Comum & Extraordinário - Capítulo 05

Parte da série Comum & Extraordinário

O final de semana havia chegado, e com ele a minha mente voltou a funcionar sem aviso prévio, e com funcionar eu queria dizer que ela voltou a pensar em meu professor de física, que ocasionalmente é o cara com o qual perdi minha virgindade e que também é ocasionalmente o homem que está me ignorando pelos corredores da escola e me tratando como um simples ninguém. Não que eu esteja me roendo por dentro, chorando pelos cantos e sofrendo por amor, até porque, eu não estou apaixonado por ele, mas ser ignorado é uma merda, figurativamente falando, é claro. Eu não sei o que eu fiz para ele. Sim, eu menti sobre a minha idade, mas isso não é um problema, não para mim, mas para ele parece que é o fim do mundo.

Depois dessa primeira semana de volta a aulas, uma coisa é fato, eu fiquei péssimo em Física, matéria que eu me considerava ótimo. Não estou conseguindo prestar atenção na matéria, e quando chego em casa e tento estudar, tudo o que vem na minha mente sou eu de quatro na cama com o Rodrigo atrás de mim, me invadindo. E essa falta de atenção só acontece na matéria dele, já que nas demais estou me dando bem, como sempre estive. Espero que seja apenas uma questão de tempo, até eu me acostumar com tudo isso que aconteceu de uma só vez em minha vida.

Quando eu vejo que não valia mais a penas ficar remoendo essa história na minha cabeça, resolvo me levantar, além do mais, eu já estava com muita fome. Desço as escadas e encontro meus pais lá em baixo. Eu geralmente nãos os via muito nos dias de semana devido as seus respectivos trabalhos, e falando nisso, acho que não cheguei a comentar a respeito da profissão deles. Bem, minha mãe tem um escritório de advocacia onde ela exerce sua profissão. Geralmente ela passa horas fora de casa, resolvendo os problemas de seus clientes, os visitando em cadeias e penitenciárias e outras coisas que advogados fazem. Já meu pai tem sua própria firma de engenharia civil, que tem como sócio o pai da Carol, que também é um engenheiro. A firma que eles possuem são uma das poucas em toda a nossa cidade. E por eles trabalharem muito eu não os vejo muito. Claro, jantamos juntos todas as noites, mas eles chegam tão cansados que vão dormir sempre antes das onze, e eu não me importo, sei que eles fazem o possível, sei que eles já fizeram o impossível para me manter bem, e conseguiram, e ainda conseguem. Então, depois de toda essa rotina semanal, só nos resta os fins de semana, que geralmente são os dias em que descansamos.

- Vai fazer o que hoje meu filho? - Pergunta meu pai, que ainda vestia pijamas, apesar de já ser quase meio dia.

- Vou ao Shopping com a Carol e com um amigo da escola... Estamos querendo assistir a um filme... - Me sento frente a ele, ao lado da minha mãe.

- Tem dinheiro? Se você precisar... - Meu pai bebia seu café preto e provavelmente sem açúcar.

- Tenho sim, não se preocupe... - Me sirvo um pouco de café com leite e pego alguns biscoitos de água e sal.

- O que você faz com o dinheiro que a gente te dá de mesada todo mês? Você não sai e geralmente não compra nada para você... - Minha mãe me pergunta ao me olhar com aquela cara de sono típica que ela tem todo sábado de manhã.

- O que sobra eu guardo no banco, como vocês mesmos me pediram para fazer...

- E eu achando que você gastava tudo... - Meu pai sorri.

- Não... Gosto de ter dinheiro quando eu precisar, então não fico gastando atoa.

- Aprendeu com sua mãe... - Ele sorri para ela, que fecha a cara.

- Está me chamando de pão dura Fábio? Eu não sou pão dura coisa nenhuma! - Minha mãe não chega a gritar, mas aumenta um pouco o tom de voz.

- Eu não disse nada. - Meu pai sorri e levanta ambas as mãos, em sinal de rendição.

- É bom mesmo... - Ela sorri para meu pai. - Jonathan, assim que você terminar, arrume a cozinha... - Minha mãe se levanta. - Seu pai e eu vamos descansar mais um pouco. Mais tarde iremos a uma confraternização no clube que frequentamos, e quando eu disse ‘nós’, me referi a você também. - Ela diz e eu reclamo, não querendo ir, mas ela me olha com aquela cara e então eu cedo. - Aparentemente o prefeito vai se casar com a mulher dele outra vez, como se não bastasse aquele estardalhaço todo há cinco anos. Me diz, qual a necessidade de se casar praticamente todo ano? Eu não entendo...

