Novo Luxo - Capitulo 01

Conto de MarcosYu como (Seguir)

Parte da série Hélio Amava

É fácil ser pego sozinho pensando em coisas muito aleatórias. Eu sou um exemplo disso. Me peguei hipnotizado pelo balão de hélio que dona Sthefany, minha mãe, havia trazido do festival que tinha participado. Nunca pensei que um balão lilás de gás, iria me trazer tantas respostas, para essas perguntas que me atormentam. Eu não sei a quem devo agradecer essa “iluminação lilás”, mas acho que em alguma cultura, deve existir um Deus balão, se existe, obrigado. Agora eu meio sei o que fazer. Eu vou lá falar com ele.

4 Meses Antes.

Escola nova, objetivos novos, gente nova, enfim, tudo novo. Eu podia dizer que estava nervoso. Último ano do ensino médio e eu estou mudando de escola, por quê? Bem, não sou lá um ser humano muito tímido, porém não me adapto tão fácil à ambientes novos. O motivo é bem simples: tenho uma melhor amiga com a qual convivo a oito anos, na mesma escola e mesma sala. Essa amiga, chamada Leticia, irá se mudar e consequentemente transferir-se de escola. Além do fato, é claro, de que eu não tenho muitos amigos. Acho que dá para sentir o desespero de um adolescente não tão sociável, não é? Então vamos definir este motivo, como um ótimo e maravilhoso motivo para mudar de escola. Mas é claro, não é só pela força de vontade que fazemos algo, temos que criar atitude. No entanto minha mãe, uma coroa não tão cora assim, de trinta e cinco anos, me pergunta anualmente no mês de janeiro, se eu quero mudar de escola. Devido ao fato de Leticia, esse ano a resposta iria mudar.

– Então senhorita Sthefany, hoje a minha resposta é sim – Respondi indo em sua direção na cozinha.

– Jura Rafael? Nossa, te pergunto isso sempre, e a resposta nunca é sim – Indagou surpresa.

– Sim, a Leticia vai trocar de escola e quero ir com ela – Comentei me sentando a mesa.

– E para onde quer ir? – Perguntou minha mãe, servindo o almoço.

E então chegamos a pergunta principal, qual escola? Bem, eu e Leticia, estudávamos na escola Francisco de Albuquerque, e conversando sobre sua mudança ela havia dito que iria se transferir para o Dom João, que diga-se de passagem, é a escola mais badalada da cidade. Então chegamos em outra pergunta, por que badalada? Bom, além do ensino dessa escola ser ótimo, a média anual de todos os alunos no exame nacional, é de 700 pontos. A escola também, impressionantemente, é pública, mas tem o acordo de APMC, que é um pequeno acordo no qual os pais de cada aluno, contribuem com uma pequena quantia mensal, de no máximo R$ 10,00 para as reformas e melhorias gerais da escola, já que o estado, que deveria dar esse dinheiro, não fornece a quantia necessária. É um sistema ótimo e que faz o Dom João ser uma das melhores escolas da cidade. O Último detalhe, é que grande maioria dos filhos de empresários, políticos, pessoas da classe alta, estudam nessa escola, por ser melhor que algumas particulares. Conseguir uma vaga no Dom João, era uma agulha no palheiro.

– Para o Dom João. Será que a senhora consegue? – Perguntei com um sorriso.

– Nossa, você sabe como é difícil, né? Sorte que eu tenho uma velha amiga por lá, e posso tentar – Disse sentando a mesa.

– Mas não podia ser hoje? É que estamos em janeiro, daqui a pouco é fevereiro e eu perdi a vaga.

– Só porque é a primeira vez que quer trocar de escola, já quer assim? – Minha mãe riu – Vamos almoçar tudo bem? E então eu ligo pra minha amiga.

Fiquei um pouco confiante em saber que minha mãe conhecia alguém de lá, seria bem mais fácil entrar no Dom João. Assim que terminei meu almoço, fui correndo ligar para Leticia e falar que minha mãe ia tentar arranjar uma vaga para mim na escola.

– Alô? Lícia? – Perguntei no Telefone.

– Oi Rafa! O que foi migo? – Respondeu Leticia.

– Você nem sabe garota, minha mãe vai tentar me transferir pro Dom João! – Falei entusiasmado.

– Não acredito! Jura? Meu Deus que massa! Mas você disse pra ela tentar hoje? Porque só tem uma vaga – Disse Leticia preocupada.

– Falei sim! Ela tem uma amiga que trabalha lá no Dom João e provavelmente já deve estar ligando pra ela.

