Comum & Extraordinário - Capítulo 46

Parte da série Comum & Extraordinário

Boa Tarde...

Eu queria agradecer a todos vocês pelas respostas que me enviaram e que postaram nos comentários, muito obrigado mesmo.

Como perceberam, fiz aquele pequeno questionário para sondar o que gostariam de ler em meu próximo conto, ou seja, eu já vou começar a trabalhar com outro por esses dias, só tem um porem... Eu optei por adotar um enredo diferente, personagens diferentes que quase não aparecem no site, e por isso estou com medo de não dar certo, e eu digo isso devido a forma de narrativa que pretendo usar, e é completamente fora da minha zona de conforto se tratando de contos.

Para ser sincero, eu já havia criado um enredo antes mesmo de lhes fazerem aquelas perguntas, e apesar de ainda estar um pouco confuso se tratando da nova história, eu vou fazer o possível para adicionar alguns elementos que vocês gostariam de ter contato, então...

Por enquanto não vou dar muita informação, comentar sobre os personagens ou coisa do tipo. Pretendo fazer isso quando eu estiver na metade do conto, e como eu ainda nem comecei... E como sabem, vou escrever tudo primeiro antes de postar, então tentem ter um pouco de paciência, porque não é sempre que eu posso escrever, e eu não posso postar um capítulo a cada semana ou um capítulo a cada duas semanas, porque não sei como meus dias serão.

No mais, espero que gostem do capítulo de hoje, que é um dos meus favoritos, porque é nele que vocês vão conhecer um outro lado do Jonathan, e espero que possam amar da mesma forma que Jonathan e eu amamos.

Fiquem bem. Um abração e um beijão para todos.

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Eu estava sentado no carro do meu pai com os vidros fechados. Carlos havia me ligado assim que eu saí da prefeitura para me avisar que o Delegado sairia em vinte minutos, então eu fui até lá o mais rápido que pude.

Estava do outro lado da rua, vigiando a porta de entrada do local, e de repente o vejo sair. Ele para por alguns minutos enquanto conversava com alguém em seu celular. O encaro, observando seu comportamento, seu jeito de agir e gesticular, e eu percebi que ele era realmente ruim. Não que depois de todos os vídeos que eu assisti eu não tenha chegado a essa conclusão. Você definir a conduta de uma pessoa através de seus atos é uma coisa, porque acabamos tendo toda a razão diante das provas, mas identificar a conduta de alguém pelo simples olhar e pelos gestos é algo completamente diferente. Ele realmente era uma pessoa ruim, e eu vi isso pelo olhar, pelo jeito que ele movimenta o corpo, pelo sorriso e por todo o seu comportamento, e para mim isso era muito fácil de se fazer, e se eu não tivesse encontrado os vídeos, eu teria a mesma opinião que eu tenho agora sobre ele.

Quando ele saiu com o carro, dei alguns segundos de vantagem e comecei a o seguir. Já eram seis da tarde, então já havia começado a escurecer, mas isso não me impediu de fazer o que eu tinha que fazer.

Ele começou a rodar com o carro pela cidade e eu sempre mantinha uma ótima distância do carro dele para eu não ser notado. Depois de uns quinze minutos rodando atrás dele, o vejo parar em frente a um açougue, então eu estaciono meu carro há alguns metros atrás. Tiro minha câmera de dentro do porta luvas e espero por algum comportamento suspeito. Cinco minutos depois, ele sai de lá de dentro com uma bolsa preta em seu ombro direito, então tiro cerca de dez fotos até ele entrar em seu carro novamente. Eu não sabia o que tinha ali, se era suspeito ou não, mas eu fotografei por via das dúvidas. E novamente eu volto a segui-lo.

Já era noite quando eu chego perto de uma usina abandonada. Eu havia praticamente ficado para trás de propósito quando ele entrou em uma estrada escura e sem sinalização, porque se eu continuasse a o seguir por aquele caminho, ele provavelmente notaria, então no momento em que ele tomou o caminho, eu parei logo atrás e desci do carro. Como eu tinha visto todo o trajeto pela luz do farol, eu sabia exatamente onde ele estava, então quando tudo ficou escuro novamente, eu entrei no carro e fui até lá.

O seu carro não era o único ali. Haviam outros dois estacionados quando cheguei perto. Procurei um local mais afastado para esconder o meu e fui até lá. Sei que o que eu estava fazendo era muito perigoso e Carlos havia me alertado inúmeras vezes, mas eu não consegui evitar.

