A Vida & Morte De Renato - Capítulo 09

Parte da série A Vida & Morte De Renato

Novamente, eu gostaria de começar agradecendo à todos vocês pelo apoio, pelos comentários, pelos votos e pelas visualizações. Estou muito feliz em poder compartilhar essa história com vocês, e espero que estejam gostando.

Sei que ainda podem não estar confiantes o bastante sobre a história, mas eu prometo que não vou desapontar, então eu espero que possam acompanhar até o final, porque muita coisa ainda vai acontecer, e algumas deles os deixarão chateados, com certeza, mas no fim, tudo fica bem.

Não vou me estender hoje, então vou deixar apenas os agradecimentos. Rsrsrs.

Um beijão para todos vocês, e até mais.

― diegocampos: Sim, a mudança dele realmente não será do dia para a noite, porque é impossível superar a morte de um grande amor tão rapidamente, e com ele não será diferente... No mais, obrigado mesmo, por tudo. Rsrsrs. Amando nossas conversas no Wattpad. Hahahaha. Beijão.

― Nando martinez: O Renato tem medo da vida, e eu acho que isso é um fato declarado na história. Ele vivei toda a sua vida apanhando, sofrendo, levando tudo nas costas e sofrendo, e isso acabou o impossibilitando de viver de outra forma, de pensar em outra forma de viver, e mesmo juntando um pouco de dinheiro, Renato sabe que no fundo é covarde e tem medo de encarar o mundo por uma nova perspectiva, e infelizmente, essa é a realidade dele, um personagem cheio de medo, medo do desconhecido, e para ele, o desconhecido está no novo mundo que ele descobriria caso saísse de casa... Você leu a sinopse no Wattpad. Hahahahaha. Nem me fale dessa vizinha. Só de saber que pessoas assim existem me dá um nojo... No mais, um abração, e obrigado por tudo.

PS 01: Esse capítulo me deu uma raiva... Acho que vocês irão partilhar do mesmo sentimento.

PS 02: A história vai assumir um novo rumo no próximo capítulo, e eu espero que gostem.

___________________________________________________________________________________________________________________

Renato nunca havia sentindo tanto medo em toda a sua vida. O jovem nunca havia visto o pai tão furioso, tão possesso como agora. Ele havia se esquecido de tudo naquele instante, havia se esquecido da dor que estava sentindo e da angústia que até momentos atrás, não o deixava respirar. Renato tinha medo, e dessa vez ele sabia que seu pai pegaria pesado.

― Não é nada disso que você está pensando, eu só... ― Mediante a situação, qualquer desculpa soaria ridícula.

― Não é o que estou pensando? ― Ele grita, e sua voz ecoa por todo o cemitério. ― Qual a desculpa você vai inventar?

― Não é isso... ― Renato desce do túmulo e começa a se afastar, mas seu pai é mais rápido e o pega pelo braço.

― Seu viadinho desgraçado... ― Seus olhos queimavam em fúria. ― Eu não sei como não percebi isso antes, seu desgraçado! ― Ele dá um soco no rosto do filho, que tomba o rosto, cuspindo sangue.

― Não é... ― Renato tentava argumentar.

― Cala essa sua boca! ― O homem tapa a boca do filho com força enquanto uma de suas mãos o enforcava. ― Você é um viadinho! Um viadinho! ― Ele gritava a todo vapor. ― E ainda trouxe macho pra dentro de casa, debaixo do meu teto! ― Ele dá outro soco no rosto do filho, que bambeia.

― Ele me amava... ― Renato diz, finalmente depois de perceber que já era tarde de mais para esconder.

― Aquele preto imundo te amava? ― Ele começa a gargalhar.

― Não fala assim dele... ― Renato mal conseguia falar com ambas as mãos de seu pai em seu pescoço.

― Eu falo da forma que eu quiser! ― Ele cospe na cara do filho. ― É disso que você gosta viadinho? É disso? ― Ele começa a cuspir no rosto de Renato, que passa a chorar compulsivamente. ― Você é uma mulherzinha mesmo né. Eu devia ter te descido a porrada desde o começo, te batido com mais força, quem sabe assim concertava esse erro imundo que você é!

― Me solta... ― Renato tenta tirar as mãos de seu pai de seu pescoço, mas é em vão. Ele não era forte o suficiente.

― Tira suas mãos de mim! Não quero pegar essa doença nojenta do caralho! ― Ele segura o filho pelos cabelos. ― Está com o rosto sangrando? Que dó do meu filhinho, que dó do viadinho indefeso... ― Ele começa a rir de novo. ― Que merda! Que desgraceira do caralho! Um filho viado! Você sempre me deu desgosto Renato, mas agora? Puta que pariu! Isso eu não aceito nem fodendo seu merda! ― Ele bate outra fez no rosto do filho, só que dessa vez, ao invés de continuar o segurando, ele deixa o corpo do garoto cair no chão, e infelizmente, o rapaz bate as costas no granito cinza, e a dor foi excruciante. ― Levanta mocinha! ― Ele pega o menino pelos cabelos outra vez.

