Comum & Extraordinário - Capítulo 21

Parte da série Comum & Extraordinário

Rodrigo havia estacionado o carro na porta da minha casa. Era fim de noite, por volta das nove, quando ele parou ali. Ele olhava para frente, assim como eu. Desde que havíamos tomado banho depois de nossa última transa, estávamos calados um com o outro, mas o clima não estava estranho, longe disso. Haviam coisas para serem ditas, coisas que foram ditas no calor do momento, coisas que precisavam ser faladas agora. Eu então resolvo começar.

- Você realmente me ama? - Eu pergunto ao me virar para ele.

- O que eu disse enquanto estava dentro de você ainda está valendo. Eu realmente te amo. - Ele se vira para mim. - E você, o que sente?

- O que eu disse também está valendo, eu realmente te amo.

- É estranho. Eu nunca pensei que fosse me apaixonar assim, amar alguém dessa forma, muito menos um adolescente.

- Não me veja apenas como um adolescente Rodrigo, por favor.

- Eu não te vejo como um adolescente. Eu te vejo como um homem. Você é mais adulto que muita gente da minha idade, e eu prezo muito essa qualidade em você, assim como prezo sua sinceridade.

- Obrigado...

- Vou ser direto. O que vai fazer em relação ao Caio? Eu não gosto dele te cercando toda hora...

- Quanto ao Caio, não se preocupe. Assim que eu o ver novamente, vou esclarecer as coisas com ele.

- Nos estamos juntos agora Jonathan, sem terceiros envolvidos.

- Eu sei Rodrigo, já deixamos isso claro. Não preciso de outro, apenas de você. - Eu o vejo fixar os olhos em mim mais uma vez.

- É bom ouvir isso... - Ele sorri.

- É bom dizer...

E mais uma vez ele me beija, mas um beijo calmo, lento. Ele toca meu rosto e acaricia meus cabelos enquanto invade minha boca com sua língua quente e molhada. Seu beijo era apaixonante. Eu não sei como explicar, mas sabe aquela sensação incrível de quanto tudo simplesmente se acerta? Então, era isso o que eu sentia, desde o nosso primeiro beijo. Tudo combinava. Apesar da minha inexperiência inicial, nosso beijo sempre se encaixo perfeitamente, e eu acho que eu poderia gozar apenas o beijando, claro, por um bom tempo, mas eu acho que conseguia.

- Infelizmente eu tenho que ir... - Digo olhando em seus olhos.

- Eu sei meu príncipe... - Ele sorri para mim. - Eu te mando uma mensagem quando chegar em casa...

- Tudo bem... - Eu sorrio para ele outra vez.

- Eu te amo. - Ele diz depois de me beijar mais uma vez. - Descanse bastante.

- Eu também te amo professor. - Ele sorri ainda mais quando eu o chamo de professor.

- Não começa, porque isso me dá ideias, e se eu as colocar em prática, você não desce desse carro agora.

- Bem, por mais que eu queira que você coloque em prática essas ideias nesse exato momento, tenho que descer.

- Eu sei.

- Fique bem. Pense muito em mim essa noite.

- Pode deixar. Assim que eu chegar em casa, vou prestar uma homenagem a você.

- Safado. - Eu sorrio para ele.

- Putinho... - Ele me beija com força dessa vez por alguns segundos e então me solta. - Agora vá para casa descansar um pouco. Te amo...

- Eu também te amo.