Assim que passei ao lado do seu carro, fui tentado a entrar. Coloquei então um par de luvas de látex que havia trago em meu bolso e respirei fundo. Sei que pode parecer exagero, mas é melhor prevenir do que remediar.

Depois de tomar coragem, chequei se as portas estavam abertas, e realmente elas estavam. As abri sem fazer um barulho sequer e entrei. O carro dele tinha um cheiro estranho de álcool misturado com cigarro que chegou e embrulhar meu estômago. Esperei alguns segundos até me acostumar com o cheiro e fui a procura de algumas coisas. Na verdade eu nem sabia o que estava procurando, eu apenas comecei a fuçar em tudo, mas deixando tudo como estava. Chequei alguns papeis, contas de luz e água. Vi também o documento do carro no nome dele com uma foto bem antiga, e quando eu olhei para trás, fiquei surpreso por encontrar a bolsa preta tão acessível assim. Estiquei minha mão e a peguei, a colocando em eu colo logo em seguida. Quando abri aquilo, eu fiquei abismado. Nunca tinha visto tanto dinheiro vivo em toda a minha vida. Era como se tudo isso fosse um filme. Eu imaginei várias coisas quando vi aquela bolsa preta com ele, mas nunca cheguei a pensar que fosse dinheiro, ainda mais nessa quantidade. Alguns bolos eram de nota de cinquenta e outros de cem, pelo menos a maioria. Tirei algumas fotos, fechei, e coloquei onde eu tinha achado.

Fiquei um bom tempo no carro, cerca de cinco minutos procurando o que eu não sabia que iria encontrar. Antes de sair da li, olhei para tudo o que eu havia mexido para ver se estava tudo no seu devido lugar, e quando constatei que sim, finalmente sai e fechei a porta.

Começo a caminhar em direção a entrada da usina abandona sem fazer um barulho sequer e sempre atento a tudo a minha volta. Quando chego na enorme porta, ela estava entreaberta, então eu não teria que correr o risco de tentar abrir e ela fazer barulho. Passei pela pequena greta mesmo e entrei. Como eu estava usando cores escuras, ficaria mais fácil para eu me esconder. Eu havia descido as mangas da minha camisa vinho para esconder um pouco dos meus braços, e só me faltava uma touca, mas eu não havia trago, então fui assim mesmo.

Pode estar soando com um exagero tudo o que estava acontecendo, mas de uma forma estranha, eu me sentia envolvido em tudo, como se eu tivesse a obrigação de trazer tudo o que eles planejam abaixo. Chame de senso de justiça ou o que for, mas ali, naquele momento, era como se eu fosse um detetive investigando um caso em aberto que precisa de provas e testemunhas. Talvez seja por eu amar filmes sobre espionagem e ter assistido praticamente todos eles várias vezes ou eu realmente nasci com um dom para isso, mas eu precisava fazer. Eu precisava me arriscar para conseguir os mandar para bem longe daqui.

Sabe, quando eu assistia filmes de suspense, terror ou até mesmo de espionagem e via os personagens se guiado no escuro através de uma lanterna, achava uma burrice sem tamanho. Se você está se escondendo de alguém, correndo de algo ou procurando por algo e não pode ser visto, se usar uma lanterna, vão saber onde você está, e isso é fato. Se acender uma lanterna agora e começa a mirar nos cantos a procura de algo, alguém irá ver o feixe de luz e saber que eu estava ali dentro, então preferi deixar minha visão se acostumar com o escuro para eu me locomover.

O local realmente era abandonado. Não tinha nada dentro a não ser entulhos, lixo e preservativos usados espalhados pelo chão. O lugar havia sido fechado há anos. Meus pais disseram que fecharam até mesmo antes de eu nascer devido a um vazamento de óleo que poluiu alguns dos rios da cidade e que o prefeito, que na época não era o pai do Rodrigo, havia aceitado suborno para fazer vista grossa, mas a situação acabou vindo a tona, e desde aquela época o pai do Rodrigo assumiu a prefeitura, ou seja, há quase vinte anos. Ele é tão bom no que faz que sempre é reeleito.

