Comum & Extraordinário - Capítulo 58

Parte da série Comum & Extraordinário

Boa Tarde...

Então, hoje eu estou um pouco sem tempo porque estou fazendo alguns ajustes aqui onde trabalho, então tirei um momento apenas para responder os comentários de vocês. Rsrsrs. Estou em mondo escravo hoje e não estou tendo tempo nem para tomar o meu café direito.

Só para os avisar, o capítulo de hoje é extenso, e espero que possam ler tudo com atenção, porque é nesse capítulo que o desfecho começa. Sim, Jonathan finalmente confronta o responsável por tudo.

No mais, espero que todos estejam bem e que estejam gostando dos momentos finais do conto.

Um beijão e um abração para todos.

Obs: Não vou falar sobre o capítulo de hoje para os deixar com a surpresa. Espero que tudo corra como vocês querem e desejam.

- diegocampos: Amo os dois juntos. Rsrsrs. Muito mesmo... Eu esqueci sim, me desculpa, foi sem querer mesmo, nem tinha percebido. Rsrsrs... No mais, um beijão para você, e obrigado.

- bielpassi: Mas gente, estou passada. Hahahahahahaha. E o que aconteceu depois? Hahahahaha. Bobo... No mais, obrigado, obrigado mesmo.

- Jr.kbessao: Obrigado... Rsrsrs. Eu também estou feliz por tudo isso estar acontecendo com ele depois de tudo... Rsrsrs. Um beijão.

- H.Thaumaturgo: Hahahahaha. Já passei por isso, muitas vezes, por isso eu sempre copio o comentário antes de postar, e se der errado, é só colar de novo e tentar outra vez... Sobre o sexo entre Matheus e Caio, infelizmente não vai ter. O conto é narrado por Jonathan, e a não ser que ele presencie o sexo entre os dois é meio complicado. Não gosto de misturar ou mudar o narrador da história... No mais, um abração, e mais uma vez, obrigado. Rsrsrs.

- luan silva: Amo quando chamam de série. Hahahahaha. E o Miguel é a coisa mais linda do mundo... No mais, obrigado mais uma vez, e um beijão.

- Niss: Amei destruir a vida da Rafaela. Lavei minha alma. Hahahahahaha. Eu também achei pouco, mas teve que ser isso mesmo. Hahahahaha. E pode esperar mesmo, não vou te contar o que vai acontecer. Rsrsrsrs... Eu faço questão de encontrar alguém para o Carlos, porque ele é um dos meus personagens preferidos da história... Vou morrer com tanto elogio, sério. Meus olhos até lacrimejam um pouco. Rsrsrs. E quanto a ausência, não se preocupe. Comente quando puder. Rsrsrs. Beijão, e obrigado.

_____________________________________________________________________________________________________________________

Comum & Extraordinário - Capítulo 58

Eu sei que eu já devo estar cansando com toda essa história de sensação e pressentimento, mas eu não consigo evitar, eu nunca consegui, e eu novamente tinha acordado com uma sensação de que o dia seria um desastre ecológico de situações catastróficas, mas eu não estava com medo do que a vida me reservava nesse tão delicioso dia.

Para começar, eu reparei que eu coloquei o pé esquerdo no chão primeiro ao me levantar, e eu nunca reparei isso, nunca mesmo. Outra coisa que me chamou atenção foi as coisas conspirarem para meu atraso. Sei que um contradiz o outro, mas eu achei interessante da mesma forma. Não tinha mais pasta de dentes no meu banheiro, então tive que ir a despensa pegar. O papel higiênico também estava no fim, assim como o sabonete. O chuveiro tinha queimado, ou seja, tomei banho de água fria por me recusar a usar o banheiro de baixo. Meu desodorante tinha acabado, então acabei usando o do meu pai, e por aí vai. Tudo o que eu precisava com urgência nesse dia não estava ao meu alcance.

Quando desci para tomar o meu café, não tinha leite, e aí que a coisa desandou de vez. Eu enxerguei tudo como uma conspiração contra a minha pessoa, para eu não sair de casa em hipótese alguma hoje, mas as vezes tudo se contrariava e pedia para eu realmente sair e ir para a escola, então eu resolvi fazer o que eu tinha que fazer hoje e esquecer uma superstição boba.

Como eu tinha que estar na escola as seis da manhã, eu levantei muito cedo, e quando eu saí de casa, meus pais ainda não haviam acordado. Eu convenci o Matheus nesses dias que se passaram a voltar a andar de carro por aí, então ele estava na porta da minha casa quando saí, um pouco cauteloso, mas estava. Assim que entrei, dei um beijo no rosto dele, que acabou o acalmando quando eu falei que ele estava muito bonito e que eu pegaria, resultando em seu comentário de que ele não pega mulher. Fomos rindo o caminho todo, conversando, repassando algumas matérias e falando sobre as prováveis fofocas na escola e na sala de aula.

Quando chegamos, Matheus estacionou o carro, mas demorou um pouco para descer. Tínhamos chegado ali por volta das cinco e trinta e cinco, mas eu só fui descer do carro com o Matheus as cinco e cinquenta, isso depois de o convencer de que tudo ficaria bem.

Depois que nos sentamos em algumas cadeiras de espera em frente a mesa do diretor, tentamos nos acalmar mais um pouco, falando bobeira e conversando amenidades sobre a vida, como a gente sempre fazia. Rimos um pouco, falamos sobre coisas sérias e eu comecei a tremer de nervosismo, e o Matheus também. Tínhamos cerca de quatro ou seis provas para fazer, e tudo isso até as dez e meia da manhã, já que a última aula seria uma palestra obrigatória que todos os alunos deveriam assistir, inclusive nós dois. Matheus e eu então entramos na sala do diretor as seis e dez, porque eu vi no enorme relógio que estava na parede. O homem nos pede para nos sentarmos. Eu me sento em um canto da enorme sala e o Matheus se senta na outra extremidade. Recebemos então um bolo de papel. Na verdade não era bem um bolo, era um pouco de papel, que no caso eram as seus provas que foram dadas nesse meio tempo em que não estive na escola. O tempo é iniciado e nós então começamos.