― Por favor... ― Ele pede, com a boca cheia de sangue. Aquilo não era um pai.

― Por favor? Você desgraça minha vida ao ficar dando esse rabo pra homem e ainda me pede por favor? Vai se foder moleque! ― Ele arrasta o filho e o coloca encostado na lápide. ― É isso que aquele macaco desgraçado merece... ― Ele sobe em cima do túmulo de Leandro e abre o zíper de sua calça, colocando seu membro para fora. ― É isso que aquele imundo sujo ganha... ― e então passa a urinar na lápide de Leandro, e Renato, ao ver a situação, tenta o impedir, mas a dor nas suas costas o impediu de se mover.

― Para! ― Foi tudo o que ele conseguiu dizer.

― Parar? Quer que eu pare de mijar na cara desse viado preto? Beleza! ― O homem se vira e passa a urinar na cabeça de seu filho, que naquele exato momento, queria desaparecer da face da terra. ― Gostou? Aposto que faziam isso na cama! É disso que os viados imundo gostam, de sujeira e de mijo na cara! ― Ele desce do túmulo.

― Você sujou a casa dele... ― Renato estava sonso, com falta de ar

― Sujei a casa dele? ― O homem volta a rir. ― Aquele preto sujou o mundo desde o minuto em que saiu da buceta daquela macaca da mãe dele! Preto é uma desgraça! Um a menos nesse mundo!

― Não... ― Renato nem ao menos conseguia formular uma frase.

― Não o que, sua bichinha imunda? ― Ele se agacha frente ao filho. ― Que porqueira... O que eu fiz pra merecer uma peste dessas como filho... Não sei porque te dei onde morar todos esses anos, não sei.

― Então me deixa ir embora... ― Ele diz, mal conseguindo abrir os olhos.

― Embora? ― Ele começa a gargalhar, causando ainda mais medo no jovem Renato, que já se engasgava com o próprio sangue. ― Você quer matar a saudade dele? Quer imaginar aquele pau preto rasgando seu cu de novo? Pois eu vou te ajudar.

O homem joga Renato no chão, no meio da urina, e começa a despi-lo. Ele primeiro tira a blusa do rapaz, que passa a sentir ainda mais frio. Depois disso, ele tira os tênis de Renato, que nem sequer sentia o que estava acontecendo. Logo após as meias serem retiras, Rodolfo abaixa as calças do garoto que colocou no mundo, o deixando apenas de cueca verde, o que não durou por muito tempo, já que ele tirou a cueca do rapaz e a jogou longe, e em seguida, pegou o filho pelos cabelos e o jogou sobre o túmulo.

― Pelo menos você herdou meu pau, o que é um desperdício, já que nunca vai usar essa merda comendo mulher! ― Ele grita outra vez.

― Você é um monstro... ― Renato tentava se levantar.

― Um monstro? ― Ele pega o filho pelos cabelos e o joga no chão outra vez.

― Desgraçado... ― Renato não tinha mais nada a perder, e o que ele desejava naquele instante era estar morto.

― Seu filho da puta!

Renato quase não sentia mais os chutes que seu pai lhe dava na barriga. A dor havia se assentado em seu corpo, tomando conta de tudo. Não havia espaço para sentir os socos, os murros que levava no rosto e os arrastões pelo cabelo. Seu corpo havia se desligado da dor, que resolve aparecer quando o rapaz leva um chute na cabeça, o fazendo gritar, mas isso não para aquele homem que lhe espancava, e nunca iria parar, até certo momento, quando o rapaz parou de se mexer, ficou extremamente imóvel sobre a grama molhada de urina. Foi só assim para seu pai parar, foi isso que bastou para as agressões chegarem ao fim, e olhando o corpo do rapaz no chão, o remorso nem ao menos tomou conta do homem, que apenas se mantinha sério e ofegante.

Sem saber da situação do filho, o homem então começa a agir. Ele revira a roupa do garoto a procura de documentos, e quando encontra a careira do rapaz, a coloca em seu bolso. Ele faz o mesmo com o celular do filho, assim que o encontra no bolso lateral de seu jeans escuro. Seu próximo passo e limpar a urina sobre o túmulo a sua frente, e ele o faz com a blusa de Renato, que continuava imóvel no mesmo local. Ele fazia tudo isso para eliminar suspeitas, deixando tudo semelhante a um roubo, como se o filho tivesse sido assaltado, e em mente, ele já estava preparando a cara de surpresa caso ele fosse declarado como morto.

