Manual de como esquecer um amor

Parte da série Um amor que só nós conhecemos

Olá amigos e amigas do brasil e do mundo. Hoje eu trago mais um capítulo lindo, maravilhoso, esplendido, fenômenal e escrito nas correrias da vida (escrevi em menos de duas horas)(record da improvisação aqui) e que vai encanta-lo (ou deixa-lo com sono.

Mas agora é sério (ou não)... a maioria de vocês ainda não sacaram o teor dessa temporada (e muito menos eu) então só vem que vai dar tudo certo hahahaha mas agora é sério (ou não de novo) me perdoem se a série está indo devagar, é que são muitos novos personagens e eu sei que vocês amam Diguinho, gêmeos, Lipe, Bia e os restantes... eles estarão aparecendo, mas dividirão o espaço com mais 931382 personagens hahaha. Ah e não sei se vocês notaram, mas os capítulos estão ficando menor (comparado com a terceira temporada que cada capítulo tinha no minimo 5000 palavras) estou até tendo que excluir algumas cenas gente, olha só hein...

E outro aviso, eu tô bem perdido quanto aos whatsapps de vocês... eu diss eque ia fazer um grupo, mas não fiz (como se eu fizesse as coisas que eu falo né hahaha) é muita preguiça, então quem quiser criar o grupo para mim, eu ficaria agradecido (manda e-mail que eu passo o número)( cesar.neto2@outlook.com)

Vamos pros comentários agora pra não ficar tão extenso...

"diegocampos" - prefere o diguinho é? Você ainda nem viu o poder de teteus hahahaha pq vcs não desistem de CEDRIGO hein? hahaha brinks... beijo no seu core di e obg por tudo <3

"Fagner" - Acabo contigo? Nem comecei ainda fio kkkk Eu queria responder suas perguntas, mas eu também faço elas toda vez que eu estou escrevendo hahahah Essa quarta temporada tá saindo na hora, não tenho certeza de onde tá indo, daqui a pouco vamos descobrir que Cesar e Alexandre são irmãos (e isso de não ter tudo programado tá me dando uma agonia hahaha), mas ainda bem que você está gostando, fico grato e estamos aí pro que der e vier, no fim é só matar um personagem e a história fica incrivel (e esse é o "Escritor do ano" hahahahah)beijão seu lindão e pode deixar que daqui a pouco a gente já está se falando <3<3

"Felipe Fernandes" - Troco esse troféu de melhor do ano por beijo na boca hahahaha zueirinha... MOZÃO fiquei procurando pelo seu numero e não achei kkkkkkkk já tá adicionado só basta criar aquela coragem para mandar um oi hahaha. Até lá um beijão para ti e a gente sê vê la na sua série (que mal começou e eu já considero pakas) Beijão lindo <3

"edward" - hahahahah o cesar é lento até pra isso!Esse beijo além de ser na boca pode ser em qualquer lugar meu lindão (mesegura que eu tô safado)(zueirinha hehehe), um beijão edward e brigado por tudo ! <3

"Dougglas" - Minha deusaaa! Você leu tudo isso e ainda não desistiu de mim? Gente vou até abrir o e-mail agora para ler sua mensagem hahaha pode deixar que eu respondo lá... por hora, muito obrigado por curtir essas loucuras que eu escrevo e espero que continue curtindo. Seja bem-vindo e beijões para você Doug <3<3<3

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III - Manual de como esquecer um amor

- Eu estou indo embora amanhã cedo - falei enquanto tentava disfarçar minha tristeza inutilmente.

Diego me olhava dos pés a cabeça com um pequeno sorriso no canto da boca. Alguns meses se passaram depois do incidente da floresta e ele havia crescido consideravelmente. Ele já havia perdido aquela carinha de criança pentelha e no lugar disso, uma pequena barbinha loira já nascia no seu queixo e alguns músculos já se destacavam.

Mesmo assim eu ainda parecia um monstro perto dele. Com uns 30cm mais alto que ele e minhas costas larga. Mesmo sendo tão diferentes, havia uma conexão muito forte entre a gente.

E essa conexão iria ser destruída pela manhã, assim que eu fosse embora para outro estado.