A primeira prova que eu decido fazer é a de geografia pelo fato de eu ter mais facilidade com a matéria. Começo a ler, respondendo as perguntas mais fáceis primeiro e depois evoluindo com o nível de dificuldade das questões. Eu garro em uma que eu não me lembrava sobre o que era, e novamente acontece com outra pergunta, e como era de marcar verdadeiro ou falso, resolvo chutar. Quando termino, vou para a de história, que estava um pouco mais complicada. Matérias escritas assim geralmente são mais fáceis para mim, não sei porque, mas essa prova em si estava realmente difícil, e eu sabia o porque. Como tudo o que foi passado em sala de aula nesses dois últimos meses não poderia cair em uma prova dessas, resolveram pegar os tópicos principais e mais difíceis para nos avaliar em uma prova, e eu entendi.

Depois que terminei todas as provas escritas, como história, geografia, biologia e sociologia, passo para as exatas, como matemática e física, que na verdadade tinha um pouco de química também. Como tudo ali se baseava em saber as fórmulas e eu havia aprendido, ficou mais fácil para mim.

Fiz a de matemática primeiro, onde garrei em várias questões apesar de eu achar que as formulas me ajudariam, ledo engano. Acabe me estrepando um pouco, tendo que começar muita coisa de novo, mas no final, constatei de que pelo menos metade da prova estava correta. Quando peguei a de física, logo me lembrei do Rodrigo. Li cada questão com a devida atenção, e algo me fez parar e ler uma questão várias vezes. Algumas palavras estavam com fontes estranhas, praticamente iguais, e só quem realmente prestava atenção na curvatura inicial das letras perceberia a diferença, e algumas letras estavam com essa fonte diferenciada. Na questão dois eu comecei a ler palavra por palavra em fonte diferente, e eu vi que o Rodrigo havia deixado uma pista para mim, e quando terminei de formar as palavras, sorri como um bobo, achando aquilo incrível. Ele havia escrito ‘Jonathan, eu te amo’, e quando achei o ‘O’ final, não consegui parar de sorrir, até o diretor olhou para mim e eu tive que me controlar. Quando faltava duas perguntas para eu terminar, Matheus entrega todas as provas, sorrindo, e eu soube que ele tinha ido bem. Resolvo então terminar as minhas e finalmente entregar também.

- Eu estou com o gabarito em mãos de todas as provas, e como ainda falta cinquenta minutos para o tempo de vocês acabar, eu vou corrigir de uma vez. Pode ser? - Ele pergunta, sorrindo.

- Claro, sem problemas... - Eu respondo.

- Tudo bem... - Matheus sorri.

O diretor se senta em sua mesa com todas as provas, coloca seus óculos de grau e começa a corrigir com atenção uma por uma, parecendo conferir cada detalhe e resposta com o gabarito que estava ao seu lado. Eu estava confiante de que tudo iria correr bem, e o Matheus também, já que ele estava bem tranquilo o tempo todo. Por volta das dez e quinze, ele começa a corrigir as duas últimas provas, e sua cara era uma das boas, como se estivesse gostando do resultado, então esperei por melhores respostas. Quando ele finalmente termina, as dez e vinte e cinco, ele olha sorrindo para a gente, um sorriso genuíno.

- Parabéns. Vocês realmente foram bem nas provas...

- Sério? - Eu pergunto, exibindo um sorriso enorme no rosto.

- Sim... Jonathan, você teve um pouco de dificuldade com matemática, tirando dois pontos abaixo da média, mas isso não é motivo para não deixar você voltar as aulas. Converse com o professor depois que ele vai se encarregar de te passar um trabalho extra para resolverem isso.

- Obrigado...

- De nada... - Ele olha para as provas do Matheus. - E Matheus, procure a professora de história para acertar os três pontos abaixo da média que você teve na matéria. Também não vou te barrar por isso.

- Obrigado direito, muito obrigado... - Matheus quase chorava.

- Estão de parabéns. Em muito pouco tempo pegaram as matérias, estou surpreso, ainda mais depois... - Ele para de falar quando o Matheus perde o sorriso. - De terem faltado tanto as aulas. - Ele desconversa, e eu agradeço por isso.

- Obrigado mesmo diretor, sério. - Eu falo, sorrindo.

- Podem sair agora, e esperem pela palestra na sala de aula de vocês.

- Tudo bem.

Matheus e eu nos levantamos e saímos da sala do diretor, e assim que fechamos a porta e nos afastamos um pouco, nos abraçamos e começamos a pular em comemoração. Mandamos mensagem para a Carol, que estava na sala, e ela praticamente gritou por mensagem, nos parabenizando. Resolvemos então passar no banheiro primeiro. Chegamos lá, fizemos o que tivemos que fazer, lavamos o rosto e depois saímos, dando de cara com uma menina que nos olhou com tristeza no olhar, como se dissesse um ‘Sinto muito’, mas eu não me importei. Matheus deu uma travada por causa disso, mas eu coloquei meu braço em seus ombros e fomos em frente. Parei para beber um pouco de água quando estávamos chegando na sala, mas Matheus decidiu entrar de uma vez, me deixando na fila do bebedouro, onde havia duas pessoas na minha frente. Quando chegou a minha vez, me inclinei um pouco e comecei a beber a água, mas minha garganta simplesmente se fechou e em quase me engasguei quanto senti um calafrio percorrer todo o meu corpo. Eu me coloco de pé e olho para trás, dando de cara com o infeliz do Thallison, que sorria.

- E ai Jonathan, como você está? - Ele estava diferente, seu tom de voz estava diferente.

- Como se você se importasse Thallison. - Eu olho para ele com desgosto. Que cara inconveniente.

- Eu fiquei sabendo do que aconteceu. - Ele diz, e eu percebo algo estranho em seus olhos, como se ele estivesse satisfeito por dentro, rindo interiormente da minha cara. Não entendi.

- Sério? Bom pra você. - Eu começo a andar, mas ele me segura pelo braço, me causando outra vez aquele arrepio medonho.

- Eu ainda não acabei de falar, a onde você vai? - Ele me faz olhar nos olhos dele. - Infelizmente coisas ruins acontecem com pessoas boas.

