Cap. I,I:

Conto de Salém como (Seguir)

Parte da série DESEJO DE SANGUE

- O senhor está liberado, por hora senhor Miguel, mas como recomendei, não sai da cidade por esses dias!

- Não se preocupe, não irei sair! – Miguel então sai da sala se dirigindo a saída.

Fernando ao sair passa pela mesa de Juarez e fala:

- Mande um carro ficar à espreita, seguindo este senhor Miguel – fala com ironia – tem algo nele que me é estranho.

- Sim senhor!

Miguel saiu da delegacia e voltou para casa, hoje seria a última noite de lua cheia do mês, quem sabe não se transformasse, como na última noite, mas não podia arriscar, pois quanto mais se aproximasse de sua mudança, mais fraca ficava a lua e assim também seu poder sobre ele, mas mesmo assim, se dirigiu para casa, e esperou até começar a anoitecer, então foi até seu quarto, pegou as correntes de prata e passou em seu corpo, e ali esperou, a luz surgiu no céu, sua força era incrível, ela invadia seu corpo, mas parara por ali, então Miguel percebeu que a noite seria tranquila, e sem transformação, pois diferente dos primeiros dias de lua cheia, ele apenas sentia a luz da lua, e não a interferência dela em seu corpo, pois a força nos dois primeiros dias era muito superior, pois assim como as bruxas tinham mais efeito em encantos na primeira noite de cada lua, a lua cheia só tinha força nas duas primeiras, os outros dias ela era apenas mais uma estrela gigante a iluminar o céu, ainda influenciava as marés e outras feras, mas para a transformação era necessário muito mais da sua luz de prata.

Ao se levantar e soltar as correntes com a chave, ele percebeu de sua janela um carro preto parado a frente de sua casa, de imediato sentiu o cheiro de café preto e rosquinhas, era um policial, aquele investigador o mandará vigiar, era só o que faltava.

Miguel então se dirigiu a sua cama, fechou os olhos e tentou não pensar em nada, mas a primeira e única coisa que veio a sua mente foi o investigador, afinal ele era um homem bonito e isso Miguel não podia negar, seu rosto, sua pele, seus braços, sua voz grossa e até mesmo rude. Miguel então levantou da cama, estava suado, já era madrugada, foi até a janela e o carro ainda estava lá, até quando aquilo iria continuar, pensou ele, voltou para a cama, mas a imagem do investigador não lhe saia da mente.

- Aqui está senhor, tudo que pediu sobre o senhor Miguel Ernandes, histórico familiar, cidades que morou, empregos tudo, o senhor realmente acha que foi ele?

- Eu não acho nada Marta, - Fala Fernando pegando o material indo até sua sala, ele olha, le, e rele, e não acha nada, filho único, nascido e criado na Espanha, veio para os Estados Unidos adolescente, onde perdeu os pais em um acidente de carro, estudou e se formou em arquitetura, trabalhou em varias empresas do ramo nas mais diferente cidades e estados, e a um ano se mudará para cá, sem enlaces matrimoniais nem parentes próximos, nada que pudesse dizer absolutamente nada.

- Quem é este, seu novo pupilo – diz Samanta atrás de Fernando enquanto olha as fotos de Miguel – Muito bonito ele, quem é?

- Foi assaltado esses dias, próximo a uma cena de crime!

- Ta ele foi assaltado, e porque você pediu um histórico da vida dele? Maninho, o que você está armando, gamou no gatinho foi!

- Claro que não Samanta, só estou investigando, achei suspeito!

- O que achou suspeito, os lindos olhos verdes!

- Claro que não, você sabe que eu não misturo trabalho com vida pessoal!

- Eu sei bobo, to brincando, mas se você não ta interessado podia me apresentar – Fernando ajunta as fotos e folhas e guarda dentro da pasta – ou não!

- Ele é suspeito Samanta!

- Do que, de ter sido assaltado! Maninho para com essa mania de querer achar nó em pingo d/água!

- Só to investigando, mas e você o que ta fazendo aqui!

- Vim convidar meu maninho para um almoço, afinal, você ainda come não é, ainda se alimenta de comida normal como as outras pessoas!

- Claro sua boba, vamos sim, eu preciso limpar a cabeça disso aqui, e eu também estou com vontade de comer algo de verdade.

Entram no restaurante, e Samanta o cutuca:

- Maninho, você não vai acreditar, olha só quem está ali.

- Quem? – Ela aponta para uma mesa onde Miguel almoçava:

- É o destino meu irmão, ou o seu ou o meu, e nossa, ele é muito mais lindo pessoalmente que por aquelas fotos suas!

- Por favor Samanta, ele é um suspeito de – ela começa a ir na direção de Miguel, ele corre para acompanha-la:

- Ele pode ser um suspeito, mas seus suspeito, não meu!

Nisso chegam à mesa de Miguel, que os olha surpreso e com raiva, se levanta e brada:

- Você só pode tá de brincadeira, já não basta colocar um caro vigiando minha casa, agora me persegue no almoço também!

- Eu não estou te perseguindo, e como você soube do carro?

