Comum & Extraordinário - Capítulo 45

Parte da série Comum & Extraordinário

Boa Tarde...

Então. No capítulo de hoje as coisas começam a esquentar de novo, e eu espero que possam curtir o novo rumo que a história está tomando, porque tudo tende a ficar mais completo daqui para frente, e mesmo alguns de vocês podendo achar os próximos capítulos um pouco exagerados, saibam que eu amo cada um deles.

Hoje não vou comentar muita coisa, apenas deixar algumas perguntas abaixo antes de iniciar o próximo capítulo, e eu espero que possam responder nos comentários.

01 - Levando em consideração que a leitura possa ser rápida de mais ou demorada de mais, em média, qual o número ideal de páginas por capítulo? Acima de cinco e abaixo de dez?

02 - Se eu fosse escrever outro conto, sobre o que gostariam que eu escrevesse?

03 - Vocês preferem postagens mais curtas e um maio número de capítulos ou postagens mais longas e um menor número de capítulos?

04 - Sobre a narração, preferem em primeira ou terceira pessoa?

Bem, são apenas essas quatro perguntas, e eu espero que possam me responder, e sim, isso é uma sondagem, é tudo o que vou dizer por em quanto. Rsrsrsrs.

Um beijão e um abração para todos.

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Comum & Extraordinário - Capítulo 45

Na quinta feira, logo após a aula, eu estava em casa me decidindo se eu começava ou não a colocar meu plano em prática. Eu tinha que expor todos aqueles vídeos em minhas mãos, mas não podia demorar muito tempo, porque a situação poderia acabar piorando com o passar dos dias, ainda mais se houvesse outras vítimas, o que provavelmente era um fato consumado.

Depois de rodopiar pelo meu quarto com a cabeça quente, decido tomar um banho e colocar uma roupa mais séria. Vesti uma calça mais justa no corpo, um par de tênis discreto e neutro e uma camisa social de manga comprida na cor vinho, mas como estava fazendo um pouco de calor, dobrei as mangas dela e deixei um pouco acima do meu cotovelo.

Quando eu estava prestes a sair, meu telefone toca. O pego de dentro do meu bolso e atendo. Era o Carlos.

- Boa tarde Carlos...

- Eu encontrei os vídeos debaixo da minha gaveta hoje pela manhã... - Sua voz era seca.

- Você os assistiu? - Me sento na cama.

- Ainda não tive a coragem. Temo que se for real de mais eu venha a tomar uma atitude momentânea que vai colocar tudo em risco.

- Então é melhor você não assistir.

- Eu sei...

- Eu estou indo a prefeitura agora. Tenho que conversar com o prefeito, sondar algumas coisas.

- Você vai comentar com ele sobre o vídeo?

- Não, eu apenas vou sondar a situação e iniciar a conversa. Ainda não sei bem como vou fazer, mas tenho que conversar com ele.

- Quer que eu te leve? Vou sair para almoçar agora e posso dar uma passada aí.

- Não, não precisa, mas eu quero que você me faça um favor.

- E qual seria?

- Me avise quando o Delegado sair.

- Por qual motivo?

- Se eu te contar, você vai brigar comigo, então é melhor evitar.

- Você não está pensando em seguir ele não é?

- Não... - Minha voz soa meio suspeita e brincalhona.

- Jonathan... - Ele me repreende.

- Só me avisa, do resto eu cuido.

- Mas vai o seguir de que forma?

- De carro.

- Você não tem carteira de motorista.

- Eu sei dirigir desde os meus doze anos. Culpe meu pai irresponsável. - Dou um sorriso.

- Eu acho melhor eu te ajudar com isso.

- Não precisa Carlos, eu sou muito capaz de cuidar disso sozinho. Ele geralmente sai da delegacia em qual horário?

- Bem, ele ainda está aqui, almoçando, mas ele costuma sair daqui lá pelas três da tarde para fazer uma ronda pela cidade, função que não cabe a ele e sim aos outros policiais, e eu sempre achei isso suspeito.

- Ótimo. Por volta das duas e quarenta vou estacionar perto da delegacia e esperar por ele.

