05. A festa

Conto de Luã como (Seguir)

Parte da série Proibido

Enquanto meu professor termina de citar uma frase de Adam Smith, considerado o pai da economia moderna, e então explica algo relacionado a ela que eu sinceramente não consigo prestar atenção, eu brinco com minha caneta entre meus dedos e admiro a manhã de sábado linda que faz lá fora, enquanto eu preciso repor a aula que eu tive que faltar na semana passada. Antes de sair da cama eu pensei e repensei várias vezes sobre a tentadora ideia de não vir, mas não adiantaria nada. Apesar de o curso estar, literalmente, na reta final, e quanto eu digo isso falta apenas uma semana para que as aulas acabem, ainda há coisas importantes que eu quero anotar e talvez usar mais tarde. Porém minha cabeça não sai da tarde animada que eu e Samuel teremos daqui a pouco, quando ele virá me buscar pra almoçarmos juntos e depois escolhermos nossa roupa para a festa de formatura.

Quando o último sinal toca, pego minhas coisas e jogo rapidamente na mochila, então sou um dos primeiros a passar rasgando pela porta em direção à saída, procurando pelo Focus de Samuel, que logo depois eu avisto, parado no meio fio próximo a esquina.

Assim que chegamos no JK, vamos até o Burguer King, onde eu me esbaldo sem dó nem piedade em um lanche grande e no generoso refil de bebidas antes de sairmos a procura de nossas roupas.

- e então, como está sendo trabalhar com o deus grego da balada? - Samuca agora termina de dar outra mordida em seu lanche, enquanto me fita com seus grandes olhos azuis e curiosos.

- dificil, eu tenho que admitir. Ele é tão sedutor, tão... - eu paro alguns segundos buscando pela palavra certa. - tentador.

- isso eu sei né amigo, ou você acha que eu não te conheço. Deve estar louco pra dar essa sua bundinha branca pra ele.

- Samuel! - eu falo exasperado, olhando para os lados e torcendo para que ninguém tenha ouvido isso. - olha a língua.

- hoje tem a festa de confraternização de fim de ano, não é?

- é, nem lembre. Mais um pouco de tortura.

- não mesmo, hoje vocês não estão no banco, não estão trabalhando, se rolar um papo bacana e ele te convidar pra sair depois de lá, o que você faria?

- eu não sei. Ele é meu chefe, Samuel. Não seria o certo.

- é, isso é. Mas se vocês não contarem pra ninguém, não tem problema. - ele dá uma mordida em sua batata frita, fazendo uma cara de sexy, e eu reviro os olhos enquanto sorrio.

- você não tem jeito.

- você sabe que ele também tá louco por você, olha o que você me conta! Se você der o sinal verde, ele avança como se estivesse em busca do pote de ouro do outro lado do arco íris.

- pote de ouro? Agora isso tem outro nome?

- meu amigo, pode chamar do que você quiser, o produto é o mesmo, o prazer é o mesmo, isso que importa! - ele se curva sobre a mesa, chegando perto de mim o bastante para falar em um volume confiável. - se ele quiser sair com você, não negue. Dê essa bundinha linda e branca pra ele que os dois saem felizes, com o pote de ouro conquistado.

Depois que ele pisca pra mim e volta para o seu lugar, eu esfrego meus dedos em minha testa, pensando que talvez ir nessa confraternização não seja uma boa ideia. Talvez porque minha bunda branca realmente queira o Gustavo, e eu sorrio em pensamento sobre isso, ou talvez seja porque justamente isso não é uma boa ideia. Aliás, isso é uma ideia terrível, tanto que eu prefiro não pensar nisso e deixar pra depois.

Ocupamos muito do nosso tempo entre as várias lojas de grife famosas, outras nem tanto, mas todas com roupas lindas e extremamente caras, o que não seria um problema para Samuel, mas já para mim, é algo que me preocupa. O que eu realmente tenho pena é do meu cartão de crédito, que está sendo usado e abusado sem receio nos últimos dias, e hoje não foi diferente.

- o que você acha?

