Cap. I,II:

Conto de Salém como (Seguir)

Parte da série DESEJO DE SANGUE

- Isso ta ficando estranho, temos de parar de fazer isso! – ele ri:

- Uau!

- O que?

- Seu sorriso.

- O que tem?

- É incrível. – o outro fica acanhado. – eu não tinha visto direito, afinal toda vez que nos víamos estávamos quase sempre discutindo.

- Pois bem. Aceito suas desculpas, agora tenho de ir – ele se levanta e sai, sem dar tempo de Fernando detê-lo, ao chegar a rua buscava um taxi quando uma mão forte o segura pelo braço. – Olha Fernando eu não – ao se virar é surpreendido por um beijo, no fundo ele ve Fernando saindo da lanchonete se deparando com a cena, ele então volta para dentro, Miguel afasta o outro e grita – O que você pensa que está fazendo Guilherme!

- Beijando meu namorado!

- Ex Guilherme, EX, vai embora! – Miguel se afasta, parou o taxi e entrou.

Miguel chega em casa, ve o carro que o seguia parado em frente a sua casa, entra em casa, tira sua roupa e vai para o banho, a água mais uma vez levava embora de seu corpo as marcas, mas desta vez não era marcas visíveis, eram tristezas internas, a alguns meses havia terminado seu relacionamento com Guilherme por medo de machuca-lo em alguma transformação, ele nunca contará claro, e nunca contaria, mas o medo o perseguia, ele também sabia não amar Guilherme, mas nem por isso dava direito de poder machuca-lo, mas pelo visto o outro não aceitará bem, fora o fato de Fernando ter visto, o que será que pensará, não que isso importasse, mas o que ele pensaria agora, bom, nem teria motivo para pensar em algo, a final nada aconteceu, nem aconteceria, a segurança alheia sempre fora mais importante que seus próprios desejos, mas a verdade era que o rosto de Fernando não saia de seus pensamentos, não conseguia parar de pensar e isso não era bom, não mesmo.

Seu banho acabou, se dirigiu ao quarto, olhou pela janela, e o carro não estava mais lá, e aquilo o deixou apreensivo, era melhor claro, mas ao mesmo tempo já estava tão acostumado que se sentia como se falta-se algo, bem, na verdade faltava, mas isso também não era bom de ficar pensando.

3 semanas se passaram desde a última lua cheia, e mais uma vez ela tomaria conta do céu, mas hoje Miguel se precaveu, saiu mais cedo da empresa, e voltou para casa, a primeira noite da lua era sempre mais forte e mais poderosa, então chegou em casa, foi até o quarto prendeu as correntes em volta de seus pés, tronco e braços, e depois jogou as chaves pra longe, demorou, mas a lua apareceu, e quando dominou o céu o sangue em suas veias começou a circular com mais velocidade, suas entranhas começaram a sentir a presença da fera dentro de si, suas pernas e braços começaram a retrair e seus músculos ficaram tensos, a luz se apagou, sua visão ficou escura e apagou...

Já era de manhã quando acordou, continuava acorrentado, suas roupas rasgadas, com muitas queimaduras no corpo, referentes as correntes de prata que o prendiam, ele então se esticou até alcançar a chave, abriu os cadeados da mesma prata, soltou suas correntes, tirou o restante de roupas que ainda detinha no corpo, e foi ao banheiro, tomou banho lavando com cuidado os machucados, até a noite eles cicatrizariam, mas no momento queimavam como carne na brasa.

Saiu se vestiu e no caminho que o levava a garagem ouviu muitas vozes e conversas alarmadas, ao sair com o carro percebeu uma grande multidão em uma casa próxima, ouviu então alguns curiosos comentado que tinha sido seu Clovis, um senhor de uns 50 anos ou mais que vivia sozinho no fim da rua, havia sido encontrado esquartejado com seu corpo espalhado pelo quintal, e a polícia estava colhendo depoimento dos vizinhos

Ele então saiu e foi para seu trabalho, quando seu celular tocou, olhou o visor e viu um número conhecido, era o detetive Fernando:

- Bom dia detetive, em que posso ajudá-lo!

- Parece que mais uma vez nos encontraremos em breve!

- Não entendi!

- Pelo que ouve com seu vizinho, eu achei muito coincidência, o senhor morar próximo a mais uma vítima de assassinato.

- O que não é estranho é o senhor estar me acusando mais uma vez, para logo ter de pedir desculpas novamente!

- Espero que o senhor esteja realmente certo, mas mesmo assim, terei de colher depoimento seu, já que quando cheguei na sua casa, o senhor já havia saído.

- Eu preciso trabalhar não é, afinal a polícia ainda não paga minhas contas!

- Não, claro que não, mas assim que puder compareça à delegacia, só para esclarecimentos!

- Isso foi o que você falou da última vez, e quase me prendeu!