- Toma cuidado com isso Jonathan.

- Eu já fiz isso antes, não se preocupe. - Eu me referi ao dia em que segui o Thallison.

- Tudo bem. Vou deixar você sair agora. Qualquer coisa eu te aviso.

- Obrigado.

- De nada.

Depois que desligo o telefone, vou até a garagem e entro no carro. Abro o portão eletrônico e saio por ele, o fechando logo em seguida.

O caminho até a prefeitura poderia ser considerado um pouco longo, já que eram cerca de quarenta minutos de minha casa até lá. Como o transito estava bem tranquilo e o horário de pico por aqui ainda não havia chegado, não tive complicações durante o percurso. Acabei chegando com uns dez minutos de antecedência. Estacionei o carro em um lugar apropriado, atravessei a rua e entrei.

Parando para pensar e me lembrar, eu acho que nunca havia entrado na prefeitura, até porque, eu nunca precisei. Se eu cheguei a vir aqui alguma vez foi por causa de algum projeto de escola, porque nunca tive a intenção de entrar nesse lugar sozinho apenas para conhecer, coisa que muita gente da cidade faz.

Assim que passei pela porta, fui direto ao recepcionista. Ele estava em pé de frente a uma tela de computador digitando algo que parecia lhe prender a atenção. Seu rosto era inexpressivo, como se fosse apenas mais um dia ali fazendo o mesmo trabalho. Quando coloco minhas mãos no balcão, ele olha sorrindo para mim.

- Boa tarde. Em que posso lhe ajudar?

- Eu gostaria de falar com o prefeito.

- Você tem hora marcada?

- Não... - Eu olho para ele. Havia me esquecido de ligar antes.

- Então infelizmente eu não tenho como lhe ajudar, e apesar disso, o prefeito não se encontra no momento. - Eu cheguei a cogitar que ele estava mentindo, mas escuto uma voz vinda da entrada se dirigindo ao homem atrás do balcão.

- Hernandes, eu gostaria que remarcasse a reunião de amanhã cedo para as duas da tarde. Tenho um compromisso inadiável às nove horas. - Ele diz ao chegar do meu lado no balcão. - Bom dia Jonathan. O que está fazendo aqui? - Ele olha para mim e isso acaba surpreendendo o atendente.

- Eu vim conversar com você.

- Eu posso saber a respeito de que? - Ele coloca sua maleta em cima do balcão e tira alguns papeis de dentro dela, os entregando para Hernandes. - Mande ao cartório para autenticar, e assim que estiver pronto, me avise. - Ele diz com educação.

- Tudo bem senhor. - Ele diz ao pegar os papeis, ainda olhando para mim.

- É um assunto pessoal. - Eu respondo a pergunta que ele havia me feito.

- Tudo bem. Vamos até o meu gabinete. Tenho quarenta minutos até a minha primeira reunião do dia.

- Tudo bem.

Eu começo a o seguir pelos cantos e me admirei com o poder que ele tinha li dentro. Todo mundo o respeitava e o cumprimentava, sem exceções. A situação ali dentro não era baseada no medo, no pavor, no temor de perderem o emprego por causa de certos acontecimentos, e sim baseado no respeito e na admiração. Que ele era um excelente prefeito todos sabiam, a cidade inteira estava ciente disso, tanto é que o reelegeram várias vezes, mas mesmo boas pessoas escondem segredos sujos.

Quando entramos em sua sala, ele fecha a porta e caminha até sua cadeira. O lugar era bem decorado, mas não algo que gritava gastos expansivos, mas uma decoração mais simples, mais comum. Um sofá, cortinas, uma mesa com um notebook, uma cadeira, espaço para as pessoas que vinham conversar com ele e uma geladeira, nada mais do que isso.

Eu então me sento de frente para ele, que parecia confortável em sua cadeira de couro.

- Então... Você e o Rodrigo não estão mais juntos pelo que me parece. - Ele foi muito direto.

- Não, não estamos.

- E o motivo disso tudo foi a Rafaela. - Ele estava afirmando porque sabia sobre a situação.

- Sim, mas não da forma como está pensando.