Me despeço do Rodrigo com um demorado beijo e saio do carro. Assim que chego à porta da minha casa e a abro, ele dá partida no carro e saí. Entro em casa sorrindo de orelha a orelha, como se eu não aguentasse tamanha felicidade. Estava escorado na porta, olhando para o nada, enquanto sorria e imaginava como seria daqui para frente. Nunca me vi como um adolescente apaixonado, amando alguém perdidamente. Eu não me apaixonei por ele na primeira semana, não disse que o amava na primeira semana, até porque não acredito muito em amor a primeira vez, mas aos poucos o Rodrigo foi crescendo em mim, me fazendo falta, me deixando eufórico quando ligava. Eu achava que era falta de piroca, sinceramente achava. Pensei que era vontade de dar, e por mais baixo que isso seja, era o que eu pensava, mas depois eu vi que eu sentia falta da companhia dele, não de seu pau. Não vou ser hipócrita e dizer que eu não sentia falta de ter ele dentro de mim, sendo um pouco bruto comigo, porque eu realmente sentia, mas eu também ansiava por ele, eu o queria ao meu lado sempre, e foi isso que me fez perceber que eu o amava. Eu procurei negar para mim mesmo, tentar esquecer isso estando com o Caio, mas não consegui. Rodrigo era tão envolvente, tão excitante, que a cada dia que eu o via, que eu o sentia por inteiro, meu sentimento por ele só crescia, então, depois de ter aparecido o clima na sua casa, resolvi contar com a sorte e dizer tudo o que estava preso na garganta, e fiquei muito feliz quando ele disse que sentia o mesmo.

- Está tudo bem? - Meu pai estava bem na minha frente e eu nem o tinha vista.

- Oi? - Digo ao acordar de meu devaneio.

- Você está parado aí há um tempo, sorrindo... - Meu pai sorria e se indagava ao mesmo tempo. - Aconteceu alguma coisa?

- Não, nada, eu só estou feliz...

- Tem certeza? - Minha mãe pergunta do outro lado da sala.

- Sim...

- Se você quiser conversar com a gente... - Meu pai fala. Eu meio que suspeitei de suas palavras. Era como se ele soubesse de algo.

- Obrigado... - Eu digo e o abraço. - Agora eu vou subir. Estou muito cansado...

- Bom descanso...

Passo pela sala, dou um beijo na minha mãe e subo para o meu quarto. Eu estava tão feliz, mas tão feliz, que eu poderia saltitar por aí, e isso era estranho para mim. Nunca fui um adolescente que sorria por qualquer coisa, muito menos por algum carinha bonito que me chamava a atenção. Tenho a obrigação de confessar que nunca havia me interessado por nenhum cara, e isso é um fato. Mas aí vocês se perguntam, como ele sabia que era gay se nunca havia se interessado por um cara? Aí eu respondo, apenas sabendo. Sim, eu nunca me interessei sentimentalmente por alguém, mas eu sabia sobre minha sexualidade desde sempre, digamos que desde que eu tinha meus dez anos de idade. Sim, foi precocemente, mas isso foi bom para mim, porque tive a oportunidade para me explorar, para explorar meu corpo, e eu encontrei nos filmes adultos como me resolver. Não era um vício, mas eu gostava de assistir, comentar sobre as cenas comigo mesmo e ver o que eu mudaria caso eu estivesse dirigindo os atores. Sim, muita gente se masturba vendo pornô, e eu também, mas na maioria das vezes eu apenas assistia e aprendia.

Depois de tomar um longo banho, vesti uma cueca e me deitei na cama. Resolvi então ler as mensagens que haviam chegado para mim. Algumas eram do Mateus e outras da Carol. Depois de ler todas, ligo primeiro para a Carol. Ela atende no terceiro toque.

- Oi... - Eu digo, mais feliz do que nunca.

- Oi nada, pode contar tudo querida, desembucha. Deu muito? - Ela ria.

- Carol... - Eu sorria.

- Nem precisa dizer, eu já sei que você deve estar todo aberto. Virou um bambolê agora. - Ela cai na gargalhada.

- Que horror! Palhaça! - Eu começo a rir também.

- Bambolê sim, porque pelo que eu vi, a senhora está merecendo palmas. Uma coisa é eu encarar de frente aquilo tudo, outra é você encarar de trás, e isso meu amigo, merece um prêmio. - Ela volta a rir.

- Pois é Carol...

- Mas e ai, como foi o fim de semana?

- Foi incrível! - Eu falo com mais entusiasmo que o necessário.

- Mas gente, o que acontece?

- Eu ainda não entendi tudo o que aconteceu sabe, mas lá eu me peguei pensando sobre o fato de que eu sempre sentia falta dele, e como o clima contribuiu bastante, acabamos nos declarando...

- Babado! Sério?

- Sim. Nunca me apaixonei antes, muito menos amei alguém, e você sabe disso, e é por isso que eu estou com medo do que pode acontecer. Eu não me importo com a diferença de idade, não me importo mesmo, mas temo pelo que os outros vão dizer.

