Quando você estiver despreparado

Conto de Cesar Neto como (Seguir)

Parte da série Um amor que só nós conhecemos

CADE O GRITO DA GALERA? VOCÊS ESTÃO BEM DA VIDA? EU TÔ SOFRENDO PÁ CARAIO! PORQUE EU ESTOU ESCREVENDO COM LETRA GRANDE? NÃO SEI! EU SÓ QUERIA COMEÇAR O ÚLTIMO CAPÍTULO DA SÉRIE DE UMA FORMA ESPECIAL, SÓ QUE DEPOIS DE 29 CAPÍTULOS A CRIATIVIDADE ACABA NÉ FOFXS?

É ISSO AÍ PESSOAL, CHEGAMOS (FINALMENTE) NO ÚLTIMO CAPÍTULO DESSA BUDEGA TODA.

Primeiro (e sim, vou desligar o capslook) eu gostaria de agradecer a vocês do fundo da minha alma. Foi uma jornada muito bacana escrever essa série para vocês e eu já falei isso umas 364273428 vezes, mas não custa repetir: eu só tenho a agradecer. Eu agradeço cada malandrinho que leu e comentou, cada malandrinho que leu e NÃO comentou, e até os que não leram eu agradeço (vai que a pessoa achasse uma bosta né?).

Eu estou a um ano escrevendo essa história, UM ANO!!! Nunca pensei que isso iria durar muito (minha intenção era só escrever um conto kkkk), mas foi muito gratificante ver o quanto vocês me inspiravam e pediam por mais (alias, alguns ainda pedem). Mas para resumir a história...

AMO VOCÊS <3 <3 <3 ( E NÃO, EU NÃO SEI FAZER O CORAÇÃOZINHO DE VERDADE)

AGORA VAMOS AOS COMENTÁRIOS PORQUE VOCÊS QUEREM LER A BAGAÇA E NÃO MINHAS DECLARAÇÕES FUTEIS.

“dieagocampos” – que pena do Rodrigo, que pena que é o último... com tanta pena assim eu vou virar uma ave (sorry, piadinho bem ruim hahah) mas é isso mesmo Di... tá acabando, muito obrigado pelos comentários e pela sua amizade seu fofo, precisar é só chamar viu? Beijão <3

“Klaus” – Klaus me beija! Ashuashushau eu é que vou sentir falta de você, da sua comphania e dos sorvetes de flocos que eu continuo odiando... Beijão seu lindo e obrigado por tudo <3

“Felipe Fernandes” – Deus salve a rainha e o grande Felipe Fernandes! Muito obrigado por tudo cara, você é novato mas já tem lugar guardado no lado direito do meu coração... valeu por tudo Fê <3

“kaduNascimento” – Gente, você é louco HAHAHAHAHHA <3 Te adoro Kaduzão, mas não precisa ficar bravo não kkkk tenho até medo de quando você ler o final da história #RIP #CESAR kkkk valeu por tudo cara e até mais <3

“CarolSilva” – Você é muito fofa vey! Já apaixonei <3 concordo com tudo o que você falou e eu guardei os capítulos finais justamente para falar sobre esse tema, muito bem observado. Bem não vou falar mais nada, pois se não vou dar Spoiler kkk mas eu agradeço muito por você acompanhar e gostar da história, beijocas no coração <3

“Fagner” – OLHAAAA SÓ QUEM VOLTOU!!!! SENTI SAUDADES DOS SEUS COMENTÁRIOS\RESENHA DOS CAPÍTULOS... Meu deus menino, toma um pouco de juíso! Aonde já se viu ferrar o braço desse jeito e ainda fazer skyline (eu não faço ideia do que seja um skyline, mas só o nome já me parece perigoso). Sobre seu resumo dos últimos capítulos eu concordo com tudo, porém tem umas coisinhas aí entre linhas que eu coloco na história que você deixou passar (hihihihihi) então não me culpe se você se “surpreender” kkkkkk... Olha só, bem profundo essa história de almas hein, dava até para virar uma boa história... e sobre você se sentir parte da história, bem essa era a intenção... e vai continuar sendo (segredinhos que já já você entenderá)(hihihhihi)... Bem meu Fagnífico, agradeço por você comentar, por você ser incrível, por você existir! Só te agradeço menino! E vê se cuida desse braço (caso contrário eu terei que ir aí cuidar de você)(quem sabe você toma juízo, né?) Obrigado mais uma vez e beijão seu totoso <3

“B Vic Victorini” – Eu me supero sempre? Ah para vai, quem se supera é você com seus comentários! Pelo que eu me lembre eu lhe devo uma paçoca! Bem pode deixar que da onde eu vim “promessa é divida” hahahah e sobre outras histórias... bem, falarei disso no final do capítulo... mas até lá fique aqui com meus sinceros agradecimentos e um beijão para você <3

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AVISO IMPORTANTE: Muitas partes desse capítulo fazem ligação com outras partes da história. Caso você não se recorde, o autor sugere que você leia por cima os capítulos “Um amor que só o Rodrigo conhece” e “Dezessete fracassos”. (se não quiser também tudo bem)(mas depois não venha dizer que não entendeu)(zoas, se não entender eu desenho)(sempre quis escrever uma HQ)(parei)(podem ler sossegados agora)

X- Quando você estiver despreparado

Eu estava quase acabando de escrever mais um capítulo quando eu levo um baita de um susto.

- O que você está fazendo aí?

Dei um pulo da cadeira e fui apertando o botão de fechar a tela sem ao menos salvar o que eu tinha levado horas para escrever.

- Não é nada não, só um trabalho da faculdade.

Felipe sorriu. Ele já me conhecia e sabia quando eu estava mentindo.

- Até parece que Cesar Frederico Neto faz trabalho da faculdade – ele sorriu – e ainda mais quando já são quatro e meia da manhã.

Olhei para as horas e tomei um susto. Nem tinha visto o tempo passar tão rápido assim, havia ficado escrevendo por mais de cinco horas seguidas e tudo havia sido jogado fora, pois eu acabara de fechar a janela do meu computador.

- O que você quer? – perguntei a Felipe – Me deixa um pouco pô!

Felipe ficou quieto me analisando por uns dois minutos quando ele voltou a me encher:

- Você anda muito estranho, passou a semana inteira aí, sentado nesse computador digitando feito louco. Só estou preocupado com meu melhor amigo...

- Escuta. – falei calmamente – eu estou bem ok? É que esse semestre foi bem difícil com todas essas mudanças e tudo mais. Só preciso de um tempo para parar e respirar um pouco.

- Parar a vida para sentir a vida? – Felipe perguntou.

- É isso aí.

Frustrado por não ter nenhuma resposta melhor, Felipe levantou-se e desistiu de me dar azia. Mas quando eu já tinha me dado por vencido, ele me joga uma bomba:

- Arranjei carona para nós dois voltarmos amanhã – ele disse – chegaremos na quinta a noite cara! Vamos poder dar uma passada na escola matar a saudade na sexta! Não é demais?