Depois de fazer tudo isso, ele arrasta o filho, outra vezes pelos cabelos, até uma área afastada do cemitério, o escorando no muro, atrás de uma árvore enorme. Quando olha em volta e nota que não tem ninguém observando, ele sai do local, como se nada tivesse acontecido e segue o seu caminho, deixando o rapaz ali, com as costas na superfície áspera do muro que cercava o lugar.

Renato permanece ali, onde seu pai o colocou. Não se sabia se ele respirava, se ele emitia sinais vitais. Tudo o que era visível no mento se via a certa distância.

Seu rosto inchado e ensanguentado. Era possível notar seus lábios inchados e cortados. O maxilar levemente deslocado. A marca de dedos em seu pescoço era extremamente horrível. Seu tórax danificado e levemente vermelho. Ele se encontrava em péssimas condições de saúde, e foi abandonado ali, a mercê do tempo, apenas na espera de não fazer mais parte desse mundo material que tanto o maltratou, que tanto o colocou pra baixo e que tanto lhe ditou regras. Renato permaneceu ali, esperando Leandro finalmente aparecer para o levar embora, e assim, ficarem juntos para sempre, mas não foi isso que aconteceu.

Duas horas depois o corpo de Renato desperta. Ele ainda não havia aberto os olhos, mas conseguia sentir a chuva caindo das folhas da arvore e indo em direção a sua pele. A segunda sensação que ele teve foi uma dor desumana circulando por todo o seu corpo, dor que era impossível de suportar sem derramar lágrimas. Ele sabia o que tinha acontecido, quem havia feito isso com ele, mas não importava, porque mesmo antes daquela surra, Renato já estava morto por dentro.

Com extrema dificuldade e correndo riscos sérios de saúde, Renato se levanta. Ele ignora duas de suas costelas quebradas e começa a se mover, nu em pelo, pelo cemitério.

Não havia mais lágrimas. Não havia mais sentimentos. O medo, a culpa, o prazer, o receio, o amor, a alegria, tristeza, tudo havia desaparecido. Renato não conseguia sentir mais nada, estava entorpecido. Sua alma parecia não existir. O sofrimento havia sido tamanho que seu corpo não suportou. Era como se o jovem tivesse entrado em uma espécie de coma interior profundo. Nada mais fazia a diferença em sua vida. Ele não precisava mais dela para nada.

Com os olhos sem cor e sem brilho, Renato caminha até a saída traseira do cemitério, que dava de frente para a floresta, e não lhe bastou o caminhar de cinco minutos para que ele se deparasse com a ponte mais alta da cidade.

Renato então caminha sobre o lugar, que era abandonado há anos devido ao mau funcionamento. Ele tropeça em pedaços de entulho pelo meio do caminho e cai duas vezes, mas seu corpo se levanta automaticamente, como se ele fosse um robô.

Depois que chega na metade da ponte, o rapaz se encosta no parapeito, olhando para baixo, se deparando com a tremenda altura e com imensas árvores lá em baixo. O vento batia em sua pele, como se quisesse o machucar, mas ele não conseguia sentir.

Sem nem pensar duas vezes, o jovem, com muita dificuldade, coloca sua primeira perna na grade da ponte e faz força, subindo seu corpo. Já sentado, ele olha pra baixo, imaginando como seria a queda, se doeria muito, mas não foi isso a única coisa que rondou sua mente naquele momento. Renato também começou a se lembrar de todas as coisas ruins que aconteceram em sua vida. Lembrou-se da morte da mãe. Lembrou-se do constante bullying que sofrera na escola, durante todo o ensino fundamental e ensino médio. Começou a se recordar da constante depressão que tinha, da falta de amigos, da falta de alguém com quem contar, e finalmente se lembrou de Leandro, um homem que não estava mais aqui, e assim, Renato chorou, nu sobre a ponte, a morte do único homem que o amor em toda a vida. Renato chorou por saber que nada mais fazia sentido. Chorou por não saber o fim de tudo, e não por medo, porque ele sabia que faria aquilo, e não temia.

Ele se inclina um pouco, observando suas lágrimas caírem e desaparecerem por entre as árvores. Uma de suas mãos é colocada para o ar, assim como a outra. Ele inclina seu corpo um pouco mais para frente, desprendendo o pé da grade que lhe sustentava, mas no momento de sua quase queda, seu corpo é impedido de cair por uma mão forte em seus ombros.

― Não! Não! Me solta! Me deixa ir embora! Me larga agora! ― Ele começa a se desesperar por sobre aquele pequeno e fino espaço feito de ferro.

― Renato... ― Um homem pronuncia seu nome. ― Quem fez isso com você... ― Ele não conseguiu pronunciar a pergunta, estava amargado demais.

