Comum & Extraordinário - Capítulo 28

Parte da série Comum & Extraordinário

É permitido preferir ‘Beira-Mar’ a ‘Hoje Eu Quero Voltar Sozinho’?

Para quem não sabe, ‘Beira-Mar’ é um novo filme brasileiro considerado como uma espécie de ‘Cult’ gay, já que não é tão reconhecido.

A história fala sobre dois amigos, Martin e Tomaz em uma viagem para o sul do país em busca de uns documentos na família de Martin, a pedido de seu pai, e esse é o enredo do filme, nada mais do que isso, e mesmo sendo pequeno, não tira o mérito de toda a história, que é incrível.

Esqueça acontecimentos inesperados, preconceito, reviravoltas, histórias impactantes ou coisa do tipo, porque o filme é calmo, tranquilo e arrastado, e como eu amo filmes assim, ao estilo ‘Nordzee Texas’ de ser, fiquei completamente apaixonado. Não vou me ater muito em termos técnicos, vou apenas falar um pouco sobre o que achei, e se julgarem valer a pena, assistam.

Sabe, eu não vi a história como um clichê, como algo que representa as grandes massas homossexuais brasileiras, na verdade, eu vi um filme sobre amizade, não um filme gay, e se vocês assistirem, irão entender. Durante uma hora e meia, acompanhamos a rotina dos dois amigos, de suas brincadeiras, de suas poucas conversas, da monotonia e de sua pequenas festas, e o filme trata isso de maneira tão calma e relaxante, que não tem como não se apaixonar.

Há momentos em que nos pegamos sentindo vergonha por determinada situação, assim como há momentos em que o filme, propositalmente, nos coloca sob uma tensão impressionante, mesmo que o que esteja acontecendo na tela não seja tão grandioso, pois como eu disse, é um filme sobre a rotina de dois amigos no sul frio do país durante o inverno, e não poderia ser melhor.

Os dois atores principais são incríveis, e eu me peguei apaixonado por eles logo no começo, principalmente Martin, que por mim, foi considerado o principal. Nunca vi o ator em outra obra, e achei a entrega dele espetacular. Transmitiu alegria, desconforto, dúvida, desprazer, medo e ironia sem precisar forçar a barra, e com o ator interprete de Tomaz foi o mesmo.

Sobre o final do filme... Fiquei sem palavras. Eu esperei por aquele final durante o filme todo, sem ter certeza se iria acontecer ou não, e quando aconteceu, tive um pequeno ataque, porque a cena foi simplesmente incrível, linda e bem feita, e foi aí que eu vi que a entrega dos atores foi real, eles realmente carregaram o filme, mesmo tendo outros oito personagens ao longo do filme (Sim, eu contei).

Enfim. Eu espero que possam assistir ao filme, porque realmente vale a pena. Se estiver esperando por histórias incríveis, reviravoltas e acontecimentos inesperados, não assista, porque não é para você. Agora, se você é um daqueles que curte filmes calmos, quietos e sem muitos diálogos, vai simplesmente se apaixonar.

E para finalizar, sobre a comparação na primeira linha do texto, foi uma forma que encontrei de chamar a atenção, porque pelo que parece, o filme anda sendo subestimado, e isso se deve ao fato de as pessoas estarem colocando ‘Hoje Eu Quero Voltar Sozinho’ em um pedestal, então eu digo sem medo, ‘Beira-Mar’, para mim, foi completamente superior.

Obs: Não sou um crítico de cinema, apenas expressei minha opinião.

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Comum & Extraordinário - Capítulo 28

Rodrigo e eu havíamos voltado para a festa depois de nossa breve situação no andar de cima. A gente conversava um pouco enquanto eu bebia minha água e ele me olhava, acompanhava todos os meus movimentos, pelo menos era o que parecia, já que eu não podia ver seus olhos.

Eu sorria para ele a medida que ele me olhava mais intensamente, como se quisesse me despir, novamente. A parte de baixo de sua máscara estava levantada, então eu podia ver sua boca e sua barba por fazer. Apesar de termos acabado de transar, eu já estava cheio de tesão novamente.

- Se você continuar assim, vamos ter que subir novamente. - Eu olho para ele.

- Eu sei... - Ele sorri para mim.

- Safado... Que tal a gente dançar um pouco?

- Eu não danço muito bem. - Ele diz e sorri outra vez.

- Eu também não. - Digo e saio o puxando.

Começamos a dançar ao som de ‘Open Fire’ da Kate Boy. Estávamos tão perto um do outro, tão colados, que o mundo poderia acabar de uma hora para outra que eu iria com o homem que eu amava, com o homem que sempre me ouvia e me dava prazer.