Tudo parecia silencioso de mais, e por isso eu comecei a procurar por eles, porque além desse lugar ser enorme, parecia um labirinto. Eu me lembrei então do que eu havia aprendido nas aulas marciais que eu fazia quando mais novo, onde o professor dizia que era sempre bom manter a calma, fechar os olhos e simplesmente meditar, deixando sua mente vagar, e depois que eu fiz isso, que eu me acalmei, escutei barulhos vindos de longe. Continue me concentrando e passei a seguir os sons, que a cada passo ficavam mais nítidos, até eu notar que eram gritos. Segui os vestígios do que eu ouvia e acabei tendo que subir uma escada de madeira. Eu sabia que escadas desse material eram traiçoeiras e poderiam muito bem entregar que eu estava aqui através da madeira rangendo. Subi pelos cantos, pelos lugares fixos na parede que não iriam ceder ou fazer algum barulho, e quando cheguei no último degrau, fiquei mais aliviado por ter finalmente conseguido. Os gritos então ficaram ainda mais nítidos para mim.

Depois que subi a escada de madeira, entrei por uma porta de acesso restrito que estava destrancada, e no momento em que fiz isso, eu podia ouvir claramente os gritos de uma mulher. Me aproximei, abaixado, praticamente me arrastando pelo chão até chegar perto de um guarda corpo e olhei para baixo.

Eu tive nojo do que estava acontecendo. Eu não sabia como me comportar ou o que pensar naquele momento. Tinha cerca de quatro homens ali ao longe e uma mulher nua no chão, chorando. Por mais que tivesse me incomodado tudo o que eu estava fazendo, eu peguei a minha câmera, dei zoom e filmei tudo o que acontecia. Abaixei minha cabeça enquanto deixei o aparelho gravando o que estava acontecendo, e meu desprazer era ouvir ela gritando, pedindo por socorro. Eu fiquei com raiva do que eles estavam fazendo, muita raiva, mas eu não era ninguém contra aqueles quatro, e mesmo contra um deles seria complicado e perigoso, então tive que abaixar minha cabeça e deixar acontecer.

Minha mente roda quando eu os escuto dando socos nela. Resolvo olhar e eu vejo aquele monte de homem chutando a mulher, machucando seu rosto, seu corpo, destruindo tudo o que havia nele. Aquilo era provavelmente queima de arquivo. Depois de a estuprarem, não poderiam deixar ela viva, e era isso que eles estavam planejando desde o começo, matar ela. Eu vi toda aquela seção violenta sem piscar porque eu não conseguia acreditar no que meus olhos estavam enxergando. Quando o delegado saca uma arma da sua cintura, eu sabia o fim daquilo tudo, mas antes mesmo de eu pensar em fechar meus olhos, ele atira na cabeça dela. Não consegui encontrar palavras para decifrar como eu estava sentindo. Não era medo, receio de ser encontrado aqui ou coisa semelhante. Eu sabia que o mundo era um lugar horrível e que as pessoas que viviam nele eram piores ainda, mas eu nunca havia presenciado um ato tão abominável como esse.

Mesmo depois de ter visto tudo aquilo, eu continuei em posição, ainda filmando tudo. Me coloquei agachado, apoiado sobre meus calcanhares e fui prestando atenção em tudo. Acompanhei passo por passo, e agora, depois do baque eu tive, não estava me sentindo tão mal, porque nada pior poderia acontecer daqui para frente.

Mesmo do andar de cima onde eu ainda estava, eu os vi enrolando o corpo da mulher morta em um plástico preto e amarrando as extremidades. A minha sorte naquele momento era que minha câmera era excelente e filmava em ambientes mais escuros com perfeição, então quando chegasse a hora eu poderia apresentar todas as provas, que seriam mais do que o suficiente para condenar todos os quatro. Eu conseguia enquadrar não só os movimentos, mas focar nos rostos também.

Vi um dos homens pegando o corpo e o colocando nos ombros, e dali para frente eu achei perigoso de mais prosseguir. Deixei com que todos os três saíssem para enterrar o corpo no meio da floresta, que era o que iriam fazer, e procurei um jeito de sair dali.

O caminho até o lado de fora não foi difícil, mas eu fiquei escondido dentro do local até eles voltarem e entrarem no carro, o que demorou cerca de uma hora. Quando eles voltaram, ficaram conversando perto dos carros, e foi nesse momento que eu finalmente tive que fazer algo errado depois de tudo até o momento estar dando certo.. O carro do meu pai começou a disparar o alarme, que eu pensei não ter ativado. Provavelmente foi algum animal que subiu em cima dele ou algo do tipo, e isso foi o suficiente para fazer os homens gritarem uns para os outros. Desativei o alarme em seu terceiro toque enquanto pensava no que eu faria logo a seguir.

