A Vida & Morte De Renato - Capítulo 08

Parte da série A Vida & Morte De Renato

Boa Tarde gente...

Mais uma vez, estou passando para deixar um novo capítulo para vocês, na esperança de que continuem acompanhando a história, que vai mito além do que aconteceu até agora.

Sei que alguns de vocês ficaram chateados pelo que aconteceu no último capítulo, mas foi necessário para o desenvolvimento, e vocês irão entender no futuro. Por mais que tenha me doído fazer aquilo, eu precisei, e espero que possam entender.

No mais, que todos fiquem bem, e mais uma vez, obrigado por sempre estarem me acompanhando.

― diegocampos: Hahahahahaha. Eu falei que a vontade não ia faltar. Eu também gostava dos dois, mas olhando para a história pronta, eu não me arrependo do que fiz, e isso é um bom sinal, então... Rsrsrs. Sobre a mudança de Renato, se isso fosse real e acontecesse com alguém, não seria da noite pro dia, então não vai ser em dois ou quatro capítulos que o Renato irá superar o luto e ficar bem, então... Rsrsrs. No mais, obrigado mesmo por tudo o que tem feito por mim. Obrigado. Rsrsrs. Beijão.

― Nando martinez: Realmente acontece, infelizmente... Porque queria dar uns tapas nele? Rsrsrs. Acho que eu teria a mesma reação. Negaria que realmente aconteceu e entraria em estado de choque. Perder um amor assim deve ser avassalador, e isso deve mexer com o psicológico da gente... Sim, a história vai tomar um novo rumo agora, e eu espero que goste. No mais, um abração.

No mais, espero que gostem do capítulo de hoje. Um abração.

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Seus olhos queimavam como fogo, como se estivessem em chamas, mas ele não sentia dor, ele não se incomodava com as olheiras, com as dores de cabeça e com a tontura toda vez que se levantava. Renato não conseguia sentir dores físicas, ele não se machucava naquele momento, não havia como sentir dores em sua pele, muito menos a brisa fria dentro de seu quarto. Era como se ele estivesse dormente, sem poder responder ao ambiente, e assim ele estava há horas, desde que, milagrosamente, caminhou por três horas até chegar em sua casa, como se estivesse no piloto automático.

Renato não tinha ninguém com ombros para chorar, para derramar suas lágrimas e lamentar o acontecido. Ele estava suportando tudo aquilo sozinho. Ele estava lhe dando com o fato de ter perdido o amor da sua vida trancado em seu quarto, desejando que o pior lhe acontecesse naquele momento. O jovem rapaz não conseguia nem se lembrar da última vez que teve alguém com quem contar, e agora, depois da morte de um grande homem, ele já não tinha mais ninguém.

As ligações em seu telefone, provavelmente vindas de Pedro, gerente do restaurante onde Renato trabalhava, eram constantemente rejeitadas. Renato nem fazia questão de pegar o telefone, apenas escutava o baixo toque de seu celular e nem se importava. Que ele fosse demitido, que ele fosse humilhado pelos colegas de serviço, que ele fosse espancado pelo pai todos os dias, mas nenhuma dessas outras dores se compara ao que ele estava sentindo naquele exato momento.

As horas estavam apenas passando, e novamente, Renato não percebia nada a sua volta.

Seu quarto, para ele, não passava de um esconderijo, apenas um lugar quase seguro onde ele se escondia de seu pai, onde ele se protegia, porque o local já não era mais o ambiente em que ele se sentia amado pelo homem da sua vida. Sua cama agora não era testemunha do amor que ele recebia, do calor emanado do corpo de outro. Nada ali pertencia a ele mais, e Renato percebeu isso. Não se sentia mais incluso naquele lugar feio, pequeno e cheirando a mofo, características que antes não lhe faziam a diferença, mas que hoje lhe davam nos nervos.