- Infelizmente, agora eu tenho que ir. - Eu me solto, mas ele me segura de novo, e só de sua pele tocar a minha, sinto vontade de vomitar.

- Eu ainda estou falando com você Jonathan. - Seu olhar estava muito estranho. - Sinto muito pelos machucados, pelo corte, por tudo... - Ele não sentia, eu conseguia ver em seus olhos o prazer que ele tinha naquele momento, e foi então que um estalo ocorreu em minha mente, como se as peças de um quebra cabeça tivessem sido jogadas em cima de mim, me forçando a montar.

- Me solta Thallison.

- Não estou a fim. Você vai sair daqui quando eu deixar. - Eu começo a sentir um cheiro estranho.

- Eu não sou sua propriedade e não tenho a obrigação de te obedecer.

- Jonathan, você é tão ingênuo... - O cheiro passa a ficar ainda mais forte, parecia atacar diretamente o meu cérebro, e isso me fez tremer de um súbito ódio.

- Me solta! - Eu grito e puxo meus braços, mas ele é extremamente violento e me joga contra a parede, prensando o meu corpo, e foi aí que o cheiro se tornou completamente familiar. Era um aroma amadeirado, um aroma muito forte que incomodou o meu nariz, e é esse mesmo cheiro que eu senti no dia, naquele dia, naquele dia que aconteceu tudo, foi esse o cheiro, eu tenho certeza, certeza absoluta. - Foi... Foi... - Eu comecei a gaguejar.

- Foi o que Jonathan? Eu não entendi. - Ele aperta meu pescoço com uma das mãos, e eu tive ainda mais certeza de que havia sido ele, eu tive ainda mais certeza, não me restava mais dúvidas, e esse pensamento me arrasou por completo, me fez enxergar negro, me fez enxergar nada.

- Foi você... - Eu começo a tremer de pavor, de medo, mas também de extremo ódio. Eu estava cego, completamente cego, e nem seu rosto mais eu conseguia ver, apenas o cheiro desgraçado e doentio que ele tinha.

- O que eu fiz Jonathan? - Ele aperta meu pescoço ainda mais forte, me fazendo ficar sem ar, e aquilo me desestruturou ainda mais.

- Foi você... - Eu trema muito, e ele percebia isso, mas achou que fosse de medo, o que era verdade, mas não toda a verdade. Eu senti uma vontade súbita e muito forte de matar ele, de realmente o matar nesse corredor mesmo, onde não tinha ninguém, mas eu não conseguia.

- O que foi que eu fiz? - Ele era extremamente cínico.

- Me estuprou, me espancou... - Eu tremo ainda mais quando ele chega com seus lábios perto do meu ouvido.

- Você acha? - E foi então que as lembranças voltaram com ainda mais força.

- “Ver você todos os dias na escola e não poder fazer nada é um saco...”. Você... - Eu tento me soltar, mas meu corpo estava fraco. Era como se eu não fosse capaz de levantar uma folha

- Ver você todos os dias na escola e não poder fazer nada é um saco... Foi assim que eu falei pra você? - Ele me enforca com ainda mais foça que da última vez, e eu perco completamente o ar, me debatendo.

- Me solta... Todo mundo vai... - Eu tento falar, mas ele me pressiona ainda mais. Tudo aquilo começou a embrulhar meu estômago, e eu me lembrei de como era a sensação de o ter dentro de mim, e aquilo me deu nojo.

- Se você abrir a boca vai ser muito pior do que a última vez, porque não terá salvação... - Seu olhar era extremamente demoníaco, me causava medo.

- Eu tenho nojo de você... - Agora eu tremia de ódio, porque o meu medo dele tinha ido para o espaço. Eu só conseguia pensar em minhas mãos socando a sua cara.

- Nojo? Eu acho que você gemeu quando meu pau entrou te rasgando... Você gemeu como uma putinha no cio, como uma cadelinha desgraçada que implorava por pau. Eu sei que você gemeu. Aqueles outros dois putos queriam você também, mas eu não ia deixar um bando de qualquer que eu achei na rua entrar em você. - Eu sentia todo o seu corpo pressionado contra o meu, me prensando na parede. Eu conseguia sentir sua ereção, relando em mim, me causando ânsia de vômito e repulsa.

- Eu não gemi... - Eu não estava mais conseguindo me controlar.

- Você gemeu, você chamou meu nome e implorou por mais caralho nesse teu rabo estourado, e eu te dei o que você queria desde o primeiro dia que me viu... Eu te dei o que você queria, e eu vou te dar de novo se não ficar de boca fechada, mas dessa vez não vai ser só você.

- Me solta! - Eu grito, mas ele tampa minha boca e bate na minha cara.

- Eu vou espancar sua mãe, destruir seu pai... Vou estuprar seu querido amiguinho, que eu só não comi aquele dia por culpa daqueles dois desgraçados que apareceram... - Ele simplesmente passa a língua em meu rosto, me causando um calafrio agoniante. - E eu estou com muita vontade de socar aquele filho da puta do Caio, aquele viaidinho... E por falar em Caio, ele está de caso com o Matheus. Eu andei vendo os dois juntos, um nojo...

- Você não vai fazer isso... - Eu tento me soltar, mas dessa vez eu levo um soco na cara, que quase me desmonta.

- Não? Eu acabei com você Jonathan, e se você está vivo hoje é por milagre, porque se aqueles dois desgraçados não tivessem aparecido, tudo seria apenas uma história nas páginas do jornal sobre dois viados que foram mortos na saída de uma boate de merda...

- Me solta... - Minha voz foi se tornando ainda mais fria, mais violenta, mas ele não percebeu isso.

- Está engrossando a voz agora? Virando macho? Vou chamar meus dois amiguinhos para cuidarem de você, assim você terá a oportunidade de os conhecer melhor... - Ele ria de mim.

- Eu vou...

- Você não vai fazer merda nenhuma! - Ele soca a parede do meu lado. - Se alguém ficar sabendo dessa nossa conversa, hoje mesmo eu mato todo mundo, todo mundo! Me entendeu? Eu paguei dois bandidos de merda para me ajudar aquela vez, e eu posso pagar de novo, e vai sair ainda pior!