- E de que forma estou pensando?

- Não sei, me diga você... - Eu o encaro.

- Eu sei que você não é um adolescente frágil e mimado que corre das coisas quando sente medo ou uma ameaça eminente. Eu sei que você não tem medo de enfrentar a Rafaela, muito menos correr caso ela faça algo com você, eu sei disso. Dito isso, me diga, o que realmente aconteceu? Rodrigo não se pronuncia a respeito.

- Ele simplesmente não quer mais nada comigo, ponto. Não há uma história por trás disso ou uma teoria de conspiração, ele apenas não quer carregar um adolescente nas costas.

- Você pode ainda ser menor de idade, mas não é mais um adolescente. Os jovens de hoje em dia não são destemidos, corajosos e impetuosos como você. Eu o vejo como um adulto ciente de tudo o que acontece ao seu redor, porque eu sei que você não é burro, então pensa direito no que está acontecendo, porque o Rodrigo não iria te largar dessa maneira, e eu acho que no fundo você sabe disso.

- Olha, se você pensa que eu vou correr atrás do seu filho, está enganado. Se eu sofri e ainda estou sofrendo por causa de tudo? Não tenha dúvidas disso, mas eu não vou ficar me humilhando perante a ele e implorando que ele volte para mim, que ele me conte o que aconteceu, porque eu já fiz isso e não vou me rebaixar mais. Outra coisa, um relacionamento é baseado na confiança, e ele não confiou em... - Eu o encaro por alguns segundos. - E se tudo isso foi ou não parte de um plano diabólico da esposa do seu filho, que ele seja homem o suficiente para vir falar comigo e conversar a respeito, assim poderíamos ter tentando resolver a situação, porque ele sabe muito bem que eu não sou uma princesinha indefesa que precisa ser privada de informações a troco do meu bem estar. Eu sei me virar, eu sem me defender, e ele sabe muito bem disso.

- Você já parou para pensar que pode ter sido algo que a Rafaela tenha feito?

- Sim, eu já parei para pensar a respeito, mas me diga uma coisa... E se não for? Digamos que eu o procure, que eu tente me desculpar por ter me deixado levar durante a nossa briga e peça perdão de joelhos, então o Rodrigo simplesmente reafirma tudo o que disse a mim e vire as costas. Eu não quero passar por isso de novo, então eu prefiro deixar tudo como está, e se realmente for uma armação, quando ele sentir minha falta e resolver me contar, eu vou ouvir o que ele tem a dizer e finalmente o sentir perto de mim outra vez, porque a cada dia que passa fica mais complicado sentir saudade dele... - Eu o encaro outra vez. - Tendo esse assunto como encerrado, podemos falar sobre o que eu vim fazer aqui?

- Claro. - Ele se acerta na cadeira.

- Olha, eu não te conheço direito, apenas sei o que a cidade comenta, então eu vim aqui para conversar com você a respeito de algo e eu vou ser o mais direto possível.

- Pode falar Jonathan.

- De uma forma estranha, sinto que eu posso confiar em você, mas apesar disso eu vou perguntar da mesma forma... Você é corrupto? - Sou direto porque eu sei que ele não gosta de enrolação.

- Corrupto? - Ele pareceu não acreditar que eu tinha perguntando aquilo.

- Prefeito, eu não vou ficar dando voltas. Eu vim aqui com um propósito e vou cumprir com o meu cronograma... Antes de você se indagar o porquê de eu ter lhe perguntando isso ou de onde eu tirei essa coragem, eu vou lhe responder. Eu perguntei pelo simples fato de eu não sair por ai confiando em todo mundo. Sei que os outros o consideram honesto, justo e um bom prefeito, mas mesmo pessoas boas aos olhos da sociedade podem esconder segredos sujos.

- Eu não sou corrupto Jonathan. - Ele diz.

- E o que me garante que você não está mentindo para mim?

- Se você está esperando que eu jure pelos meus filhos, pela minha esposa, esqueça, porque eu não vou me submeter a essa palhaçada. Muitos políticos saem por aí jurando por seus filhos e acabam fazendo tudo aquilo que prometeram não fazer, e eu não vou me juntar a essa corja. Eu não sou corrupto, e acredite em mim se quiser. Agora eu posso saber do que se trata tudo isso?

