A história de nós três - 2X19 - "Fui eu..."

Parte da série A História de Nós Três

A minha segunda-feira se resumiu em ir ao hospital e a delegacia. Um sargento linha dura me atendeu. No inicio ele estava muito grosseiro, foi áspero. Ele interrogou a todos nós. Menos meu irmão que estava com o pé torcido e estava no hospital. O delegado afirmou que quando saísse do hospital o pai do Duarte desceria direto para a penitenciaria.

Fiquei mais tranquilo e triste ao mesmo tempo. Deve ser chato ter um pai que deveria amar e proteger a gente e ao invés disso ele quase te matar, o pior sentimento que existe. Cheguei no hospital e a Luciana estava lá no quarto com a minha mãe.

- Pedro!! – ela disse correndo e me abraçando.

- Oi amiga! – falei apertando ela forte.

- Ai amigo que horrível, quando eu soube fiquei com tanto medo. Homem maluco! – ela disse.

- Verdade, mas o importante é que todos nós estamos bem. – eu falei.

Meu celular tocou e era o pessoal da seguradora. Sem o Mauricio eu me sentia perdido, geralmente ele resolvia essas coisas. Cheguei em casa e pude ver o estrago, meus olhos se encheram de água. E eu pedi ao homem da seguradora para eu ficar sozinho um pouco. Tudo estava preto, no meio dos entulhos eu encontrei uma foto. Estávamos eu, o Paulinho e o Mauricio, chorei baixo, e me recompus para falar com o homem. Ele disse que como foi um crime as coisas deveriam ser analisadas, falei que não tinha problema e tive que voltar ao hospital.

Chego à sala de espera e encontro o Duarte banhado de sangue. Me assustei e corri para saber o que havia acontecido. Ele falou que quando chegou em casa a mãe dele estava desmaiada no chão com o rosto cheio de sangue. O abracei e pedi calma.

- Qual médico atendeu a sua mãe? – perguntei.

- A Priscila... ela levou minha mãe para cirurgia. – ele disse chorando.

- Tudo bem querido vai dar tudo certo. Vamos dar um jeito.

- Não... meu pai tentou me matar, minha mãe está morrendo... tudo por minha culpa! Pedro eu quase matei você, seu filho e o Phelip. – ele disse quase desmaiando.

- Calma... é muita coisa para você absorver. – falei sentando com ele.

- Eu não vou aguentar... não tenho ninguém no mundo. – ele disse se desesperando.

- Tem a mim, tem ao Phelip. Não fala besteira, você tem que se concentrar na sua mãe agora. – falei olhando nos olhos dele.

- Pedro... se ela morrer eu não sei o que eu vou fazer. – ele disse me abraçando.

- Tudo bem querido... todos vão ficar bem. Tudo vai passar.

Carreguei ele no colo até o quarto onde o Phelip estava e todos se assustaram. Falei que tudo estava bem e expliquei o que estava acontecendo. Deitei ele ao lado do Phelip que ficou meio desconfortável, mas ao ver o Duarte frágil o abraçou, beijou sua testa e disse que tudo ficaria bem. Minha mãe e a Luciana ficaram meio sem entender aquela forma de eles se tratarem com carinhos e caricias. Eu as chamei para conversar no corredor e tive que explicar tudo para a minha mãe. Ela ficou meio chateada, mas porque não havíamos contando para ela.

- Mãe... a senhora tem que entender que o Phelip ainda não se aceitou. Ele precisa do tempo dele. – falei com os braços cruzados o corredor estava frio.

- Eu entendo meu filho, vou fazer o meu melhor, mas o Duarte está coberto de sangue. Temos que ir na casa dele pegar roupas. – ela disse.

- Eu tenho que ver o Paulinho...

- Eu vou amigo. Não tem problema. – a Luciana se prontificou para leva-lo.

Eu entrei e expliquei para o Duarte que ele precisava ir para casa. Pegar algumas coisas para ele e para a mãe dele. A

Luciana o levou e eu voltei para o quarto do Phelip.

- Então meu filho... o Duarte... hein!

- Mãe!!! Eu... eu... – falou o meu irmão ficando praticamente um tomate.

- Sério meu filho!!! Deixa eu te contar uma história, meu filho mais velho é casado... quer dizer era, e tem um filho... com outro homem. Você aqui a gente teria alguma coisa contra? – ela disse abraçando o Phelip. – Eu te amo pelo filho maravilhoso que você é... na verdade eu não sou tua mãe, mas no fundo do meu coração, eu não faço diferença entre você, a Priscila e o Pedro.

- Obrigado mãe! – ele falou chorando abraçando a mamãe.

