim, não tem como tirar nem como separar, o que você imaginar, eu já tentei, já pesquisei, e nada, o único que posso fazer é evitar de machucar outras pessoas.

- Uma batalha eterna!

- Sim, eterna.

Fernando se aproxima o abraçando, a luz já dominava o céu, sua luz já invadia o quarto, Miguel sentiu seu sangue acelerar, mas parrou, Fernando continuava a abraça-lo:

- Você já pode me soltar, nada vai acontecer hoje!

- Tem certeza? – pede o outro em dúvida:

- Claro!

Fernando então o liberta, quando este está livre pula sobre Fernando o derrubando no chão:

- Você não devia ter me libertado, agora sofrerá as consequências mero mortal!

Fernando se vira passando para cima dele:

- A é, quais consequências?

Miguel então empurra Fernando, se levanta e vai até ele o prensando sobre a parede:

- Devo admitir que eu não contei tudo, posso não me transformar, mas a lua me da muitas coisas além da auto cura, força, aguça meus instintos básicos, e um desejo insaciável de prazer. – ele então começa a beijar Fernando ainda prensado contra a parede, suas mãos dançam uma no corpo do outro, Miguel então o puxa para a cama, jogando Fernando nela, e sobe em cima dele, eles ficam se olhando um nos olhos do outro, sem interromper o olhar Miguel se aproxima e mais uma vez beija Fernando, desta vez com menos fúria mas mais intensidade. Fernando então consegue reverter a posição ficando sobre Miguel, este ri, Fernando então tira a própria camiseta e se deita sobre Miguel, ambos com seus peitos nus colados um sobre o outro, rolam mais uma vez na cama, caindo no chão, ambos voltam a se olhar, Fernando consegue ver no fundo dos olhos de Miguel o desejo infligindo, uma fúria incontrolável, mas não era o lobo, ou quem sabe fosse, quem sabe Miguel e o lobo fossem realmente o mesmo, com faces diferentes, mas quem sabe um completasse o outro, e a lua fosse só a porta de escape.

Logo Fernando também estava apenas de cueca como Miguel, os dois rolaram mais uma vez no chão frio, mas seus corpos não sentiam, o corpo de um aquecia o outro, suas mãos não paravam de se acariciar, suas bocas, seus olhos como conectados, e logo estavam ambos nus no mais profundo ápice de desejo e loucura.

Ali mesmo no chão Miguel possuiu Fernando com voracidade, como se realmente tivesse um animal feroz dentro de si, ambos tomados por uma força incontida de prazer, totalmente entregues ao desejo. Fernando teve Miguel dentro dele por horas aquela noite, realmente o animal que se apossava de Miguel era Insaciável, incontrolável, mas nem estas palavras definiriam o outro, Fernando se sentiu desejado como nunca antes, em posições até inimagináveis, realmente a força da fera ainda estava dentro de Miguel. As paredes foram testemunhas, surdas e mudas de tamanha paixão.

Pela manhã Miguel acordou primeiro, se viu no chão de seu quarto, o piso frio pela primeira vez foi sentido, olhou para o lado e viu Fernando, ficou então analisando, aquele grande homem ao seu lado, ombros largos, braços fortes, músculos salientes, provavelmente a profissão exigia, seu tórax era também forte, sua barriga definida, seu membro mesmo dormido não distinguia do corpo em tamanho e protuberância, coxas e pernas firmes e grossas, era difícil imaginar que um homem deste porte lhe teve por dentro, para ver como as aparências são contraditórias, quando o prazer está em jogo não a músculos nem força que possa definir alguém, e o mais incrível foi como se encaixaram tão bem, como o corpo de um sobrepôs perfeitamente o do outro, como se fossem duas metades finalmente unidas, isso poderia soar meio cafona dito em voz alta, mas nos pensamentos de Miguel, foi algo que o fez rever seus conceitos sobre o mundo. Tudo passara por sua cabeça por milésimos de segundos enquanto via o outro dormir, seu semblante calmo, tranquilo, diferente daquele homem sério e sempre preocupado quando está acordado, era sublime velo assim.