Estou me olhando no grande espelho da parede do provador, fora das cabines, enquanto olho sobre meu ombro pelo reflexo e enxergo Samuel atrás de mim, vestindo um terno preto com uma camisa azul clara e uma gravata em um tom um pouco mais escuro, com efeito metálico e com detalhes sutis em relevo no tecido, que parecem ter sido feitas especialmente pra ele.

- tá perfeito. E eu?

- maravilhoso. Queria saber como escolher rápido as coisas feito você. Ser indeciso me irrita muito. - ele fala, chegando ao meu lado enquanto se olha atenciosamente, de cima a baixo, analisando como a roupa ficou em seu corpo. Agora, enquanto ele está do meu lado, a comparação de beleza entre eu e Samuel chega a ser injusta. Ele, além de ser lindo, sabe muito bem se vestir e, por mais incrível que pareça, ele não é daquelas pessoas convencidas, nem por sua aparência, nem por sua situação financeira. Acho que o fato de eu ter escolhido Samuca como meu melhor amigo foi isso. Ele tem todos os motivos do mundo para ser um nojinho de gente, mas ele não é.

Então, após provarmos dezenas e dezenas de conjuntos, principalmente Samuca, que é a pessoa mais indecisa da face da Terra, parece que finalmente ele gostou do seu conjunto. Saímos da loja triunfantes com nossas sacolas, felizes e certamente um pouco mais pobres, mas mesmo assim, felizes.

Antes de irmos embora, Samuel se lembra que precisa comprar um perfume novo e me faz voltar na loja da Dolce & Gabbana para ficar mais alguns bons minutos escolhendo uma fragrância para a formatura. Depois de finalmente escolher, e de quebra ainda dar uma paquerada básica no vendedor, saímos do shopping e vamos direto para casa, pois eu tenho a  droga da festa daqui a pouco tempo e por mais que eu ache que eu não possa ir, eu quero muito ir. E pensando que estou quase atrasado, torço para que o caminho até em casa seja rápido, que eu não demore muito pra achar uma roupa legal é que o caminho de ônibus até o bar não seja tão demorado, já que meu amado Chevette ainda não retornou da oficina.

Após me vestir cuidadosamente para que não fique nem muito arrumado nem muito comum, com uma camisa preta, e uma calça cor tostada, puxado para o tom de abóbora e meu mocassim café, sigo para o bar que Gustavo alugou especialmente para o evento. O caminho, como eu temia, é um pouco longo, mas pelo fato de eu ter saído de casa um pouco mais cedo, os prejuízos não serão tão altos. Assim que eu chego, vejo algumas pessoas já nas mesas conversando e bebendo suas cervejas, mas eu ainda me sinto um pouco deslocado. É só quando avisto Amanda chegando que eu solto um sorriso de alívio.

- pensei que você não viria! - ela diz ao me abraçar.

- é, eu tava um pouco cansado mas achei que seria rude não vir.

- é a sua primeira festa da empresa, a primeira a gente nunca esquece! - ela fala animada enquanto olha em volta. - cadê o anfitrião?

- quem, o Gustavo?

- é, ué. Ele quem organizou tudo, ele tava bem mais animado esse ano do que nos outros.

- ah sim, bom, eu não vi ele por aí ainda, então... - me faço de desentendido, quando na verdade eu também não parei de procurar ele desde que cheguei.

- bom, lá está.

Eu me viro lentamente seguindo o olhar de Amanda e vejo o homem mais lindo do mundo, vestindo uma polo listrada em cinza, branco e preto, uma calça jeans escura e um sapatênis no mesmo tom. Mas, apesar de estar muito bem vestido, mesmo com algo mais casual, a peça mais linda dele ainda é sem duvida seu sorriso. Enquanto ele cumprimenta um dos funcionários e conversa, ele se mostra com uma expressão bastante jovial, diferente da que ele aparenta no trabalho. Eu acho que coro ao perceber que estou olhando demais para ele, então volto minhas atenções para Amanda, como se nada tivesse acontecido.

- ele é ridiculamente bonito.

- é, ele é bem aparentado mesmo.

- bem aparentado? Arthur, qualquer ser humano cairia de joelhos por ele, me poupe.

- bom, isso eu já não sei. Você também faz parte dessa estatística?

- claro, mas eu sei que ele só tem olhos pra você, então eu já tirei meu cavalo de campo.