Minha mãe sai injuriada da mesa, praticamente cuspindo marimbondo, enquanto meu pai vai atrás dela, reclamando de suas reclamações. Eu termino de tomar meu café da manhã e arrumo toda a cozinha. Quando termino, subo para o meu quarto, tomo um banho, visto um jeans azul bem claro, uma camisa polo vermelha sem estampas, calço meu converse branco de couro, pego minha carteira, celular e chaves, passo no quarto de meus pais para me despedir e então desço. Carol já estava me esperando na porta de sua casa, juntamente com seu irmão Caio. Eu ainda não havia me acostumado com ele tão bonito e tão forte daquele jeito. Desde que me conheço por gente ele sempre foi gordo, e agora está ali na minha frente, definido como nunca e com aquele cabelo cortado baixo. Sim, eu não queria dizer, mas ele estava gostoso, muito gostoso, uma delícia. Senhor.

- Eu espero que não se importe. O Caio vai com a gente... - Carol parecia eufórica.

- É claro que não. - Sorrio para os dois.

- Seria tão legal se vocês dois namorassem né... - Ela diz e entra no carro, me deixando sozinho com Caio, que estava me olhando de uma maneira estranha.

- Carol! - Eu grito com ela, tentando fazer o Caio parar de prestar atenção em mim.

- O que foi viado? Eu não disse nada de mais, apenas comentei sobre um sonho meu, um sonho muito, muito distante... - Ela olha para cima e coloca a mão esquerda por cima do peito, fingindo sonhar.

- Além do mais, eu sou inamorável, se é que essa palavra existe.

- Por favor né, você é um ninfeto, um twinkzinho dos pornôs que a senhora assite. Essa carinha lisinha, esses cabelos de anjo, esses olhos cor de mel, essa boca rosadinha, esse corpo magrinho... Você que é sonso, porque onde quer que você vá, tem um macho querendo te comer.

- Que horror!

- Pergunta o Caio para você ver! Não é Caio? Você não comeria ele?

- Carol! - Tento repreender ela, mas é em vão.

- Eu não o deixava sair do meu quarto... - Caio diz e minha cara vai lá no chão, quase que literalmente.

- Eu não disse... Quando você tiver a idade do seu pai, senhor. Aquele homem é... Que calor...

- Carol!

- O que foi? Eu não vou fazer nada, até porque sou uma moça de respeito. Além do mais, seu pai é casado e eu o conheço desde que nasci, então...

- Que bom...

- Mas se fosse outro, um que eu não conhecesse, eu dava em cima mesmo, sem dó, piedade ou arrependimento. - Ela cai na gargalhada.

- Meu Deus... - Eu digo ao entrar no carro.

Caio, a todo o momento, ficava olhando para mim pelo retrovisor do carro. Eu não estava desconfortável, muito pelo contrário, mas depois do que ele disse, senti que o clima havia mudado um pouco. Sim, em outras circunstâncias eu sairia com o Caio, e como sairia, mas ele é praticamente um irmão para mim. Nada contra o incesto, eu até já me masturbei bastante assistindo aos vídeos dos Peters Twins da BelAmi, mas seria estranho beijar o Caio, o tocar com indecência. Como eu disse, ele estava gostoso, mas eu simplesmente não o vejo assim.

Quando ele estaciona o carro, todos nós descemos. Caminhávamos lentamente atrás da Carol enquanto ela apontava para os caras que ela pegaria e o que faria com cada um deles. Caio e eu rimos bastante dessa palhaçada em particular até que entramos. Fomos direito para a fila de ingressos do cinema, onde o Matheus estaria nos esperando. Assim que o avistamos, fomos até ele, que estava lindo como sempre.

- Boa tarde senhoras. - Ele me deu dois beijos no rosto e fez o mesmo com a Carol. - Quem é esse príncipe do babado ai? - Ele aponta para o Caio.

- Esse é o Caio, meu irmão...

- Irmão... Se fosse o meu eu já tinha pegado querida. - Ele ri de sua própria piada, assim como todos nós. - Eu já comprei os ingressos, mas comprei apenas três, eu não sabia que o gato iria nos acompanhar...

- Não precisa... - Caio sorri. - Eu vim aqui para comprar algumas coisas...

- Tudo bem então... O filme começa em duas horas, então temos tempo para dar uma volta por ai, quem sabe eu encontro o homem da minha vida...

- Da sua vida? - Pergunto, querendo rir.