- Me... - Eu recebo um tapa na boca, que faz com que eu sinta gosto de sangue

- Seja a putinha que você sempre foi e me obedeça. Quer ir ao banheiro comigo para eu comer você de novo? Eu prometo que te faço sangrar muito dessa vez. Aposto que você adora... - Ele me encara, e eu resolvo me passar por amedrontado. - Fala! - Ele me dá outro tapa, e eu troco minha expressão de puro ódio por puro pavor.

- Por favor... - Eu começo a chorar.

- Por favor, o que? - Ele cresce ainda mais para cima de mim. Que ódio desse desgraçado.

- Não machuque minha família... - Eu chorava muito, mas por dentro eu me corroía de ódio. Meu coração batia rápido, como se quisesse sair do meu peito.

- Eu não machuco, mas você vai ter que ficar de boca calada... - Ele aperta o meu queixo, fazendo com que meus lábios formem um bico de peixe.

- Eu não vou falar nada, eu juro... - Eu aumento ainda mais meu choro, me passando por puro medo e desespero.

- É assim que eu gosto Jonathan, pianinho, submisso... - Ele aperta a minha bunda, e eu controlo e minha vontade de socar ele ali mesmo. - Que delícia... Eu ainda vou comer seu cu de novo, pode me esperar. - Ele me dá outro tapa na cara, ainda mais forte, me fazendo ir ao chão, e simplesmente vai para a sala de aula.

Eu não me controlo, eu não conseguia me controlar, agir com cautela. Eu não conseguia pensar, raciocinar, colocar meus pensamentos em ordem. A primeira coisa que eu fiz foi pegar o meu celular e acessar meus arquivos, onde eu tinha certeza que encontraria o vídeo, aquele vídeo que eu havia feito. Cliquei em enviar a todos e selecionei todos os destinatários e contatos que eu tinha, inclusive para alguns sites de música e cinema que eu tinha em minha lista. Selecionei todos, até mesmo o e-mail da escola, onde os alunos tinham livre acesso para ver. Depois disso, cliquei em enviar, sem remorso nenhum, sem peso na consciência, mesmo sabendo que isso poderia acabar com minha vida. A segunda coisa que fiz foi ligar para o prefeito, e no segundo toque ele atendeu.

- Agora... - Minha voz ainda tremia, eu estava me segurando para resolver tudo antes do que eu iria fazer.

- Jonathan, o que aconteceu? - Ele parecia ter se assustado com o meu tom de voz.

- Meus pais... Os meus amigos... Agora! - Eu não conseguia formar uma palavra sequer. O ódio desumano que eu sentia naquele momento não deixava.

- Jonathan! O que está acontecendo? - Ele levanta a voz.

- Você falou que iria me ajudar, então cumpra com sua palavra de homem e pegue os meus pais agora! Agora! - Eu começo a gritar de ódio, e o ódio era tanto que eu cheguei a me assustar.

- Jonathan!

- Leve os dois para a sua casa e fique lá, se vira. Eu vou fazer o que tenho que fazer e vou levar meus amigos!

- Jonathan! Fala comigo! Se controla!

- Não! Eu não quero! Eu vou matar aquele desgraçado, eu vou matar! Eu acabo com ele hoje, nem que eu passe o resto dos meus dias na cadeia! - Eu começo a gritar.

- Jonathan! Se acalma!

- Vai fazer o que eu pedi? Responde!

- Jonathan...

- Vai ou não cumprir com a sua palavra? - Eu grito.

- Vou! - Ele grita de volta.

- Ótimo!

Eu desligo o meu telefone e o deixo cair da minha mão, sem ao menos perceber. Meu coração começou a acelerar, a bater muito forte, e aos poucos meu controle começou a ir para o inferno, assim como aconteceu alguma vezes na minha infância e com a Rafaela, mas agora era pior, agora tudo era elevado a decima potência. Eu então me virei para a sala de aula, com as pernas bambas e comecei a andar.

Eu trocava as pernas, eu tremia pra caralho e meu coração mal batia direito de tão rápido que estava. Minhas mãos formigavam, meus pés tinham câimbras, eu sentia ânsia de vômito e minha cabeça latejava, mas tudo isso acabou quando eu cheguei na porta e o vi em pé, conversando com seu amigo. O primeiro olhar que eu recebi foi o do Matheus, e não bastou isso para ele perceber o que estava acontecendo e começar a chorar. Carol se levantou da cadeira, apavorada, porque ela já tinha me visto nesse estado e não era nada bonito, e então eu corri em direção a ele, pulando em cima daquele desgraçado com tudo o que eu tinha.

- Desgraçado! Desgraçado! Foi você!

Eu começo a socar seu rosto com tanta força que meus punhos começaram a doer. Eu montei em cima dele enquanto aquele demônio se defendia me dando socos trocados, mas eu nem sentia, eu não conseguia sentir dor alguma, porque meu corpo estava anestesiado devido ao ódio. Eu fiquei ainda mais forte, eu soquei ainda mais ele, e quando me levantei comecei a gritar como um louco enquanto chutava as suas costelas e seus braços, que se metiam na minha frente.

- Foi você! Foi você! Foi você eu desgraçado dos infernos! Eu sei! - Eu o chuto ainda mais forte.

Quando dei por mim, alguns alunos vieram para cima de mim, me segurando com força, mas no estado em que eu estava, nem mesmo um trem me parava. Eu comecei então a me debater neles enquanto o Thallison se levantava, e os bem intencionados me soltaram, me deixando apenas com os dois amigos do Thallison, que me seguravam enquanto eu recebia socos no estômago, mas eu não sentia. Eu então abaixei minhas mãos e apertei com toda a força que eu encontrei dentro de mim a perte íntima de um dos caras, o fazendo ir ao chão, e o outro eu simplesmente bati minha cabeça contra o seu rosto, me fazendo escutar um estalo do seu nariz se quebrando, e quando eu me soltei, voei em cima do Thallison novamente, completamente cego. Eu só conseguia ouvir os gritos dos alunos, e mais nada, porque eu queria matar aquele filho de uma puta, e eu iria matar, eu iria, eu queria acabar com a vida daquele capeta dos infernos que acabou comigo, e eu ia fazer isso.