– Nossa! Nossa! Eu estou animada, já pensou Rafa?! Nos dois lá no Dom João com aqueles ricos? Você precisa entrar! – Falou rindo ao Telefone.

– Rafael!! – Gritou dona Sthefany da cozinha.

– Espera, minha mãe está me chamado – Deixei o telefone na espera – Oi mãe, o que foi?! – Gritei de volta.

– Desce aqui e traz seus documentos, rápido!! – Disse minha mãe ainda gritando.

– Lícia vou ter que desligar, acho que minha mãe conseguiu a vaga! Vou correndo lá com ela. Qualquer coisa eu te ligo depois – Falei desesperado.

– Tá! Vai lá rápido, beijos – Disse Leticia.

Eu não sou uma pessoa muito extrovertida com estranhos, chego a ser um pouco tímido. De qualquer forma, eu tinha uma ótima amizade com a Leticia, que apelidava de Lícia. Ela sabia muita coisa sobre mim e a minha família, então eu era mais animado ao lado dela.

– Beijos, até já! – Disse desligando o telefone e pegando a minha pasta com os documentos.

Assim que desliguei, fui descendo as escadas que dão em um corredor que leva a cozinha. Minha casa é dividida em dois andares. No primeiro andar fica a sala, a cozinha e a lavanderia, também tem o banheiro de visitas. No segundo andar ficam os quartos, temos três: um meu, um da minha mãe e o outro usamos como depósito. O meu quarto e o da minha mãe são suítes, o que é maravilhoso. As pessoas pensam "nossa, eles devem ser muito ricos", mas na verdade não somos. A casa era da minha vó, que morreu a muitos anos atrás e deixou a casa para minha mãe de herança. Nela, só mora eu e a minha mãe.

Ao entregar a pasta nas mãos da minha mãe, ela foi passando os dados para alguém que estava no telefone. Depois de algum tempo ela deu sinal que já ia desligar.

– Então tudo certo? De manhã né? Sala dois. Tenho que ir na antiga escola e pegar a transferência certo? Ok, também aproveito e compro a farda. Obrigado Beatriz, te devo uma – Disse minha mãe desligando o telefone.

– E então?! – Perguntei nervoso.

– E então senhor Rafael Dauphin, é que você está oficialmente matriculado no Dom João – Afirmou minha mãe com um sorriso.

– Não acredito! Sério?! Amo você mãe!! – Disse pulando para abraça-la.

– Também te amo filho. Agora é estudar pro seu último ano hein. Não me decepcione – Falou dando um beijo em minha testa – Agora vai lavar a louça.

Depois de ter recebido a notícia, passou milhões de coisas na minha cabeça, de como poderiam ser as coisas no Dom João e se seria realmente bom, pois eu iria conhecer pessoas novas, o que sempre deixava um pouco apreensivo. Terminando de lavar a louça, subi para meu quarto e mandei uma mensagem para Lícia dizendo que minha mãe havia me matriculado na escola. Lícia ficou animada e eu muito feliz. O que me esperaria por lá? Será que finalmente minha vida deixaria de ser monótona? Ou seria só mais uma escola? Acabei criando muitas perguntas que eu ainda, nem se quer, podia responder.

Pesquisei um pouco mais sobre a escola, sobre a estrutura e os eventos que ela promovia. Descobri que o Dom João fazia uma semana de cultura com os alunos, onde todas as turmas apresentavam algo de seu interesse, uma dança, peça, música e etc. Eles chamam a semana de "Topo do Conhecimento". Fiquei interessado no evento. Mais tarde naquele dia, a amiga da minha mãe, enviou uma mensagem, informando quando iniciaria as aulas, o horário de entrada e saída, onde comprar a farda e o valor da APMC. As aulas iriam começar na segunda semana de fevereiro, ou seja, eu ainda tinha um mês e alguns dias até o início da aula. Minha mãe logo disse, que no final do mês íamos comprar a farda e os materiais escolares, inclusive uma bolsa nova. As coisas estavam indo muito bem e eu tinha motivos suficientes para estar animado. E então um mês se passou e estávamos no fim de semana que minha mãe havia marcado, para comprarmos as coisas. Fomos primeiro comprar a farda.