Miguel tentou se mover, mas sentiu uma mão em sua cintura, era a mão de Fernando que o prendia, tentou se mover novamente mas a mão fez força o puxando contra o corpo do outro:

- Onde você pensa que vai? – Falou o outro sonolento:

- Vou levantar, me lavar e ir trabalhar! E você devia fazer o mesmo – faz uma pausa – você percebeu que a gente dormiu no chão. – Fernando abre os olhos:

- Pois é, também se tivesse sido na cama não teria sobrado muito, da cama! - ele ri, se aproxima de Miguel para beija-lo, mas este o afasta, fazendo Fernando abrir os olhos com rapidez:

- Fernando eu não escovei os dentes. – o outro ri novamente, puxando Miguel mais pra si e se deitando sobre ele:

- Você passou boa parte da noite dentro de mim, agora quer se fazer por mau hálito – Fernando então aproxima sua boca de Miguel, o outro tenta virar o rosto, Fernando então segura o rosto do outro e aproxima sua boca o beijando.

- Feliz agora?

- Na verdade não, muito chocho quero com vontade! – ele volta a se aproximar do outro, olha nos olhos do outro que cede, então seus lábios se tocam novamente sentindo um o gosto do outro, cruzando suas línguas fervendo o desejo de cada um. - agora sim! – ele então se levanta, se espreguiça - onde fica o banheiro?

- A primeira porta a direita saindo quarto!

- Achei – grita o outro ao entrar no banheiro, Miguel se levanta, pega suas roupas e a de Fernando as ajeitando sobre a cama, quando Fernando sai do banheiro, Miguel entra. Ao sair sente um cheiro vindo da cozinha, então vai ao seu quarto coloca uma cueca e um calção e vai até a cozinha, ao chegar encontra Fernando ao lado do fogão fritando ovos e bacon.

- O legitimo café da manhã americano, bacon com ovos.

- Foi o que achei de mais rápido na sua geladeira, - ele olha para Miguel – Desculpa se invadi sua privacidade ou algo assim, não devia ter mexido me desculpe.

- Eu não estou reclamando, na verdade posso até me acostumar. – o outro resmunga algo que Miguel não escuta, ele então se senta na mesa, o outro serve um prato e coloca a sua frente, se sentando ao seu lado com outro prato.

- Bom Apetite. – eles então comem, logo começam a rir um do outro.

- Você por acaso não é daqueles caras chatos, que fica no pé do outro, grudado feito chiclete, e coisas e tals.

- Olha bem pra mim – ele se levanta – você acha que um cara feito eu preciso disso.

- Ta bom senhor humildade. – Fernando então vai até Miguel o abraçando por trás da cadeira:

- Então Lobinho, só tenho uma coisa até dizer...

- O que?

- Da próxima vez, você vai conhecer a minha força – eles voltam a rir e Fernando dá uma beijo em Miguel.

Algum tempo depois Miguel acompanha Fernando até a porta, que vestia a mesma roupa do dia anterior:

- Bom eu já estou atrasado nem vou passar em casa vou direto para a delegacia.

- Eu também já vou sair, então até mais! – Ele diz dando um último beijo em Fernando, que sai indo ao seu caro, o ligando e saindo em alta velocidade. – Ainda bem que ele não é guarda de transito.

O dia passa tranquilo, já era tardinha quando Miguel ouviu a campainha tocar, seu rosto irradiou alegria, pois a tarde Fernando o ligara avisando que iria lá a noite, cuidar novamente do “lobinho” em suas palavras.

Mas foi total decepção que tomou conta de Miguel quando abriu a porta e dá de cara com Guilherme:

- O que você ta fazendo aqui Guilherme?

- Vim ver como você estava, a gente namorou por dois anos, e assim você me trata! E pela cara de decepção estava esperando outra pessoa, quem é? Já me trocou, a gente mal terminou e você já me substitui?

- Olha Guilherme primeiro a gente nunca namorou, a gente FICOU – ele da ênfase na palavra – durante um período e só, eu sempre disse que não queria nada sério.

- Sei, mas na cama dizia que adorava me estar dentro de mim.

- Claro que eu gostava Guilherme, mas as coisas mudam, você é jovem vai conhecer outra pessoa.

- Pelo visto você já conheceu? Ou será que você já conhecia quando a gente estava junto

- Guilherme, nós nunca ESTIVEMOS JUNTOS, já disse a gente só ficava, mas agora não ficamos mais, parte pra outra – nessa hora o carro de Fernando para em frente a sua porta, seus olhos brilham, e Guilherme percebe:

- Então é esse?