Eu agora estava sobre ele de novo, que ainda conseguia me bater, me socar, cuspir em mim, mas nada adiantava, porque eu estava mais forte, eu estava movido pelo total ódio. Naquele momento eu estava mandando as consequências para o inferno, para o capeta carregar e estava disposto a ser preso, desde que esse encosto morra de uma vez por todas. Eu batia, batia com todas as forças, e eu via o sangue, eu conseguia ver.

- Você me estuprou! Foi você! E agora todo mundo sabe que foi você! Desgraçado!

- Eu fiz mesmo! Eu fiz com gosto seu viado desgraçado! Eu devia ter te matado!

- Filho da puta do inferno! Eu vou te matar!

Meus socos ficaram ainda mais fortes, muito fortes, e seu conseguia sentir seus ossos em minhas mãos, e eu estava gostando da sensação.

Eu me levanto outra vez, e com toda a força que eu ainda tinha, o puxo pelos cabelos, o arrastando e o jogando em um espaço mais aberto. Outros caros da minha sala vêm então tentar me parar, mas eu olho para eles com tanto ódio nos olhos e grito, grito muito alto, e então eles acuam. Começo a socar ele de novo, mas o Thallison consegue montar em mim e começar a me socar com muita força, ainda mais força do que eu, mas eu não estava disposto a jogar limpo, não estava, então eu alcanço a cadeira que estava ao meu lado e a levanto sem ao menos sentir seu peso e a soco em seu peito, fazendo com que ele caia para trás, e eu monto sobre ele outra vez, com todo o ódio que eu tinha, e aquilo estava me fazendo bem, eu estava limpando a minha alma, e eu estava amando.

- Você nunca mais vai fazer isso com ninguém! Sabe porque? Porque você não passa de hoje seu filho do capeta! Eu vou te matar! Eu vou de destruir! Eu vou te mandar pro inferno seu desgraçado do capeta! Eu vou te matar com minhas próprias mãos!

E eu bati mais, e mais, e mais, até eu perceber que ele estava um pouco mais fraco, mas ainda me batia com muita força. Eu só tirei minhas mãos dele quando eu sinto três pessoas me pegarem por trás, com muita força, e levantarem meu corpo.

- Me solta! Me solta seus desgraçados! Eu vou matar aquele filho de uma puta! - Eu digo enquanto ele se levanta, sorrindo, cheio de sangue.

- Eu amei foder você! Eu amei sentir seu cu estourando, de ver todo aquele sangue! Eu devia ter te matado, e eu ainda vou! Eu vou te pegar de novo! - Ele ri diabolicamente para mim e então corre para fora da sala, com muita pressa, mas meu corpo ainda estava sendo segurado.

Eu me debatia, me debatia muito, com muita força. Eu queria me soltar, ir atrás daquele desgraçado, mas me impediram, eu não conseguia me soltar. Meu corpo começou a perder a força e a dor finalmente começou a aparecer. Eu senti cada soco que ele me deu agora, cada chute, cada puxão de cabelo, e doía muito. Sinto meu corpo sendo colocado no chão e as lágrimas chegam ao meu rosto, e quando eu olho para trás, vejo Caio e Rodrigo me olharem completamente surpresos e com lágrimas nos olhos.

- Foi ele... Foi ele... - Eu digo, e quando o Caio percebe o Matheus chorando no canto da sala, vai até ele.

- Jonathan... - Rodrigo me pega no colo.

- Foi ele Rodrigo, eu quero o matar... - Eu começo a me descontrolar novamente, mas o Rodrigo me abraça.

- Se acalma meu bem, ele vai ter o que merece. - Ele também tinha ódio na voz.

- Eu quero matar aquele desgraçado por tudo o que ele fez...

- Não vale a pena sujar as suas mãos... - Ele realmente estava com ódio, mas estava se controlando.

Depois de uns dois minutos, quando eu finalmente me acalmei, eu vi tudo o que tinha feito. A sala estava uma zona, cheia de sangue e completamente bagunçada. Os alunos me olhavam com medo nos olhos, com receio de chegar perto de mim, e eu sorri, eu sorri quando consegui ouvir o vídeo, o começo dele, e eu ri ainda mais quando os alunos começaram a rir do que acontecia ali. Eu estava pouco me importando, pouco. A única coisa que eu conseguia sentir naquele momento era vitória, orgulho do que eu tinha feito, da surra que eu tinha dado no Thallison que lavou a minha alma. Eu tinha orgulho do vídeo que eu tinha feito e que agora estava nas mãos de todo mundo. Eu tinha orgulho de mim mesmo por finalmente ter perdido completamente o medo daquele filho da puta. Eu estava me sentindo muito bem.

- Nós precisamos sair daqui. – Eu me viro para o Rodrigo.

- Jonathan, olha a confusão que você fez, não tem...

- Rodrigo, por favor, nós temos que ir embora, agora.

- Mas Jonathan, olha...

- Rodrigo, me escuta. – Eu seguro o rosto dele, pouco me importando para quem estava vendo ou não. – O que eu fiz, o que eu ainda vou fazer, pode colocar você em risco, assim como minha família e meus amigos, então eu te peço, vamos embora, por favor.

- Tudo bem...

- Me dá a chave do seu carro.

- Você não está em condições de dirigir meu bem... – Ele coloca as mãos em meus ombros.

- Eu nunca estive melhor Rodrigo, eu lavei a minha alma, eu acabei de tirar tudo de ruim que tinha preso dentro de mim. Eu me sinto leve, muito leve depois do que aconteceu.

- Tem certeza?

- Absoluta. – Eu estendo minha mão direita para ele, com a palma aberta, e ele então coloca as chaves em minhas mãos. – Caio, Matheus e Carol, vamos embora, agora. – Eu olho para os três, que me seguem sem questionar nada.

Eu saio pela porta, ainda pingando sangue devido aos socos que levei, mas eu não estava me importando com isso. Depois que eu vazei aquele vídeo, eu tinha certeza que haveria retaliação por parte do Thallison. Pode não ser hoje ou na semana que vem, mas iria acontecer, e enquanto ele não tivesse preso, eu não confiaria na sorte.