A farda do Dom João é composta uma camisa com gola "V" não tão grande, e uma calça de tecido TAC TELL. A camisa é vermelha e branca e a calça completamente branca. Eu particularmente amo a cor branca, então amei muito a farda. Logo em seguida fomos atrás de uma bolsa nova. Sinceramente, eu não queria algo clichê, então eu comprei uma dessas "bolsas pasta", que testemunha de Jeová adora usar, dessas que vai apenas em um ombro e atravessa o corpo, acho estilosa. Depois compramos um tênis. Acabei por comprar um branco que eu já fazia ideia que viveria para lavar. Comprei um caderno simples e o restante do material. Faltava exatamente um dia para a primeira aula e eu fiquei exageradamente nervoso. E se as coisas dessem errado? E eu passasse vergonha no meu primeiro dia? No final da noite, mandei mensagem para Lícia, falando do nervosismo e ela apenas me disse para manter a calma e que tudo daria certo. Dormi com esse pensamento e quis ser o mais positivo possível.

"Três ou dois passos

Escuto você

Não está longe

120 dias e uma rosa

120 segundos e um espinho"

Acordei cedo, 5h da manhã para ser exato. Me olhei no espelho e disse a mim mesmo "é hoje!". Tomei um bom banho, vesti minha farda com todo o vigor, coloquei meus acessórios, que consistia em: pulseira, relógio e cordão. Arrumei meu cabelo, botei os tênis, passei perfume e em seguida, tomei café com minha mãe. Por sorte, dona Sthefany sai para o trabalho no mesmo horário da escola, então ela podia me deixar no Dom João. Após o café fomos para o carro onde respirei fundo. A pressão de ser o primeiro dia na escola me deixou muito apressado. Minha mãe me deixou na porta da escola onde, por um momento, fui o centro das atenções e olha que o carro da minha mãe é um clássico. Fiquei sem saber o motivo de tanta atenção.

– Rafa! Até que enfim chegou, estava morrendo de saudades suas! – Gritou Leticia ao vir em minha direção, me agarrando e dando vários beijos.

– Lícia, a quanto tempo! Nossa, parece que fazem anos! – Disse retribuindo o abraço.

– Que saudades Rafa, é tão legal sabe que você vai continuar comigo – Falou Leticia quase chorando.

– E que cabelo é esse? Você pintou por acaso? Você está linda demais – Disse girando-a com as mãos.

– Quis inovar, escola nova vida nova. Mas esse Loiro não combinou tanto assim – Afirmou revirando os olhos.

– Que nada, combina com sua pele branca. E então, já entrou na escola?

– Não, estava esperando você para entrarmos juntos – Respondeu olhando para o portão.

– Ah, então vamos lá – Falei a puxando para entrada.

Logo em cima do portão, havia uma placa escrita "Talvez aqui encontre o que não conhece, mas precisa", o que para uma escola, é uma frase bem medonha. Logo após o portão, tem um mural que estava todo preenchido de papéis, que informavam a sala dos alunos.

– Nossa, essa escola é cheia de salas. Vamos demorar um ano para encontrar nosso nome aqui – Disse olhando o mural.

– São trinta e quatro salas na verdade. Vamos começar pelo primeiro andar. São esses papéis de cima – Sugeriu Leticia, apontando os papéis.

– Tudo bem.

Demoramos um tempo procurando nossos nomes, até que um menino de cabelo castanho claro e bem mais alto do que eu, começou a procurar seu nome também. Provavelmente ele viu a minha dificuldade em encontrar meu nome.

– É difícil né? – Perguntou ele.

– Está mais para impossível – Respondi rindo decepcionado.

– Acabei de achar o meu, quer ajuda para achar o seu? – Perguntou me olhando.

– Não precisa, estou procurando com uma amiga. Mas Valeu a força – Percebi que ele ficou parado me olhando – Moço?

– Foi mal, viajei aqui. Mas me diz, qual é o seu nome? – Perguntou com um sorriso.

– É Rafael – Respondi rindo.

– Jura? Tem um Rafael na minha turma – Ele procurou no papel – Rafael Dauphin?

– É isso mesmo! Você achou? – Me aproximei para procurar – Nossa, sou eu mesmo. Valeu.

– Ah que nada, nem deu trabalho – Ele me olhou sorrindo.

– Rafa? Achei meu nome – Disse Leticia, olhando para mim e o menino.

– Jura?! Não acredito, separaram a gente – Falei com ar triste.

– Quem é esse? – Perguntou Leticia.

– É o menino que me ajudou a procurar meu nome, e eu não sei o dele – Respondi rindo.

– Meu nome é Maurício – Falou rindo.

– Ah tá, meu nome é Leticia, melhor amiga do Rafael – Falou estendendo a mão para cumprimenta-lo.

– Prazer Letícia. Bom, vejo você lá na sala Rafael – Disse sorrindo e seguiu até o fim do corredor.

– Você não vai me trocar aqui né? Vou mentir não, deu um leve ciúmes – Disse de cabeça erguida.