Por volta das três da tarde, depois de ter tomado um longo banho de duas horas, Renato se deita nu em sua própria cama, sentindo o cheiro deixado por Leandro, se enrolando por entre os lençóis, inalando tudo o que conseguia. Há duas semanas ele não trocava a roupa de cama, e isso se deve ao fato de ele ter apenas dois lençóis, e agradecia por isso, porque agora ele conseguia sentir o cheiro de seu amante, e em meio as lágrimas e entre a angústia infinita, ele se toca. Renato se toca sentindo o aroma daquele homem negro de cabeça raspada e olhos escuros. Renato se toca ao lembrar-se de todos os momentos que tiveram, momentos em que estava sob seu homem. O rapaz se toca com a lembrança, com o desejo de um futuro antes conquistado, mas agora, inexistente, e no momento em que ele ejacula, em meio aos lençóis, seu desespero aumenta. Ele passou a sentir nojo de si mesmo, de seu corpo, de seu rosto, de sua miserável vida. Renato agora não se enxergava, não sem ele, agora ele não podia mais, era impossível seguir em frente.

Uma hora após seu descontrole momentâneo, ele se encontrava de pé, frente ao espelho de seu quarto, odiando o que via.

O jovem vestia uma camisa amarela, a favorita de Leandro. O policial sempre alegava que a cor ressaltava os belos olhos do jovem rapaz, e por esse motivo, Renato a vestiu. A calça que ele trajava era uma qualquer, de tecido escuro, quase negro, e em seus pés, um par de tênis que Rodrigo lhe deu de presente, já que seu último estava inutilizável.

Ele se encontrava em extrema dúvida diante de sua imagem abatida e definhada. Ele sabia onde o corpo de Leandro iria ser sepultado. Renato tinha ciência de onde poderia sentir a presença do amado pela última vez, mas tinha medo. Provavelmente uma cerimonia seria proferida, fazem isso para todos os policiais em óbito, e de qualquer forma, ele teria que aguardar todos saírem para poder se despedir do homem que mudou sua vida, e em meio ao alerta de que não deveria ir, Renato preferiu afastar o aviso e seguir rumo ao cemitério.

O ônibus vazio parecia seguir rumo ao inimaginável desconhecido. O percurso se tornou tão longo que chegou a ser incômodo, mas o extenso trajeto não era a realidade, não era a real distância. O percurso não passava de vinte minutos, mas para uma pessoa imersa em pensamentos, uma pequena viajem se dobra em horas seguidas de tédio e desespero emocional.

Quando o ônibus parou, uma quadra após o cemitério, Renato ficou imóvel, em dúvida. Ele queria preservar as lembranças que tinha do amado, como ele realmente era, e não o fato de ele estar em um caixão, mas depois de ver aquelas imagens, de se dar conta do que aconteceu com Leandro através das fotos, ele não teve mais dúvidas, ele precisava se despedir do único homem que amou antes de despedir de si mesmo.

Com passos extremamente lentos, Renato se aproxima do portão de entrada. No momento que ele pisa na grama verde a aparada, seu coração gela. O local estava repleto de gente, mas felizmente, todos estavam ao longe, aglomerados em volta de uma sepultura, provavelmente a que Leandro seria colocado.

Ele conseguia ouvir os gritos da mãe do policial, mãe que ele nunca havia conhecido, mas sabendo que o filho era apegado a ela, Renato tinha uma ideia do que ela estava sentindo naquele instante.

Uma coisa o deixou incomodado. Ao lado daquela senhora de sessenta e cinco anos estava uma mulher jovem, de quase trinta, e essa mulher era a esposa de Leandro, e a única que fingia derramar lágrimas para o falecido homem. Renato se sentiu raivoso por não poder estar ali, naquele momento, presenciando a cerimônia. Ele sim amava Leandro, não aquela mulher, e esse sentimento apenas fez sua angústia piorar.

De longe, escondido atrás de uma lápide onde estava enterrada uma mulher de nome Maria Consuelo Cruz, o jovem acompanhou todo o alvoroço, toda a cerimônia que prestigiou a bravura do Policial Leandro. Renato conseguiu ver tudo daquele local privilegiado na companhia de uma mulher desconhecida que morrera em 1994, a única pessoa que lhe fazia companhia naquele minuto.