- Gente... o clima está lindo, mas eu tenho que ver o meu filhote. – falei saindo do quarto.

- Mas me conta Phelip? – perguntou a minha mãe. – Garota e garoto?

- Mãe!!!

Passei perto da sala do Mauricio e estava tudo vazio. Ver aquela sala daquele jeito, era como estar vendo a minha vida naquele momento, vazia e bagunçada. Chorei e subi para a ala pediátrica. Meu filho estava brincando com outras crianças e estava muito animado.

- Papai... conta para eles como a nossa casa fez Bum!!! – ele disse levantando os bracinhos.

- Fez sim meu filho... = falei pegando ele.

- Ai o Papai quebrou a porta... ai fez bum!! Bum!! Bum!! – falou rindo.

- Para ele foi apenas uma brincadeira, não ficou com nenhum trauma, que bom. – falou a enfermeira.

- Graças a Deus.

- Mas que bom que vocês estão bem Pedro. – ela falou tirando uma criança do chão.

- Obrigado! Fico feliz também. – falei saindo.

- Pedro... espera!!

- Oi...- falei virando. – Oi Marcela?

- Como está o Paulinho? – ela perguntou mantendo certa distância.

- Está bem. Estamos bem.

- E o Mauricio?

- Foi embora hoje de manhã... foi para o Rio de Janeiro.

- Entendo.

- Com licença Marcela. – falei virando de costa e fazendo força para não chorar.

Esbarrei no Doutor Emanuel e quase caiu no chão se não fosse ele me segurar.

- Nossa Pedro... cuidado. – ele disse rindo. – Você estão melhores?

- Sim, estamos.

- Você sabe que o Mauricio foi embora hoje né? Pedro... eu sempre acompanhei a vida do Mauricio, ele merece uma segunda chance, é uma pessoa boa, honesta. Se ele fez foi um erro e se arrependeu... você nunca errou?

- Nossa Doutor... até o senhor?

- Torço pelas coisas que eu acho certo.

- Fui eu...

Eu e o Doutor Emanuel viramos para trás e a Marcela continuou falando.

- Eu beijei o Mauricio... fui eu... foi de surpresa, ele não sabia de nada... ficou confuso... ele te ama Pedro... ele sempre te amou e sempre vai te amar... eu não posso competir com isso. – ela disse me dando uma fotografia nossa.

- Doutora Marcela?! – falou o Dr. Emanuel meio zangado.

- Fui eu quem beijou o Mauricio... – ela falou saindo do hospital e com lágrimas nos olhos.

- Douta Marcela precisávamos conversar... volte! – gritou o Doutor Emanuel.

- Tudo bem... eu preciso levar meu filho para a minha mãe.

- Pedro!! Você não ouviu?

- Ouvi.

- E o que você vai fazer?

- Eu não possa fazer nada Doutor. Acabou. – falei deixando uma lágrima escorrer no meu rosto.

Entro no quarto e minha mãe estava sentada lendo uma revista e meu irmão assistindo um filme. Comecei a chorar como uma criança e os dois se assustaram, minha mãe pegou o Paulinho dos meus braços e o meu irmão foi até a mim. Eles realmente ficaram preocupados, eu chorava tanto que mal conseguiu falar. Minha irmã entra na sala e pergunta o que estava acontecendo.

- Me diz!!! – ela gritou.

- O Mauricio... ele foi embora!!! É tudo culpa dele. – falei chorando.

- Culpa dele?! Culpa Dele? – ela disse me arrastando pela quarto. – Vem comigo.

- Não... me deixa em paz! – gritei.

- Vem por bem ou por mal. – ela disse puxando a minha orelha.

A Priscila me arrastou por todo o complexo do hospital e paramos na sala de segurança. Ela pediu para um guarda colocar uma tal de fita. Ela explicou que as câmeras de segurança filmaram o momento do beijo, fiquei meio relutante em saber a verdade, quer dizer eu já sabia, mas se foi do jeito que foi e não do jeito que eu pensei, eu seria o responsável de estragar o resto da minha vida.

“Nas imagens o Mauricio estava limpando a mesa de operação, quando a Marcela entra e eles começam a conversar. A

Marcela abraça o Mauricio e ele a empurra e sai da sala. Depois de alguns minutos ele retorna com uma caixa, ela abre e são fotos rasgadas, fotos acho que do relacionamento deles. Ela joga a caixa no chão e eles começam a discutir. Ela avança para cima dele e tasca um beijo. Eu apareço e saiu correndo, o que para mim durou minutos para os outros durou segundos. Ele afastou com violência e ela caiu no chão, ela começou a chorar e deu a mão para ele a levantar. O Mauricio saiu correndo e deixou ela sozinha na sala”

- Meu Deus – falei chorando.