Quando passei no corredor em que eu estava mais cedo, peguei meu celular no chão, que não tinha sequer um arranhado. Disquei o número do prefeito a medida que eu caminhava para fora da escola, e ele só atendeu quando eu passei pela porta de entrada.

- Meus pais já estão com você? – Eu pergunto, e ele parecia estar aliviado por ouvir minha voz.

- Sim, os dois estão aqui, com tantas perguntas quanto eu.

- Ótimo. Eu estou com o Rodrigo e com os meninos aqui. Estou indo para a sua casa, mas antes vou passar na minha para pegar o que eu deveria ter te entregado há muito tempo.

- O que é?

- Você vai saber... Até daqui a pouco.

Desligo o telefone quando entro no carro do Rodrigo e vou para o banco da frente, atrás do volante. Ele se senta ao meu lado enquanto Matheus senta na parte de trás e Caio ao seu lado. Carol senta na outra beirada e eu dou a partida no carro.

O caminho estava livre, já que ainda era cedo e havia pouco carro na rua. Paro em alguns sinais de trânsito, mas todos eles se tornam verde rapidamente. Peço para o Rodrigo tirar o meu celular do bolso e discar para o Carlos, que atendeu na segunda chamada.

- Oi Carlos.

- Oi Jonathan. Tudo bem?

- Não, mas vai ficar... – Eu paro por alguns segundos. – Para resumir e iniciar essa conversa, o Thallison foi o responsável pelo que aconteceu comigo e com o Matheus, e ele confessou isso na sala de aula, logo temos testemunhas. Segundo, eu vazei o vídeo em que você aparece, sinto muito... Eu estava com a cabeça cheia depois de ter descoberto tudo e acabei não pensando direito, mas eu assisti ao vídeo todo, e seu rosto não aparece, então...

- Aquele desgraçado! – Eu escuto ele bater na mesa.

- Carlos, eu dei uma surra naquele desgraçado, e se ele voltar a cruzar meu caminho outra vez, não vou me segurar. Eu já dei o recado.

- Jonathan...

- Esse assunto agora morreu, por favor... – Eu paro de conversar outra vez. – Se prepare, porque vai acontecer agora.

- O que? – Eu consigo escutar ele se levantar com tudo.

- Eu vou entregar tudo o que tenho para o prefeito, e não vai ser nada bonito.

- Jonathan, como você me dá uma notícia dessas do nada?

- Carlos, a merda já acertou o ventilador. O delegado é pai do Thallison, e eu surrei o filho dele, logo, vai sobrar para mim, e se eu não agir agora, não vai sobrar mais nada.

- Mas Jonathan...

- Só se prepara, pode fazer isso?

- Posso. Até parece que você não me conhece.

- Ótimo. Não deixa o delegado sair ou qualquer outro envolvido.

- Pode deixar comigo. Aqueles desgraçados não vão conseguir fugir.

- É muito bom ouvir isso. – Eu sorrio.

- A gente se encontra aqui.

- Tudo bem. Até daqui a pouco. – Eu desligo o telefone.

- Pode me explicar o que está acontecendo? – Rodrigo me pergunta assim que eu estaciono na porta da minha casa.

- Daqui a pouco meu bem... – Eu dou um selinho nele e desço. – Me espera aqui.

Eu corro em direção a minha casa, abrindo a porta com a chave que eu tinha em mãos, e assim que eu entro, tranco a porta de novo. Começo a subir as escadas correndo, e assim que chego no meu quarto, corro até o computador e me sento. Como ele ligava muito rápido, eu logo conecto um pen drive na entrada USB e copio todos os arquivos que eu tinha ali, todas as provas e vídeos que eu havia conseguido contra o delegado, e depois que copiei tudo, desligo o computador novamente e desço correndo. Abro a porta e corro até o carro novamente, o ligando e dando partida logo em seguida.

Ligo para o Carlos novamente, que atende no primeiro toque.

- Ele não vai sair daqui agora. – Ele diz.

- Ótimo. Eu estou com tudo em mãos e indo para a casa do prefeito.

- Eu vou me preparar para o que pode acontecer... E Jonathan, eu pensei melhor. Acho que você não deveria vir aqui.

- E perder a oportunidade de dizer que um pirralho, como ele insistia em me chamar, acabou com a carreira dele? Nem pensar. Como diz o Matheus, já que é pra destruir... – Eu olho para ele, que sorri um pouco.

- Tudo bem. Faça o que tem que fazer, mas toma cuidado.

- Tudo bem.

O caminho até a casa do prefeito passou a ser longo de mais. Não que tivesse muito transito ou algo do tipo, era porque eu estava muito nervoso e precisava acabar com isso o mais depressa possível.

Quando finalmente entro na garagem da mansão, fico mais aliviado. Estaciono o carro na porta e peço para todos descerem, mas antes de sair, aperto o volante com toda a força que eu tinha e tento me acalmar, porque eu tremia muito devido a adrenalina que corria em minhas veias. Eu desço do carro e passo pela porta por último. Assim que meus pais colocam os olhos em mim, se levantam, desesperados.

- Meu filho! O que aconteceu com você? – Minha mãe grita, assustada.

- Quem fez isso? – Meu pai pergunta.

- O outro ficou pior... – Eu o olho, sério. – Pai, não se preocupe, eu estou bem.

- Bem? Você não está bem Jonathan! Olha a sua cara!

- Pai, eu estou machucado, mas eu estou bem, eu juro... – Eu o olho dentro dos olhos. – Agora eu preciso conversar com o prefeito, por favor.

- Jonathan... – Meu pai diz.

- Meu filho... – Minha mãe chorava um pouco.

- O que está acontecendo? – Meu pai pergunta, e então o Rodrigo faz a mesma coisa.

- Tudo vai ser explicado depois. Agora eu preciso falar com você. Podemos ir ao seu escritório?

- Claro... – O prefeito caminha na minha frente.