- Eu preciso saber se você pode proteger minha família e meus amigos caso algo dê errado.

- Eu não sei do que você está falando.

- E ainda não vai saber, não por enquanto, mas eu preciso de sua palavra.

- Só me coloque a par do assunto e eu resolvo. Não precisa me contar o que é, apenas me guie.

- Eu tenho em mãos algumas provas contra alguém importante dessa cidade. Não me pergunte como eu consegui ou sobre quem eu estou falando, eu apenas tenho.

- Entendi. E a respeito de que são essas provas?

- Abuso de poder, má conduta, estupro, violação dos direitos humanos e tudo o que o código penal julga como errado.

- Como você conseguiu isso? - Ele pareceu interessado.

- Eu apenas consegui, e por isso eu quero saber se ao acaso algo der errado, você pode proteger minha família e meus amigos enquanto a merda explode.

- Eu posso.

- Obrigado. - Eu me levanto.

- Onde é que você vai? - Ele se levanta também.

- Eu só vim aqui para lhe perguntar isso.

- E vai embora assim do nada? Você me dá uma notícia dessas e espera que eu lhe deixe sair daqui sem fazer perguntas? Pode se sentar.

- Mas... - Eu tento argumentar.

- Agora. - Seu tom de voz é autoritário, então eu acabo me sentando. - Comece a falar, e caso não queira, eu vou acabar te obrigando a me contar tudo, então pelo menos ilumine o meu caminho. Não sei de qual situação estou diante.

- Olha, eu não posso lhe mostrar o que eu tenho agora pelo simples fato de minha intuição não deixar. Você pode achar que é palhaçada, mas eu sempre fui de confiar em meus instintos e eles sempre me provaram certos, e por isso não posso lhe contar tudo.

- Tudo bem, só me explique o conteúdo dessas provas que você tem.

- São vídeos de estupro, violação dos direitos humanos e abuso de poder.

- Jonathan, isso é algo grave para você aguardar.

- Eu sei, mas eu não estou sozinho nessa. Tenho alguém próximo ao autor de tudo isso que está investigando por conta própria.

- E você confia nesse alguém?

- Sim. - Eu realmente confiava no Carlos.

- Agora me diga, porque quer que eu proteja a sua família de tudo isso? Se você me entregar as provas que tem, eu mantenho o seu nome fora de tudo, não há com o que se preocupar.

- Ele vai saber que sou eu o responsável, porque fui o único que não abaixou a cabeça ou teve medo dele, logo isso é um motivo para me colocar na lista de suspeitos, caso tudo venha à tona.

- Mas quando você pretende me apresentar às provas?

- Quando eu achar que devo, ou simplesmente quando eu me cansar de guardar tudo o que eu sei comigo.

- E o que você quer que eu faça quando eu obtiver essas provas?

- Que trate de colocá-los na cadeia. Não vai haver necessidade de construir um caso para ir a julgamento devido às provas explícitas que eu tenho em mãos, então basta tudo vir a público para que eles apodreçam naquele lugar.

- Então porque não me entrega as provas de uma vez? Podemos agilizar todo o processo e eu posso cuidar da sua família.

-Eu não sou palhaço prefeito. Eu sei que muita gente está envolvida no que eu vi, mas não sei quantas ou quem são essas pessoas, e sendo completamente sincero, eu ainda não confio cem por cento em você para lhe entregar tudo de mão beijada. Por mais que lhe soe ofensivo, você pode estar no meio da sujeira e eu nem ao menos saber disso.

- Mas eu não estou em seus vídeos.

- E quem me garante que esses são os únicos vídeos que eles fizeram?

- Boa resposta.