Enquanto ele estava com uma de suas mãos em minha cintura, eu aproveitava para encaixar minhas pernas nas deles, e assim a gente dançou por muito tempo, colados um no outro. Aos olhos dos outros, éramos duas pessoas contidas, mas nos dois sabíamos que entre a gente a situação nunca era contida, e esse era o caso. A gente se roçava, deslizava um pelo corpo do outro, e era incrível.

Depois de mais alguns minutos, resolvemos ir até os outros, Felipe, Carol e Matheus. Ficamos conversando sobre a festa quando ao longe vejo alguém entrar. O cara vestia uma farda preta de policial, um óculos escuro, quepe, botas escuras e tinha um cassetete em mãos. Ele vem batendo o material na palma da mão até chegar ao Matheus, que se assusta quando tem seu corpo virado e jogado contra a parede. Escuto seu gemido quando o policial pressiona seu corpo todo contra o dele.

- Abra as pernas. - Puta que pariu, era o Caio, eu reconheci a voz, apesar de ele estar tentando disfarçar. Acho que o Matheus não notou, já que fez o que foi mandado. - Agora!

Matheus apoia suas mãos na parede e abre as pernas. Caio se abaixa e começa a tatear o corpo de Matheus com pegadas fortes e lentas, apertando cada músculo. Quando chega na bunda, Caio dá um tapa depois de apertar e correr suas mãos por entre as pernas, na virilha. Eu podia ver o Matheus tremendo com aquela situação.

Depois de revistar a parte de baixo, Caio se levanta e alisa a pele nua de Matheus, passando suas mãos pelo peito, costas, ombros e braços, todas as vezes com um pouco de força.

- Pode se virar. - Sua voz era autoritária. - Coloque suas mãos na cabeça.

Depois que o Matheus se vira, Caio se abaixa novamente, não deixando com que tenham contato visual.

Ele volta a apalpar tudo, de baixo até em cima, novamente entre as coxas do Matheus, que olha para baixo quando as mãos de Caio tocam seu pau, fazendo com que ambos se olhem, e foi aí que o Matheus viu quem era, o que lhe deixou em um completo estado de excitação. Quando Caio vira o vira novamente e o algema, vejo o corpo dos dois tremerem. Eles podiam até negar, mas a química ali era inegável. Vejo os dois passarem por mim e pelos outros, indo em direção a porta de saída, por onde Caio havia entrado. É, era hoje que o Matheus iria matar sua vontade.

- O que foi aquilo? - Rodrigo pergunta.

- É meu segundo presente para o Matheus, e eu tenho certeza que ele vai amar.

- Era o Caio? - Ele pergunta novamente.

- Sim, o próprio. - Eu digo e depois sorrio. - Bem, o Matheus sempre foi doido com ele, então tenho certeza que ele irá amar o presente.

- O Caio também. - Carol diz. - Para quem não era fã de homens menos masculinos, Caio pareceu muito empolgado quando eu dei a ideia para ele.

- Percebi. - Ri mais uma vez. - Agora vamos deixar disso e ir dançar. Falta muito para a festa acabar.

Todos nós voltamos para a pista de dança e começamos a aproveitar a festa ainda mais. Não tinha uma música ruim sequer na lista do DJ, e eu estava amando. Sem sertanejo, sem samba, sem pagode, sem funk, apenas internacional, e não aquelas músicas que a gente está de saco cheio de escutar nas rádios, mas sim aquelas que quase ninguém conhece, mas que com o trabalho do DJ, ficam incríveis.

Rodrigo e eu estávamos mais afastados agora, no canto de uma das salas enormes. A gente se beijava enquanto ele roçava seu corpo contra o meu, me machucando, me deixando cheio de marcas vermelhas abaixo do pescoço. Quando ele estava para me virar de costas, escuto um estrondo vindo da entrada. Vejo vários policiais entrando com armas na mão. Várias pessoas começam a gritar e algumas a serem algemadas. Quando vejo o pai do Thallison, percebo que tudo aquilo era uma armação, toda aquela invasão.

- Onde está o dono dessa merda de festa? - Escuto o pai de Thallison gritar. - Recebemos uma denúncia de que estariam distribuindo drogas para menores de idade! Quem é o responsável!

- Merda! - Eu me viro para o Rodrigo. - Acho melhor você ir embora.

- Como é? Eu não vou te deixar sozinho aqui!

- Isso é uma armação Rodrigo, uma armação do delegado, eu tenho certeza.

- Mas como uma armação Jonathan?

- Depois eu explico, só vai embora.

- Eu não vou te deixar sozinho aqui!