Duas horas depois, quando as orações chegaram ao fim, quando o caixão desceu e foi coberto por terra e as pessoas foram embora, Renato finalmente se levanta, olhando para o tempo escuro. Já eram sete da noite, e o rapaz havia perdido a conta do tempo em que ficou agachado naquela posição, e ele sentiu isso quando seus joelhos doeram, lhe causando uma dor suportável.

A passos curtos, lentos e descompassados, Renato se aproxima, cheio de medo e repleto de tristeza nos olhos. Apenas o ato de pensar que Leandro estava debaixo de sete palmos de terra fazia seu coração se despedaçar aos poucos. O rapaz sabia que nunca mais poderia ver o único homem que lhe amou, e todas as partes de seu corpo sentiam falta do toque quente e calmo de alguém que fora e ainda é tão importante na vida do jovem.

― Oi... ― Renato diz ao chegar próximo da lápide de Leandro. ― Eu tive que esperar todos saírem para poder me despedir de você. ― Ele se senta de frente para o granito acinzentado. ― Está começando a anoitecer, e a ficar frio também. ― Ele sorri. ― Eu pensei muito se viria aqui ou não. Tive medo de ser pego por alguém, bisbilhotando as redondezas, mas felizmente, não fui. ― Ele passa sua mão esquerda sobre a superfície gelada do material. ― Eu ainda não entendi o por que... ― As lágrimas começam a se formar. ― Eu ainda não entendi o motivo de aquele assassino ter feito isso com você, de te tirar de mim, de fazer seu filho crescer sem um pai. É injusto... ― Ele abaixa a cabeça, tentando secar suas lágrimas, mas sem sucesso. ― Eu sei que você não gosta de me ver chorar, e eu te imploro o perdão por isso, mas é que eu não consigo. ― Ele sorri em meio as lágrimas. ― Acho que ninguém em minha situação conseguiria conter um rio dentro de seus próprios olhos. ― Renato se deita, de barriga para cima, naquela grama verde e aparada. ― Eu não entendo as estrelas, nunca entendi, e pra falar a verdade, nunca procurei entender. Você já tentou me dizer o nome de algumas deles certa vez, e eu menti pra você dizendo que havia gostado de aprender e que havia decorado. Eu não decorei... ― Ele se cala, como se esperasse uma resposta. ― Sabe, acho que você é a única pessoa em todo esse mundo que realmente me conhece, que realmente conheceu tudo a meu respeito. Nem mesmo Deus, se ele existir, me conhece tanto quanto você. ― Renato coloca suas mãos sobre o peito, fechando os olhos. ― Eu sei que você acredita nele, que veio de uma família extremamente católica, e eu sei também que eu já menti pra você a respeito disso, falando que eu oro todos os dias, que eu peço a Deus que tudo fique bem, mas eu não faço isso, eu não faço mais. Passei sete anos de minha vida implorando pela ajuda dele, para que ele me ouvisse, para que ele mandasse um anjo para me levar, mas ele nunca me respondeu, nunca agiu em minha defesa, e agora, se ele realmente existir, eu tenho mais um motivo para não acreditar, pois ele te levou para longe de mim. ― Renato começa a chorar outra vez. Seu queixo tremia, como se ele não quisesse o fazer. ― Desculpa, eu não quero estar chorando por respeito a você, mas não dá meu bem, não dá...

Renato tem outra crise de choro. Sua garganta havia se fechado, nada mais ali funcionava. Sua respiração era falha, assim como as batidas de seu coração. O frio do ambiente agora era sentido por sua pele branca e frágil, e tudo o que Renato desejou naquele momento era que Leandro estivesse deitado ao seu lado, esquentando o seu corpo, mas ele não estava, ele nunca mais poderia estar, e isso o desolou por completo, lhe arrancando pedaços de sua alma, que agora estava incompleta e fria.