Voltar para a escola não estava nos meus planos. Eu já havia reconstruído e esquecido grande parte das coisas para parar de sofrer. Ir lá e recordar tudo parecia uma grande cilada. Por isso eu estava decidido a voltar apenas para ver minha família.

- Tudo bem – respondi – agora eu só irei terminar o trabalho aqui.

Quando Felipe voltou a dormir, abri a página branca do world e voltei a escrever tudo desde o começo. Havia ficado uma semana digitando minha história, tentando entende-la, reinterpreta-la e agora eu estava tão perto de acabar...

E então eu me perdi novamente no passado

...

- Quase não tô acreditando que a gente vai dividir um Apê! – Felipe ressaltou isso pela milésima vez.

Estávamos nós dois no meu quarto, fuçando o vasto mundo da internet a procura de um lar em São Paulo para nos mudarmos no próximo ano.

Tinha contado a notícia para o meu pai que havia passado no vestibular e eu nunca vi aquele homem tão feliz na vida dele. Abraços, carinho e tudo o que ele havia evitado fazer por um tempo, voltaram à tona depois que eu joguei essa notícia. Agora eu tinha um mundo de possibilidades e morar em São Paulo com meu melhor amigo seria incrível.

Porém...

- Olha esse apartamento aqui! – mostrei a Felipe um anúncio bem bacana de um prédio bem localizado, com dois quartos, sala cozinha e banheiro, tudo por um preço joia, seria ideal.

- CARACA! – ele falou surpreso – é esse mesmo que a gente tem que alugar.

Anotei o contato e desliguei o computador satisfeito. Respirei, aliviado por ter dado um rumo certo para a minha vida. Mas ainda tinha um único ponto pendente. Rodrigo.

- Meninos! – Minha madrasta “Rosemônio” abriu a porta do quarto, enxerida – Estamos indo, andem logo para se arrumarem.

Aquela noite seria a nossa formatura. Na nossa escola sempre houve essa estranha cultura de fazer a cerimônia de formatura um dia antes do fim do ano letivo, o que fazia com que quase metade da galera entrasse de férias antes do devido. Por mais que eu estivesse cansado, eu não seria um desses nesse ano. Aproveitaria até o último dia de aula que aquela escola me proporcionou.

- Só me promete uma coisa? – perguntei a Felipe – Você não vai me beijar nessa nova fase de vida não né?

- Ah se você quiser – ele respondeu rindo.

- Eu quero mais é que você vá tomar no seu cu.

Dei um empurrão nele e terminamos de se arrumar.

- Começamos juntos... – Felipe falou parado na minha frente.

- E terminaremos juntos – continuei – do jeito que deveria ser.

Abracei o meu melhor amigo. Aquilo tudo parecia irreal, uma fase da minha vida estava acabando, uma fase que não voltaria mais, ficaria apenas na lembrança. Subir naquele palco para pegar um diploma encerraria minha vida na escola e de fato, isso era muito assustador.

- NÃO QUERO CHAMAR MAIS UMA VEZ! – Rosemônio gritou do lado de fora.

- Vamos? – Felipe chamou – Você está preparado?

- Estou! – menti.

Na verdade, eu estava completamente despreparado.

...

Eu nunca tinha acordado tão ansioso para ir pra aula.

A formatura havia sido uma porcaria. Professores dando discursos de meia-hora cada, alunos falando sobre superação, o melhor momento foi quando a tia da limpeza apareceu para falar que sentiria muito a nossa falta e das nossas fugidas da sala para tomar um café com ela. De resto, foi uma completa perca de tempo.

O diploma era um canudo sem nada. Iríamos receber o verdadeiro diploma só quando o conselho fechasse as médias e isso só deus saberia o quando ficaria pronto. No mais, foi uma boa oportunidade para encontrar os meus amigos e fazer umas últimas palhaçadas em público. O dia mais emocionante de fato seria hoje.

E para variar eu acordei atrasado.

Correndo feito um louco eu sai pelo portão e esqueci de tranca-lo, escutaria merda mais tarde, mas foda-se. Cheguei a tempo de pegar o ônibus e só lá eu tive um pouco de sossego. Vi o caminho do ônibus passando por cada rua, por cada ponto. Vi as pessoas que sempre pegavam o mesmo ônibus que eu por três anos, um carteiro simpático, uma tia costureira bem mal-humorada, e um menininho do fundamental que eu sempre brigava para roubar o banco alto do ônibus. Vi todos eles e percebi que aquela seria a última vez. Senti meus olhos se encherem de lágrimas e, por sorte, o ônibus já havia chegado no meu destino.

A escola estava meio esvaziada, a maioria das pessoas estariam se arrumando para o baile desde manhãzinha. Subi correndo para minha sala e fiquei feliz por ver todos lá, conversando, tacando o puteiro, rindo, e alguns até mesmo estudando para alguma recuperação. Avistei Bia e Felipe e fui em direção a eles para me sentar.

- O que temos programado para nosso... – dei uma pausa dramática – ÚLTIMO DIA DE AULA!!!

Alguns gritaram, outros bateram palmas, mas todos ficaram em silêncio quando o professor de matemática entrou na sala.

- Pessoal, temos ainda a atividade dos números imaginários para fazer... – ele começou a pegar seu material como se alguém estivesse interessado em aula.

- Professor – Igor gritou do outro lado da sala – Senta aí e IMAGINA que estamos aprendendo isso.

- Nossa que bosta Igor – Bia riu da piada mais que idiota do colega – vocês estão afim de ficar na sala mesmo? – ela perguntou a mim e a Felipe.

- Bia matando aula? – olhei com surpresa a Felipe.

- Esse mundo está perdido mesmo.

Com minha clássica desculpa de “tô passando mal e vou me afogar no bebedouro”, saímos os três da sala de aula e fomos passear pelos corredores. Relembramos cada brincadeira, cada piadinha, cada momento bom... e logo os ruins também.

- E vocês dois? – perguntei – se acertaram?

Bia olhou para o Felipe e procurou uma resposta.

- Sim, sim, somos só amigos.

- Sim, sim, sim... sim, sim – Felipe reforçou – só amigos.

Eu não ia cair tão fácil naquela conversinha, mas resolvi deixar os dois se acertarem por conta própria. Era melhor eu não me meter dessa vez.

- Agora vamos lá Cesar – Bia mudou de assunto – temos que acertar as últimas coisas para o baile.

Sim, ele, o baile. Passei a semana inteira me dedicando para o que seria a maior festa de todos os tempos que aquela escola iria presenciar. Decoração, DJs, comidas, bebidas. Tudo preparado da melhor maneira possível para tornar-se um dos melhores momentos das nossas vidas. Uma das únicas coisas que eu havia amado no baile do ano passado era o fato de ter algodão doce de graça. Esse ano isso iria repetir-se, ou melhor, teríamos 10 carrinhos de algodão doce espalhados em cada ponto daquela escola.