- Pelo amor de Deus meu bem, me escuta. Você é provavelmente um dos poucos adultos aqui, sem contar que é professor de uma escola renomada, e como bônus, filho do prefeito, e para fechar com chave de ouro, está em um relacionamento com um menor de idade, vulgo, eu. Então por favor, faz isso por mim.

- Eu estou pouco me lixando Jonathan, eu não vou embora!

- Rodrigo! Eu sou menor de idade, não tenho nada a esconder, principalmente meu rosto, então, por favor, vai embora enquanto é tempo.

- Jonathan, eu não vou embora!

- Vai! Você vai sair daqui agora se realmente me ama! - Eu grito com ele. - Você tem muita coisa a perder se for preso por causa de uma armação daquele ser asqueroso.

- Jonathan... - Ele tira toda a máscara. - Deixa eu ficar, não me pede para ir...

- Rodrigo... - Eu seguro a mão dele. - Se você ficar, provavelmente vai se tornar o responsável por tudo, inclusive pelas supostas drogas que estão sendo distribuídas. Vai perder seu emprego, ser acusado, e eu não quero que você passe por isso, então, por favor, eu estou lhe implorando, vai embora.

- Jonathan...

- Por favor...

Depois de eu finalmente insistir, Rodrigo coloca sua máscara e sai pela porta dos fundos, e eu vejo o namorado da Carol fazer o mesmo, já que ele tinha vinte e cinco anos. Caminho lentamente até estar no meio da bagunça e fico na minha, ao lado da Carol. Eles estavam revistando todo mundo, sem deixar faltar uma pessoa sequer, e quanto mais eu observava tudo aquilo, com mais raiva eu ficava da situação, porque eu tinha certeza que tinha o dedo do Thallison nisso. Quando um dos policiais grita dizendo que havia achado algo atrás do balcão do bar, meu coração gela. Thallison havia conseguido plantar tudo isso aqui dentro com a ajuda de alguém, porque eu tinha certeza que o Matheus não iria deixar que distribuíssem drogas aqui dentro, sem contar os vigias do lado de fora, que revistaram tudo.

- Eu sabia que tinha algo de errado nessa festa! - O delegado grita quando um policial trás em mãos um pacote cheio com um pó branco. - Cocaína? Isso é melhor do que eu pensava... Eu quero saber quem é o filho de uma puta que está distribuindo! Eu quero saber agora!

- É ele! Ele que me vendeu! - Escuto um cara gritar, e quando me viro, ele estava apontando para mim. - Eu comprei com ele! - Quando o filho da puta tira a mascara, vejo que era um dos amigos do Thallison. - Eu vi ele vendendo para um monte de gente!

- Como é que é? - O delegado se aproxima de mim, como se não me reconhecesse. - O pivete não tem medo da morte não? - Ele praticamente grita.

- Não fui eu, ele está mentindo. - Não adiantaria eu gritar de qualquer forma.

- Foi ele sim, ele vendeu para mim também! - Outro amigo do Thallison tira a mascara e aponta para mim.

- Isso é um absurdo! - Escuto a Carol gritar do meu lado. - Ele estava comigo a festa inteira!

- É mentira dessa garota! - Um outro cara grita. - Eu vi esse viado subindo com um cara para o segundo andar da casa, provavelmente para vender pra ele também, ou para dar! Viado filho da puta!

- O que você tem a dizer sobre isso... Qual o seu nome garoto? - Ele me pergunta olhando dentro dos meus olhos.

- Eu não preciso responder por que você já sabe. - Eu o encaro.

- Não sei de onde tirou isso, nunca te vi seu pivete.

- Por favor... - Eu sorrio sem perceber. Eu realmente estava rindo na cara do perigo.

- E ainda é insolente! - Ele grita. - Algemem esse delinquente! Vamos fichar essa peça na delegacia e deixar ele por lá!

- Não! - Carol grita quando um policial me vira e pega as algemas. Quando ela estava vindo para cima de nós, entrei na frente dela para evitar mais problemas, e quando seu corpo bateu no meu, acabei andando para trás e batendo a cabeça no nariz de um dos policiais.

- Além de traficante agrediu fisicamente um homem da lei!

Depois foi tudo muito rápido. O policial me jogou com toda a força possível contra a parede, fazendo com que meu peito doesse e então juntou meus pulsos em suas mãos, me algemando, apertando aquele instrumento de ferro o mais firme possível. Eu podia sentir o metal machucando meu pulso a medida que eu era puxado, praticamente arrastado para fora da festa. Quando chegamos lá fora, acabo tropeçando em meus próprios pés e vou ao chão. Sou puxado novamente pelas algemas e me levanto. Assim que me enfiam dentro de um carro da policia, meu sorriso se abre ainda mais, e eu não sei o porquê.