- Eu preciso de tempo para conseguir mais provas. Eu sinto que eu não sei a metade de tudo o que eu preciso saber para acabar com aquela corja. Se eu estou me colocando em perigo? Sim, eu estou, mas eu preciso coletar mais evidências para que depois de pronto, não tenha mais volta. Eu preciso os enterrar na cadeia, não os colocar lá dentro. Porque venhamos e convenhamos, não é tão difícil assim comprar pessoas importantes que lhe ajudem a sair, e fugir dela por conta própria não parece tão complicado hoje em dia. O sistema penitenciário é falho, e isso é tão claro como água limpa.

- Você superou as minhas expectativas Jonathan. - Ele sorria.

- Superei o que? - Eu pergunto sem entender o que ele quis dizer com isso.

- Eu nunca duvidei de que você fosse um rapaz corajoso, nunca, mas você se mostrou articulado, inteligente, bom planejador e completamente focado na sua meta. Tenho que lhe dar os parabéns.

- Eu não entendi. - Na verdade eu havia entendido sim.

- Você entendeu sim Jonathan. - Ele sorri outra vez.

- Da mesma forma que eu suspeito de você, você suspeitava de que eu era só mais um garoto que iria cair na lábia de alguém como você, ainda mais sendo você o prefeito e pai do Rodrigo, e por consequência, uma pessoa completamente confiável aos meus olhos.

- Mas você não é assim.

- Não, eu não vou acreditar em você pelo simples fato de você dizer que eu posso confiar. Eu não vou confiar em você pelo simples fato de ser o meu dever confiar em alguém que é autoridade maior na cidade, eu não sou estúpido e você não precisava de um teste para comprovar isso.

- Não, eu não precisava, mas foi divertido. - Ele cruza os braços sobre o peito. - Você terá um futuro brilhante pela frente Jonathan, e é um prazer lhe dizer isso.

- Obrigado.

- Agora se você quiser, pode se retirar. Me procure quando estiver pronto, e cuidado com o que você tenta encontrar, porque pode acabar achando.

- Obrigado pelo aviso, eu vou ser cuidadoso. - Eu digo sorrindo.

- E caso queira saber, em minha opinião, o Rodrigo foi muito estúpido ao abrir mão de alguém como você.

- Não, eu fui o estúpido.

- Quando se trata de amor meu jovem, as pessoas fazem coisas estupidas. - Ele diz.

- Você fala como se fosse por experiência própria.

- Bem, eu vim de uma família rica e dona de terras, já a Eva era filha da empregada de meus pais. Pode parecer clichê, mas foi o que aconteceu. Acabei perdendo o direito a tudo quando decidi me casar com ela.

- Você fez a coisa certa. - Eu sorrio para ele.

- Eu sei que fiz. - Ele também sorri.

- Bem, agora eu vou embora e deixar você trabalhar.

- Tudo bem. E pense a respeito de nossa conversa.

- Pode deixar.

Eu havia me despedido do prefeito com um aperto de mão e um sorriso. A nossa conversa havia sido produtiva e eu vi que finalmente poderia confiar em alguém além do Carlos em toda essa história. Ele acabou me parecendo uma pessoa honesta e realmente muito justo.

Durante esse tempo que fiquei naquela sala, pude perceber o quão Rodrigo era parecido com o pai. Os dois eram a mesma coisa, um apenas grisalho e o outro não. E caso estejam se perguntando, sim, o prefeito é um homem muito bonito. Rodrigo teve a quem puxar.

Quando eu tinha me virado para sair, a porta a minha frente se abre, e por ela passa Rodrigo. Ele me olha questionando o que eu estava fazendo ali, com seu pai, mas dou de ombros. Ele entra e então fecha a porta.

- O que ele está fazendo aqui? - Rodrigo pergunta ao seu pai sem ao menos olhar na minha cara.

- Ele veio falar comigo. - O prefeito se levanta.

- Sobre o que? - Rodrigo faz outra pergunta, me ignorando por completo.

- Eu lhe ofereci uma oportunidade de trabalhar comigo. - Oi? Resolvi então me mantar quieto e ir com a história.

- Você fez o que? - Rodrigo parecia estar chateado com a notícia.

- Rodrigo, se você não viu o potencial no rapaz, a culpa não é minha.

- Ele só tem dezessete anos! Você não pode contratar um menor para trabalhar aqui, é crime.