Tudo isso graças a eles. Os gêmeos mais lindos e demoníacos que eu conhecia. Ana e Zé.

- Imperador. Imperador! – entrei na quadra e encontrei com Ana desesperada – Estamos com um mega problemão.

Eu tinha escutado isso milhares de vezes nessa semana. Ana e Zé também tinham a preocupação de tudo sair perfeito nesse baile, mas diferente de mim, eles não podiam ver um defeitinho se quer.

- O que aconteceu?

- Estamos com problema com a chuva de balões, as bexigas laranjas não podem cair antes das vermelhas, o maldito do meu irmão programou tudo errado – a garota disse desesperada enquanto seu irmão aproximava-se também.

- Eu disse mil vezes que eu não queria purpurina na coroa de rei e rainha e você teimou em estragar a minha obra de arte. – Ele retrucou com a irmã.

- Eu até discutiria com você Zé – Ana disse brava – mas eu tenho problemas para resolver. O golfinho chega em menos de meia hora e ainda não temos uma piscina para coloca-lo.

- GOLFINHO? - eu disse surpreso.

- Sem chances – Zé voltou a brigar com a irmã – se não tiver uma zebra, pode esquecer o golfinho também.

- Imperador? Golfinho ou zebra? – os dois jogaram a pergunta para mim.

- Pelo amor de deus! – eu falei – já conversamos sobre os perigos de animais exóticos! Sem chances.

- Eu ligarei então para o homem do tamanduá! – Ana saiu correndo da quadra.

- Ei Cesar! – Zé apontou para mim – O Rodrigo estava procurando por você agora mesmo.

Dei uma piscada de agradecimento enquanto eles voltavam para a organização.

- E você e o Rodrigo – Felipe perguntou – se acertaram?

- Vou conversar com ele agora – respondi – e resolver de vez o nosso futuro.

...

Minha tentativa de conversar com o Rodrigo falhou totalmente. E a culpa foi toda dele.

Encontrei o dito cujo sentado na escadaria da escola. Parecia meio perdido, mas como sempre o garoto estava lindo de morrer. Hoje seus cabelos estavam mais castanhos do que o normal e ainda mais belo. Sua sobrancelha, seus olhos, sua boca, seu nariz... tudo naquele rosto parecia tão perfeito. Rodrigo estava meio no estilo “Cesar” enquanto a sua roupa. Com uma calça jeans surrada e a camisa do uniforme mais gastada do que o normal, Rodrigo conseguia ficar perfeito (diferente de mim, que parecia que tinha sido arrastado pelo asfalto até chegar na escola).

Tentamos conversar, mas ver ele ali parado, pensativo, como se tivesse ocorrido a pior coisa de sua vida, isso tudo não me fez bem. Estava disposto a deixa-lo feliz, para pelo menos terminar aquele ciclo de uma forma bacana.

- Cadê a sua cara de ânimo para o baile de hoje? – perguntei mostrando o maior sorriso que eu conseguia abrir na minha boca.

- No mesmo lugar onde está a sua cara de tristeza para quem vai embora para sempre. – Rodrigo respondeu.

Forcei uma risada para não desistir assim tão fácil.

- Ah para vai – eu disse sentando ao seu lado – eu não vou te deixar para sempre. Podemos se falar normalmente, combinei com meu pai em voltar uma vez por mês pelo menos. Podemos nos ver, e até quem sabe né, se você ainda estiver afim de me dar uns beijos...

- Nem vem – ele falou se levantando – você me conhece e sabe como eu me apego as pessoas. Então me deixa aqui enquanto eu sofro por saber que terei que te perder.

- Você está me perdendo porque quer – disse com um sorriso – se dependesse de mim ficaríamos juntos para sempre.

Rodrigo inclinou-se e me beijou. Um beijo rápido que me pegou desprevenido. Tentei me jogar naquela sensação, mas o medo de aparecer alguém me fez recuar.

- Cuidado que pode vir gente – olhei para cima das escadas só para ter certeza.

- E ainda temos que lutar contra esse problema... – Rodrigo sorriu cansado.

Então era isso, toda vez que eu tentava resolver um problema, mais dois voltavam a tona. Respirei fundo e pensei. Nada me surgiu a cabeça. Respirei fundo novamente e percebi que estava pensando de mais. Decidi agir por minhas próprias vontades e não me importar com o resto.

E isso vocês já conhecem como “Ligar o foda-se”.

- Vem cá! – puxei Rodrigo pelos braços e o trouxe para o mais perto de mim, finalizando com um grande beijo.

O mundo perdeu-se. O feitiço estava pairando sobre mim. Por um instante parecia que eu estava em outra dimensão. Já tinha dado inúmeros beijos no Rodrigo, mas nesse eu senti uma coisa diferente. Dessa vez eu senti urgência em nossos corpos. Sabíamos que estava acabando e por isso aproveitamos cada segundo que nos restava juntos.

- Para, para, para! – Rodrigo disse afastando um pouco a cabeça.

- Porque? Porque? Porque? – falei imitando o seu tom de voz.

- Não podemos continuar – ele falou preocupado – as pessoas podem nos ver aqui.

- Eu estou tentando não me importar mais – falei puxando ele de volta para o beijo.

Aquela sensação era mais do que incrível, mas Rodrigo me cortou novamente.

- Não sei você – ele disse – mas eu me importo em ficar pelado na frente das pessoas.

E então fugimos dali o mais rápido possível.

Parecíamos que estávamos indo para o céu. Só que primeiro tivemos que passar por um grande inferno.

A quadra estava uma bagunça só. Gente correndo de um lado arrumando mesas, gente do outro colando decorações. Arrependi-me na hora por ter feito um baile assim tão grande. Isso tudo só porque eu queria usar o nosso escritório para ter mais privacidade com o Rodrigo.

- Aí está você! – Bia apareceu e nem sequer percebeu o Rodrigo – preciso de sua ajuda para me arranjar um vestido.

E então Denis e Igor apareceram:

- Cesar! A tia Ziza que faz algodão doce disse que o sabor azul ela não fabrica mais.

- Parece que tem muita toxina! – Denis acrescentou.

E Ana apareceu formando uma roda em volta de mim:

- Alguém por acaso viu um tamanduá?

Suspirei fundo, olhei para Rodrigo e vi aqueles lindos olhos orgulhosos de mim.

- Bia, experimenta qualquer vestido com flores! Vai combinar legal com o ambiente e você vai ficar linda. – disse calmamente – Igor e Denis, digam a tia Ziza para fazer qualquer sabor menos o verde, ok? E Ana... só não traga mais nenhum animal, tá bom?

- A capivara foi ideia do Zé – a menina disse e saiu correndo.