- Bom, já que ninguém me apresentou, eu faço, ola, meu nome é Samanta e eu sou irmã deste cabeça dura aqui, e desculpe se te incomodamos, é que a gente veio almoçar e eu vi você ai sozinho, resolvi me apresentar, mas pelo visto você e meu irmão não se dão muito bem, - ela se aproxima de Miguel e fala mais baixo – mas ele é assim mesmo, não pode ver um homem bonito já trata mal!

- Olha nós temos de ir, já perdi até a fome – Diz Fernando a Samanata, mas Miguel o puxa pelo braço quando estava prestes a virar e fala:

- Olha desculpa, é que eu aji por impulso, quando vi você entrando realmente achei que estivesse me seguindo, desculpa, sentem ai, eu já pedi meu almoço, almocem comigo, pelo menos para desfazermos este mal entendido.

- Claro – Fala Samanta antes de Fernando reagir, ela então se senta, Miguel e Fernando continuam se olhando fixos, ela então cutuca Fernando que se senta calado, Miguel faz o mesmo – bom então pelo que entendi meu irmão mandou alguém ficar de olho em você – ela olha para Fernando – temos um ciumento por aqui – ele a cutuca:

- É, eu estava na janela do meu quarto ontem a noite quando vi um carro estranho parado na rua, e hoje quando acordei ele continuava lá e tinha alguém dentro, depois vi o mesmo carro na minha empresa, e depois ali fora no restaurante!

- Maninho esse seu perseguidor é pessimamente discreto!

O almoço transcorre tranquilo, a comida chega, todos almoçam e se despedem, ao entrarem no carro Samanta comenta:

- Bom nem tudo é perfeito!

- Como assim?

- A Fernando, você não viu, ele não parava de olhar para você, acho que ele é gamado em um detetive durão e mal humorado! – ela ri, ele permanece sério no volante, a vai rumo a delegacia.

A noite em seu apartamento Fernando ficou pensando sobre tudo que ouve durante o dia, o brutal assassinato ainda estava em aberto, mas pelo visto logo seria arquivado, pois não havia nada que pudesse ajudar em uma investigação, mas outra coisa lhe vinha a mente, Miguel, ele realmente tinha algo de estranho, mas o que Samanta lhe disse sobre achar nó em pingo D/água também fazia certo sentido, quem sabe ele tivesse exagerando com o arquiteto, e realmente como Samanta dissera ele era bonito, cabelo preto como o seu, olhos verdes, um sorriso encantador, apesar de quase sempre estar sério, afinal, toda vez que se encontraram ele o estava acusando de assassinato, não era para menos, tinha de fazer algo.

Pegou a pasta com os arquivos de vida do arquiteto, acho o número de telefone e discou, no terceiro toque a mesma voz grossa atendeu:

- Alo!

- Alo, senhor Miguel!

- Ele mesmo, detetive Fernando não é?

- Isso mesmo, bom eu gostaria de me desculpar, por ter dado a entender que o estava acusando de algo.

- Mas você estava!

- Olha não quero discutir – seu tom de voz se alterara, mas tentou acalmar – como disse gostaria de me desculpar, se você pudesse me encontrar na lanchonete da rua principal, pra gente conversar pessoalmente e desfazer qualquer mal-entendido!

- Na verdade ... – ele se interrompe – acho que não teria problema não é!

Menos de uma hora depois Miguel chega na lanchonete, e avista Fernando em uma mesa, ele se aproxima, o outro levanta para cumprimenta-lo:

- Boa noite senhor Fernando.

- Bom na verdade eu não estou em serviço, então seria apenas você!

- A sim claro, ai você me acusa de desacato!

- Eu sabia que isso não era boa ideia – Fernando se levanta novamente para sair, mas Miguel o puxa pelo braço o fazendo sentar:

- Desculpa, é costume, eu tenho mania de afastar as pessoas ao meu redor! – Fernando se senta:

- Segundo minha irmã, eu também sou assim!

- Admito que me surpreendi com sua ligação!

- Eu também, mas eu precisa me desculpar, afinal estava lhe acusando de algo, muito grave, sem ao menos ter indícios de alguma coisa.

- Entendo, e o que lhe fez mudar de ideia?

- Na verdade minha irmã!

- Uhnn, ela parece mesmo ser uma pessoa muito especial, e pelo visto com forte influência!

- Quase isso, é que sempre fomos muito ligados, somos a única família um do outro – Fernando se corrige – desculpe eu não quis dizer.

- O que?

- Tipo eu sei que você não tem parentes próximos, foi uma grande mancada!

- E como você sabe disso, você andou investigando meu passado – Miguel se levanta – eu sabia que não devia ter vindo, isso é um grande erro – desta vez é Fernando que puxa Miguel pelo braço, eles então se olha e se encaram, Fernando quase ve nos olhos do outro uma suplica, um medo, algo indescritível, então quebra o silencio:

- Olha eu vim me desculpar ta certo! Eu agi errado e admito, mas to aqui me desculpando não estou! – Miguel se senta:

- Isso ta ficando estranho, temos de parar de fazer isso! – ele ri:

- Uau!

- O que?

- Seu sorriso.

Comentários

Há 1 comentários.

Por Tyler Langdon em 2016-10-10 19:42:31
Eu tô amando muito. Parabéns! Gosto muito de histótias assim.