- Caso ele aceite, ele não irá trabalhar para mim, e sim comigo. Um rapaz talentoso como ele ficando responsável por enviar e-mails e coisas desnecessárias? Seria um desperdício.

- E você aceitou? - Finalmente ele olha para mim e eu vejo tristeza em seu olhar

- Ainda não. - Resolvo me envolver na mentira.

- Você vai aceitar?

- Ainda não sei.

- E você o aceitaria trabalhando aqui mesmo sabendo que ele anda por aí com um policial sujo?

- Como é que é? - Dessa vez eu me pronunciei.

- Eu sei que você anda saindo com aquele policial que anda com você. - Ele parecia furioso e com ciúmes ao mesmo tempo, como se tivesse raiva do Carlos por ele estar comigo. Olho para o prefeito e ele dá de ombros, como se aquela situação fosse normal para ele.

- O que eu faço ou não da minha vida não diz a seu respeito. - Eu mantenho minha calma.

- Eu pensei que soubesse selecionar os homens com quem você se diverte por ai, mas pelo que vejo, está saindo com qualquer um. - Sim, ele estava com ciúmes, e por isso tudo ficou mais claro para mim.

- Você está fazendo um ótimo trabalho ao sair com uma pessoa de boa índole como a Rafaela.

- Pelo menos ela não anda dando para o primeiro que aparece. - Eu só estava mantendo a calma por causa do pai do Rodrigo, porque se não eu já tinha descido do salto, como diz o Matheus.

- Rodrigo, eu não lhe devo satisfações a respeito da minha vida.

- Então vai negar que está saindo com aquele cara sujo? - Ele odiava o Carlos.

- Em primeiro lugar Rodrigo. - Eu chego bem perto dele, o encarando, sem medo de fraquejar ou chorar. - O Carlos não é sujo. Ele é um policial honesto e trabalhador, além de ser um homem excelente.

- Isso é o que você diz Jonathan.

- Não, isso é um fato. E em segundo lugar Rodrigo, nós não estamos mais juntos, logo eu posso sair com quem eu quiser.

- Então você foi pra cama com aquele cara? - Eu olho para o prefeito e ele estava simplesmente sentado digitando algo em seu notebook, como se não estivéssemos ali.

- Você quer realmente fazer isso? - Eu não desvio meu olhar, mas ele faz.

- Eu só te fiz uma pergunta, não entendeu? - Era como se eu pudesse sentir o rancor vindo dele, como se ele estivesse fazendo tudo isso obrigado, e novamente, o ciúme estava visível. Eu não estava entendendo mais nada

- Não, ainda não fomos para a cama, mas um quarto não é o único lugar para se fazer sexo. - E eu não precisava de mais nada depois disso.

- Então você transou com ele?

- Sim, não entendeu?

- O cara tem quarenta anos! Isso é pedofilia.

- É o que? Por um acaso você acha que tem dezessete anos Rodrigo? Porque pelo que eu me lembre, você tem quase trinta e a gente já transou várias vezes.

- Mas você transou comigo porque quis! Você transou comigo porque eu sempre cuidei de você, sempre fui cuidadoso com você... - Sua voz se amarga, como se ele estivesse triste.

- E você acha que ele me forçou? - Parece que ele levou um tapa na cara. Vi sua autoestima cair por terra naquele momento. Ele não estava bem, mas eu também não estava.

- Você seguiu em frente rápido de mais, parabéns para você. - Ele foi extremamente sarcástico.

- Você queria que eu fizesse o que? Que eu bancasse a dondoca indefesa? Que eu ficasse chorando pelos cantos esperando a sua volta? Eu já me ajoelhei para você, pedindo para que não terminasse comigo, e o que isso me causou? Dor e sofrimento. Então eu me recuso a ficar chorando pelos cantos enquanto você segue com sua vida. Eu vou seguir a minha, e você pode pensar o que quiser de mim, porque eu não me importo.

- Você vai acabar quebrando a cara com esse homem...

- E você acha que eu estou em algum tipo de relacionamento com ele? Rodrigo, nós estamos transando, não olhando para o futuro e colhendo flores do jardim secreto.