Antes que mais alguém me procurasse, fugi o mais rápido possível da quadra e entrei na salinha dos fundos. Tranquei a porta para ter certeza que ninguém nos incomodaria. O quartinho estava cheio de caixas e iria servir também como depósito para várias coisas. Rodrigo sentou-se em cima de um caixote e começou a rir:

- Acho que ir nesse baile não será tão seguro assim não hein?

- Ah, cala essa boca – falei me aproximando e já colocando as mãos em suas pernas.

Rodrigo me encarou por um tempo até que nossas bocas se uniram. Fazia um bom tempo que não via nós dois assim, tão alegres e contentes um com o outro. Esquecemos nossos problemas e eu me lembrei o quão bom era faze-lo feliz daquela forma.

- Você se lembra daquela vez que nós dois transamos naquele banheiro? – Rodrigo perguntou.

- Sim – respondi já com malicia – foi uma das experiências mais loucas que tivemos.

Nem preciso dizer que essa experiência iria se repetir.

Voltamos aos beijos só que dessa vez foi mais intenso. Enquanto a minha língua movimentava-se o mais rápido possível em sua boca, minhas mãos iam tirando a camisa de Rodrigo o mais lento possível. Finalmente aqueles anos todos de academia começaram a aparecer em um peitoral “semi-definido” com direito até um tanquinho em formação.

Enquanto Rodrigo levantava-se do caixote, tratei de tirar a minha camisa também. Os beijos foram ficando cada vez melhores e eu acrescentei umas pequenas mordidinhas no pescoço para deixar ele cada vez mais louco. Querendo retribuir, Rodrigo foi descendo cada vez mais, foi até o meu mamilo e lá ele fez um estrago e tanto. Cada pelo do meu corpo arrepiava com seus carinhos cuidadosos e com sua mão boba apalpando a parte da frente do meu jeans.

Suspirei baixinho quando ele desceu o zíper da minha calça, desabotoou o botão e o jeans foi parar no chão. Agora Rodrigo beijava e apertava meu pau por cima da cueca a qual já estava quase estourando com o tamanho da minha vara quase pulando para fora. Para meu alívio, ele parou de me provocar e desceu de vez a cueca branca que eu usava. Pegando com leveza na base do meu pênis, Rodrigo começou a chupar com carinho e cuidado me fazendo esquecer completamente o boquete ridículo feito pelo Davi. Tentei controlar meus gemidos, mas não estava fácil aguentar aquela delicia toda.

Senti que já era hora de avançar nessa nossa brincadeira e com todo carinho eu me abaixei e dei um beijo maravilhoso na boca do Rodrigo. Desisti da ideia de voltar a ficar de pé e no chão mesmo continuamos a nossa pegação. Ao contrário de Rodrigo eu já fui mais direto ao ponto e abaixei sua calça e cueca de uma vez só. O pau do Rodrigo estava duraço apontando para o teto. Não perdi tempo e comecei a chupa-lo loucamente, enfiava ele todo na boca e depois tirava cada vez mais rápido. Rodrigo não se importou em gemer e os barulhos dos seus suspiros ficaram cada vez mais altos. Passei a masturba-lo e seu corpo já tremia por inteiro. Tive que pisar no freio um pouco caso contrário a brincadeira iria acabar por ali.

Chupei seu saco para dar a ele um tempo de se recompor. Aos pouco ele começa a abrir as pernas para mim e erguendo um pouco o quadril deixando a vista um cuzinho bem rosadinho na minha frente. Não posso negar que eu morria de saudades daquilo e então comecei a trabalhar naquela região. Língua, dedo, língua, dedo. Dessa vez eu tive que ir mais lento, pois eu sabia que ali Rodrigo iria se contorcer de tesão.

- Você tem camisinha aí? – perguntei para me preparar.

- Deixa que eu pego para você – Rodrigo respondeu levantando-se e procurando em sua calça.

Era impressionante o quanto eu tinha um tesão enorme por aquele menino. Podia ser coisa da minha cabeça, mas eu podia apostar que a bunda do Rodrigo havia crescido muito mais desde a última vez que eu a vi.

Peguei a camisinha, vesti e beijei Rodrigo novamente. Ele então se virou apoiando em uma das caixas e empinou a bundona para mim. Encachei o meu pau na entrada do seu cu e suspirei antes de entrar. Fui penetrando devagar, sentir as pregas se dilatando era o meu momento preferido e eu adorava degustar isso. Rodrigo reclamou um pouco de dor e eu logo pensei que Otávio não tinha lá um grande porte. Mas meus pensamentos se mostraram o contrário quando eu pensei na hipótese de que meu pau havia crescido também.

E então a velocidade foi aumentando. Rodrigo se descontrolava e eu até tive que usar a técnica de beijar a sua boca para faze-lo parar de gritar, era de se admirar, pois ele ainda continuava a gemer dentro da minha boca.

Ainda dentro dele eu o guiei até outro caixote menor aonde ele sentou-se de pernas abertas (vulgo posição do frango)(camassutra é com Cesar Neto) e ali a intensidade mudou um pouco. Fode-lo olhando diretamente nos olhos era de outro mundo. Milhões de sensações se passavam comigo e me faziam entrar dentro dele cada vez mais fundo. Até que numa explosão, Rodrigo goza em seu peito. Não sei o que foi mais excitante, seus olhos brilhando de prazer, seu peito melecado de esperma, ou suas palavras que saíram naturalmente pela sua boca:

- Eu te amo...

Com isso eu gozei dentro dele. Minha vontade era de gritar para o mundo o quanto eu era sortudo por ter um garoto assim na minha vida, mas para me controlar eu beijei a sua boca e lá eu pude deixar todas minhas energias.

- Eu também te amo – disse com o restante do ar que me sobrara.

Eu o amava! E para sempre iria ama-lo, aquilo estava claro na minha cabeça, sempre esteve. Eu seria capaz de desistir de tudo para tê-lo.

E isso era o que eu faria.

Nós dois se recompomos e Rodrigo foi buscar papel higiênico para nós nos limparmos. Enquanto nos vestíamos em silêncio eu pensei um pouco na minha decisão. Eu sempre dava um jeito, iria tascar o foda-se para a universidade e continuaria ali com ele por mais um ano. A faculdade não iria criar pernas e fugir de mim.

- Eu vou ficar! – falei direto enquanto ele vestia a camisa – por você! Por mim! Por nós! A faculdade pode esperar não é mesmo?

Rodrigo pareceu gostar da ideia, ele adorou a ideia. Mas então seu lado realístico frustrou meus planos:

- Você não vai fazer isso – ele disse duramente – e não porque eu duvido de você e sim porque você não pode fazer isso.

- Mas... – eu tentei argumentar.

- Não tem mas! – Rodrigo me cortou – você tem noção da chance que você estaria jogando fora? Temos que aceitar que um dia a gente cresce, e crescer também é sobre perder algumas coisas.