- Tem alguém aqui! - Um deles grita, com um ódio mortal na voz.

- É só um carro. Provavelmente ninguém veio aqui. - O homem da voz mais calma fala.

- Provavelmente não é o suficiente? - Era o delegado. - Vasculhem todo o local, e se encontrarem alguém, mate! - Eu estava ferrado.

- Tranquem a porta de entrada! Se o desgraçado estiver lá dentro, vai ficar preso até a gente encontrar! - Eu estava realmente ferrado.

Eu não consegui nem piscar e eles já estavam passando correntes do lado de fora da porta que eu estava perto. Os escuto correndo, provavelmente dando a volta por trás da usina, e então resolvo fazer a minha parte, que era correr e me esconder.

Eu me sentia completamente perdido agora e os caminhos se tornaram turvos para mim, mas eu não estava com medo ou estressado, eu estava até calmo considerando os acontecimentos.

Eu corro então para o andar de cima da fábrica antes que eles entrem, e lá me escondo em uma das salas e aguardo. Começo a ouvir alguém subindo as escadas de madeira e me engatinho até perto da porta e me abaixo debaixo da janela ao lado, completamente encostado na parede como se eu fizesse parte da pintura. Vejo um feixe de luz atravessar a janela e penso que se eu não tivesse saído de onde eu estava, provavelmente seria visto. É por isso que eu não usei lanternas.

Apesar de ter iluminado todo o lugar, aquilo não foi o suficiente para ele se sentir convencido. Ele abriu a porta com calma e entrou, e como ela abria para o meu lado, me coloquei de pé e fiquei atrás dela. Quando ele passou, prendi minha respiração e dei um passo para frente enquanto ele fazia o mesmo na outra direção, me procurando perto da mesa frente a porta. Dou mais um passo, um passo calmo, e fico de frente a porta, prestes a sair, mas quando eu me viro de costas para sair, ele se vira junto comigo, e a partir daí meu coração começou a bater quatro vezes mais rápido. Eu simplesmente comecei a correr sem saber para onde ia enquanto ele gritava atrás de mim que havia me achado. Desço as escadas de madeira correndo, e eu nunca havia corrido tanto na minha vida. Quando tomo uma boa distância, viro em um dos corredores e entro em uma outra sala, já que haviam várias portas a minha frente, então escolhi uma e entrei.

Como as cortinas do lugar estavam fechadas, comecei a procurar por algum objeto para que eu pudesse me defender, e o máximo que eu achei foi uma tesoura de cortar papel, então a peguei e me escondi atrás de um armário de arquivos que havia na sala e me calei. Minha respiração estava um pouco ofegante, mas assim que a porta se abriu, parece que parei de respirar. O vejo iluminar todo o local com a lanterna, e de acordo com a direção da luz que vinha dela, eu podia o localizar. Eu me abaixei calmamente, sem fazer barulho e me posicionei. Ele se aproximava cada vez mais de mim, e assim que ele chegou perto o suficiente, eu enfiei a tesoura na perna direita dele, com toda a força que eu tinha, o fazendo cair e gritar de dor. Saí correndo mais uma vez e vi minha alma sair do meu corpo quando eu quase levei um tiro ao passar pela porta. Chegou a pegar a parede que estava há cinco centímetros do meu braço.

Eu corria como um louco por aquele lugar, e eu tinha certeza que eu não poderia sair da li porque eles me seguiriam de carro, e foi assim que eu percebi que teria que pelo menos imobilizar todos eles ou os desmaiar, e isso não seria tão complicado assim.

Quando estava prestes a virar um dos corredores, vi um feixe de luz e rapidamente me escondi atrás de um bebedouro antigo. Olhei para os lados, procurando alguma coisa para bater no cara, e assim que olhei para o bebedouro novamente, vi um cano de ferro por onde a água passava, e ele estava bambo. Comecei a forçar, tentando não fazer barulho, mas eu não consegui. Tratei logo de arrancar aquilo mesmo que fosse denunciar onde eu estava, e quando o tive em mãos, me preparei. A luz se aproximava muito rápido, e quando eu pensei que seria seguro, eu me levantei e arremessei a barra de ferro contra ele, acertando o seu peito. Ele cai no chão e eu corro até o homem. Me sento sobre ele e lhe dou dois socos fortes no rosto, pelo menos o mais forte que eu consegui. Pego a arma que estava ao alcance de sua mão e a jogo longe.