- Querida princesa inocente do castelo de pedra pomes, quando eu digo encontrar o homem da minha vida, quero dizer um macho dotado, peludo, bruto e que saiba fazer direito. Não sou moça para casar viado, sou puta mesmo e não estou nem aí para a galera. Enquanto a hipocrisia não acaba, eu vou dando e sendo julgada mesmo.

- Que horror... - Eu digo e depois caio na gargalhada.

- Não ria senhora. Sabe do que está precisando? De um macho para te pegar por trás. Todas nós precisamos disso...

- Bem, o primeiro macho que pegou ele por trás foi o nosso professor de física, caso não esteja lembrada... - Carol diz e logo percebe a cara de surpresa de Caio. Ainda não havíamos contado para ele.

- Bem Caio, resumindo... Aquele cara que fiquei na festa acabou por ser nosso professor de Física. Ele está me ignorando, fingindo que não me conhece e me tratando com a maior naturalidade possível. Fim da história.

- Nossa... - É tudo o que ele consegue dizer.

- A senhora está fazendo a Aria perfeitamente. Eu sou a Allison, caso isso ainda não esteja na cara. - Mateus para em frente a uma vitrine de abre a boca, em surpresa. - Babado, confusão e tiroteio na minha cobertura de milhões de dólares... Olha quem está ali dentro! - Ele aponta para a vitrine de uma camisaria. - É o nosso querido Ezra Fitz. Gente... - Ele parecia abismado.

Eu olho para dentro da loja mal acreditando no que eu estava vendo. Rodrigo estava de costas para a gente, pagando alguma coisa no caixa. Em suas mãos, quatro sacolas grandes com a logomarca da loja. Quando ele guarda a carteira no bolso traseiro e se prepara para sair, sinto vontade de afundar minha cabeça no mármore onde eu pisava, mas como eu não era um avestruz de cabeça blindada, tive que novamente fazer minha expressão de choque. Matheus olha para mim com aquela cara de deboche e faz o que eu achei que ele não iria fazer, que foi chamar o nosso querido professor de física.

- Professor! - Ele grita em meio ao Shopping lotado de gente, e então olha para mim, com aquela cara lavada. - Me julgue, eu adoro uma intriga.

Rodrigo olha para trás, e quando nos vê, perde o sorriso na hora. Ele caminha lentamente até a gente, com o sorriso mais forçado que já vi na minha vida. Quando ele chega, cumprimenta um por um e por fim estende a mão para mim. Correspondo o gesto e aperto sua mão, sentindo um calafrio delicioso percorrer por todo o meu corpo. E pode ser muito escroto o que eu vou dizer nesse momento, mas meu cu piscou. Pronto, me julgue.

- O que está fazendo aqui? - Pergunta o Matheus, descarado como sempre. - Veio comprar presentes para a namorada? - Ele era muito descarado. - Namorado? Uma travesti do babado? Não? Desculpa... - Ele finge que ficou sem graça ao notar que o Rodrigo ficou vermelho.

- Não... Eu vim comprar um terno e sapatos... - Ele olha para mim, e mais uma vez sinto aquele mesmo arrepio percorrer minha pele. - Tenho um casamento para ir hoje a noite.

- Que chique gente... E o senhor é rico hein, comprando em loja cara...

- Vai ao casamento do novo prefeito? - Resolvo fechar minha boca e entrar no meio da conversa, fingindo que nada aconteceu.

- Bem... - Ele olha diretamente para mim. - Eu o conheço como pai.

- Mentira! Você é filho do prefeito? - Carol pergunta.

- Sim, mas aparentemente eu sou o filho ingrato, já que não quis seguir carreira na política.

- Bem, eu votaria em você... Você votaria nele Jonathan? - Matheus faz minha cara cair novamente.

- Eu? Claro... É claro. Eu votaria sim... - Morro de vergonha. - Olho para o Matheus e o fulmino com o olhar.

- Bem, eu tenho que ir agora. Tenho que ajudar com os últimos preparativos e ainda me arrumar... - Ele se despede da gente novamente. - Foi muito bom ver vocês por aqui. Até segunda feira.

- Até mais professor... - Carol e Matheus se dependem dele ao meu tempo.

- Merda... - Eu digo lentamente. Não era possível.

- Bem, vejo que a Aria Montgomery já aterrissou no Natal. Está com o cu todo trabalhado no pisca pisca. - Carol e Caio morrem de rir com a piada.

-Matheus... - Eu digo, mas não consegui ficar bravo com ele.

- Que cara de prisão de ventre é essa?

- Eu tenho que ir nesse casamento...

- Querida, não procure intriga. A senhora já viu o bofe hoje, então sossega esse cu.