- Sabe - ele disse com sua voz mais carinhosa possível - isso não é um fim. Eu estou vendo algumas coisas com meu pai e talvez nos próximos meses a gente acabe...

- NÃO TEM JEITO - eu deixei um grito escapar desesperado - eu... eu tenho que ir.

Quando soube da notícia que meu pai seria transferido, Diego fez de tudo para impedir. Seu pai trabalhava na mesma empresa que o meu e tinham um certo grau de amizade. O plano do menino era convencer seu pai a enfrentar o chefe, mas nem preciso falar que o plano era ridículo.

- Desculpa - eu falei depois de notar que eu tinha sido rude demais - sou eternamente grato a você e eu prometo que a nossa amizade jamais vai acabar.

- Eu sei que não vai Alê - ele falou tentando parecer convencido - mas o problema é que o mais especial da nossa amizade irá acabar.

"O mais especial da nossa amizade? O que ele queria dizer", fiquei parado tentando entender as suas palavras. Depois de ter quase morrido na floresta, eu e Diego passamos quatro meses praticamente grudados um no outro, porém a gente jamais tinha feito nada a mais do que isso. O que ele queria dizer com especial?

- Especial? - perguntei rindo - você quase me fez morrer naquela floresta!

- Pela milésima vez! - ele insistiu, aquilo já havia virado uma brincadeira entre nós - a situação estava sob controle.

Rimos mais uma vez. Pensei o quanto Diego iria me fazer falta, ele tinha sido o meu primeiro amigo de verdade, não queria aceitar que aquilo fosse um ponto final.

- Tenho uma coisa para você -falei me lembrando de última hora do real motivo de estar ali me despedindo.

Coloquei a mão no bolso e de lá eu retirei duas pedrinhas. Elas eram brancas, mas tinham um aspecto bem encardido de sujeira e até umas manchas negras.

Diego viu aquilo e seus olhos brilharam de alegria:

- AS PEDRINHAS DA ESPERANÇA?! NÃO ACREDITO QUE VOCÊ GUARDOU ISSO POR TODO ESSE TEMPO.

Na verdade nem eu acreditava. Achamos as"pedrinhas da esperança" quando estávamos perdidos. Diego me fez de tonto ao falar que elas iriam fazer fogo para nós. Na hora eu tive vontade de tacar as pedras na cabeça dele, mas agora eu agradeci por ter guardado comigo essas pedras.

- Elas me fazem lembrar da nossa pequena aventura! - eu disse entregando uma delas, a menor, na mão de Diego - quero que fique com uma, para jamais esquecer de mim.

Abracei Diego depois disso. Aquilo não era natural vindo de mim. Jamais tinha demonstrado meus sentimentos dessa forma, mas eu sabia que valeria a pena.

- Eu tenho algo para você também!

Antes mesmo de eu perguntar o que era, Diego me puxou pelo braço e me beijou. Eu nunca havia beijado ninguém na minha vida, mas por um momento eu percebi que aquilo era muito bom. Era engraçado como Diego tinha que ficar nas pontas dos pés para conseguir me beijar, e eu ficava todo desengonçado sem saber como reagir. Terminamos o beijo com os dois se olhando de um jeito meio sem graça.

- Sabia que um beijo não seria um presente bacana - ele disse coçando a cabeça - deveria ter te dado uma paçoca.

Eu sorri para ele mais uma vez. "A última vez".

- Vou sentir saudades - não consegui disfarçar a tristeza da minha voz - a gente se vê.

É claro, antes de ir embora eu dei mais um último beijo nele.

Com lágrimas nos olhos, voltei para minha casa onde meus pais me esperavam para partir.

E nunca mais mais voltar.

...

Olhei para Cesar e ele estava olhando fixamente para o chão. Eu não sabia o que havia acontecido, mas contar isso para ele não pareceu ser uma boa ideia.

- Você está bem? - perguntei vendo que seus olhos estavam cheio de lágrimas.

Cesar forçou um sorriso e coçou os olhos:

- Sim, sim... - ele tentou até sorrir - é que sua história... sabe, eu também tive que ir embora e deixar para trás algumas pessoas que eu amava. Eu sei o quanto isso é difícil e...

- Difícil? - perguntei gargalhando na cara dele - você só pode estar te brincadeira.