- Eu não quero te perder – tentei novamente – e se crescer é sobre perder coisas... eu já perdi tantas coisas nessa vida. Você é a última pessoa que eu quero perder. Então por favor, você é tudo na minha vida, se eu te perder minha vida não será a mesma.

- Cesar eu... – Rodrigo disse procurando uma resposta – eu tenho medo.

- Medo do que? – perguntei olhando dentro de seus olhos.

- Medo de te desapontar – ele desabafou – eu já fiz isso várias vezes com você. Eu sei que agora você me ama, mas e se um dia você se arrepender? Eu não quero ficar com você, pois eu sinto que estaria te prendendo. E saber que eu posso destruir sua vida assim, é assustador.

- Escuta o que eu vou dizer agora e preste bastante atenção – falei para deixar bem claro – você já me bateu várias vezes, me fez ser atropelado por um fusca, me fez ser picado por um escorpião, me fez arranjar várias brigas, esfregou um namorado na minha cara, e me bateu mais uma vez. Você fez tudo isso, mas sabe uma coisa que você não fez? Você nuca me desapontou! Rodrigo qualé! Você é o ser humano mais corajoso e incrível que eu conheço. E saber que eu estou a um passo de te perder... isso sim é assustador.

Esperei uma resposta, mas Rodrigo apenas abaixou a cabeça e disse com toda a sinceridade:

- Eu não estou preparado para te perder.

- Nem eu – respondi – por isso, quando eu estiver indo embora, quando eu virar as costas e partir, eu quero que você saiba que um único grito seu, uma única palavra, uma única mensagem seja lá o que for, me fará voltar correndo para você, ok?

Rodrigo assentiu com a cabeça e eu o beijei novamente. Dessa vez um barulho de dentro da sala nos interrompeu:

- O que é isso? – perguntei – Escutou esse som?

Rodrigo abaixou e olhou de baixo da mesa, tomando um enorme susto.

- CARALHO! – ele gritou – esse tempo todo tinha um tamanduá nos observando de baixo da mesa.

- Toca aí então cara – falei rindo – a partir de hoje essa foi a nossa transa mais estranha.

E então saímos de lá correndo. De fato aquele tinha sido a transa mais estranha que eu e Rodrigo tivemos.

O que eu não sabia, era que aquela seria a última.

...

- SENHORAS E SENHORES E ANIMAIS EXÓTICOS! – Ana falou chamando a atenção de todo mundo – CHEGOU O MOMENTO QUE TODOS ESPERAVAM...

- É HORA DA COROAÇÃO DO REI E RAINHA DO BAILE! – Zé complementou.

Todos deram um pouco de atenção aos gêmeos. Ana vestia um vestido prateado com detalhes dourados, e seu irmão vestia um terno dourado com uma gravata dourada, ambos bem chamativos.

O baile estava bombando desde as nove horas da noite. Músicas, comidas, bebidas, tudo em perfeito estado como eu planejava. Fizemos algumas homenagens, principalmente para a nossa externa professora Val-Val e também teve até uma despedida das turmas do terceiro ano. Eu passei a metade do baile tentando dar a devida atenção para todos, alias, seria a última vez que eu veria todo mundo junto daquele jeito.

- O REI DO BAILE DA ESCOLA DANÚBIO FONTES... – Zé começou a dizer.

- NINGUÉM SE IMPORTA COM O NOME DA ESCOLA, ANDA LOGO! – Ana o apressou.

- VAMOS VER – Zé abriu um pequeno envelope e fez um suspense – FELIPE SOARES!

Todos bateram palmas, enquanto Felipe subia receber a coroa. Perguntei-me o que ele deveria ter feito esse ano para conseguir comprar essa coroa, pois ele tinha usado a mesma técnica no ano passado.

- E A RAINHA DO BAILE – Zé continuou no mesmo esquema.

- TODO MUNDO SABE QUE É A BEATRIZ FIGUEIREDO! – Ana cortou o irmão – CONHECIDA COMO BIA! TODO MUNDO SABE QUE ELA E O FELIPE AINDA MANTÉM UM CASO JUNTOS E ESSA COROAÇÃO FOI A COISA MAIS CLICHÊ DO BAILE! UMA SALVA DE PALMAS PARA ELES!

Bia subiu envergonhada no palco enquanto todos aplaudiam. Ela estava mil vezes mais linda do que o costume e o seu sorriso de alegria me contagiou também. Felipe olhava para ela é só faltava babar em cima do palco.

- GOSTARÍAMOS DE AVISAR QUE O CARRINHO DE ALGODÃO DOCE DO BEBEDOURO IRÁ SE LOCOMOVER PARA A CANTINA – Zé continuou com alguns recados quando o Felipe tomou o microfone da mão dele.

- PESSOAL, PESSOAL! – Felipe disse – EU TENHO UM ANÚNCIO PARA FAZER! Á UM ANO ATRÁS, EU CONHECI ESSA GAROTA QUE MUDOU MINHA VIDA. E Á UM ANO ATRÁS EU ESTRAGUEI TUDO! BIA, EU SEI QUE EU FUI UM GRANDE IDIOTA, UM PIRRALHO MIMADO, UM BÊBEZÃO INFANTIL, UM...

- UM GALINHA SAFADO! – Igor gritou lá do fundo, fazendo todos rirem.

- MAS A QUESTÃO É QUE – Felipe voltou a falar, segurando a mão de Bia – EU TE AMO, E ACHO QUE ESTOU PRONTO PARA TER MAIS QUE UMA AMIZADE COLORIDA COM VOCÊ! ENTÃO... VOCÊ ME ACEITA COMO NAMORADO?

Bia apenas balançou a cabeça afirmativamente, e então ambos se beijaram.

Uma música romântica tocou. Os balões caíram e todo mundo começou a dançar. Tudo tinha dado certo, felizmente havia acabado sem nenhum problema, senti orgulho mais uma vez por ter conseguido fazer algo tão especial assim na escola.

Olhei para todos os meus amigos e pensei o quanto eles estavam felizes. Bia e Felipe dançavam apaixonados um em volta do outro, de vez em quando eles se beijavam e seus olhos brilhavam de amor. Bia iria fazer faculdade em Ribeirão Preto, mas mesmo eu sabia que os dois dariam um jeito de continuarem juntos.

Igor e Denis estavam distribuindo álcool dentro do baile, aqueles dois não pararam de aprontar nem sequer no último segundo. Saber que eles também estavam na lista de amigos que eu não veria novamente me fez ficar um pouquinho mais triste. Mas tudo daria certo para eles, Denis passou na faculdade de medicina da cidade vizinha e Igor em veterinária. Estudariam juntos no mesmo campus e continuariam aprontando juntos.

Antes de o baile começar eu tive uma breve conversa com os gêmeos. Passei todas as responsabilidades para eles e falei o quanto eu estava agradecido e orgulhoso por ele fazerem parte de um momento tão especial na minha vida. Jamais esqueceria os dois e eu tinha certeza que eles fariam jus ao time de vôlei da escola.