― Me solta! Você não tem esse direito! ― Renato grita, tentando se jogar outra vez, mas o homem o manteve ali.

― Eu sei, e eu sinto muito por tudo isso... ― Ele estava extremamente compadecido com a situação, completamente abalado, assim como Renato.

― Eu não tenho mais nada! Nada! Eu não quero mais ficar aqui, não tem sentido! ― Seu desespero que ensurdecedor.

― Você ainda irá encontrar a paz Renato, tenha paciência... ― Sua voz era extremamente calma, mesmo mediante a situação.

― Eu não vou encontrar! Me solta! Me solta! ― Ele começa a chorar.

― Eu preciso lhe dizer uma coisa, lhe dizer minhas últimas palavras, me despedir de você...

― Não... ― Ele havia se acalmado, e com isso, passou a chorar ainda mais.

― Eu passei toda a minha vida cheio de medo e receio por esse momento crucial... ― Ele parecia procurar palavras para dizer. ― Eu sempre tive medo desse dia chegar, de eu ter que agir, mas não há nada que eu possa fazer... ― Ele estava extremamente triste.

― Por favor, me deixe ir... ― Renato nem ao menos prestava atenção no que ele dizia.

― Renato... ― Ele faz o garoto olhar para ele, e por um breve momento, perde as palavras. ― Seus olhos são lindos... ― Ele diz, mas logo se concerta e faz o que tem que fazer. ― Renato. ― O garoto não prestava mais atenção. ― Renato! Presta atenção! ― Ele grita, fazendo Renato o encarar. ― Eu deixei um pacote para você no correio, está no seu nome.

― Eu não irei ver esse pacote, só me solta...

― Me escuta! ― Ele grita, ainda mais alto. ― Eu deixei esse pequeno pacote em seu nome, apenas você pode receber, então se lembre disso, por favor, é muito importante.

― Me solta... ― Renato ainda não conseguia se soltar do homem, que ignorava seu pedido.

― Saiba que em poucos dias de convivência, eu me apeguei a você. Pode chamar de paixão, amor, obsessão, o que for, porque nada mais vai importar a partir desse dia, mas eu me importei com você, quero que saiba disso.

― Por favor, eu te imploro... ― Renato não aguentava mais sentir seu peito ser dilacerado.

― Você nunca mais irá me ver, então quero lhe dizer uma coisa... ― O homem de pega o rosto de Renato, o obrigando a manter contato visual. ― Você será alguém incrível, eu pude ver... ― Ele sorri, e então tira as mãos de Renato, que permanece imóvel. ― Você será alguém de extrema importância nesse mundo horrível, alguém de bom coração.

― Eu não vou viver pra isso... ― O homem o interrompe enquanto o rapaz chora, se equilibrando sobre o apoio.

― Me perdoe por tirar esse momento de você... ― O homem derruba sua primeira lágrima em anos.

Caled então, lentamente, coloca suas mãos sobre as costas frias de Renato, o empurrando com toda a sua força rumo ao precipício.

Os segundos se tornaram minutos angustiantes. Renato sentia seu corpo caindo, indo rumo a floresta, enquanto lá em cima, com um sorriso no rosto, Caled vai ao chão, caindo com toda a força. E os segundos se passaram da mesma maneira para ambos. A medida que Renato caia, sendo golpeado pelos galhos das árvores, Caled falecia, como se finalmente estivesse encontrando a paz, e no exato momento em que ele finalmente fecha os olhos, depois de seu último suspiro, Renato atinge o chão de terra molhada com toda a força que o peso de seu corpo podia proporcionar, ocasionando na fratura de dois terços de seus ossos, e consequentemente, seu último suspiro naquela vida, ocasionando seu último momento em vida na terra.

___________________________________________________________________________________________________________________

Obrigado a todos vocês pelo apoio, e não se esqueçam de comentar e votar. Um beijão.

Leiam também no Wattpad

Usuário:

wattpad.com/user/matheusn1992

Comentários

Há 3 comentários.

Por Nando martinez em 2016-03-04 22:31:45
Ele morreu? Caled também morreu? Porra hahaha mas foi bom ,foi legal ,e eu n li n a sinopse do wattapad e beijus espero o próximo capitulo bem ansioso ,ahh e foi legal como vc escreveu as cenas dos golpes ,foi legal imaginar mas devem ter sido dolorosos para Renato ,me deixou confuso sim a historia ,um final realmente trágico e maravilhoso ao mesmo tempo,peguei antipatia pelo pai dele
Por diegocampos em 2016-03-04 21:36:28
Também gosto das nossas conversas No wattpad
Por diegocampos em 2016-03-04 21:33:03
O pai do Renato sempre sendo um idiota, o final me deixou um pouco triste e confuso, mas enfim estou esperando pelo próximo