- Isso Pedro!!! Era isso que você queria... esta aí a verdade... a tua cabeça de melão fez isso com você! – ela disse me batendo.

- Nossa então realmente a culpa é minha!!!

- Agora você precisa ir até São Paulo pedir perdão ao Mauricio de voltar para ele.

- Não! Eu não vou... está feito, os advogados estão cuidando de tudo.

- Você não me ouviu... eu não vou deixar você acabar com algo tão lindo, fiquei calada esses últimos dias, mas quero dizer que nem que eu te leve amarrado para São Paulo, você vai.

- Não Priscila, não enche, eu não sou criança para você mandar em mim.

- Por isso mesmo... você não é mais criança. Para de tentar se esconder atrás do Paulo... ele morreu... e deixou para você a missão de homem da casa... você é o homem da nossa família Pedro. Então haja como tal. – ela disse se emocionado.

- Mas o que eu vou fazer?

- Tem que ser algo grande... romântico...que ele nunca mais vai esquecer...

- Eu to sem ideias... to cansado... estressado. Eu só quero ele de volta para mim.

- Vai lá com a mamãe e avisa que vamos para São Paulo, pede para ela cuidar do Paulinho. – ela disse correndo para o outro lado.

Fui até a minha mãe cheguei chorando, meu Deus até agora eu já velho, adoro o colo da minha mãe, foi a melhor coisa que fizeram. Ela disse que me apoiava e que eu deveria seguir o meu coração e fazer uma loucura para conquistar a confiança do Mauricio.

- Oi gente... – falou a Luciana.

- Oi... – entrou o Duarte meio desconfiado.

- Duarte... terminou a operação da tua mãe... ela está na sala 07... pode ir lá. – falei.

Ele praticamente saiu correndo. A Luciana falou que eles demoraram, pois, eles tiveram que organizar a casa estava a maior bagunça. Contei para a Luciana e a minha mãe o que havia acontecido, sobre a Marcela confessar e a minha ideia de ir até São Paulo. Ela topou na hora e disse que gostaria de ver, o Phelip também se interessou e pediu para ir, mesmo com o pé torcido. Eu deixei afinal ele já estaria liberado naquela tarde e não haveria problemas.

A Priscila chegou com a informação de onde o Mauricio estava hospedado e o horário do voo dele. Arrumamos o Phelip e eu fui falar com o Duarte, ele disse que iria ficar no hospital naquela noite e a minha mãe se prontificou de pega-lo para ele dormir em casa. A mãe dele já estava consciente e se sentindo envergonhada pelo o que aconteceu. Falei que não era para ela se preocupar, pois, tudo estava bem. Minha mãe falou também que não era para ela se preocupar com o Duarte e nem com o marido dela, o importante era ela se curar.

Deixamos o hospital e fomos para casa, eu não tinha roupa nenhuma perdi tudo no incêndio, não deixei roupas lá na casa da minha mãe depois que voltei para morar sozinho na minha casa, fui até o quarto dos meus pais e abri uma caixa de roupas do Paulo, escolhi alguns. A Priscila me chamou e disse que o carro já estava pronto, seria uma viagem de alguns horas. De repente eu tive um estalo...

- Espera... precisamos levar a caixa de som e o nosso aparelho, depois ir no mercado e comprar folhas de papel cartolina... eu já sei o que fazer...

Paramos no mercado próxima de casa e corri até lá.

- Moço quantas cartolinas você tem ai?

- Muitas... – disse um senhor.

- Eu preciso de todas. – falei com uma certa urgência na voz.

- Ok, meu filho. Deixa eu contar elas. – disse ele pegando uma caixa grande e contando uma por uma.

- Meu senhor, eu pago o dobro do que elas valem, eu só preciso das cartolinas. – falei entrando pelo balcão e pegando as cartolinas e alguns pincéis pretos e deixando uma boa quantia em dinheiro.

- Cartolina cinza? – perguntou a minha irmã.

- Era a única que tinha. – falei entrando no carro. – Phelip é o seguinte, você escreve a música e eu faço umas declarações aqui.

No caminho eu e o Phelip íamos escrevendo uma mensagem no papel cartolina, foi meio difícil o carro tremia às vezes, mas conseguimos fazer essa proeza, muitas vezes enquanto escrevia me emocionava. Chegamos ao hotel e o Mauricio não estava mais lá, já havia feito o check-out do hotel. Percebemos que o horário que o Doutor Emanuel deu para gente era errado, pois, a atendente disse que o Mauricio iria sair em mais ou menos 30 minutos.