Eu o sigo até ele entrar em seu escritório. Ele parecia tão apreensivo quanto eu, porque ele sabia que envolvia coisa séria, algo que poderia consumir forças e dias em claro. Ele se senta em um sofá, afrouxando sua gravata enquanto eu ainda estava em pé. Vou até a mesa de madeira polida e reluzente que estava do outro lado do cômodo e pego um notebook que estava lá, o inicializando. Quando pede a senha, eu olho para ele. O prefeito me diz qual é e eu então digito. Quando tudo se torna livre para acesso, eu conecto o pen drive e espero abrir. Assim que todos os arquivos aparecem na tela, eu coloco no notebook em seu colo.

- Antes de abrir, saiba que não são imagens ou vídeos bonitos.

- Jonathan... – Ele olha para a tela, já tendo meia noção do que estava a sua frente.

- Antes de assistir, contate a Policia Federal, porque vamos precisar.

- O que? – Ele se assusta.

- Nós vamos precisar da Policia Federal, e como a cede mais próxima é daqui a duas cidades, ligue agora para que eles estejam aqui em até uma hora. É urgente. – Eu estava sério, e ele percebeu isso.

- Tudo bem...

Vejo o prefeito colocar o notebook sobre o sofá e se levantar. Ele pega o celular do bolso e começa a conversar com alguém. No começo ele estava calmo, mas depois começa a se estressar e a gritar com alguém, o chamando de irresponsável. Ele começa a dar voltas pelo local, pedindo com urgência o que eu havia lhe comunicado, mas pareciam não escutar. Quando ele se impôs ainda mais, quando ele cresceu para cima de quem estava na outra linha, ele pareceu se dar por satisfeito com o resultado. Ele finalmente desliga o telefone, aliviado, e volta a se sentar, colocando o notebook sobre o colo outra vez. Assim que ele inicia o primeiro vídeo, vejo sua expressão mudar de cansaço para completo choque, pavor e repulsa. Ele assiste o primeiro, o segundo, o terceiro, mas para no quarto, parecendo estar completamente enojado com tudo aquilo. Ele clica em algumas fotos, atento a cada de talhe, e acaba ficando vários minutos ali, olhando para tudo, e quando finalmente fecha o aparelho, ele se levanta, quase o derrubando no chão.

- Mas isso é um absurdo! – Ele grita. – Como eu deixei acontecer uma merda dessas na cidade! Como eu não vi essa desgraça acontecendo debaixo do meu nariz!

- Eles trataram de cobrir todos os rastros, não tinha como saber.

- Não tinha? – Ele se vira para mim, completamente possesso. – Se eu tivesse prestado atenção eu teria percebido o que está acontecendo!

- Ele não é burro, soube cobrir e disfarçar tudo.

- Mas eu também não sou burro. Era minha obrigação! – Ele bate na mesa e pega o telefone outra vez, discando o mesmo número. – Eu os quero aqui agora! Pra ontem! Me ouviu? Isso é uma ordem de força maior! Eu preciso deles aqui o mais rápido possível!

- Eles já saíram daqui senhor... – Estava no viva voz, e quem estava na outra linha parecia acuado.

- Ótimo! – Ele desliga o telefone.

- Eles demoram muito para chegar? – Eu me sento com as pernas cruzadas.

- Acho que não... – Ele parecia ter se acalmado um pouco, mas ainda passava as mãos pelo cabelo. – Como você fez tudo isso?

- Eu investiguei...

- Investigou? Isso não é investigação! – Ele estava nervoso. – Você correu risco de vida Jonathan!

- Eu sei, mas eu precisava fazer isso, eu precisava cumprir com meu papel.

- Você não é policial Jonathan, você não é um detetive!

- Para de gritar! – Eu grito ainda mais alto. – Já está feito não está? Então faça a sua parte e pare de reclamar comigo!

- Você... – Ele me olha.

- Você queria que eu simplesmente me sentasse com um policial e contasse tudo o que eu vi? Quem iria acreditar em mim? Ninguém! Eu seria taxado como um idiota, um mentiroso, então eu preferi reunir provas para dar o golpe final! Eu não posso deixar esse desgraçado correr livre por ai como uma gazela louca saltitante! Eu quero rir na cara dele, falar que fui eu quem queimou os queridos quatrocentos mil dele! Que fui eu quem colocou fogo em tudo e assistiu toda aquela labareda com um sorriso no rosto! Eu!

- Você fez o que? – Ele parecia não acreditar.

- Eu queimei quatrocentos mil daquele desgraçado enquanto ele estava no chão, com um tiro em cada perna, um tiro que eu dei!

- Meu Deus! – Ele grita.

- É, a situação é pior do que você pensava. Eu corri risco de vida naquela usina, eu quase morri, mas eu estou aqui, e agora tudo depende de você!

- Que merda!

- Que merda mesmo! E agora para de gritar, porque se estressar não vai ajudar em nada. – Eu amanso minha voz.

- Quem é você... – Ele olha para mim.

- Ainda não descobri.

- Jonathan... – Ele me olha com mais calma. – Nós vamos tirar esses homens da rua e os enterrar na cadeia.

- Era tudo o que eu queria ouvir.

Cerca de uma hora depois, a Policia Federal aparece, já entrando com tudo na casa, empunhando armas de fogo e coletes a prova de bala. Haviam cerca de oito homens, todos armados e trajando uma vestimenta preta. Eles procuram pelo prefeito, que logo saí pela porta junto comigo, com o notebook em mãos.

- Que escândalo foi esse? – O comandante pergunta, completamente possesso.

- Esse é o delegado da nossa cidade, que vocês colocaram no poder! – O prefeito praticamente joga o notebook na cara do comandante, que o abre.

- E o que eu faço com essa merda! – Ele grita.

- Ainda é um incompetente! – O prefeito grita e pega o notebook de volta, selecionado os vídeos e o colocando em cima da mesinha de canto, a vista de todos os oito homens. – Você assiste essa merda.

Assim como o prefeito, os homens ficaram completamente em estado de choque com o que assistiram. A curiosidade sobre o que aconteceu acabou sendo despertada em meu pai, minha mãe e em todos os outros ali na casa, que disfarçadamente, assistiram tudo o que estava passando na pequena tela. Todos pareciam chocados, e como eu já tinha repassado essas imagens várias vezes, já estava anestesiado com toda aquela porqueira, com toda aquela nojeira.