– Garota, sou bem mais apegado a você, do que você a mim. É bem mais fácil o contrário – Disse puxando para um abraço e rindo.

– Tá bom, agora vamos para as nossas salas que daqui a pouco a primeira aula começa – Falou me puxando na direção das salas.

Andei pelo corredor olhando para os lados, tentando memorizar o lugar, conhecer aquele ambiente. Havia muitos vasos com plantas, o que dava um ar leve para escola. Ela é pintada meio laranja, com uma mistura de amarelo dourado, o que dá um ar antigo. A porta é madeira, em tom original.

Leticia tinha ficado na turma dois, e eu na turma um. Apesar de separados, as salas ao menos ficavam ao lado da outra, poderíamos nos ver na hora da merenda.

– Nos vemos na merenda? – Perguntei.

– Pelo que fiquei sabendo, hoje só vai haver apresentação da escola e vamos ser liberados cedo. Então acho que só nos vemos amanhã – Disse ela fazendo biquinho.

– Já quer se livrar de mim né? Tudo bem então.

Dei um último abraço na Leticia e me despedi.

Caminhei até a porta da minha sala e olhei pelo vidro, o movimento da sala. Eu já estava nervoso só pelo fato da escola ser nova e eu não conhecer ninguém. Acrescentando o fato de que a Leticia não ficaria na minha turma, só me deixou bem mais apreensivo. Abri a porta devagar, e pus a cabeça devagar pra tentar olhar as pessoas lá dentro.

– Você não vai entrar? – Perguntou alguém que estava atrás de mim.

– Oi? Ah! Desculpa… é que eu só estava olhando – Respondi me virando para o desconhecido.

– Não é dessa sala? – Indagou o desconhecido.

– Sim, eu sou… – Afirmei olhando o desconhecido, que era um garoto bem alto.

– E por que não entra logo? – Perguntou ele rindo.

– Nervosismo, timidez, medo. Uma mistura bem legal de tudo isso – Respondi olhando para sala.

– É eu consigo te entender. É novato né?

– Sim, sou – Disse sem jeito.

– Então vem capitão timidez, vou te conduzir pelo campo minado – Disse abrindo a porta e me puxando pela bolsa para dentro.

– Oi? Quê? Ei! Espera, eu vou cair – Falei tentando me equilibrar.

Quando percebi, todos estavam olhando para mim e para o desconhecido. Nesse mesmo momento, meu coração congelou de medo. Até que vi o Maurício, acenando com a mão. Ver um rosto familiar me acalmou.

– Capitão, eu sento na segunda cadeira, da fileira do professor. Se quiser, senta na minha frente – Sugeriu apontando a cadeira.

– Por que está me chamando de capitão? – Falei pondo a minha bolsa sobre a cadeira.

– É que não sei o seu nome. A propósito, me chamo Wesley – Falou sorrindo e tocando em meu ombro.

– Me chamo Rafael...

Notei que todos ainda nos olhavam, e vi um garoto que estava nos fundos, olhando para gente depois para o Maurício. Percebi que o Maurício, nos olhava com indiferença e até um pouco de raiva.

– Então Rafael, quer conhecer uns colegas meus? Aproveita pra se enturmar – Disse Wesley olhando para mim.

– Quê? Você é um garoto meio estranho – Respondi olhando pra ele sem entender.

– Vamos logo – Disse revirando os olhos.

– Tá né... – Disse rindo.

Assim que o respondi, algumas pessoa levantaram da cadeira e vieram na direção dele.

– Oi né Wesley? – Disse uma menina muito bonita.

– Rafael esse aqui são uns colegas meus do ano passado: Ana, Amanda, Ângelo e Marcelo. Gente deem "Oi" para o novato tímido – Disse Wesley apresentando seus colegas.

Todos acenaram para mim.

– Não precisava tanto né – Falei olhando para Wesley.

– Espera, eu não conheço você? – Perguntou um menino.

– Eu não sei, conhece? – Indaguei curioso.

– Você não me é estranho. Acho que nos conhecemos de algum lugar – Respondeu um menino.

– Eu não me lembro de você, Marcelo né? Mas você não me é estranho também – Disse sem entender.

– Sim, Marcelo. Acho que uma hora a gente descobre – Afirmou rindo.

– Nossa, e eu achando que era o primeiro que você tinha conhecido – Comentou o Wesley.

Neste momento, um professor entrou na sala.

– Todos nos seus lugares, por favor – Disse o professor.

– Até depois Rafa – Disse Marcelo.

Todos se sentaram e eu fui para minha cadeira na frente do Wesley.

– Eu sou o professor de Língua portuguesa, meu nome é Júlio. Também serei o responsável pela turma de vocês durante todo ano, respectivamente, o conselheiro – Disse o professor.