Eu gelo ao ouvir isso, então, como se todo o som e movimento ao nosso redor tivesse sumido, eu me viro pra ela e fico a olhando, esperando por uma explicação.

- como é que é?

- qual é, você sabe disso. Ele vive te olhando, te seguindo, isso é bem óbvio. Você é o novo alvo dele, Arthur.

- não sou não.

- bom, se você não quiser, não é. Mas é difícil resistir aos encantos do Dr. Charme ali.

- ele é meu patrão, mesmo que eu tivesse interessado nele, o que no caso, eu não estou, eu teria que me segurar.

- bom, se você conseguisse, você seria meu herói. Ninguém consegue. Agora disfarça que ele tá vindo aí.

- o que?

- boa noite. - antes que eu pudesse assimilar a frase rápida de Amanda, eu ouço sua voz bem ao meu lado. Eu me viro pra ele e tento me manter neutro, mas através da minha visão periférica eu consigo ver que Amanda segura o riso, certamente por causa do meu rosto corado e da minha feição assustada, enquanto ele prende seus olhos firmes nos meus.

- boa noite. - nossas vozes são uma só, apesar de que honestamente ele não deva ter prestado atenção em Amanda.

- chegaram cedo.

- pois é. - eu realmente preciso trabalhar no lance de desenvolver assuntos quando estou nervoso.

- o lugar é muito legal, bem descontraído.

- que bom que você gostou, Amanda. - ele então sorri e segue em direção das outras pessoas, movendo aquele corpo lindo e forte para longe de nós, o que me deixa aliviado e ao mesmo tempo querendo ir atrás, como se ele tivesse uma espécie de imã.

- viu? Ele não tirou os olhos de você.

- sabe o que eu vi? Você caidinha por ele. "O lugar é muito legal, bem descontraído." - eu digo repetindo ela com a voz fina, fazendo ela rir.

- nem que eu quisesse, amigo. Ele joga no mesmo time que o meu. E no caso, a bola que ele persegue no campo é você, no caso eu sou a linha branca das laterais.

- boba. - falo sacudindo a cabeça em reprovação, um pouco preocupado com isso.

- será que outras pessoas notam isso?

- bom, não sei. Apesar de tudo, ele é bem discreto.

- ou talvez seja loucura da sua parte e eu esteja caindo direitinho nessa paranoia. Vem, vamos escolher alguma coisa pra beber e mudar de assunto.

Depois de chamar o garçom e agradecer pelo assunto ter se encerrado, começamos a aproveitar a noite de fato. A comida boa, a bebida gelada, o papo bom com Amanda, tudo parece fluir e me fazer pensar que foi sim uma ótima ideia vir até aqui. Depois de um tempo, estamos em um grupo pequeno reunidos em uma mesa grande, conversando aleatoriamente sobre diversas coisas, enquanto Gustavo está do outro lado da mesa, conversando com seu amigo e olhando pra mim o tempo inteiro.

- sabe gente, acho que a gente tem que reconhecer que o nosso chefe aqui é um grande organizador de eventos. O cara colocou na cabeça que queria fazer nesse bar e passou a semana toda tentando reservar, aí quando ele conseguiu, fez tudo funcionar em menos de três dias.