- É, pelo jeito você venceu.

Otávio sentou-se do meu lado meio desanimado. Ele estava lindo de camisa social, carregando o terno em seus braços. Em seu pescoço ele usava a pedra azul. A mesma que tinha passado pela sua mãe, por mim, pelo Rodrigo, pela mãe de novo e agora voltado para ele.

- Rodrigo não aceitou? – perguntei curioso.

Como resposta ele mostrou as alianças, ainda guardadas na caixinha.

- Poxa cara, eu sinto muito – falei como se devesse alguma desculpa a ele.

- Eu sabia que no fundo ele te amava – Otávio disse segurando a pedra em seu pescoço – eu sabia desde o momento em que você me contou que tiveram algo. Eu sabia que isso iria acontecer, mas eu lutei com todas as minhas forças para tê-lo. No fim, eu não resisti, e agora só me resta ser um bom perdedor né?

- Para com isso – falei mais triste ainda – eu vou embora e jamais vou vê-lo novamente, podemos considerar isso um empate?

- Não, não podemos – Otávio disse com uma lágrima caindo do seu rosto – Rodrigo precisa de um de nós, já ficou claro que eu não posso ser a pessoa que estará ao seu lado. Eu só quero que ele seja feliz, e isso só será possível se você estiver com ele.

- Mas...- falei tentando entender – e enquanto a você?

- Eu vou voltar para a minha família – Otávio disse pela primeira vez com um sorriso – enquanto eu estiver essa pedra aqui, nunca me faltará força e coragem. Agora vá atrás do Rodrigo, antes que seja tarde demais, ok?

Uma última chance. Eu não iria me entregar tão fácil assim. Olhei uma última vez para Otávio e saí do baile o mais rápido possível. Eu já sabia aonde iria encontrar o Rodrigo, era óbvio que ele estaria no ponto de ônibus. Lá tinha sido o lugar aonde terminamos e era lá que eu iria voltar para ele de vez.

Corri o mais rápido possível.

Corri disposto a mudar o meu futuro.

...

- Ei Cesinha! – Felipe me deu uns tapas na cabeça – acorda cara!

Dei um pulo da cadeira e me endireitei. Por sorte a bateria do computador havia acabado. Perguntei-me se eu tinha salvado os arquivos e rezei para que sim.

- A nossa carona vai passar em casa daqui duas horas – Felipe continuou – você já arrumou suas coisas?

Murmurei um “estou indo” e fui dar um jeito na vida. Primeiro fui até meu quarto (nunca descrevi meu antigo quarto, não tem necessidade de descrever esse), estava uma bagunça bem horrorosa e meu único trabalho foi jogar umas roupas dentro de uma mala.

Fui depois ao banheiro tomar um banho. A faculdade de educação física me fez criar um certo interesse por academia e agora eu estava malhando bonitinho (mas sem intenção de virar um mostro). Resolvi tirar a barba da cara para não ir para casa feito um mendigo. Arrumei-me da melhor forma possível e então eu fui até a cozinha comer alguma coisa.

Tomei um café bem forte para me manter de pé. Comi umas bolachas do armário e peguei uma maça também. Senti saudades do pão na chapa do meu pai e saber que eu iria comer isso no próximo café da manhã me fez sorrir pela primeira vez no dia.

Voltei ao meu quarto e tirei meu celular que estava carregando da tomada. Li alguns WhatsApp diversos do grupo da minha turma, da minha família e até do Daniel.

Bem, Daniel é um cara que eu conheci na faculdade, ele estuda letras e a gente saí de vez em quando. Ele me chamava para ir ver um filme na casa dele e aquilo foi tentador. Porém, como era muito tarde para pular fora, respondi que já tinha compromisso para as próximas semanas.

Sentei na minha cama e tentei pensar um pouco sobre isso. Voltar para casa eu já tinha ido várias vezes, mas agora eu iria passar as férias inteira por lá. Era para eu estar mais animado e não nervoso assim. Felipe bateu na porta do meu quarto e já foi entrando.

- Cara isso é de mais! – ele estava cem por cento animado – Bia vai conseguir chegar hoje a noite e amanhã é certeza que vamos voltar tacar o terror naquela escola!

- Uhuul! – tentei parecer animado.

- Você vai ficar as férias inteira mesmo né? – ele perguntou preocupado – tem várias coisas para fazermos lá. O casamento do Pietro e do Guto vai acontecer no próximo fim de semana, você não vai dar pra trás! Sem falar que sua irmãzinha está pra nascer esse mês então...

- Sim, sim – falei com um sorriso derrotado – eu vou passar as férias inteira lá.

- Então partiu Cesinha! – ele falou mais feliz ao ouvir aquilo – só não se esqueça de levar o seu terno para usar no casamento do Pietro.

Peguei minha mala, abri o guarda-roupa e com um esforço eu achei o terno. A última vez que eu tinha usado foi no baile. O maldito terno ainda tinha o cheiro, o perfume, e todas as memórias do Rodrigo.

Era disso que eu precisava.

Peguei meu computador e trouxe-o até o meu quarto. Tinha começado a escrever essa história no dia do meu aniversário e fiquei uma semana inteira tentando entende-la e buscar um final para isso tudo, e agora tinha chegado a hora de eu colocar o último ponto final.

Eu ainda não estava pronto para isso, mas a vida é assim mesmo...

O momento de agir é quando você está despreparado.

...

Cheguei no ponto de ônibus o mais calmo possível, tentei não fazer Rodrigo me perceber, mas parecia que ele sentia minha presença.

- Você demorou – ele disse com um sorriso malicioso no rosto.

Eu prometo que essa é a última vez que eu digo isso, mas o Rodrigo estava mais lindo do que nunca. Sorri meio bobo com aquela situação e sentei do seu lado.

- Eu já cansei de te explicar que nesse horário não passa ônibus – disse caindo na gargalhada – Sempre soube que eu era um ótimo professor.

- E eu, um péssimo aluno – Rodrigo respondeu entrando na brincadeira também.

- “Você é péssimo em várias coisas também” – falei imitando a nossa conversa de quando terminamos no mesmo lugar a um ano atrás.

- “Também sou um péssimo namorado” – Ver Rodrigo sorrindo me fez tão bem que eu até esqueci o porquê estava ali.

No meio da rua deserta a única coisa que dava para escutar eram nossas risadas. Respirei o mais fundo possível e voltei a ficar sério.

- Eu me lembro de você me perguntando onde estaríamos depois de um ano e olha para gente agora cara.

- Parece que tudo na minha vida sempre acaba voltando para você – Rodrigo disse meio cabisbaixo.

- E isso é algo bom? – perguntei

- É estranho... mas de certa forma é bom! - Rodrigo respondeu.