- Moça e tem como a gente chegar ao aeroporto em 30 minutos?

- Ter tem, mas você tem que se apressar.

A Luciana saiu em disparada, as ruas de São Paulo são muito congestionadas ainda mais que chegamos num horário difícil. Conseguimos com muito custo chegar ao Aeroporto, a surpresa seria improvisada, mas eu não estava nem aí, queria ter ele de volta. Descemos do carro e eu organizei os cartazes, o meu irmão trouxe o aparelho de DVD e a minha irmã e a Luciana a caixa de som. Tínhamos que achar o portão de embarque dele. Não foi difícil de achar, ele estava lendo um livro de medicina sentado esperando o voo, não fiz alarde e eu respirei fundo, esperando os meninos ligarem o DVD quando a música começou a tocar, algumas pessoas olharam.

- Mauricio!!! – eu gritei com a voz rouca, segurando umas 100 cartolinas e me segurando para não chorar.

- Pedro? Luciana? Priscila? Phelip? Será que aconteceu algo? – ele disse se levantando.

- Eu precisava que você escutasse uma coisa! – falei chorando e segurando os cartões.

No primeiro dizia – “Eu só quero uma coisa da minha vida... Eu quero você”

Cartaz: Mauricio... foi preciso uma pessoa que eu mal conhecia para me ensinar o que é perdoar.

Eu escutei essa música já algunas dias atrás. E chorei muito sabe porque?

Enquanto o sol brilhar, e a gente percorrer por essa estrada onde o medo nunca teve um lugar, será a nossa história enquanto o sol brilhar.

Começa música -

Dia a dia é bom viver

Jamais cansa a vida assim

Como as nuvens lá do céu

E ganhar da vida em si

Inexperiência e esperar

Esperança de amar

Rosa louca dos ventos

Presa à copa do chapéu

Sei que tudo se transforma

Mas o amor prevalecerá

Enquanto o sol brilhar

E o dia amanhecer

Eu sei que o meu querer

Será sempre você

Enquanto o sol brilhar

E a gente percorer

Por essa estrada onde o medo nunca teve um lugar

Será nossa história enquanto o sol brilhar

Cartaz -

Confesso que fui tudo o que eu não gosto... orgulhoso, egoista, mimado, um verdadeiro lixo. Mas estou vencendo as barreiras hoje... sabe poque?

Nosso amor vai prosseguir

Todo dia vai recomeçar

Sei que a vida é assim

Não quero lembranças suas

Perdi tantas vezes, não tentei

O medo venceu no fim

Mas atiro em suas maos

Distraídas uma flor

A rosa dos sonhos meus

E assim teras o meu amor

Amor as pessoas precisam de uma segunda chance. Por isso, eu estou aqui agora. Pedindo para que você me perdoe e não vá embora. Vamos esquecer as palavras e tudo o que machucou.

Precisamos criar os nosso filhos. E eu não posso fazer isso sem você. Eles precisa de alguém honesto, paciente e amoroso, não vejo eles sendo criado por outras pessoas que não sejam nós dois. E acima de tudo eu preciso de você ao meu lado. Sem você eu me perco. Volta para mim?

Eu comecei a chorar mais forte do que antes e deixei o resto dos papeis cairem no chão. O Mauricio andou até a minha direção e ficamos nos olhando. Ele estava mais emocionado do que eu, chorando também. Até que... ele fez sinal de negativo com a cabeça.

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Comentários

Há 4 comentários.

Por em 2013-05-28 13:00:59
A história de nós três - 2X19 - "Fui eu..."
Por em 2013-05-15 14:15:36
Oi again. eu peço desculpa pelo que escrevi, não que me arrependa mas porque ontem eu estava meio emocional e sentimental e depois que comecei a ler não sei o que deu comigo, eu só chorava, ria, parecia um cara muito sentimental e na verdade eu não sou, sou bem frio até. mas enfim, fazer o que, né? já esta feito. Contudo, tudo o que disse eu continuo sentindo mas se fosse hoje, já de cabeça fria, eu tinha omitido que chorei. Espero ansiosamente pelo próximo capitulo e mais uma vez parabéns porque vc merece. Ass: o 1º poste. Enviado de Portugal.
Por My Way em 2013-05-15 04:37:19
Agradeço a vocês pelo apoio e carinhos. Valeu pelas mensagens pelo email. E continuem curtindo a história. Abraços!
Por em 2013-05-14 18:47:33
Amigo ai de cima tbm chorei muito já com esse conto kk maravilhoso o jeito q ele escreve. May Gomes