- quando eu quero alguma coisa, eu não desisto fácil. - assim que ele fala isso, eu penso "não olha pra ele, não olha pra ele", mas é impossível, e quando eu o faço, ele está me olhando, me fazendo ter certeza que sua frase de duplo sentido realmente foi pra mim. Por sorte, acho que ninguém nota, já que estão todos ouvindo Marcelo, o puxa saco, continuar a falar, dessa vez sobre como ele já era amigo de Gustavo antes mesmo de ele ser transferido para a agência e de como ele insistiu para que isso acontecesse ao longo do primeiro ano de empresa dele, confirmando o fato de que quando ele quer algo, ele não desiste fácil. Eu sinto meu coração bater fora de controle com a situação, percebendo que ele já não está mais se importando em disfarçar nada, enquanto eu por um lado acho que isso me cheira a problema, mas por outro eu gosto disso. Esse perigo, essas frases de caráter duvidoso, essa adrenalina, tudo me faz ter ainda mais tesao por ele. Eu chamo o garçom e peço para ele me trazer outro copo de cerveja e alguns petiscos para forrar o estômago, fazendo eu tirar minha atenção dos olhos dele e de meus pensamentos tentadores. É aí então que chega o funcionário novo, do caixa, dando boa noite para todos e se sentando na cadeira vazia do meu outro lado, iniciando uma conversa comigo e com Amanda e felizmente fazendo eu ficar mais calmo. O que eu noto é que, ao longo da conversa, o homem, que além de simpático e bonito, parece ser gay, pois nosso entrosamento falando sobre música, cinema e livros revela seu entusiasmo e seu jeito de que ele joga no mesmo time que o nosso, o que faz automaticamente com que eu e Amanda já nos simpatizarmos com ele e meio que  considerarmos ele como parte do nosso novo grupo de amigos do trabalho, que até então era formado por eu, Amanda e Duda, essa que por sua vez resolveu não aparecer hoje na festa. Algo curioso é que vez ou outra, quando meus olhos correm teimosos até Gustavo, vejo que ele está nos olhando e aparentemente colocando toda sua atenção em nossa conversa, me olhando como se tivesse faíscas saindo de seus olhos e me deixando com o estômago revirado. O efeito que Gustavo tem em mim chega a ser ridículo, eu não consigo parar de olhar pra ele e desejar ele, mesmo quando estou no meio de uma conversa animada com meus amigos, como agora. Pouco depois de Pedro nos contar que ele namora há quatro anos com um cara da Austrália, Amanda surta ao querer saber tudo sobre como é namorar à distância, sobre como é ficar com alguém de outro país, entre outras coisas, eu peço licença e vou ao banheiro, sentindo meu rosto um pouco quente por causa da bebida. Depois de esvaziar a bexiga, lavo as mãos e jogo uma água no rosto para refrescar. Quando estou secando as mãos e o rosto molhados, a porta do banheiro se abre e ele entra, me lança um olhar que me deixa sem fôlego, fecha a porta e a tranca com chave.

- o que é isso? - eu falo surpreso, enquanto ele caminha lentamente em direção a mim.

- não quero você falando com aquele cara.

Como é que é? Temos alguém querendo dizer com quem eu posso ou não posso falar agora?

- ah é? Posso saber por que?

- porque ele ta interessado em você.

- isso é loucura. Ele namora.

- parece que pra ele isso não importa. - agora ele está parado a uma distância razoável de mim, me fazendo querer não estar aqui agora discutindo com meu chefe sobre meu círculo social.

- bem, e eu honestamente não sei por que tudo isso importaria pra você.

- porque você é meu.

Ah droga, eu o que?

Sua frase me acerta como uma bola de canhão, me deixando totalmente sem resposta. Seus olhos me atingem com tamanha magnitude que eu não consigo fazer nada a não ser encara-lo.

- sou?

- é, e você sabe disso. Ou me diz que você não está doido pra me beijar agora? - ele termina de falar e caminha mais um pouco até chegar em mim e me tirar todo o espaço que eu tinha pra poder fugir, fazendo eu me segurar firme na pia de mármore e torcer para que pelo menos minhas mãos me obedeçam e não saiam dali tão cedo.

- Gustavo, não.

- diz que você não quer sentir como é o gosto do meu beijo, aqui nesse banheiro trancado, onde a gente pode fazer o que quiser.

- eu não quero, isso é loucura. - eu falo olhando para o lado, tentando ao máximo resgatar meu autocontrole que a essas horas já tava fugindo pra puta que pariu.

- então diz olhando nos meus olhos. Diz que você não me quer. Diz que você não me deseja desde aquela noite, diz que você não fica louco, assim como eu, toda vez que a gente se vê na agência, tentando esconder de todo mundo

Assim que eu olho para aquele rosto, para aquela boca, para aquele corpo perfeitamente esculpido por baixo daquela camiseta polo apertada, eu não consigo mais ter controle sobre mim. Eu lhe puxo e o beijo, o beijo com tamanha vontade que meu coração parece estar querendo explodir. O gosto de sua boca é tão bom que me faz querer ficar sentindo isso por horas, um gosto de álcool misturado com hortelã, enquanto eu passo uma das minhas mãos em suas costas e a outra fica firme em seu pescoço, sentindo sua pele quente e sentindo minha ereção crescer sem controle dentro da minha calça jeans.