― Eu escondi uma coisa de você... ― Ele volta a se controlar. ― Eu fiz minha inscrição na faculdade para cursar Letras, como você pediu, alegando que isso lhe faria o homem mais feliz do mundo, e eu passei, com bolsa integral. ― Ele olha para o lado, novamente encarando a pedra de granito. ― Eu ia te contar no dia do seu aniversário. Ia te fazer uma surpresa quando você entrasse pela minha janela, mas agora é tarde de mais. Eu deveria ter te contado antes, eu sei. Deveria ter divido esse momento com você, que era mais seu do que meu, mas agora é tarde, agora não importa mais, perdeu o sentido. ― Renato se cala por alguns minutos. ― Um homem me beijou... ― Renato fala. ― Foi de surpresa, eu não esperava por aquilo, mas aconteceu, e eu meio que gostei. Isso é outra coisa pelo que lhe peço desculpas, mas se minhas palavras valerem, ele parece se importar comigo também. Acho que se dariam bem caso se conhecessem...

Passaram-se algumas horas desde que Renato se encontrava em total silêncio e completamente imóvel naquela grama, mas de uma súbita decisão, ele resolveu se colocar de pé e se deitar sobre o granito de cor cinza, se encolhendo logo após.

― Eu não sei o que fazer... ― Renato não tinha mais vida em seus olhos. ― Eu estou apenas respirando, nada mais do que isso. Não vejo sentindo para mais nada nesse mundo. Não encontro sentindo para coisa alguma nesse universo extenso. Não tenho mais motivos para ficar aqui, para apanhar do meu pai, para sofrer preconceito no meu local de trabalho. Antes, quando a merda acontecia, eu sabia que teria você em minha cama no final da noite. Eu sabia que teria sua companhia, mesmo que por poucas horas, mas você estava lá, apreciando cada parte do meu ser, me dizendo o quão bonito e sexy eu sou, e por você, eu tentei acreditar nisso, e para falar a verdade, eu cheguei a acreditar um pouco, pois eu queria ser mais confiante para você. ― Renato respira profundamente. ― Eu fui o primeiro homem que você beijou, assim como você também foi o meu primeiro. ― Ele sorri com seus olhos cor de mel brilhando naquele escuro tremendo. ― Fui também o primeiro homem que você olhou com desejo, que tocou com desejo, e você sabe que também foi o meu primeiro. ― Ele sorri outra vez. ― Fomos os primeiros e únicos um do outro, e eu estou feliz com o fato, mas devastado com a sua partida Leandro. ― Ele para, se acalmando, mas depois volta a falar com o homem sob seu corpo. ― Fica tudo tão estranho sem você aqui. Meus dias não andam sendo mais dias, e isso porque eu sei que nunca mais vou te ver. Nem mesmo uma foto sua eu tenho para guardar de lembrança... Eu só gostaria de voltar no tempo, na última vez em que nos vimos. Eu poderia ter feito você ficar, ter ocasionado a descoberta de meu pai a nosso respeito. A situação seria tenebrosa, mas eu sei que juntos conseguiríamos vencer, e se tivesse ficado, você não teria sido assassinado naquela madrugada. ― Renato para pra tomar fôlego. ― Você se foi, e eu nem pude me despedir de você... Sendo sincero, eu não sei o que farei daqui pra frente, se ainda o verei algum dia na vida, mas saiba que eu te amo, sempre te amarei, e que em algum momento dessa vida, eu estarei junto a você... ― Renato é interrompido.

― Você quer ficar junto desse macaco imundo? Pois eu vou te mandar pra lá agora! ― O homem grita, e tudo o que Renato sentiu naquele momento foi extremo pavor.

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Comentários

Há 2 comentários.

Por Nando martinez em 2016-03-02 22:21:48
Oi oi oi oi ,seus olhos estão sem vida ,agora ele também kkkkk zoas ,mas é uma pena para ele ,pelo menos se sair ileso dessa já n vai ter por que ficar em casa apanhando do pai e na cidade mesmo ... Ja que ele tem dinheiro guardado pode fugir mas sei que ele vai tentar se suicidar hummm... Ah e me esqueci mas queria bater na cara da vizinha do Renato também ,velha estupida 😅
Por diegocampos em 2016-03-02 21:12:53
Muito bom o capítulo, dei que a mudança do Renato não será do dia para noite, estou ansioso para saber quem foi que falou isso no final do capitulo