Por um momento Cesar me olhou surpreso. O que ele estava querendo dizer com difícil? Será que ele estava pensando que eu havia chorado por horas por que eu tive que ir embora?

- Você acabou de contar que deixou Diego para trás... - ele falou perplexo - qual é a tua? Você não tem coração não?

Eu me diverti vendo o sofrimento de Cesar, de fato eu fiquei bem triste em ir embora e deixar Diego, eu o amava como nunca havia amado ninguém. Mas se tem algo que eu aprendi nos meus 16 anos de vida e que eu agradeço muito por ter aprendido isso cedo, é o significado da palavra SUPERAR.

- Eu tenho um coração sim! - defendi-me de sua acusação - mas eu não vivo em função dele. Eu e Diego tivemos um lance bacana e sempre estará guardado comigo. Mas não é por causa disso que eu irei deixar de viver não é mesmo? Pra que ficar sofrendo? Nós dois somos jovens e temos muito o que aproveitar ainda!

- Mas... mas... - Cesar tentava rebater, mas não tinha nenhum argumento - isso é errado.

- Vai dizer que você deixou de aproveitar a sua vida por causa de um amor? Tem que ser muito estúpido para fazer uma coisa dessa.

- Então eu sou estúpido - Cesar baixou a cabeça envergonhado.

Por um instante eu tive dó dele. Pessoas sensíveis e sentimentais eram bem estranhas. Eu sinceramente não sabia lidar. Eu contei o casinho de amor que tive com Diego e isso já fez ele chorar. Fiquei pensando o quanto deveria ser um saco ver filme de drama perto desse menino.

- Quando eu cheguei aqui você estava chorando! - Cesar se lembrou desse fato e começou a rir - olha só você fazendo a hipócrita.

- Mas eu não estava chorando por causa de amor - respondi - eu só fico triste por coisas sérias.

- O que por exemplo? - ele me desafiou a falar.

- Se você me deixar contar a minha história e não chorar na metade dela... - insultei-o.

- Tudo bem coração de pedra. Me explica aí como você conseguiu esquecer o seu grande amor.

- Explico sim! - falei convencido - na verdade eu até criei três passos para isso!

Cesar achou aquilo engraçado, mas não escondeu que tinha interesse em escutar:

- Ual hein? Aonde eu compro esse manual?

- Vai se foder Cesar - disse rindo do jeito idiota dele.

...

PRIMEIRO PASSO: RENASÇA.

A primeira coisa que eu descobri quando eu terminei meu relacionamento (sim, duraram só 4 meses)(sim, foi um relacionamento que a gente só se beijou no último dia)(me deixe) foi que quando ele acaba você precisa "renascer". É como uma fenix sabe? Relacionamento te queimam, é uma chama que pode arder, mas também pode esquentar e dar um calorzinho gostoso. Mas uma coisa é certa, quando eles acabam a única coisa que resta é cinzas. Você não quer ser cinzas não é mesmo? Então você deve renascer como uma bela fenix e viver sua vida ainda mais saudável do que antes.

E foi exatamente isso que eu fiz quando eu me mudei para essa nova cidade. Renasci.

Era segunda-feira. Eu acordei cinco da manhã, seria o meu primeiro dia de aula e eu estava muito animado para conhecer novas pessoas. Eu estava indo para o segundo ano do ensino médio. Na minha antiga escola eu sempre tinha me enturmado com os nerds e com os gaymers, mas esse ano eu ia tentar algo muito diferente. Queria ser destaque na escola, fazer a diferença e ser lembrado por todos.

Havia customizado a camisa do uniforme da escola. Rasguei todo o seu colarinho e transformei em uma gola V muito bonita. Também descolori um pouco o azul marinho horroroso, ele ficou abaixo do tom e com uma cor bem mais aceitável. Vesti uma bermuda branca com estampinhas de âncoras e umas sandálias. Passei um creme hidratante na minha pele, um desodorante neutro e um perfume amadeirado. Pronto, eu era o garoto mais gato daquela cidade do interior.