- Esse o que Guilherme? – Pede Miguel impaciente, olhando novamente para Guilherme:

- Esse seu novo FICANTE? – ele faz ênfase apontando para o carro!

- Olha Gui, eu não sei o que você veio fazer aqui, mas acho melhor você ir!

- A claro, para você poder ficar sozinho com seu novo FICANTE –ele fala irônico virando as costas para Miguel, encarando Fernando que já havia saído do carro e estava fazendo a volta. Fernando o cumprimenta sem entender, o outro responde:

- Vai lá, curte bastante, antes que ele te jogue fora dizendo que você era só mais um FICANTE – ele grita a última palavra.

Ao chegar de frente com Miguel, Fernando Pergunta:

- O que foi isso, e quem era ele?

- Um cara, cara não, menino que eu fiquei por um tempo, ele não aceitou bem o “termino”, por mais que nunca tenhamos começado nada! Mas entra ae! – Miguel da espaço para o outro entrar, depois fecha a porta atrás de si, indo com ele até o quarto – já é a quarta noite, e provavelmente não vai acontecer nada, mas eu prefiro sempre prevenir.

- Não tem problema, eu adoro ficar aqui com você!

- É eu sei bem o que você adora, mas então já acharam alguma pista, ou qualquer coisa sobre os assassinatos?

- Nada, estamos no zero, sem pistas sem suspeito, nunca vi algo assim, e não me refiro somente a crueldade, mas também a limpeza das cenas, nada que ligue a alguém ou alguma coisa!

- E o que vão fazer agora?

- Não tenho muito, na verdade, nada o que fazer – nesta hora Miguel já estava se acorrentando, Fernando ajeitava as correntes e os cadeados – não sabemos nem sequer o padrão que ele usa. Inicialmente eram pessoas idosas, mas esta Terceira vítima, era distinta, não tinha nem 40 anos, então não sabemos de que ponto partir! – Ele fecha o último cadeado, e guarda a chave no bolso – Pronto Lobinho.

- Eu não entendo você, Eu virei um monstro na sua frente, me transformei em algo humanamente inacreditável e horrendo, e mesmo assim você continua vindo! O que você tem na cabeça?

- Acho que foi esse seu jeito de durão! – eles riem – pra falar a verdade não sei, se eu não tivesse visto a transformação em frente aos meu olhos eu jamais acreditaria, mas o mais incrível foi que eu não tive medo!

- Não?

- Não, ta bem, no começo sim que eu não sou de ferro – eles riem – mas depois senti uma tristeza por você, alguém que se acorrente a prata, mesmo que isso queime sua pele, apenas para não ferir outras pessoas, é uma pessoa tão cheia de amor ao próximo que não merece medo e sim carinho – Fernando se aproxima de Miguel e lhe da um beijo no rosto – cuidado... – um beijo na testa, - AMOR – ele da ênfase nesta palavra e deposita um beijo na boca de Miguel, que apenas fecha os olhos e sente a lua lhe penetrando.

Fernando se afasta, Miguel sente a força do luar chegando ao seu corpo, seu sangue acelera, suas feições mudam para algo como dor, e de longe se ouve um uivo:

- AUUUUUUUUUU!

A que Miguel responde no mesmo tom:

- AUUUUUUU!

Então seu corpo começa mudar, crescem pelos, seus olhos se tornam vermelhos, suas orelhas se ouriçam, seu rosto da forma a um focinho e de um instante para outro sua transformação esta concluída, mais uma vez se ouve o uivo, mas desta vez mais perto:

- AUUUUUUUUUUUUUUUUUUU!

- AUUUUUUUUUUUUU! – o lobo responde como se fosse uma sintonia, a prata começa a queimar em seus pulsos, pernas e tórax, as correntes brilham a luz da lua, e a pele do lobo começa a esfumaçar, ele geme de dor.

Fernando assiste a tudo da cama de Miguel, ao seus olhos o lobo parecia estar pior que na primeira noite que o virá, ele não estava entendo como acontecerá, Miguel dissera que a Lua a partir da segunda noite já não tinha tanta influência em seu corpo, mas pelo visto existem exceções, e o outo uivo cada vez mais próximo:

- AUUUUUUUUUUUUUU!