A aula, foi basicamente a mesma coisa que em todas as escolas normais. O professor se apresenta e pede para a turma apresentar-se também, e no final de tudo, ninguém aprende o nome de ninguém. Mas tinha uma novidade também. O professor Júlio, informou que no Dom João, as aulas não eram intercaladas (separadas em tempos) como em outras escolas, mas sim feita de forma direta em só uma disciplina, ou seja, teríamos aula com ele direto até fecharmos sua disciplina. Assim seria com todas as matérias, e no último mês de aula, seria intercalado para a revisão do ano letivo. O professor também disse o que a Leticia já tinha me falado, que por ser o primeiro dia, não haveria aula pois ele iria apresentar as regras e dependências da escola e assim foi. Com isso, eu conheci toda escola e pude notar, pelas regras, como ela era rígida.

Na escola, havia uma parte verde, que eles chamavam de “Hortinha”, onde eles plantavam todos os legumes e leguminosas que a escola precisava. Era cheio de verdura e árvores. O professor também disse, que quem ajudasse por lá, ganharia nota extra em algumas matérias, como em Biologia. Percebi que havia uma jaqueira gigante, bem no finalzinho e me aproximei para olhar de perto. No mesmo momento em que estava em baixo da árvore, o vento soprou forte e uma das frutas da árvore caiu, mas onde? Isso mesmo, na minha cabeça. Uma jaca de uns 3 Kg. Todos da classe e o professor viram, e vieram correndo em minha direção, onde eu me encontrava jogado no chão.

– Rafael! Você está bem?! – Gritou Maurício que vinha em minha direção.

– Acho... que... sim...

Nessa hora, senti minha respiração falhar e minha visão embaçar. Última coisa de que me lembro, é o Maurício tentando falar comigo.

Acordei dentro de uma sala, que parecia um hospital. Provavelmente a enfermaria da escola. O Maurício estava conversando com a Leticia, eu estava sonolento, mas pude ouvir algumas coisas.

– Por que ele desmaiou tão facilmente assim? – Perguntou Maurício.

– Não sei, pode ter sido o nervosismo do momento, ele é um pouco preocupado demais, ou então... Ah é! – Disse Leticia.

– O que aconteceu? – Disse os interrompendo.

– Rafael até que enfim você acordou, eu estava muito preocupada já! – Disse Leticia vindo em minha direção.

– Então novato, uma jaca média caiu na sua cabeça e PUF, você desmaiou – Disse Maurício com um sorriso – Fico feliz que esteja bem.

– Bem, não é lá uma boa definição. Sinto muita dor de cabeça – Falei me sentando.

– Rafa, é melhor você ir no médico depois daqui – Falou Leticia com preocupação.

– Mas eu já não estou bem?

– A fruta caiu na sua cabeça, onde... você lembra? Seus pai, aos seus 7 anos – Disse Leticia me olhando.

– É.. Me lembro... pode deixar que eu vou sim – Falei tentando despreocupa-la.

– Sua mãe disse que assim que conseguir sair do trabalho, vem te buscar. Você não está podendo andar sozinho agora – Disse Maurício.

– Avisaram ela foi? Nossa, que grande maravilha de primeiro dia – Suspirei fundo – Que horas são?

– Já é meio dia, temos que sair – Disse Maurício.

– E Pra onde eu vou? Tenho que esperar minha mãe – Falei um tanto desesperado.

– Eu tenho que ir para cara casa Rafa, é longe daqui. Não vou poder esperar – Disse Leticia.

– Se você quiser, pode ficar na minha casa enquanto espera sua mãe. Moro aqui do lado – Sugeriu Maurício.

– Sério? Posso? Acho que não tenho muita escolha – Suspirei fundo.

Depois de nos despedirmos da Leticia, na porta da escola, seguimos uma rua que ficava ao lado da escola. Durante o percurso, senti bastante dor de cabeça. O Maurício estava me guiando, segurando minha manga. Não conversamos até chegar a casa dele. Era uma casa bastante luxuosa fiquei com a boca aberta.

– Moro aqui – Afirmou Maurício.

– Em um hotel? – Disse sem acreditar.

– Não – Ele riu – Essa casa é dos meus pais.

– Nossa, é uma casa linda – Olhei para a faixada.

– Vamos entrar logo, lá te dou um remédio para sua dor de cabeça – Falou segurando minha mão e me puxando para entrar.

Continua...

Comentários

Há 1 comentários.

Por Legal em 2016-09-08 09:57:07
Uma escola municipal esperando verba do Estado????