- Pare de se importar com o que os outros irão dizer e apenas curta a sua vida. Vocês devem prezar pelo sigilo por enquanto, até porque, ele é nosso professor.

- Sim, eu sei, e em partes, é por isso que tenho um pouco de medo, medo de que os outros descubram.

- Bem, isso você terá que conversar com ele.

- Sim... Mas e você, como passou o fim de semana?

-Bicha, nem te conto. Estou a cada dia mais apaixonada pelo boy. Eu também estou com um pouco de medo, pois sinto que tudo está indo rápido de mais, mas sabe aquela pessoa que você simplesmente bate de frente? Então, me sinto assim com ele. Tudo simplesmente se encaixou. Você sabe o quanto me preocupei em achar alguém, e o que você me dizia?

- Que quanto menos você esperar, ele aparece.

- Pois é. E o que eu tenho feito nesses dois últimos anos?

- Parou de esperar. - Eu sorrio.

- E ele apareceu... - Escuto ela sorrindo. - Estou tão feliz Jonathan, muito feliz mesmo.

- E eu estou muito feliz por você, e por sua escolhe, claro, porque o Felipe me pareceu uma ótima pessoa.

- E ele é. Você sabe como eu sou crítica com as coisas, sistemática, então... Nunca fui criteriosa quanto aos homens que eu ficava, mas para ter algo sério, eu realmente tive que pensar sobre muitos aspectos da vida dele, e acabou por eu realmente gostar do Felipe.

- Sim. Eu sei como você funciona... Mas já se declararam um para o outro?

- Ainda não, mas, sabe, eu não estou preocupada com isso. Quando eu sentir que é a hora, vou dizer. Não quero colocar o boy pra correr né, tenho que me manter quieta por um tempo antes de falar certas coisas.

- Está mais que certa.

- Não foi amor a primeira vista. No começo era só fogo no rabo mesmo, mas depois, conhecendo ele de verdade, não teve como não me apaixonar.

- Sei muito bem como se sente. - Sorrio.

Continuamos nossa conversa por longos minutos. Contei tudo o que aconteceu para ela, só a poupei de alguns detalhes desnecessários, mas de resto, comentei sobre tudo. Quando desliguei o telefone, liguei para o Mateus. Ele atendeu no segundo toque, divertido e alto astral como sempre.

- Oi piranha! - Ele diz. - Como a senhora está depois de dar por horas a fio?

- Já começa assim? - Pergunto e depois sorrio. - Eu estou ótimo, obrigado por perguntar... O que está fazendo?

- Estou aqui, fazendo minhas coreografias dignas de um Kazaky. Estou no salto e tudo meu amor.

- Mas gente... - Eu sorrio mais uma vez. - Cuidado para não quebrar a patinha viu.

- Meu amor, eu sou treinada. Já nasci de salto alto querida. - Ela também ri.

- Mas e você, deu muito nesse fim de semana?

- Dei nada. Não achei um a altura. Eu quero o Caio, mas como a senhora é dona dele...

- Agora eu sou um moço compromissado?

- Como é que é rapariga? - Ele desliga a música de fundo. - Explique-se agora puta, quero saber.

Eu então contei tudo para ele, desde que cheguei na casa do Rodrigo, como foram as coisas, a forma que ele me tratou, como ele foi carinhoso comigo. Comentei também sobre o fato de a gente ter falo que éramos exclusivos de agora em diante, e claro, sobre a nossa declaração.

- Estou pretérita! - Ele grita do outro lado da linha. - A senhora agora é uma moça de família. Daqui a pouco vira dona de casa.

- Palhaço. - Sorrio. - Mas eu estou com um pouco de medo sabe, medo de que não dê certo. Além do mais, ele é meu professor, então temos que ter cuidado por enquanto.

- Eu sei meu bem, vocês realmente devem ficar na surdina por enquanto, até quando você completar o ensino médio ou ele ir dar aula em outra escola.

- Sim...

- Já conversou com o Caio? - Ele me pergunta em expectativa, e eu poderia jurar que sua voz saiu um pouco apaixonada.