Ele estava meio mole, o que me ajudou bastante. Me levantei, peguei a barra de ferro novamente e o atingi na cabeça, rezando aos Deuses para que eu não tenha o matado, apenas o desmaiado. Depois do impacto, senti seu pulso e fiquei aliviado de ele ainda estar respirando. Então novamente corri.

Eu fiquei cerca de quinze minutos escondido atrás de um tanque de água enorme, praticamente em baixo dele. Fiquei a espreita, tentando ouvir tudo a minha volta. O lugar em que eu estava agora era enorme e cheio de espaços para esconderijo, mas só tinha uma porta de saída, que era a mesma que a da entrada, então se alguém entrasse, eu teria que o desmaiar também, e por isso esperei.

Quando porta se abriu, eu me enfiei de baixo do tanque e olhei para a direção do barulho. Um homem de sapatos brancos entrou, e como eu tinha visto que o delegado usava sapatos pretos, fiquei um pouco mais aliviado. Esse homem foi se aproximando, vasculhando canto por canto do lugar e fazendo barulho ao bater sua arma nos metais, tentando me amedrontar.

- Eu sei que você está aí desgraçado, e eu vou te achar... - Ele diz. Parecia estar sorrindo. - Porque você não aparece? A gente pode conversar e entrar num acordo legal, quem sabe eu te deixo sair daqui vivo...

Ele passou pelo tanque em que eu estava escondido e apenas olhos dos lados, não olhando por baixo, até porque o lugar era muito apertado e provavelmente não caberia ninguém, mas eu estava lá, e foi um erro ele não ter olhado.

Sorrateiramente, eu me esgueirei para fora e sem querer acabei rasgando minha camisa em um pedaço de ferro solto ali em baixo. Me coloquei de pé e comecei a ir na direção dele, que estava de costas para mim. Como estava muito escuro, tinha poucas chances de ele me ver ou ver meu rosto, então eu fui me aproximando ainda mais. Preparei meu golpe com a barra de ferro que ainda estava em minhas mãos, e quando eu ia o atingir, ele se virou, fazendo o meu golpe ir para o seu braço ao invés de sua cabeça, e eu acebei dando sorte, porque foi isso que derrubou a arma de sua mão.

Quando ele veio para cima de mim, eu me preparei para o pior, e com motivo. Ele tentou acertar um soco no meu rosto, mas eu consegui desviar. O acertei com a barra de ferro na sua perna direita, o fazendo cair de joelhos por um instante, então eu pulei em seu pescoço ainda com a barra e tentei sufocar ele, mas o homem se levantou com força e começou a se debater, caminhando para trás, e quando chegamos perto de outro tanque de água, ele empurrou seu corpo para trás, fazendo com que eu batesse de costas. Perco muito ar com aquilo, mas eu já estava acostumado com movimentos violentos por causa do Rodrigo, então eu consegui me recuperar rápido. Ele se preparou de novo, mas dessa vez ele se jogaria de costas no chão, assim cairia em cima de mim, mas no segundo em que percebi que ele faria isso, esperei o momento, e quando ele o fez, eu o soltei e cai primeiro, sendo muito mais rápido e rolando para o outro lado, deixando ele se chocar de costas contra o chão sujo. Ele tentou se levantar rapidamente, mas eu o atingi na perna esquerda com um golpe forte, e em seguida atingi sua perna direita, e meu estômago revirou quando eu escutei um osso se quebrar e seu grito sair pela sua boca. Corri até ele e a tapei, para que ele não pudesse mais gritar, mas eu não tapei apenas sua boca, coloquei minha outra mão em seus olhos, já que eu estava perto de mais e ele poderia me ver. O desgraçado simplesmente morde a minha mão com força, me fazendo a tirar de sua boca, então eu lhe dou um soco forte, e por deboche, ele cospe o sangue do golpe na minha cara. Lhe dou outro soco ainda mais forte e ele fica um pouco desacordado, então lhe dou mais um soco e o desmaio. O revistei rapidamente e vi que ele tinha um par de algemas.

Peguei ele pelos braços e o arrastei. Peguei as algemas, abri, coloquei um lado em seu braço e o outro num cano de ferro resistente que dava suporte aos tanques de água e rapidamente saí de lá.

Assim que passei pela porta, o cara que eu havia atingido com a tesoura estava lá me esperando, e por pouco não levei outro tiro. Eu nunca havia passado tanto aperto em toda a minha vida, e aquilo me causava uma adrenalina enorme, e por incrível que pareça, eu estava gostando de estar nessa situação.