- Bem, eu disse que iria acabar com sua vida. - O delegado disse assim que tomou posse do volante. Era apenas nos dois dentro daquele carro. - Espero que esteja confortável aí atrás... - Ele olha para os meus pulsos.

- Você está falando das algemas? Não precisa se preocupar comigo, eu já sou acostumado com elas... - Sorrio maliciosamente para ele, o que o deixa possesso.

- Eu tenho vontade de te jogar do carro em movimento para você aprender a me respeitar, seu garoto insolente.

- Pois que jogue. Isso vai lhe dar muita dor de cabeça.

- Eu posso fazer isso, acredite em mim.

- Eu acredito, e não me importo. Quer me jogar do carro? Jogue. Quer atirar em mim? Atire, mas é como eu lhe disse, se certifique de que eu esteja morto, porque posso voltar do além e puxar sua perna quando estiver dormindo.

- Eu vou te matar! - Ele grita. Apesar de eu estar com medo, eu não iria recuar e me mostrar vulnerável, não para ele.

- Então cale a boca e faça! - Quando eu grito, ele para o carro de uma vez e se vira para mim, apontando um revolver em minha direção.

- O que me impede de atirar em você?

- Nada. - Sim, por dentro eu estava apavorado, mas eu conseguia atuar muito bem.

- Nada? Essa é a sua última palavra?

- Sim. - Eu sorrio, mesmo eu sabendo que era falso.

- Você gosta de brincar com fogo... - Seu sorriso era cínico de mais.

- O senhor também.

- Como é?

- Eu fiquei sabendo de algumas coisas que fez... Estou impressionado. Não sabia que a humanidade chegaria ao fundo do poço dessa maneia. - Na verdade eu estava mentindo, eu não sabia de nada.

- Do que você está falando?

- Eu? Nada, só comentei, deixa pra lá.

- Desgraçado! - Ele bate no volante do carro. - Aposto que foi aquele filho da puta do Carlos que abriu a boca!

- Não, não foi ele.

- Seu pivete! Aposto que está dando esse cu pra ele também! - Não sei por que, mas aquilo me deixou com raiva, mas consegui me conter.

- Ontem, em cima do tumulo da falecida mulher, ele me fodeu até deixar minhas pernas bambas... - Fecho os olhos e solto um gemido. Se eu estava no inferno, não me custava nada tramar contra o capeta.

- Viado escroto do caralho! Merece morrer mesmo!

- Pelo amor de Deus, seja homem e atire de uma vez! - Eu arredo para frente e coloco minha testa na ponta da arma, o que faz com que ele se assuste.

- Você é louco! - Ele grita ao recolher o revolver e o colocar no porta luvas do carro.

- Obrigado.

Por dentro eu não estava tão confiante, mas há muito tempo eu aprendi que demonstrar fraqueza em uma situação como essa só serve para que o abuso de poder seja ainda pior, então sim, eu estava provocando para que ele não fique me afrontando, já que ele sabe que irei revidar.

Depois de alguns minutos percorrendo pelas estradas, ele para o carro em frente a delegacia. Nesse momento eu percebi que tudo isso estava realmente acontecendo, e para falar a verdade, depois de rever todos os meus pensamentos, eu não estava com tanto medo assim. Sim, eu provavelmente seria preso, mas não por muito tempo.

Quando a porta de trás se abre, o delegado me puxa mais uma vez pelas algemas, deixando meu braço ainda mais vermelho, e é sendo praticamente arrastado que entro na delegacia, onde eu provavelmente passaria a noite a um par de dias, mas novamente, eu não estava muito preocupado.

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Bem, eu deixei um pequeno texto antes do inicio do capítulo, e eu realmente espero que possam procurar o filme por aí e assistir, porque vale muito a pena.

Sobre o capítulo de hoje, houve uma pequena reviravolta na história, e espero que possam continuar acompanhando, porque a história começa a mudar daqui pra frente.

No mais, fiquem bem, e espero que estejam gostando do conto. Beijão para todos e até mais.

E-mail para contato: matheusn1992@hotmail.com

Comentários

Há 3 comentários.

Por Niss em 2015-08-16 23:50:59
Ah vá pra porra oh delegado do demo, sempre tem que ter um pra estragar affs.. espero que ele eja logo solto e que acabe de uma vez com esse lixo e o filho capirotinho.... -Quanto ao filme, já estou a procura na internet.
Por diegocampos em 2015-08-15 19:29:44
Ai que ódio desse delegado as vezes chega a ser mais issuportavel que o filho vou procurar ver esse filme fiquei interessado
Por luan silva em 2015-08-15 12:55:46
mel dels q reviravolta cara esse delegado e o filho dele ai q odio nao vejo a hora do jo se vingar do jeito dele ai jisus posta logo o proximo.... :00000