Minha mãe me deu carona para ir para escola. O prédio era antigo, mas o arvoredo que havia em frente deixava ele bem bonito. Reparei que a escola era formada por um prédio e por uma ginásio coberto. Desci do carro e atravessei a rua. Por um instante reparei que todos olhavam para mim. Caminhei até uma placa de informações que tinha na entrada e vi que lá estava a lista de alunos de cada classe. Uma turma de alunos estavam lendo seus nomes na lista e comentando coisas do tipo. "Ai que legal, estamos na mesma sala", ou "Eu odeio minha turma, queria trocar de sala". Depois de alguns segundos esperando eles saírem de lá, perdi a paciência e já fui entrando no meio deles:

- COM LICENÇA - falei colocando a mão por entre eles que me olhavam com a maior cara de bunda - SE VOCÊS GOSTARAM TANTO DESSA LISTA, PORQUE NÃO APROVEITAM E TIRAM UMAS FOTOS?

Terminei de falar com um sorrisinho e eles entenderam o meu recado. Zarparam. Como meu nome é Alexandre, na ordem alfabética eu sou um dos primeiros. Não levou nem dez segundos para eu achar meu nome. Sem muito entusiasmo eu li em voz baixa:

- "Segundo ano B" - não acreditei que me colocaram no "B" - "Sala 28"

De repente eu escutei duas vozes atrás de mim:

- É A NOSSA TURMA! SEJA BEM-VINDO!

Um garoto. Uma garota. Ambos eram idênticos. O mesmo castanho no cabelo, os mesmos olhos negros, a mesma pele branca e pálida. Até o sorriso travesso era idêntico.

- Me chamo Ana - a menina disse.

- Me chamo Zé - o garoto acrescentou.

- E SOMOS GÊMEOS!!! - os dois falaram juntos com uma voz aguda que chegou a doer meu ouvido.

- Jura? - falei sarcasticamente - se vocês não tivessem me dito, eu jamais iria desconfiar.

Deixei a versão mirim de Jaime e Cercei Lannister para trás e fui procurar a minha sala de aula. Caminhei pelos corredores até encontrar um outro painel onde uma dúzia de alunos estavam se matando para ler. Li o título de longe e logo me interessei.

ATIVIDADES EXTRA-CURRICULARES

Porém, naquele momento eu não teria saco para enfrentar aquela multidão toda, então subi umas escadas até chegar na sala 28.

Todas as carteiras estavam vazias. Normalmente eu sentaria nas primeiras carteiras, mas como eu estava em outra vibe, acabei me sentando na última carteira do lado da janela. De lá eu conseguia ver a rua e as árvores que havia na frente da escola. Era uma carteira perfeita.

- Queridinho? - escutei alguém me chamando - da para você sair do meu lugar?

A menina que estava parada na minha frente era uma verdadeira "bitch". Assim como eu, ela também havia modificado o uniforme, cortando grande parte da gola e o transformando em um grande decote que mostrava um pouco os seios. Seus cabelos loiros tinham mechas azuis bem esquisitas e a sua maquiagem estava mega carregada. Apesar de tudo, ela era bem bonitinha.

- Desculpa - eu falei com um sorriso gigante no rosto - eu cheguei aqui primeiro e não lembro de ter encontrado seu nome aqui!

Aquilo fez a menina corar. Acho que ninguém havia desafiado ela daquela forma.

- Mas eu sento aqui desde o ano passado! - ela argumentou fazendo um carão ridículo.

- Olha de novo na sua agendinha da Polly e veja que estamos em um novo ano amiga - abri minha mochila e despejei meu material em cima da carteira.

- Gostei de você - ela falou me olhando de outra forma - Não que eu me importe, mas como é o seu nome?

- Sou o Alexandre - respondi surpreso - e não vem com essa de "gostar" porque eu não curto garotas não.

- Prazer meu nome é Sheila - ela falou se sentando na carteira da frente - eu vou deixar você sentar ai porque você é gigante e iria ofuscar minha beleza.

- Tudo bem Sheila, muito obrigado - me dei conta de que havia ganhado uma nova amiga - e a propósito, adorei esse seu cabelo azul. Mas se ele continuar caindo na minha carteira, eu terei que usar a minha mais nova tesoura.

- Sua bicha má - ela virou e sorriu - eu corto o seu pipi se fizer isso.