Sua respiração fora de compasse no meu pescoço me deixa arrepiado, enquanto eu o puxo mais pra perto e sinto sua calça colar mais na minha, percebendo que seu volume é ainda mais notável do que o meu, até que ele me pega e me senta no mármore frio da pia, se encaixando no meio das minhas pernas e fazendo eu me curvar para continuar beijando-o. Suas mãos passeiam pelo meu corpo e me fazem ficar ainda mais cheio de tesao, ainda mais quando seus dedos tentam abrir o zíper da minha calça, mas um flash de juízo percorre minha mente e eu lembro que estamos no meio da festa da empresa e que as chances de alguém tentar entrar e ver que a porta está fechada são altas, então eu me desvencilho dele e vejo o estrago que minhas mais fizeram em seu cabelo, que está bagunçado e agora combina com sua roupa levemente amarrotada e sua expressão sorridente e vitoriosa.

- melhor não fazermos isso aqui. É perigoso.

- você quem manda. Depois a gente termina então.

Sua voz mais parece como uma intimação, não me deixando muita escolha, então eu desço e peço pra ele esperar um pouco pra sair, pra caso alguém tenha visto ele entrando no banheiro, não note que saímos juntos.

De volta à mesa e torcendo para que ninguém veja minhas bochechas querendo a todo custo quererem ficar vermelhas, eu entro no assunto de Amanda e Pedro, que parecem não ferem notado minha demora.

- Pedro também não tava querendo vir por vergonha. O que acontece com vocês, meninos? Perder uma festa dessas, com comida e bebida de graça, por vergonha? Eu hein. - ela diz, pescando uma azeitona do prato com a ajuda de um palito. - eu disse pro Arthur, a primeira festa da empresa a gente nunca esquece. Não é, Arthur?

Eu ouço ela e então vejo Gustavo saindo do banheiro e olhando discretamente pra mim, enquanto anda em direção ao outro grupo de funcionários, mais reservados, sentados mais ao fundo do salão, pensando na loucura que aconteceu lá dentro e o quanto seu beijo é bom.

- com certeza.

__

O resto da noite se resumiu a boas conversas entre eu, Amanda e Pedro, Gustavo cuidando pra ver se Pedro passava dos limites comigo e de quebra me deixando ainda mais com vontade de sair daqui com ele e fazer tudo o que não pudemos antes. Quando as primeiras pessoas começam a ir embora, logo depois das 23h, Gustavo se levanta e começa a se despedir do pessoal da mesa, me fazendo querer ter a desculpa perfeita para sair daqui agora sem chamar a atenção e poder ir embora com ele.

- Arthur, se você quiser uma carona pra ir pra casa, acho que é caminho.. - acho que acabei de achar a desculpa perfeita.

- ah sim, claro.

- cadê seu carro, Arthur? - Amanda me olha curiosa, sabendo que há mais por trás desse convite inocente.

- tá no conserto ainda.

- ah entendi. Tudo bem então, se cuida. - ela me puxa para me dar um beijo no rosto e um abraço, quando cochicha no meu ouvido. - agarra que esse aí já é teu. E depois quero saber como ele sabe que sua casa e caminho da casa dele.

Reprimo o riso enquanto me levanto e tento soar o mais natural possível até sairmos do bar e irmos em direção ao carro dele, que está estacionado duas quadras abaixo do lugar, sabendo que tanto eu quanto Gustavo estamos ardendo de desejo por dentro. Quando estamos quase chegando, em uma parte deserta de prédios comerciais, eu me surpreendo ao sentir suas mãos me empurrando pra trás e me colocando contra a parede fria de concreto de um dos prédios, fazendo com que meu coração salte em um soco. Em menos de um segundo sua boca está na minha e nossas línguas formam uma dupla implacável, fazendo eu sentir a adrenalina de estar fazendo isso em local público, mas eu estou jogando tudo pro alto e apenas sentindo tudo isso nos mínimos detalhes.

- você não fez o que eu pedi. - ele rosna entre um beijo e outro em meu pescoço. - você lembra do que eu pedi?