- Você sabe o endereço. – e assim desligou, Miguel seguiu pela estrada, sua cabeça viajou, afinal desta vez ele era inocente, pois permanecera acorrentado a noite toda, não é? Pelo que sabia o lobo não era capaz de soltar as correntes e se prender novamente, afinal foi assim que esteve seguro todos estes anos, esperava mesmo que o lobo não tivesse aprendido a se libertar, mas mesmo se fizesse, porque se prenderia novamente, não, com certeza ele era inocente pelo menos conscientemente!

Já era tardinha quando Miguel chegou a delegacia, procurou pelo detetive, ao encontra-lo o mesmo o encaminhou até sua sala:

- Então senhor Miguel preciso que me diga o que fez na noite passada!

- Eu fiquei em casa!

- A noite toda, e tem alguém que possa provar isso!

- Eu, apenas eu, eu estava sozinho em casa a noite toda!

- E não viu, ou ouviu nada de estranho durante a noite, um barulho ou algo assim!

- Na verdade não. Olha detetive eu soube o que ouve pela manhã quando sai de casa, mas infelizmente não posso ajudá-lo em nada, eu nem conhecia o senhor que morreu, sei que soa horrível, mas eu não conheço nenhum dos meus vizinhos, eu apenas moro ali e só, não convivo com nenhum deles, então nada que eu diga o servirá de alguma ajuda!

- Entendo, mas o mais estranho é que todos os seus vizinhos que falaram comigo ou com outros investigadores, disseram terem ouvido uivos durante a noite!

- Uivos?

- Sim, uivos, como um lobo ou um cachorro, mas o senhor não ouviu nada!

- Tenho um sono muito pesado, e no mais o que uivos poderiam querer dizer!

- Quem sabe que temos um lobo assassino a solta! – Miguel fica tenso e Fernando percebe – O senhor por um acaso não sabe nada disso?

- Eu, como saberia, a única coisa que sei é que acho estranho um lobo estraçalhar sua vítima, ainda mais em pleno centro urbano, e a única pista que tem são uivos! – Miguel faz uma pausa – e agora eu preciso ir, se o senhor nada mais tem para mim, eu realmente tenho de ir.

- Sem problema, mas manteremos contato.

- Sem problema!

Miguel sai da sala, deixando o investigador ainda mais intrigado, ele realmente não tinha nada, apenas sua intuição, e ela nunca erara.

Miguel acelera seu carro rumo a sua casa, era a segunda noite de lua cheia, e a lua viria com toda a força, acelerou seu carro, e logo chegou em casa, largou suas coisas no sofá e correu para seu quarto, logo a noite chegaria e com ela a lua, tirou suas roupas ficando apenas de cueca e começou a preparar as correntes quando ouviu a campainha. Fingiu não ouvi-la assim como fingiria que não havia ninguém em casa. Mas a campainha voltou a ser tocada e logo uma voz conhecida vez se sonar:

- Miguel, eu sei que você está ai, aqui é o detetive Fernando preciso falar com você. - Era só o que faltava, agora não era hora para isso, não mesmo, ficou em silencio, mas logo o detetive bradou novamente, desta vez sua voz soava raiva – vamos Miguel me abra a porta, sei que você está ai, meus policiais viram você entrando, se não abrir terei de invadir.

Ele realmente está passando dos limites, pensou Miguel, mas antes que entrasse e visse algo que não devia, Miguel correu até a porta, a abrindo de supetão dando um susto no detetive:

- Então, em que posso ajudá-lo?

- Posso entrar?

- Na verdade ... – mas neste momento o outro já havia entrado – eu estava indo tomar banho.

- Eu imaginei pelos seus trajes, ou a falta deles – este momento Miguel percebe estar vestindo apenas uma cueca negra, voltou a olhar para o detetive e continuou:

- Mas então o que é de tão importante a ponto do senhor quase invadir minha casa!

- Na verdade acontece que hoje quando falamos em uivos o senhor ficou meio estranho o que me deu a chance de investigar, e descobrir que não é a primeira vez que seus vizinhos ouvem o mesmo uivo, e parece que este barulho vem da sua casa ...- Fernando percebe que Miguel está ficando estranho – você está bem?

- Estou sim, só que é melhor você ir, amanhã passarei novamente na delegacia e conversamos – Miguel vai até a porta como empurrando o outro:

- Você não parece estar bem – fala o outro com ar preocupado – precisa de um médico ou algo assim.

- Sim, preciso que va embora e amanhã poderemos falar, agora precisa ir. – Miguel empurra Fernando para fora, logo fecha e trava a porta, corre para o quarto e se acorrenta, prendendo-a nos pés, já sentindo seu sangue acelerar e seus membros tencionarem, logo prende seu peito e depois em seus braços de forma que fique pressionado contra a parede, a chave joga a uma distância segura, e sente então a lua lhe invadir por completo, sente a escuridão se aproximando, sua visão fica turva, então ouve um barulho na porta de seu quarto, usa toda a sua força para abrir os olhos a tempo de ver o detetive parado junto a porta escancarada, sua feição é assustada, então o lobo o domina e nada mais ele vê.

Comentários

Há 1 comentários.

Por Tyler Langdon em 2016-10-10 19:50:46
Meu Deus, fiquei até sem fôlego com o final. Quero outro cap logo 😍