Ficamos rindo e falando besteiras até que o professor de biologia entrou na sala de aula e começou a falar sobre a escola e a disciplina dele. Dei uma outra observada nos meus colegas de sala e não vi nada de interessante neles. Senti falta dos gêmeos irritantes que falaram que estariam na minha sala, mas não apareceram até o momento.

- Com licença professor - um garoto bateu na porta - a gente pode dar um recado?

O professor consentiu e todos os alunos começaram a cochichar.

- Quem é esse? - perguntei para a Sheila.

- O nome dele é Rodrigo - ela respondeu revirando os olhos - ele é um jogador de vôlei do terceiro ano. Ele é gay assumido e até o ano passado namorava um menino chamado Otávio. Dizem que ele levou um pé na bunda...

- SHEILA! - o professor chamou a atenção dela - da para você virar para frente e prestar atenção no recado do nosso colega.

Sheila revirou os olhos e eu murmurei um "se fodeu" na sua orelha. Ela deu risada e respondeu baixinho "vai ter volta". Paramos de falar e o menino chamado Rodrigo começou a dar o recado.

- Como vocês sabem, eu agora sou técnico administrativo do time de vôlei da nossa escola. Como vocês sabem também, o ano passado a gente ganhou o campeonato regional pela primeira vez na história. Isso foi muito importante porque nunca uma escola pública havia ganhado...

Ele começou a falar sobre o estúpido time de vôlei enquanto eu o analisava dos pés a cabeça. Ele usava o uniforme normal da escola. Calça jeans e a camiseta que parecia ficar bem justinha no seu corpo mostrando um pouco o quanto ele era gostosinho. Seu cabelo castanho estava erguido em um topete bem estiloso. Seus olhos eram verdes assim como os olhos de Diego. Por um momento eu cheguei a ter uma quedinha por ele e então eu me lembrei do passo número dois de como esquecer um amor.

SEGUNDO PASSO: PARA ESQUECER UM AMOR, NADA MELHOR DO QUE "OUTRO" AMOR.

Temos que ser como uma cobra, entende? Uma hora todas as cobras devem trocar de pele e é isso que acontece com o amor. Quando um não serve mais, você vai lá e troca. Fiquei encarando o meu futuro crush e voltei a prestar atenção no que ele dizia.

- A partir de amanhã estaremos fazendo um teste para quem tiver interesse e no final teremos um debate sobre a homofobia no esporte com o intuito de conscientização sobre esse tipo de comportamento que até o ano passado era visto como algo legal.

Eu quis matar minha mais nova amiguinha Sheila quando ela ergueu a mão.

- Moço! - ela disse com sua voz anasalada - meu amigo aqui tem uma pergunta.

Ela virou para trás com um sorriso e nos seus olhos cor de mel eu consegui ler a expressão "está aí minha vingança".

- Pode fazer... - o menino nos olhou sem entender.

- Eu queria saber ... que dia que é mesmo? - perguntei com um sorriso meio bobo na cara. Escutei a risada da Sheila e decidi que iria esganar a lazarenta.

- É amanhã. - ele falou sem entender direito - amanhã depois da aula.

- Porra Alexandre - Sheila falou alto - o menino acabou de falar isso, você não estava prestando atenção?

A sala inteira riu e o menino Rodrigo ficou um pouco sem graça.

- Tudo bem então? - Rodrigo falou - e antes de ir, a gente tem uma surpresa para vocês.

Os gêmeos entraram na sala seguidos de outros garotos. Todos vestiam o uniforme do time de vôlei e estavam com a cara pintada de tintas neon. Carregavam com eles um rádio que tocava uma música bem tosca enquanto eles dançavam na frente da turma toda. Aquilo tinha sido uma das coisas mais ridículas que eu já havia visto, olhei para Sheila e ela compartilhava essa minha opinião. Comecei a rir do quanto aquilo tudo era idiota e de repente meu olhar encontrou com o de Rodrigo.

Ele também sorria. Para mim.

...

O teste para o time de vôlei havia sido a coisa mais fácil do universo.