Por um momento eu questionei se Rodrigo realmente me amava. E se ele não me amasse a ponto de querer ficar voltar a namorar comigo? Será que ele não queria se meter em problemas? Em minha cabeça passava cada momento ruim que eu fiz ele passar e até eu mesmo duvidei se valeria a pena.

- Você ainda me ama? – perguntei calmamente.

“Sim, ele me amava. Estava estampado em seu rosto”, mas porque ele ainda tinha medo? Essa pergunta fazia meus neurônios vibrarem dentro de minha cabeça. “Do que ele tem medo?”. O tempo estava acabando e minha maior preocupação era deixa-lo escapar por entre meus dedos.

- Vamos voltar ao baile? – desconversei – A festa tem muito para bombar!

Rodrigo fitou o chão meio entristecido, essa mesma expressão que eu não queria ver em sua cara.

- Não – ele respondeu – é melhor eu ir para casa.

O que eu deveria fazer? Ele já tinha se dado por vencido sem ao menos me dar uma chance. O que eu deveria fazer para ele dar suas mãos para mim e enfrentarmos todas as dificuldades juntos?

E então eu o beijei. Parecia a coisa certa a se fazer e eu fui lá e fiz.

Sabe quando você tem sede, muita sede, mas a água que você tem não é capaz de matar essa sede? Você quer mais e mais, mas já sabe que o último gole chegou-se ao fim e você não pode fazer mais nada. Foi essa a sensação que eu senti quando eu beijei o Rodrigo pela última vez.

- Escuta – eu disse com seu rosto colado ao meu – Uma parte de mim é você Rodrigo. Você sempre estará aqui comigo, não importa aonde eu for, o que estiver fazendo, com quem eu estiver fazendo. Você sempre estará em mim até o fim dos meus dias.

Beijei mais uma vez e foi como se a última gota estivesse acabado.

Levantei-me de lá e caminhei em direção a lugar nenhum. E sabe o que era o pior de tudo? Eu não podia culpar o Rodrigo, eu não podia me culpar, eu não podia culpar ninguém. Rodrigo sabia, eu sabia, o mundo inteiro sabia que eu já estava pronto para partir e isso não teria volta.

Senti seus olhos me seguindo enquanto eu andava. Cada passo que eu dava me fazia entender cada vez mais as coisas. E foi aí que eu entendi o propósito de tudo.

Eu estava despreparado para conhecer o Rodrigo.

Eu estava despreparado quando eu o beijei.

Eu estava despreparado quando começamos a namorar.

Eu estava despreparado quando terminamos.

Eu estava despreparado quando eu tive a esperança de voltar com ele.

Eu sempre estive despreparado em todos esses anos. Talvez seja por isso que tudo tinha acontecido do jeito que aconteceu. Eu agi feito um egoísta, infantil, birrento, ciumento e liguei o foda-se para meus problemas tudo isso porque eu estava despreparado.

Mas agora, finalmente eu estava pronto. Estava pronto para fazer o que seria melhor para nós dois. Eu estava pronto para perder o Rodrigo.

Por isso, eu não olhei para trás e parti.

[FIM]

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Agora eu sei o que você deve estar pensando.

“Caralho! Eu li tudo isso para chegar no final e encontrar essa patifaria? Se prepare Cesar Neto, pois eu estou preparado é para dar uns tapas nessa sua cara de pau”.

Eu sei, eu sei, eu sei...

O que eu tentei fazer aqui foi contar um pouco da minha história. Encontros, diversão, amores, alegrias, não me arrependo de nada que eu vivi e muito menos do que eu escrevi aqui. A vida, e principalmente a adolescência se trata sobre crescer. Todos nós erramos, aprendemos, acertamos e assim vamos vivendo na medida do possível.

Eu não escrevi isso tudo para deixar ninguém bravo ou ninguém chateado. Escrevi apenas para vocês conhecerem uma história qualquer de um garoto como qualquer um que estava despreparado, mas mesmo assim ele ergueu a cabeça e lutou com todas as suas forças para fazer o bem a todos.

Histórias de amor nem sempre possuem finais felizes, não é mesmo? Além do mais, quando somos jovens trocamos de “amores” como se troca de roupa. Por mais perfeito que algo possa aparecer, minha história jamais teria chances de ter um final feliz. Aliás, ela teve um final feliz sim. Quer algo mais feliz do que seguir seus sonhos, conhecer gente nova e tudo isso junto do seu melhor amigo? Hoje, Cesar Frederico Neto é uma das pessoas mais felizes da face da terra.

Mas porque eu estou com tanto medo de voltar para minha casa?

- Ei Cesinha! – Felipe me chamou – estamos indo, você está pronto?

Eu estava pronto para voltar para casa, sair de São Paulo e encarar minha família e amigos? Eu estava pronto para rever o Rodrigo e recordar tudo o que passamos?

Agora a ficha está caindo em cima da minha cabeça!

Eu não estou pronto! Eu nunca estive pronto para nada! Eu jamais estarei pronto para viver essa vida! CARALHO COMO EU FUI BURRO!

CARALHO! CARALHO! CARALHO!

Passei seis meses longe do Rodrigo para entender isso. COMO EU FUI ESTÚPIDO! Ele me amava, ele se preocupava comigo e eu agi feito um idiota imbecil. Eu deveria ter olhado para trás, era só virar a maldita da cabeça e ter olhado para trás.

- Eu nuca vou estar pronto Felipe – falei pro meu melhor amigo – eu jamais estarei preparado.

- Ok, só não banque o esquisito, estamos te esperando lá fora.

Eu tive que escrever 30 capítulos narrando a minha vida para chegar a conclusão mais óbvia de todas.

Quando você estiver despreparado, essa é a hora de agir.

Era muita coisa para caber dentro da minha cabeça e por isso eu estou digitando o mais rápido que eu posso aqui mesmo para não esquecer.

Vou chegar na minha cidade, dar um baita abraço no meu pai e falar “Ei cara, adivinha só? Eu sou gay!” ele vai me fazer perguntas, minha madrasta vai apoiar, ela mesmo me apoia, porque ele não faria o mesmo.

Depois eu iria dormir, porque caralho! Fiquei anos escrevendo isso aqui sem dormir direito. EU PRECISO DE UMA CAMA!

E no outro dia... irei acordar bem cedo, pegar o ônibus que me levava até a escola, entrar pelo portão velho de metal, subir a escadaria, comer um pãozinho com a tia da faxina, descer as escadas e ir até a sala do Rodrigo.

Conheci o Rodrigo chamando-o na porta de sua sala para conversar com a professora Valéria. E voltarei para ele da mesma forma. Vou bater na porta educadamente e perguntarei ao professor “O aluno Rodrigo está na sala?”, Rodrigo vai me olhar com aquela carinha de surpresa, seus olhos irão brilhar de alegria ao ver-me! Só que ao invés de conversar com ele lá fora, eu vou entrar no meio da sala, caminhar até sua carteira e dizer bem alto “RODRIGO EU TE AMO! EU ESTOU DESPREPARADO PARA TER QUALQUER RELAÇÃO COM VOCÊ NOVAMANTE, MAS EU VOU LUTAR POR ISSO, POIS EU TE AMO!”. E então eu irei beija-lo na frente de todo mundo até ele me afastar e dizer de um jeito bobo “Vai se foder Cesar”...