- A cada dia eu descubro mais sobre você, é incrível. - Ele abaixa a cabeça em negação.

- E porque a cara de desapontado? Por um acaso eu não correspondi as suas expectativas pós-término?

- A esposa do cara morreu a pouco tempo e você já está correndo para cima dele.

- E você terminou comigo, o que para mim foi como um processo de luto. - Isso parece que o fez engolir seco. - E pelo que parece você anda tão preocupado com minha vida que chegou ao ponto de investigar sobre aqueles a minha volta?

- As pessoas comentam. - Ele estava mentindo, eu sabia que ele estava mentindo.

- As pessoas não comentam porque as pessoas não sabem de nada. Nem mesmo meus amigos sabem que eu estou transando com ele, então invente outra desculpa ou procure outra coisa para fazer em seu tempo livre, porque perseguição é crime.

- Eu não estou te perseguindo Jonathan, eu não preciso fazer isso. - Ele olha no fundo dos meus olhos e eu vejo que ele está mentindo. O Rodrigo estava me seguindo, e por um momento eu me senti bem por ele ainda estar correndo atrás de mim, mas essa história ainda não estava correndo pela minha cabeça perfeitamente.

- Ótimo, é bom saber que ao levantar e olhar pela janela do meu quarto eu vou te ver escondido atrás de uma árvore.

- Eu não estou te seguindo Jonathan... Só toma cuidado para não contrair uma doença. Nunca se sabe... - Ele vira de costas, mas eu o puxo e o faço olhar dentro dos meus olhos

- Você está me achando com cara de palhaço? - Eu cresço para cima dele e altero meu tom de voz. - Você está pensando que eu sou um vagabundo, que eu sou um putinho que sai por aí dando para o primeiro que aparece? Acha que eu vou em becos e em festas escuras para deixar o primeiro enfiar o pau em mim? Por que se você pensa assim, nunca me conheceu.

- Eu só te alertei, não te chamei de vagabundo. - Ele estava com a cabeça baixa, como se sentisse vergonha.

- E só para constar, mesmo se eu estivesse saindo com todos os caras da cidade, você não tinha o direito de me julgar por explorar a minha sexualidade. Você não teria o direito de me chamar de vagabundo por eu fazer algo que você nunca teve coragem quando era mais novo. - Sim, eu o amava, muito, mas eu precisava proteger meu coração de tudo o que estava acontecendo, e atacar era a melhor forma de fazer isso.

- Eu achei que você nunca iria jogar isso na minha cara.

- Você terminou comigo, não me explicou as coisas direito, me humilhou, e o fato de eu jogar esse simples acontecimento no meio da conversa te incomoda? Acho que você deveria estar em minha pele para ver como eu estou me sentindo... Sabe Rodrigo, eu ainda te amo, com todas as forças que eu tenho, mas eu vou aprender a não te amar mais, porque eu preciso.

- Jonathan...

- Só esquece tudo o que eu te falei... - Eu me viro para o prefeito, que se levanta. - Eu já estou indo embora. - Eu me aproximo dele e aperto a sua mão.

- Não era apenas uma encenação, a proposta é real. Promete pensa a respeito? - Ele fala baixo.

- Prometo. - Eu sorrio para ele. Quando me viro para ir embora, Hernandes estava na porta com alguns papeis.

- Desculpa senhor, é que eu bati na porta e ninguém se pronunciou, então achei que poderia entrar.

- Está parado ai há quantos minutos? - O prefeito pergunta.

- Senhor, há uns cinco minutos... - Ele diz, como se sentisse culpa. - Eu só vim lhe trazer os papeis autenticados.

- Obrigado. - O prefeito diz depois que Hernandes veio até sua mesa e o entregou. - Pode se retirar agora.

- Com licença senhor, e me desculpe pela intromissão. - Eu me viro novamente para o prefeito.

- Depois conversamos mais. - Eu digo.

- Tudo bem. E caso ainda não estejam claras as minhas intenções, quero que venha trabalhar comigo.

- Eu prometo que vou pensar a respeito.

- Pense bem. - Ele sorri.