- Não é isso... Meus pais vão nesse casamento e eu sou obrigado a ir...

- Oi? Como é que é? - Carol diz em surpresa.

- Pois é. Minha mãe não me pediu para ir, ela me intimou, e você sabe como ela é...

- Bem, você vai ter ir mesmo, porque se não ela vai falar tanto, mas tanto...

- Que babado gente... Meus pais também foram convidados para esse casamento e chegaram a me chamar, mas eu neguei lindamente, porque não sou obrigada a ir em festa de velho né querida, seria o fim da minha dignidade.

- Que saco. E agora?

- Bem, a senhora tem roupas apropriadas? Tem que sambar na cara do bofe lindamente. - Matheus olha para mim.

- Eu tenho uma lá em casa...

- Parou com a palhaçada querida, não vá mal arrumada em uma festa desse porte. A senhora tem que se mostrar rica, coisa que eu sei que você é, então desembolsa o cartão de débito e faça compras.

- Eu preciso avisar meus pais antes...

- Então ligue viado, anda...

Pego o telefone do meu bolso, e sim, eu estava tremendo diante de toda aquela situação. Disco o numero da minha mãe, porque se ela deixar eu gastar, é sinal de que meu pai também deixa, então ligo diretamente para ela, que atende no segundo toque.

- Oi meu filho... - Eu escuto o barulho do secador.

- Mãe...

- Nem começa, você vai nesse casamento nem que eu tenha que te arrastar pelas pernas.

- Tudo bem... - Resolvo nem insistir. - Mas é que eu não tenho roupa...

- Você está com seu cartão aí? - Ela pergunta.

- Sim...

- Então caso resolvido. Qualquer coisa a Carol te ajuda a escolher. E querido, compre um terno bem bonito, quem sabe você saí de lá casado...

- Mãe!

- Querido, eu vou ter que desligar agora. Esteja pronto as sete da noite, tudo bem?

- Tudo bem mãe...

- Um beijo.

- Outro.

Desligo o telefone e olho para todas as três pessoas que estavam na minha frente. Eu estava surtando, quase que literalmente. Era só o que me faltava. Eu ser obrigado a ir no casamento do prefeito, que coincidentemente é o pai do meu professor de física, que coincidentemente é o homem com o qual perdi minha virgindade, que não coincidentemente, também iria ao casamento. Eu estava ferrado, lindamente ferrado. Olho para a Carol e para o Matheus e peço socorro silenciosamente.

- Bem, parece que o nosso filme vai ter que ficar para depois.

Carol e Matheus saem me arrastando para tudo quanto é loja. Eu iria deixar me levar, deixar eles me vestirem, porque eu não estava com cabeça para isso no momento, e como eu confiava no bom gosto de ambos, me deixei levar tranquilamente, naquele momento é claro, porque a noite prometia ser incrível, só que não.

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Boa Noite...

Bem, deveria ser boa tarde agora, mas não tive como postar mais cedo. Como alguns de vocês sabem, a loja onde trabalho mudou de lugar, então a mudança e organização estão consumindo muito o meu tempo, mas em fim.

Estou passando hoje para postar mais um capítulo, e espero que gostem, porque o Jonathan e eu amamos esse, inclusive as referências. Caso não perceberam, fizemos uma pequena sátira da história a relacionando com uma série. Fizemos isso porque muitos leitores poderiam pensar que seria uma cópia da série, mas deixamos claro que os assuntos se cruzaram, e por isso fizemos tudo isso.

Queremos agradecer também a todo o retorno que vocês tem nos dado. É muito importante saber que estão gostando. Não me importo com o número de comentários ou coisas do tipo, e eu tive que colocar isso na cabeça do Jonathan, porque a todo momento ele me perguntava se oito comentários estava bom, se dez estava bom, e o que importa é o fato de vocês estarem gostando, porque nós já escrevemos o conto todo, ou seja, vamos postar até o final, tendo comentário ou não.

No mais é isso mesmo. Espero que estejam bem... Vou pedir para o Jonathan escrever algumas palavras para postar aqui no próximo capítulo, se apresentando um pouco e essas coisas, na verdade vou obrigar ele a fazer isso. Rsrsrsrsrsrs.

Fiquem bem e com Deus. Um beijão para todos e todas, e claro, obrigado pela oportunidade de mostrar uma nova história.

E-mail para contato: matheusbep@hotmail.com

Comentários

Há 1 comentários.

Por diegocampos em 2015-07-02 20:26:10
Gosto muito da historia esperando o proximo estarei sempre aqui comentando mesmo que nao importe rsrs