Depois que eu milagrosamente escapei do tiro, eu voei em cima dele, o derrubando com tudo no chão. Ele levantou seu braço novamente, que ainda estava com a arma, e deu outro tiro, mas como estávamos medindo força, não acertou em mim. Comecei então a socar sua mão no chão, e finalmente fiz ele se livrar da arma. Como eu havia perdido o cano quando pulei em cima dele, fiz o que eu havia visto em vários filmes. Peguei sua cabeça, e sem muita força, a bati no chão. Aquilo fez com que ele começava a ficar desacordado, e com um soco, eu o desmaiei.

Eu estava me sentindo em um filme de espionagem, e por mais perigoso que a situação fosse para um adolescente como eu, eu estava gostando, e eu não me sentia culpado. O fato de eu não ter medo me ajudou bastante, e eu sei que eu poderia ter morrido, mas eu ainda estava vivo, felizmente, e a cada pensamento que eu tinha sobre toda a situação, mais os meus níveis de adrenalina aumentavam. Meu coração batia rápido de mais, e estava muito incrível.

Depois que eu havia o desmaiado, me levanto de cima dele, e esse também tinha um par de algemas. Mas é claro que todos eles tinham, eles eram policiais. Fiz com ele o mesmo que fiz com o outro, só que eu o arrastei por muito mais tempo. Quando avistei o outro cara que eu havia algemado, tratei logo de puxar o que estava comigo ainda mais rápido.

Quando os dois estavam perto, eu pensei em algo que eu não deveria fazer, mas eu fiz porque foi muito mais forte do que eu. Tirei os sapatos de ambos os homens e também tirei suas calças. Depois que fiz isso, puxei a cueca de cada um dos dois, os deixando apenas com a parte de cima do corpo coberta. Eu juntei toda a força que eu tinha e peguei o cara que ainda não estava algemado e coloquei em cima do outro, que já estava ali primeiro. Arrastei o homem e o coloquei exatamente com o rosto no membro do outro, que estava mole e pendendo para entre suas pernas. Ajustei o homem de cima mais um pouco para que seu pênis ficasse em cima do rosto do homem de baixo, formando um 69 entre eles, mas aquilo não foi o suficiente para mim, não depois do que eu os vi fazer. Abri então a boca do homem de cima, peguei o pau do homem que estava desmaiado a mais tempo e coloquei dentro da boca do outro. Fiz o mesmo do outro lado. Abri a boca do homem de baixo, peguei o pau do homem de cima, com dificuldades devido ao membro dele ser pequeno, e coloquei dentro da boca do homem de baixo. Por precaução, dei mais um golpe em cada um, e algemei o homem de cima no calcanhar do homem de baixo. Quando eu vi sua arma ali do lado, eu quis não mexer nela, mas minha intuição simplesmente fez com que eu pegasse. Eu nunca atirei na vida, mas se eu precisasse, eu iria usar, ainda mais naquele ser asqueroso do Delegado.

Depois que saí daquele enorme galpão com os tanques de água, só me faltava encontrar o delegado, mas eu não sabia onde ele estava, assim como eu não sabia onde ele se escondia para me encontrar. Como as armas dos homens estava com silenciador, eu sabia que ele não tinha ouvido nada, nem um tiro sequer, então eu estava mais tranquilo. A sorte parecia estar do meu lado, e eu amei quando constatei isso ao ver o delegado de costas, vasculhando com raiva e pressa todos os cantos de um espaço enorme a minha frente.

- Eu vou te achar seu filho da puta! - Ele gritava, com muita raiva. - Eu vou descobrir quem você é e acabar com sua vida!

Eu paro um pouco longe, atrás dele, vendo tudo aquilo acontecer. Eu resolvo brincar um pouco. Me aproximo até um monte de entulho que estava na minha frente e abaixo. Escolho um pedaço de pedra não tão grande e não tão pequeno e o pego. Me levanto novamente e ainda o via bem a frente. Eu sempre joguei queimada na escola, então eu tinha uma ótima mira. Vi o meu alvo, que era um amontoado de cadeiras um pouco mais ao lado dele e joguei a pedra. Assim que acertou, ele se virou, indo para o lado. Resolvi então estudar a arma que tinha em minhas mãos. Ela era pesada. Apertei algo do lado na parte em que eu estava segurando e o cartucho caiu, mas eu fui mais rápido e o peguei, não fazendo barulho. Ele estava carregado e tinha duas balas faltando. O encaixei novamente e conferi a trava e o silenciador. Eu então destravei a arma e fui na fé.