- pra não ficar perto do Pedro.

- e você ficou?

- não.  - minha voz quase não se faz ouvir, pois eu estou sem fôlego e com as pernas bambas.

- e por que não?

- porque eu gosto de te irritar.

Seus olhos castanhos agora são a única coisa que brilham intensamente no meio daquela calçada escura a não ser pela lua que aparece entre o topo das construções antigas.

- eu estou com tanta raiva e com tanto tesao que eu poderia te foder aqui mesmo, mas eu acho que na minha cama seria bem mais apropriado.

Na MINHA CAMA? Vamos pra casa dele? Espera, ele quer me foder aqui mesmo? Minha nossa, eu também quero que ele me foda aqui, na cama dele, em qualquer lugar.

- eu acho que eu gosto da ideia. - digo ao morder os lábios, fazendo com que ele volte a me beijar, dessa vez mordendo meu lábio superior e puxando levemente para ele, que depois volta a enfiar sua língua intrusa em minha boca e apertar sua ereção contra a minha. Eu penso que se não segurarmos a barra, não vamos aguentar até chegar em sua casa.

Assim que o carro entra pelo portão imponente e atravessa o pequeno gramado com plantas ornamentais, entrando na enorme garagem e acionando a luz automática do cômodo, eu vejo o quanto Gustavo é rico.

- você mora sozinho?

- moro.

- então esses carros são todos seus?

- são.

- legal. - eu digo impressionado, enquanto saio do carro e admiro a fileira com três carros, contando com o já conhecido A6, além de um HR-V prata e  Maverick vermelho, além de uma Kawasaki. Penso que com certeza ele tem uma paixão especial por máquinas potentes. Meus olhos porém se atraem em especial pelo Maverick impecável e muito bem cuidado, parecendo até um modelo recém saído de fábrica, a não ser pelas rodas esportivas.

- achou que só você tinha paixão por clássicos? - sua expressão brincalhona me faz rir.

- pois é.

Enquanto olho para dentro do carro, com os bancos em couro preto, imagino eu fazendo sexo com Gustavo na parte de trás. É um pensamento atrevido que me faz rir e torcer para que um dia eventualmente aconteça.

- ta com fome? - ele me olha enquanto entramos pela cozinha.

- não. E você?

- bem, não de comida.

Ele realmente não perde tempo! Mas o que eu posso dizer, se eu também sou assim?

- bem, se for nesse caso, eu estou com muita.

Ele sorri e entende o meu sinal, então me pega pela mão e me guia pela casa imensa, passando pela sala de jantar escura, apenas iluminada pela luz da lua que entra pelos vidros da grande porta-janela e pelas lâmpadas pequenas do chão do quintal ao longe, que revela uma ponta piscina também iluminada por lâmpadas internas. Ao chegar na sala de estar, subimos direto pelas escadas até seu quarto, onde ele abre deixa a persiana entreaberta para a luz da rua entrar e iluminar o quarto sem a ajuda da lâmpada, deixando uma luz indireta bastante convidativa. Ele então se vira pra mim e anda lentamente desabotoando sua camiseta polo até que o início do seu peito esteja visível, fazendo tudo com uma demora proposital que me deixa aflito. Agora eu estou sentado na borda da frente da imensa cama, quando ele se põe parado em minha frente e me olha com aquela expressão sexy que só ele sabe fazer.

- fica de pé.

Eu sinto meus olhos brilharem enquanto o obedeço mais que prontamente, deixando nossos rostos no mesmo nível e sentindo seus dedos começarem a desabotoar minha camisa, um por um, começando a revelar minha pele branca ainda mais branca por causa da luz da lua, até que ela está totalmente aberta e eu me livro dela pelos braços, descendo-a e jogando-a no chão.  Ele então me olha por uns segundos como se admirasse uma obra de arte, antes de me empurrar de volta para a cama e me fazer deitar.

Sua mão especialista começa a me ajudar com a calça, tirando-a e me deixando apenas com a minha cueca bóxer roxa e com meu volume querendo ver a luz da lua também.

- você é mais bonito do que eu imaginava, Arthur. Isso é uma surpresa muito boa.