Devido aos meus um metro e noventa, jogar vôlei contra os novatos era como roubar doce de criança. Eu era o mais alto, o mais forte e também o mais ágil. Bloquear, atacar, defender... jogando contra os meninos mais novos eu não dava chance para ninguém. Confesso que quando o time da escola resolver jogar contra mim as coisas ficaram mais difícil. O meu time improvisado tinha uns garotinhos sardentos e medrosos que não conseguiam nem sacar a bola e o time da escola tinha experiência e tática. Mesmo assim, quase que eles perdem para mim, pois ninguém conseguia segurar o meu saque.

Os jogos terminaram e eu bocejei sem muito entusiasmo.

- Parabéns meu amigo - um menino se aproximou perto de mim - acho que você será uma das poucas aquisições desse ano.

O garoto na minha frente tinha a metade da minha altura. O nariz mais arrebitado possível e um gigantesco topete vermelho HORROROSO.

- Quem é você mesmo querido? - perguntei desinteressado.

- Me chamo Davi - ele respondeu - estou no terceiro ano, me mudei para cá esse ano somente para entrar no time de vôlei.

- Mas gente... - falei sorrindo - que ridículo. Só para entrar em um time cheio de pivete que só porque ganharam um troféuzinho furréla estão se achando. Vamos estar trabalhando essa alto-estima?

Davi pareceu não gostar do meu comentário. Caguei para o que ele estava achando e arrumei minhas coisas para ir embora. Quando mais alguém se aproximou:

- Você fez um ótimo teste - Rodrigo apareceu me cumprimentando - vai ficar para o debate?

- Hoje não vai dar - falei com um sorriso - outro dia a gente tenta.

- O Davi te assustou é? - Rodrigo olhou para o menino de cabelo vermelho e o abraçou - não liga para ele não, ele é um bom garoto.

Senti uma pontada de ciúmes, mas logo passou. Na verdade eu não estava afim de entrar pra time de vôlei nenhum e Rodrigo já não me era tão atraente assim.

- Vocês dois foram uns amores - ganhei o prêmio "falsa do ano" - mas eu preciso ir agora.

Virei as costas e sai procurando algo melhor para fazer.

O time de vôlei parecia ser algo legal, mas na verdade era muita babação de ovo e isso não cabia mais para mim. Queria algo novo, inusitado e que aquela escola jamais teria visto antes. Caminhei em direção ao painel de atividade e para minha surpresa encontrei Sheila parada na frente dele, meio cabisbaixa.

- O que aconteceu minha flor? - perguntei e ela se assustou.

- Não é nada meu cravo - ela falou disfarçando - só estou olhando as atividades idiotas aqui.

- E vai fazer alguma coisa? - perguntei dando uma olhada melhor nas atividades, a maioria era esportes e clubes de estudos. Tudo parecia ser tão chato.

Sheila não tirava os olhos de um papel que estava praticamente escondido no painel. Tentei ler as letras coloridas, mas tive que me aproximar mais perto para poder enxergar.

"Clube de teatro Renascer - inscrições abertas"

- Você quer entrar para o teatro? - perguntei para Sheila.

- Você quer? - Ela me perguntou de volta.

- Pelo jeito ninguém se inscreveu - falei apontando a folhinha - e pelo que eu me lembre, não vi nenhum teatro na escola.

- Vamos tentar? - ela sugeriu - podemos fazer dele o grupo mais incrível da escola. Não aguento mais escutar "o time de vôlei isso", "o time de vôlei aquilo"...

Pensei por um momento. Eu sempre tive curiosidade de fazer teatro, porque não tentar? E além disso seria uma ótima oportunidade para fazer outra coisa que não fosse vôlei. Olhei o nome da professora que dava essa atividade "Professora Margarete", sabia que iria me arrepender, mas mesmo assim, olhei para Sheila e disse:

- Estou dentro!

Descemos as escadas para ir embora da escola quando eu vejo Rodrigo e Davi subindo.

- E aí Alê - Rodrigo acenou - te vemos no treino amanhã?

- Claro - respondi com mais um sorriso falso e continuei andando ao lado de Sheila.

Fiquei esperando minha mãe aparecer para me buscar enquanto Sheila fazia o mesmo. Fofocamos sobre todos os babados que eu precisava saber sobre a galera da minha turma. Descobri quem pegava quem, quem traia quem, quem era virgem e quem não era, Sheila se mostrava uma bela informante de tudo.