Comecei a caminhar em direção ao outro galpão de forma mais cautelosa possível. Eu não iria me arriscar em um embate tão próximo daquele homem violento, então eu realmente teria que usar a arma. Quando eu o vejo na minha frente, caminhando ainda em direção ao monte de cadeiras, coloco minhas duas mãos na arma e levanto meus braços. Por eu sempre ter jogado vídeo games, eu sabia como a mira funcionava, então fechei um dos olhos por ser a primeira vez que eu realmente faria isso e mirei. A coragem para puxar o gatilho demorou, mas assim que o fiz, atingi a perna do delegado, que soltou um grito muito alto. Com o impacto da arma, eu acabei cambaleando para trás e caindo, mas eu consegui me esconder antes de ele se virar para trás. Corri até a outra extremidade do ponto e dei a volta, indo e direção as cadeiras.

- Desgraçado! Eu vou te matar! - Ele gritava com muito ódio na voz. - Apareça e aja como homem! Eu vou acabar com sua vida seu miserável! Eu vou descobrir quem você é e matar toda a sua família!

Enquanto ele falava tudo aqui, eu me preparava para atirar novamente. Coloquei uma perna mais a frente da outra para evitar o desiquilíbrio por causa do impacto, segurei a arma com as duas mãos e levantei meus braços novamente. Fiz a minha mira, tomei coragem e puxei o gatilho. O tiro atingiu sua outra perna, o fazendo ir ao chão, só que dessa vez ele não se levantou de imediato. Ele ficou louco depois disso, incapaz. Era como se eu tivesse tirado toda a sua masculinidade naquele momento. Ele era a presa, ele era o indefeso, e eu curti cada minuto ao o observar tentando me achar, me localizar. Eu não precisava de mais do que isso, porque ele não conseguiria mais correr atrás de mim, então eu dei outra volta e fiquei em frente a única porta do lugar. Tirei o cartucho da arma em minhas mãos, o escondi dentro da gaveta de uma das mesas que estava ao meu lado, e como eu ainda o tinha em meu campo de visão, arremessei a arma, acertando suas costas com ela. Quando ele viu o que o tinha atingido, ele gritou, mas gritou de ódio, um profundo ódio, e quando se virou na minha direção, eu já estava atrás da porta, arrastando um armário para frente dela, e depois que fiz isso, eu corri mais do que tudo, corri até perder todo o meu fôlego e conseguir sair daquele lugar. Assim que eu estava do lado de fora, respirei aliviado. Fechei a porta atrás de mim e fui até os carros, vasculhando um por um atrás de um canivete, uma faca ou qualquer outra coisa cortante. Assim que achei um canivete suíço em um dos carros, comecei a furar os pneus de todos eles. Impossibilitei todos os carros parados ali de saírem, e eu fiz isso sem peso na consciência ou coisa do tipo, porque eles mereciam coisa pior.

Depois de ter furado todos os pneus, eu achei um frasco de bebiba alcóolica dentro de outro carro. Rodei mais um pouco meus olhos pelo interior do veículo prata e encontrei um isqueiro perto de um maço de cigarros. Sai do carro, fechei a porta e fui até o carro do delegado. Eu estava com ódio dele no momento, com raiva por eu não ter feito nada pela mulher, então ele iria pagar perdendo o que ele mais gostava nessa vida, que era o dinheiro. Peguei a bolsa preta que estava cheia de dinheiro e a arrastei para fora, ficando afastado de todos os carros. Nunca estive a frente de tanto dinheiro ou pude por as mãos em tamanha quantia, mas depois contar mais ou menos todos os bolos de nota de cem e cinquenta que estavam na bolsa, presumi que tinha ali no mínimo um valor de quatrocentos mil. Eu então me levantei com calma, olhei para a bolsa cheia de dinheiro e abri a garrafa de bebida que estava em minhas mãos. Despejei todo o líquido com cheiro forte ali e fiz uma trilha com o restante, me afastando um pouco da bolsa preta, cerca de dois metros. Me abaixei novamente com o isqueiro em mãos, e sorrindo, iniciei aquele pequeno incêndio nas tão preciosas notas do delegado, que iria morrer quando saísse e visse tudo o que eu fiz.