Era como se estivesse do lado da casa, e na verdade estava, foi o que Fernando constatou ao se aproximar da Janela e ver do outro lado da vidraça, no quintal de Miguel, um outro lobo, mas diferente de Miguel este era todo preto, mais escuro que a própria noite, não fosse a luz da lua não teria conseguido vê-lo, e nem ser visto, mas isso aconteceu, o lobo o viu, e quando isso aconteceu saltou pela janela, os vidros estilhaçaram, Fernando caiu para traz ficando entre Miguel transformado e o outro lobo, o outro era menor que Miguel, mas assustava tanto quando ele, Fernando se levantou sem saber o que fazer, estava sem sua arma, o que provavelmente também não adiantaria de nada contra a fera, é quando sente Miguel puxa-lo com força e jogá-lo contra a parede, o mesmo ainda estava acorrentado, mas o pouco que podia mover de seus musculo o fizera, com tamanha força e brutalidade como se não tivesse prata o prendendo. O outro lobo avançou então sobre Fernando quando este conseguiu se levantar o arremessando contra a outra parede, Miguel então uivou:

- AUUUUUUUUUU AUUUUUUUUUUUUUUUUUU AUUUUUUUUU

Seu uivo foi intenso e ensurdecedor, o outro lobo olhou para trás dando tempo de Fernando se levantar e sair do quarto rumo a porta de saída, mas antes de conseguir chegar foi novamente arremessado contra a parede pelo lobo negro, este andou em direção a Fernando estirado no chão, erguendo suas patas como se estivesse prestes a atacar quando é atingido por algo grande e cinza, era Miguel.

Miguel o atirou contra a parede e foi até o lobo negro, agarrou pelo pescoço com a boca e o atirou mais uma fez fazendo atravessar a janela, indo parar no quintal, o outro lobo rosnava de raiva e dor, Miguel então pulou pela janela quebrada chegando até o lobo negro e mais uma vez uivou:

- AUUUUUUUUUUUU, AUUUUUUUUUU

O outro virou de costas e saiu em disparada rumo a estrada, correu até sumir de vista, Fernando viu tudo pela janela quebrada do lado de dentro da casa, então o lobo cinza voltou devagar, vindo a janela e passando por ela como nada, Fernando foi andando para trás, até chegar a parede, o lobo o seguiu de frente, altivo, quando Fernando parou junto a parede que o impedia de continuar, o lobo parou diante dele, o cheirou passando seu focinho pelo corpo de Fernando, fungou um pouco e saiu, voltando para o centro da sala e se deitou no tapete lambendo suas feridas, grandes marcas vermelhas nos braços, pernas e peito, vermelhas e profundas, Fernando, passado o susto, se acalmou e ficou olhando o grande lobo cinza a sua frente, então percebeu que as marcas vermelhas, ensanguentadas era pelas correntes de prata, com certeza na hora que se libertou, elas devem ter perfurado sua pele, Fernando foi até a cozinha e procurou o kit de primeiros socorros, não o encontrou, então foi até o quarto de Miguel e nata, foi até o banheiro, e o encontrou dentro do espelho, voltou até a sala, o lobo continuava deitado no tapete lambendo suas feridas que cada vez pareciam sangrar mais. Fernando se aproximou, se sentou do seu lado, o lobo olhou e rosnou, mas era visível em seus olhos a dor que causavam os ferimentos, Fernando aguentou o medo, pegou a gaze na mão colocou soro esse aproximou mais do lobo, o mesmo abriu a boca mostrando os dentes para Fernando:

- Olha aqui você não me salvou pra me matar agora né, eu quero te ajudar, para de me olhar com esta cara feia – o lobo continua com seus dentes arreganhados – isso vai doer, mas com certeza vai doer mais em mim que em você, só por favor, não me morda.

Fernando então pega a pata ferida que o lobo lambia, e passa a gaze molhada para limpar o ferimento, o lobo uiva olhando para a janela:

- AUUUUUUU

Comentários

Há 1 comentários.

Por Tyler Langdon em 2016-10-20 01:10:26
Noooossa, isso foi muito intenso. Eu gostei muito. Já ansioso para o próximo. Não sei porque mas acho que esse outro lobo é o Guilherme kkkkkk Ótimo conto sim!