Quando começo a sair, olho para o Rodrigo e simplesmente lhe dou um boa tarde, o que ele responde com a feição triste. Saio pela porta e a fecho, me encostando nela por alguns segundos até eu recuperar meu fôlego para sair daquele lugar.

Quando passo pela recepção, Hernandes me encara e eu olho para ele. Tenho certeza que ele tinha ouvido a conversa toda, mas eu não me importava. Saio da prefeitura e vou até meu carro, e quando entro, sinto um alívio enorme, sinto alivio porque o ver daquela forma acabou comigo. Enfrentar o Rodrigo daquele jeito despertou algo dentro de mim, não só emocionalmente, mas com meus hormônios também, e tudo o que eu queria naquele momento era ser fodido. Não, eu não queria fazer sexo, eu realmente queria foder naquele momento, mas eu teria que esperar. Eu ainda tinha uma longa tarde pela frente, e tudo iria depender de um telefonema do Carlos, o qual eu estava ansioso.

Comentários

Há 9 comentários.

Por Niss em 2015-09-19 01:21:11
Genteeee estou surpreso!! Realmente estou me viciando, isso é tão maravilhoso, vocês precisam saber que a obra de vocês é divina!! Não me imagino não lendo-a. Fantástico. Em relação as perguntas, não preciso responde-las, confio bastante no trabalho de vocês e a proxima pode vir em parágrafos, mas, tenho certeza de que será maravilhosa. Sou seu fã. Amo!!! Kisses, Niss.
Por Tyler Langdon em 2015-09-19 00:38:04
Amo essa série, de verdade. Acho incrível o Jonathan e sua personalidade. Fico atualizando sempre atrás de capítulo novo. Continue assim!
Por diegocampos em 2015-09-19 00:31:49
Traduzindo minhas respostas para sua perguntas rsrs 1 - para mim tanto faz rsrs mas gosto que seja grande rsrs. 2- eu leria qualquer história sua rsrs mas gostaria de uma história paixão proibida ou então alguma ingual comun e extraordinário 3 - gosto de postagens longas me prende mas na história . 4- acho que na primeira pessoa .
Por diegocampos em 2015-09-19 00:01:48
Adorei o capítulo fiquei com certa pena do Rodrigo e espero que ele volte com o Jonathan quanto as perguntas eu acho que o seu jeito de escrever e ótimo , para mim você poderia falar em uma outra história sobre qualquer assunto que eu leria pois adoro seu jeito de escrever acho que os tamanho dos capítulos pode continuar sendo do mesmo jeito. mais uma vez amei o capítulo espero que você faça outra história depois dessa iria amar
Por Jeeh_alves em 2015-09-18 23:35:21
Nossa , eu Amo o Jonathan quando ele joga essas verdades na cara das pessoas <3 e está divino sua Série *-*
Por BielRock em 2015-09-18 23:31:42
Eu amo o jeito como vocês escrevem e espero que não mudem nada pois está perfeito. Agora, eu iria amar se você fizesse uma história sobrenatural com vampiros, lobisomens, bruxas e etc... Sobre o capítulo, amei o jeito como o Jonathan lidou com o Rodrigo, eu amo eles juntos, mas essa discussão foi a melhor que eu já li em toda a história do RG. Continua, nunca pare. Beijos 😘😘
Por Nickkcesar em 2015-09-18 23:29:01
São muitas perguntas meu amooor e eu to com preguiça de responder mas eu só queria que vc postasse capítulos maiores e mais frequentemente pq né , oq dizer de seus contos kkkkkk , e se vc quiser fazer outro conto faça que com certeza eu vou ler
Por Jr.kbessao em 2015-09-18 19:28:09
Acho que vc devia postar todo dia,fico desesperado esperando vc postar kkkkkk essa história ta cada vez melhor. Só que se fosse em 1 pessoa seria mais emocionante. E claro que vc deve fazer mais histórias. As suas são as melhores!!!! ♥♥♥♥
Por bielpassi em 2015-09-18 17:58:36
Em 1 pessoa adoro do jeito que está mas prefiro textos mais longo e com menos capítulos E posta logo o próximo