- E você e o menino Rodrigo? - ela perguntou - vai rolar alguma coisa.

- Só uns beijos quem sabe - respondi - mas antes eu preciso entrar para aquele time idiota dele e dos gêmeos.

O pai da Sheila chegou e gente se despediu. No fundo eu gostava dela, ela tinha aquela camada de menina malvada, mas no fundo ela era gente boa. No fundo eu havia gostado da escola e já estava pronto para ir para o terceiro e último passo do manual.

TERCEIRO PASSO: FAÇA TUDO VOLTAR AO NORMAL.

É como um trem que saiu dos trilhos e se reencontrou. A vida se segue a partir de agora e eu já havia esquecido do meu passado com Diego e poderia voltar ao normal.

E até quem sabe dar uns pega no menino mais gatinho da escola.

...

- VOCÊ SÓ PODE ESTAR DE BRINCADEIRA! - Cesar não ficou nem um pouco feliz ao ouvir aquilo - VOCÊ FICOU COM O RODRIGO?

A chuva voltou a ficar mais forte. Iria provocar Cesar para ver aquele sorriso de mosca morta dele acabar.

- SIM! - respondi - a gente ficou por um tempo e agora estamos namorando.

- você... - Cesar me olhou com desprezo - você é um projeto de quenga mesmo hein?

- É brincadeirinha - falei rindo horrores do ciúmes do Cesar - Fiquei com Rodrigo nenhum não, ele não fazia o meu tipo.

- Seu bocó - Cesar resmungou - e esse seu manual é ridículo.

- Porque? - eu perguntei.

- Está na sua cara que você não esqueceu o Diego, até hoje. Eu vi você jogando essa pedrinha lá do outro lado da rua e vi você correndo ir buscar. Você chorou feito um bebê quando contou sua história. Alexandre, você só tenta esconder que tem um coração de pedra, mas no fundo você parece uma manteiga derretida.

- Manteiga derretida? Gente, você parece minha avó!

- Vai! Me conta a verdade - Cesar insistiu - você jamais conseguiu esquecer o Diego não é mesmo?

- Eu não menti! - falei com um pouco de raiva - se você me deixasse terminar de contar a história pelo menos.

- Estou esperando - Cesar cruzou a perna como se já tivesse vencido.

- Aonde eu parei mesmo - falei me lembrando - ah sim...

...

Sheila tinha acabado de ir embora quando eu vejo o carro da minha mãe estacionando na frente da escola. Eu fui tentar abrir a porta, mas ela me impediu dizendo:

- Espera um pouco aí! - ela desceu do carro e acenou para um outro carro mostrando uma vaga na frente da dela.

- O que foi? - perguntei preocupado - aconteceu alguma coisa.

- Não - ela respondeu - eu só vim mostrar a sua escola para ele fazer a matrícula aqui também.

O carro estacionou e meu coração começou a bater mais forte. A porta de trás se abriu e eu vi Diego e seus pais saindo do carro. A ficha caiu mais rápido do que eu havia pensado. A família inteira dele estava ali, aquilo só poderia significar uma coisa.

Diego se aproximou com o mesmo sorriso de sempre e me cumprimentou com um toque de mão, vi a pedrinha da esperança enroscada em um colar em seu pescoço e aquilo quase me fez chorar de alegria:

- Eaí Alê! Fiz meu pai se transferir para cá também - ele disse com sua voz infantil- eu não falei que daria um jeito.

E então eu coloquei mais um passo no meu pequeno manual.

QUARTO PASSO: VOCÊ JAMAIS VAI CONSEGUIR ESQUECER O VERDADEIRO AMOR.

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Então é isso meus babys. Não esqueçam de comentar o que vocês estão achando dessa porra toda (e é sério)(eu ainda não tomei um rumo para essa temporada)(seria bacana se vocês me ajudassem seus lindo)

Beijos no core <3<3<3 Desculpem a correria de sempre, uma paçoca bem gostosa para vocês e até a próxima

IV - "O trote do fauno" - O tive de vôlei da universidade aplica trotes pesados nos calouros. Cesar tenta se aproximar de Mateus.