- Ainda não, mas tenho que falar com ele.

- Agora que você não vai mais transar com ele... - Suas palavras saíram como uma pergunta.

- Não, não vou... - Resolvo ser direto. - Está apaixonado?

- Oi? Claro que não, que palhaçada, eu não estou apaixonado pelo Caio. - Ele muda o tom de voz.

- Mateus...

- Eu nunca me apaixonei por ninguém. Vou me apaixonar por um cara que eu nunca beijei, que eu nem vejo direito? Jamais.

- Então tá bem... Vou deixar a senhora dançar agora. Até amanhã.

- Até amanhã viado. Cuida do buraco direitinho aí viu.

- Seu cu! - Falo com ele depois de uma longa risada.

- O meu é fechadinho querida.

- Depois de uma DP, vou fingir que acredito.

- Sou ousada! - Ele gargalha também. - Vai dormir sua quenga. Até amanhã.

- Até...

Depois que desligo o telefone, ele toca, e quando olhei para o visor, era o Rodrigo. Abro um sorriso enorme no rosto e atendo.

- Oi meu príncipe... - Ele fala.

- Oi. - Eu sorria.

- Estou te ligando para desejar boa noite, e claro, para dizer que apesar de eu ter praticamente acabado de te deixar em casa, eu já preciso de você.

- Podemos dormir juntos novamente...

- Sempre poderemos dormir juntos.

- O que está fazendo? - Pergunto.

- Nesse exato momento? Me lembrando de nossas fodas e com uma ereção enorme.

- Safado!

- Vou ter que me aliviar um pouco antes de dormir.

- Eu queria poder te ajudar...

- Se você estivesse aqui, eu poderia pensar em algumas maneiras de você me ajudar.

- Mas eu não estou...

- Sim, você não está... - Ele fica mudo por algum tempo. - O que eu disse é verdadeiro.

- Eu sei, e eu digo o mesmo.

- Eu realmente te amo Jonathan.

- E eu realmente te amo Rodrigo. O meu primeiro homem e o primeiro que amei em minha vida.

- Eu sei... - Ele sorri.

- Não se ache tanto. - Eu digo depois de sorrir.

- Como não? Ter um cara como você ao meu lado, tão fofo e frágil, mas ao mesmo tempo tão impactante.

- Obrigado... Eu que tenho sorte por ter um homem como você ao meu lado. Inteligente, carinhoso, decidido, que sabe o que quer...

- Bem, eu queria você não é, e eu consegui. - Ele sorri.

- Apenas seu.

- Apenas meu...

Conversamos por mais uns dez minutos e desligamos. Depois disso desci para a cozinha e tomei um copo de água, subindo novamente para meu quarto. Fechei a porta, as janelas e puxei as cortinas. Liguei o ar condicionado e me deitei na cama, aproveitando aquele frio gostoso. Me cobri, coloquei meu celular para despertar, e em poucos minutos adormeci imaginando como seria o meu futuro ao lado do Rodrigo, e o que eu conseguia enxergar me deixava muito feliz.

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Bom Dia...

Bem, eu postaria esse capítulo um pouco mais tarde hoje, mas como tenho que viajar daqui há duas horas, resolvi postar de uma vez. Eu estou indo fazer a prova da Policia Militar De Minas Gerais em Belo Horizonte e só volto amanhã a noite, então não terei tempo para fazer mais nada...

Apesar de o capítulo hoje ter sido curto e sem acontecimentos, espero que tenham gostado, porque apesar disso, eu gostei.

Espero que fiquem bem e que se cuidem. Um beijão para todos e um abração.

E-mail para contato: matheusn1992@hotmail.com

Comentários

Há 4 comentários.

Por Niss em 2015-08-02 23:08:13
Maravilhoso, esse Matheus não presta mesmo kkkkkk "daqui a pouco vai virar dona de casa" morri kkkkkk... Kisses, Niss.
Por iigoh em 2015-08-02 01:31:52
Muito bom
Por diegocampos em 2015-08-01 16:57:01
Muito fofo o Jonathan e o Rodrigo também amei o capítulo
Por luan silva em 2015-08-01 11:09:22
ai q fofooooo... amei o capitulo, simplismente perfeito..