Antes que eu possa pensar em falar algo, ele ergue os braços pra cima e puxa sua polo até que ela esteja no chão junto com o restante das minhas roupas, revelando um corpo bonito para um senhor caralho. Totalmente liso, sem nenhum pelo, com o tórax imponente e forte, os mamilos que parecem pedir para serem chupados, a barriga malhada e com pequenas veias saltadas nas laterais, tudo faz de Gustavo ser um homem mais do que desejável, e pensar que eu estou tendo ele apenas pra mim agora me parece loucura. Como se já não bastasse isso, ele se livra de sua calça e revela sua cueca bóxer amarela, demarcando bem suas coxas grossas e com pelos claros e aparados, e se vira em direção ao seu mini system, deixando que eu veja sua bunda redonda e suculenta por debaixo daquele pedaço de pano apertado, fazendo com que meu pênis lateje de prazer.

Ele se dedica pouco tempo para ligar o rádio em seu pen drive e colocar uma trilha sonora perfeita para o momento. Agora começa a tocar Sexercize, da Kylie Minogue, fazendo com que eu não ache que tenha música mais sexy e apropriada para o momento. Ele então volta para a cama e sobe em cima de mim, me pegando de surpresa em um beijo profundo e lento, fazendo com que cada parte do meu corpo se acendesse de desejo. Seu corpo de homem me deixa louco, com ele jogando seu peso em cima de mim e se esfregando, pra cima e pra baixo, fazendo eu sentir seu pênis duro enquanto friccionamos nossas cuecas uma na outra. Ele pega minhas mãos e imobiliza em cima da cama, fazendo eu me sentir como uma presa imobilizada e amar absurdamente cada ação que ele faz. Sem nem ter forças para mexer os braços, eu apenas sinto sua boca descer para meu pescoço, seguindo para meus mamilos, onde ele se dedica por um bom tempo mordendo, chupando, passando a língua, essa que por sua vez parece ser um barco navegando pelo meu corpo, desbravando-o e descobrindo pontos de prazer que nem mesmo eu sabia que existiam, não dessa forma intensa. Quando ele chega em minha barriga, ele beija de forma suave e desce até a cueca, mordendo de leve meu pênis, que agora está virado para o lado esquerdo e duro feito pedra, recebendo de bom grado os beijos do meu chefe. Suas mãos tratam de tirar a única peça de roupa que restava no meu corpo e fazer meu membro bater na minha barriga, fazendo um barulho que parece ser música para os ouvidos de Gustavo. Ele então volta a se abaixar e não perde tempo ao colocar meu mastro em sua boca. O ambiente umido e quente que meu pênis se encontra agora parece ser perfeito, junto com a língua dele, que faz seu caminho pra cima e pra baixo, criando uma espécie de túnel apertado por onde eu passo agora. Suas mãos agarram com força minhas pernas, me deixando com arrepios e fazendo eu jogar minha cabeça pra trás enquanto fecho os olhos. Gustavo, vendo que está me agradando com isso, continua a fazer seu melhor para me dar prazer, dessa vez descendo até meus testículos e lhes dando uma atenção especial. Sua língua continua sendo sua melhor amiga nessas horas, fazendo com que a sensação que eu tenho quando eles se movem dentro de sua boca seja quase que insuportável, no melhor sentido. Eu já sinto um pouco de lubrificação natural sair do meu pênis quando eu o puxo de volta pra cima e lhe beijo com uma necessidade grande, passando minhas unhas em suas costas, descendo minhas mãos até chegarem em sua bunda que ainda está coberta pela cueca, então eu acho que ela já deveria ter saído dali faz tempo. Em um movimento rápido eu deito ele na cama e me ponho de joelhos em seus pés, puxando sua peça devagar e guardando a imagem em minha mente com os mínimos detalhes, descendo até revelar seu pênis grande, fino e reluzente, com a cabeça rosada e grossa agora apontando pra cima, me proporcionado uma imagem surreal de Gustavo totalmente pelado em minha frente.