- Como você conseguiu tudo isso? – Ele pergunta depois de fechar o notebook, com sangue nos olhos.

- Não fui eu! Ele quem conseguiu. – O prefeito aponta para mim.

- Ele? – Ele não acreditou.

- Sim, foi ele quem juntou todas as provas contra esse desgraçado! – O prefeito grita.

- Como você fez isso? – Ele me pergunta incrédulo, e eu acabei ficando sem graça diante de toda a atenção.

- Eu só o segui... – Eu digo.

- Só o seguiu... – Ele olha para o prefeito. – Esse garoto tem qual idade?

- Dezoito. – O prefeito responde.

- E a gente perdendo tempo fazendo processo seletivo com um bando de macho burro e sem preparo... – Ele olha para o restante dos homens. – Já sabem o que fazer ou eu preciso desenhar para vocês? – Ele pergunta.

- Não senhor! – Todos eles respondem ao mesmo tempo.

- Ótimo, então vamos prender esses merdas e acabar com a vida deles.

E foi assim que todos saíram naquele carro preto enorme e eu entrei no outro carro com o prefeito, que parecia se sentir vitorioso como eu, porque eu sabia que ele nunca gostou do delegado, e poder o prender dessa forma tão fácil estava o deixando cheio de adrenalina e orgulho, assim como eu. Ele estava prestes a fazer história na cidade com um escândalo de proporções épicas, e eu iria fazer parte de tudo. Meus pais poderiam estar preocupados agora, assim como o Rodrigo e meus amigos, mas eles teriam orgulho de mim depois de tudo feito.

Comentários

Há 10 comentários.

Por Nickkcesar em 2015-10-17 11:16:00
Queridinho, oq dizer ? Simplesmente fodaaaaaaaa ( até invejei o Jonathan kkkkkkk ) todos os detalhes foram maravilhosos . gente não tenho nem oq dizer sério , me arrepiei tanto que meu deus viu kkkkkk
Por luan silva em 2015-10-17 09:04:27
o capitulo q eu mais esperei chegou... Amém... Minha nossa nossa nossa, q capitulo fod*, eu amei a surra q ele deu naquele filhotinho d lucifer e o fim do delegado ta chegando o fim dele ebaaaa, cara eu amo o jonathan e eu o admiro muito d vdd, queria ter pelo menos metad da coragem dele, mas enfim eu to puta ansioso pelo proximo...
Por H.Thaumaturgo em 2015-10-16 03:41:05
PUTA QUE PARIU, MANO DO CEU COMO EU AMEI ESSE CAPÍTULO VC NÃO TEM NOÇÃO DO SORRISO QUE EU FIQUEI NO ROSTO LENDO O JONATHAN ESPANCANDO O FILHA DA PUTA DO THALISSON INUTIL, RETARDADO. E O JONATHAN EU NEM PRECISO COMENTAR, FOI PERFEITO AGORA ELE BOTA O DEMONIO E O FILHO DO SATANÁS NA POHA DA CADEIA PRA MORRER, OU QUEM SABE ATÉ MATAR ELES ALI NA HORA MSM E QUE PENA QUE O RODRIGO E O CAIO SEGURARAM O JONATHAN, UNICA COISA RUIM DO CAPÍTULO FOI ESSA HAHAHAHAHAHAHHA. Adorei mt o capitulo e desculpa a empolgação ai 😂😂😂😂😂😂😂 eee muitíssimo obrigado por deixar minha madrugada muito mais feliz. Abrçs Heitor ❤💙💚💛💜💓💕💖💗💘💝💞💟
Por Niss em 2015-10-16 01:04:35
Arrasoooooooooooooooooooooouuuuuu!!!!! Adorei cara. uuuuuuhuuuuuuulll. Sambou na cara do Thallisatanás, e agora ela vai morrer do avesso na cadeia, vão colocar a cabeça do "delegado" no cú arrombado, destruido, catastroficado desse Demônio. Ahahahah agora eu quero é ver, a Cavaela toda lascada da vida de esses trastes meia-boca a oito milhões de graus celsius no forno do tio Luci. Vão tudo morrer, dentre larvas, e pragas vegetando vagarosamente nessas carniças, que nem corpo vão ter mais. Arrazou, Lacrou, divou... AGora eu quero só ver esse proximo capitulo. Kisses, Niss.
Por Jeeh_alves em 2015-10-15 23:40:35
CARAAAALHHHOOO , FUDEU TUDO , LACROU , muiiito massa espero o próximo *-*
Por luan silva em 2015-10-15 22:48:53
o capitulo q eu mais esperei chegou.. amem..... minha nossa nossa nossa q CAPITULOOOOOO, jonathan simplismente arrasando sambando na cara da sociedade, a surra q ele deu no filhotinho do luci... sem palavras e o fim do delegado ta chegando e eu to puto ansioso pelo proximo....
Por Jr.kbessao em 2015-10-15 20:02:48
Minha nossa senhora da bicicleta sem freio, oq foi issoo?? Kkkk Gente ate gritei aqui. De todos esse foi o melhor!!!!!! É uma pena esse conto ter fim pq ele é tudo e mais um pouco. Ta mais que de parabéns!!!! 😉😹😲😱
Por Itak em 2015-10-15 19:45:14
Muito criativo o desenrolar da história. Você se superam a cada capítulo postado... Parabéns!!!
Por diegocampos em 2015-10-15 18:17:04
Nossa que capítulo, amei ver o Jonathan dando uma surra no thalison mereceu espero que eles consigam prender o desgraçado do delegado e todo o resto. Muito ansioso para o próximo.
Por bielpassi em 2015-10-15 17:28:59
Gente do céu o q e isso em!? Caralho velho, esse maldito delegado deve ter o fim sendo preso e estuprado na cadeia por um negro sei lá de 30cm se e que existe! Muito bom o capítulo, ei estamos bem o victinho me levou pra o outback depois e foi maravilhoso e o q teve depois nem precisa contar ne? Kk