- Ei Cesinha – Felipe voltou a me encher o saco – O Túlio está aí na frente esperando, o cara já não vai com sua cara e você ainda vai fazê-lo de babaca.

- Que Túlio? – o nome era familiar, mas eu não me lembrava.

- Caralho Cesinha, você virou uma planta nessa última semana é. Falei mil vezes que a gente ia pegar uma carona com o Túlio, irmão do Rodrigo. Sabe o Rodrigo? Aquele garoto que você amava? Então o irmão dele mora em São Paulo e está nos oferecendo uma carona.

Meu coração acelerou. Como eu poderia ter esquecido disso? Rodrigo poderia morar com o irmão! Depois do beijo isso seria a primeira coisa que eu iria propor para ele “venha morar em São Paulo com a gente, isso seria perfeito”.

A verdadeira felicidade estava batendo na minha porta e eu era surdo de mais para escutar. Agora só me restava executar tudo isso e encarar o “felizes para sempre”.

Agora eu sei o que você está pensando.

“Você vai fazer tudo isso mesmo Cesar Frederico Neto? Ou vai ligar o foda-se e só arranjar mais confusões?”

Bem, acho que depois de tudo isso vocês já devem me conhecer um pouquinho para saber a resposta. Sabem como eu sou idiota, o quanto o Rodrigo é orgulhoso, acho que vocês já nos entendem e eu não irei precisar voltar aqui e contar o que se sucedeu. Por que afinal de contas, essa história de amor é só nossa, só nós vivemos e...

Só nós conhecemos.

[FIM DE VERDADE]

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E AGORA ACABOU!!!!!

GOSTARAM? ESPERO QUE SIM! (Não escrevi essa porra toda para você não ter gostado seu fia da mãe)

Quem não conseguiu entender, releia, pergunte para o coleguinha do lado, questione-se... ou só sinta o amor! Comente, compartilhem, divulguem para mamãe e para o papai essa série que finalmente está FINALIZADA! (triste né?)(eu tô superando).

“Mas e agora? O que acontece? Acabou? Você nunca mais vai escrever? Volta seu demônio!”. Bem vou ser direto para não cansar tanto vocês. Eu pensei aqui e é claro que eu continuarei escrevendo contos, séries, livros, poemas, músicas e até um roteiro de um filme. Mas vamos lá! Aí vão meus planos para a vida. Agora que a história acabou, vamos leva-la para as telonas! O filme “Só nós conhecemos” já está em produção e tem previsão para sair em Outubro de 2015!(com direito a Suzana vieira do papel da Val-Val) hahahhahahahh (escroto). Vamos aos planos sérios.

PRIMEIRO: Eu estive pensando sobre o quanto eu gostei de escrever essa história e uma coisa que eu sempre reparei é que era muito forte a presença de vocês que leram e tudo mais. Sei lá sabe, eu sentia que todos vocês eram personagens naquela escola, pessoas na minha vida mesmo. E daí surgiu uma “brilhante” ideia.

“Só nós conhecemos” é uma história fictícia inspirada um pouco na minha vida. Agora é a vez de vocês estarem presente comigo na história, dito isso eu gostaria de apresentar... “Somos conhecidos”... será tipo um spin-off (nunca entendo esses termos) que contará a história de vários jovens (meninos, meninas, adultos, gay, hétero, lésbica, trans e todo mundo) convivendo juntos. Será no mesmo esquema daquele capítulo em que o Rodrigo narrava, se lembram?A primeira temporada se passará na escola onde o Cesar estudo no período em que ele foi para a faculdade. Serão 10 capítulos, cada um narrado por uma pessoa diferente e a maioria das personagens serão vocês! (Cesar pode até voltar)(não prometo nada).

Se você se interessou é quer virar um personagem é só me contatar por e-mail (cesar.fneto2@gmail.com) ou pelo whatpad (CesarFNeto)... trocaremos uma ideia para a gente se conhecer melhor e voalá... eu escreverei um capitulo sobre você!! Vai dar certo? Vai ficar legal? Podem ter certeza que eu me empenharei muito para que role! Então bora lá meu povo!

SEGUNDO: Para aqueles que querem uma história diferente, eu já comecei a escrever uma nova série mais séria e bem impactante. Não vou soltar informações agora, mas se preparem para sofrer na minha mão.

TERCEIRO: Chega né? Não aguento mais nada kkkkkkk

Então por fim é isso gente. Muito obrigado a todos, não se preocupem pois vocês ainda terão uma overdose de minha pessoa. Beijão a todos e até a próxima!

Comentários

Há 5 comentários.

Por Felipe Fernandes em 2015-07-25 15:03:43
Primeiro: cara Vlw pelo romance incrível que vc escreveu, eu fico até sem palavras pra descrever isso que eu vou parar por aqui ( mentira eu que não tenho criatividade mim Kkk ). Segundo: eu quero começar o romance mês que vem então vê se aparece. Terceiro: vcs vão ver Cesar Neto novamente com certeza, pois se ele aceitar a proposta que eu quero fazer pra ele, Cesar vai ser um dos personagens principais do novo romance EBAAA!!!! Quarto: Manda um email pra planejar tudo, meu email já tá em um dos seus comentários dos capítulos anteriores então não esquece por favor. Vlw Deus salve o papa e vc e os d+. Até breve.
Por Klaus em 2015-07-25 14:09:52
Beijo só se tua boca tiver gosto de sorvete de flocos. Kkkkkkkkkkk Sério agora, sem dúvida essa história é uma das melhores que já li. Valeu muito a pena acompnha-la. Meus parabéns César. E essa sua ideia de escrever sobre outros personagens da escola me parece ser muito legal. Um grande abraço e um beijo moço.
Por Nickkcesar em 2015-07-25 12:10:54
Vei , chorei muito como sempre .... Vei vc é um filho da mãe mas eu te amo muuuuito e é claro que tudo foi perfeito mas a gente fica com a aquele gostinho de quero mais né gente 😘
Por diegocampos em 2015-07-25 02:40:57
Eu também despreparado para esse final.mas eu gostei muito , tenho prazer em dizer que foi a melhor série que já li.
Por Niss em 2015-07-25 01:14:14
E eu estava despreparado para esse final. Mas, foi realmente maravilhosa toda essa série, uma maravilha que só eu conheço, obrigado por lembrar de mim (cada malandrinho que leu e NÃO comentou) hehe, enfim. Viajei muito imaginando as cenas de cada capitulo, cada suspiro dos personagens, muito bom mesmo Cesar. Kisses, Niss!