Eu assisti todas as notas queimarem e sorri mais uma vez depois de olhar para a usina abandona e correr em direção ao meu carro. Quando eu finalmente entro dentro dele, dou um grito, um grito muito alto abafado pelos vidros. Não foi um grito de medo ou pavor, foi um grito de alivio, mas também de total adrenalina. Eu curti cada parte do que aconteceu ali, e talvez Carlos tenha razão, eu tenho vocação para esse tipo de coisa.

Eu liguei o carro, me acalmei um pouco devido a emoção e dei a partida. Saí pela mesma entrada em que cheguei aqui e comecei a dirigir pelas extensas ruas afastadas da cidade. Eu olho no relógio que se encontrava no visor do carro e já eram meia noite. Por sorte eu não teria aula no dia de amanhã, ou hoje no caso, então eu não precisava me preocupar.

Assim que estacionei o carro, mandei uma mensagem para o Matheus e para a Carol, que já haviam me ligado umas cinco vezes. Avisei para eles que por via das dúvidas, eu estaria dormindo na casa do Matheus. Nem esperei pela resposta e liguei para o meu pai. Pedi desculpas para ele por ainda não estar em casa e falei que eu dormiria fora hoje, na casa de um amigo. Ele insinuou que eu estava com um homem, sorriu, e falou tudo bem, mas que era para eu tomar cuidado.

Desci do carro e foi então que eu vi o meu estado. Eu estava sujo de terra, com minha camisa ainda mais rasgada do que eu pensei. Minha calça estava furada na perna. Eu tinha cortado meu braço e nem tinha visto e meu corpo estava quente, muito quente. Passei por aquele portão, e quando cheguei na porta de entrada, bati.

As luzes estavam todas apagadas, mas a televisão estava ligada. Escuto passos vindos em direção a porta, e assim que ela se abre, a primeira visão que eu tenho é daquele peitoral desnudo, daquela pele morena e daquele homem que tinha praticamente dois metros de altura. Sinto o meu corpo tremer apenas de olhar para ele. Ele se indagava, via meu estado e parecia estar com raiva, porque sabia o que tinha acontecido, mas eu não o deixei falar nada, não o deixei se pronunciar, porque tudo o que eu queria naquele momento era ele dentro de mim, e por isso eu me joguei contra seu corpo, o agarrei, arfei quando meus lábios tocaram os seus e gemi quando senti sua ereção pressionando a minha. Eu precisava disso, e precisava agora, e no momento ele era o único homem que poderia me dar tudo isso.

Comentários

Há 9 comentários.

Por H.Thaumaturgo em 2015-09-22 03:08:51
Pqp Matheus, esse capitulo foi de longe o melhor, dps daquele em que o Rodrigo prende o Jonathan na cama de cama, maaannoo do céu, eu msm fiquei animado com o capitulo e com essas partes e pelo amor de deus não termina essa série cedo não cara, esperando muito, MUITO ansioso pelo próximo
Por luan silva em 2015-09-21 23:55:57
adrenalina pura cara q capitulo foi esse?! o jonathan é muito foda gente, mega ansioso pelo proximo.
Por Nickkcesar em 2015-09-21 20:11:28
❤❤❤❤❤
Por Niss em 2015-09-20 22:37:58
Genteeee, quanta adrenalina hein hahaha. Espero pelo proximo. Kisses, Niss.
Por Tyler Langdon em 2015-09-20 21:40:53
Uooooou, fiquei sem respirar
Por Jr.kbessao em 2015-09-20 13:23:52
Tudooooo de bom como sempre!
Por diegocampos em 2015-09-20 13:21:25
Amei o capítulo muito legal ver o Jonathan fazendo isso é mostrando esse seu outro lado a história está muito boa estou mega ansioso para o próximo capítulo
Por BielRock em 2015-09-20 13:20:01
Meu Deus, esse com certeza foi o meu capítulo favorito sem vias das dúvidas. Caramba, Jackie Chan que se cuide com Jonathan ein hahaha, meu estou pasmo com esse capítulo, juro a vocês. Jonathan daria um ótimo detetive mesmo sem sombras de dúvida. Assim, uma curiosidade, esse dinheiro era do delegado ou era roubado ? Ansioso para o próximo capítulo que acho que vai ser muito emocionante. Beijos e até 😘😘
Por bielpassi em 2015-09-20 12:56:27
Aí pensei q meu coração ia ter um treco muito bom o cap de hj, só que faz capítulos maiores! E posta com mais frequência estou ancioso pelo o próximo