Apenas mais uma de amor... e sexo - Caio

Conto de Rodrigo S. M. como (Seguir)

Tive uma adolescência bem clichê. Bem cedo notei que era diferente dos outros meninos, mas não sabia explicar o porquê. As coisas ficaram mais claras por volta dos meus 13 anos, quando a puberdade chegou e os homens começaram a chamar minha atenção. Nessa fase me tornei bastante retraído, não tinha amigos na escola nem fora dela. Era muito bom aluno e lia o dia todo. Aos 14 anos já fugia da Educação Física e ficava em algum canto lendo clássicos da literatura que meu pai me presenteava. Lembro que nessa época li “O retrato de Dorian Gray” do Oscar Wilde e o homoerotismo da obra mexeu comigo. Passei a observar meus colegas, todos começando a se tornar homens, vozes engrossando, pernas cada vez mais peludas, músculos cada vez mais evidentes. Desenvolvi várias paixões platônicas nessa fase, o primeiro foi o Fabrício. Ele era bem desenvolvido para a idade e já tinha um corpo bem masculino. Adorava passar por ele na saída da Educação Física e sentir o cheiro de suor e testosterona exalando daquele homem. Ele tinha a mania de andar com a calça bem baixa, mostrando um pouco a cueca e quando sentava ficava praticamente com a cueca toda aparecendo atrás. Nossa!!! No dia que eu via essa cena não via a hora de ir para casa, eram 4 ou 5 punhetas rsrsrsrsrs.

Nunca aconteceu nada entre mim e o Fabrício. Depois dele vieram muitos outros, mas nunca nenhum passou de fantasia para o banheiro. Assim, cheguei aos 17 anos, virgem, sem amigos, punheteiro e com uma vasta cultura de clássicos da literatura universal. Foi apenas no cursinho pré-vestibular que as coisas começaram a mudar. A turma era enorme, umas 150 pessoas e eu não conhecia nenhuma delas. Um dia estava assistindo uma aula de Literatura e um carinha sentado ao meu lado começou puxar assunto:

Ele: Viajo nessas aulas de literatura, véi. Saco nada kkkkkk.

Eu: É fácil, os períodos são muitos distintos. Não tem como confundir. Esse período aí, o Arcadismo é bem chato mesmo, mas quando chegar no Romantismo melhora, é super foda.

Ele: Caralho hein? Sabe tudo kkkk. Vou colar contigo. Meu nome é Caio.

Eu: Guto, prazer.

Depois da aula eu e Caio fomos tomar um lanche e ficamos conversando por muito tempo. Caio me contou que tinha 20 anos, aquele era o terceiro ano de cursinho dele, que estava tentando Medicina na Federal, mas não tinha sido aprovado ainda. Caio era muito falante e engraçado e logo ficou claro que não levava o cursinho a sério.

Eu: Você não acha que pra quem quer cursar medicina você tá malandro demais não?

Caio: Não quero fazer medicina. Deus me livre!

Eu: Então por que tentou medicina? Pressão dos pais aposto, um deles deve ser médico e te obrigou. Foda!

Caio: Não, meu pai é engenheiro e minha mãe jornalista. Escolhi medicina porque é o mais foda de entrar, aí tenho uma desculpa pra não passar.

Eu: Rsrsrsrsrs você é louco

Caio (cantando Os Mutantes): Dizem que sou loucooooo por pensar assiiiim, mas louco é quem me diiiiiiz, que não é feliz…

Eu ri demais da loucura dele. Mas ele também tem problemas sérios com a família e me contou, sem pudor algum. Nem parecia que era a primeira vez que nos falávamos. Achei estranha aquela intimidade, mas o fato é que eu senti uma conexão forte com Caio e também sentia vontade de falar da minha vida.

Caio: Vai sair amanhã? – Era uma quinta-feira.

Eu: Nada, to de boa. Sou mais caseiro mesmo.

Caio: Sei, porque você não mora na minha casa. Queria ver ser caseiro morando com a família Nardoni kkkkk. É tenso…

Eu: Vishhh, como assim?

Caio: iiih. Meu pai é um escroto que nem aparece em casa, minha mãe descobriu que ele tem outra família, um muleque de 3 anos. Mas não se separa, fica sofrendo e fazendo da minha vida um inferno. Ela desconta em mim a ausência dele e implica com tudo que eu faço. Primeiro era o lance do vestibular, só falava disso. Depois que me assumi gay o caldo entornou de vez.

Eu: Você é gay?

Caio: Sim e você?

Eu: Eu o que?

Caio: Você é gay ou bi?

Eu: Eu… Por que você só deu as opções gay ou bi? E se eu for hetero?

Caio: kkkkkkkkkk ai miga. Para de frescura, tá tranquilo você pode relaxar comigo. Mas se não quiser, tá de boa também.

Eu: Não, tranquilo. Não sei porque mas confio em você. Sou gay, eu acho.

Caio: Cê acha??? Eu tenho certeza.

Eu: Nossa!!! Eu sou tão afeminado assim?

Caio: Uma trava lhynda ne? Kkkkkkkkk não, to te zoando. Você disfarça bem, mas não o suficiente para um olho clínico, entende? Além disso, depois da secada que você deu na mala do Lucas ontem, não restou dúvida. - Lucas é um cara da nossa turma no cursinho. Típico rato de academia, tem 1.80m, cabelos pretos e tatuagens do antebraço direito e na canela direita.

Eu: Eu não fico secando ele. Tenho até medo, já viu aqueles braços? Mas é que ontem não resisti mesmo, de cuequinha vermelha é covardia kkkkkk

Caio: Sabe até a cor da cueca do boy e não sabe se é viado kkkkkk. Bixa, pare!

Eu: Rsrsrs confesso que piro no Lucas, ele é gostoso demais. Mas não tenho ilusões, ele é hetero.

Caio: Aiai duas mentiras. Primeira: tem ilusões, sim senhora, que eu sei. E segunda: o Lucas não é hetero.

Eu (quase gritando): Ele é gay???

Caio: Não enquanto tá sóbrio. Já ouviu falar em high sexual?

Eu: Não. Que isso?

Caio: Aiai novinha burra! High sexual é um “hetero” que quando bebe ou fuma um cigarrinho do capeta fica louco por uma vara, entendeu?

Eu: Entendi. Com que frequência ele bebe?

Caio: kkkkkkkkkkkk é quase alcoólatra.

Rimos demais, falamos sobre nossas famílias, contei pra ele sobre o meu pai, ele me consolou dizendo que embora meu pai não tivesse mais aqui eu sempre teria uma imagem maravilhosa dele. Enquanto o pai dele mesmo estando vivo nunca representou nada de bom na vida dele. No fim da noite tinha a sensação de conhecer Caio há séculos. Já tava tarde e eu precisava voltar para casa. Moramos no mesmo bairro e Caio me deu carona de moto. Antes de entrar no meu prédio nos adicionamos no whatsapp e facebook. Passamos a madrugada toda batendo papo no whatsapp. Ele me contou ótimas histórias dele, descobri que ele era uma puta rsrsrss. Caio também me contou muitas fofocas que rolavam sobre o Lucas, o gostoso do cursinho. E disse que ia dar um jeito do Lucas ficar comigo. Não tinha certeza se ele tava brincando ou falando sério, mas adorei o papo. Descobri um tempo depois que Caio tava falando sério. Muito sério.

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