"Com certeza esse é um dia de muita sorte, Arthur" - penso comigo mesmo, enquanto ele agora está com uma das mãos atrás da cabeça e a outra largada na cama. Eu vou direto para seu pescoço, dando um beijo úmido e sentindo seu aroma de homem, de perfume amadeirado misturado com sabonete, então vou até sua mandíbula e dou pequenas mordiscadas. Faço meu caminho por seu corpo com minha língua até chegar na parte mais esperada, então decidi não perder tempo e coloco aquele pedaço de carne quente dentro da minha boca, subido e descendo e fazendo tudo o que eu posso para ver Gustavo indo ao delírio, me empenhando para simplesmente lhe dar o melhor sexo oral que ele já pode ter recebido na vida. Sinto ele me puxar e me colocar de costas na cama, fazendo eu arquear minhas pernas e deixar minha bunda empinada pra cima, sentindo o vento bater em mim e me sentir totalmente exposto, aberto. Olho de relance e vejo ele sentado em seus pés na cama, admirando a vista que eu estou proporcionado e então sinto suas mãos passar por ela, fazendo eu soltar um gemido baixo e fechar os olhos. Eu não sei como Gustavo consegue, mas eu estou com um prazer fora do normal. Sem mentiras, acho que nunca senti isso tão forte na vida. Quando penso que não poderia ficar mais excitado com preliminares, sinto ele dar pequenas mordiscadas na minha nádega direita, fazendo meu corpo se contorcer. Vejo ele se espichar até o criado mudo e retirar um envelope de camisinha e um tubo de lubrificante, fazendo eu ter certeza de que a entrada já acabou e o prato principal está prestes a ser servido. Ouço o barulho do envelope de preservativo se abrir e sinto ele passar um pouco do lubrificante na entrada do meu ânus, fazendo com ele ele pisque em reação ao toque.

- relaxa e aproveita. - ele se curva e fala no meu ouvido, logo depois de me dar um beijo na orelha.

Sinto ele forçar a entrada em mim, aos poucos começando a me invadir, fazendo todos os músculos do meu corpo estremecerem. Como a dor é muito forte eu peço para ele parar e esperar um pouco até que eu me acostume, mas não é preciso muito tempo. Logo ele volta a se afundar em mim e logo sinto sua barriga encostar em minhas costas. Lentamente Gustavo se move em mim, pra dentro e pra fora, com sua pele quente batendo o tempo todo atrás de mim, suas pernas fazendo uma espécie de barreira e me empurrando pra baixo, toda vez que ele dá uma de suas estocadas vorazes. O movimento começa a aumentar de velocidade e logo eu ouço o barulho da cama, misturado com meus gemidos baixos e controlados, enquanto sua mão esquerda está pousada em meu ombro e a outra segura minha cintura, até que sinto ele se curvar totalmente pra frente e se deitar em minhas costas, dizendo besteiras no meu ouvido, como por exemplo que meu ânus é apertado e que ele está louco com isso, então eu faço questão de abrir mais as minhas pernas e deixar ele entrar ainda mais em mim, fazendo eu me sentir totalmente preenchido e soltar um gemido mais alto. Já sem forças, eu sinto minhas pernas tremerem um pouco e meu coração bater forte o tempo todo, então Gustavo me vira de barriga pra cima e levanta minhas pernas, variando a posição e me deixando olhar pra ele o tempo inteiro enquanto ele me fode, com aquela cara de macho safado e com o prazer aflorado em suas gotas de suor e em seu rosto avermelhado por causa do prazer. Ele segura uma das minhas pernas pra cima e tenta entrar o mais fundo que consegue em mim, enquanto eu me masturbo freneticamente e sinto o prazer avassalador na frente e atrás, sendo como um misto de sensações que me atordoam e me fazem gemer um pouco mais alto ainda, até que meus gemidos estejam altos o bastante para que sejam ouvidos fora do quarto, o que não é nenhum problema, já que temos a casa toda para a gente, estando livres pra gemer e falar o que quisermos em alto e bom som enquanto transamos. Os gemidos grossos e másculos dele começam a aumentar gradativamente também, enquanto vejo que ele está suando mais do que eu, até que eu não suporto tantas fontes de prazer, tanto ao senti-lo em mim, quanto ao me masturbar e ao ver e sentir tudo isso ao mesmo tempo, então sinto meu orgasmo crescer dentro de mim de dentro pra fora, até que meu esperma começa a sair em jatos generosos e molhar minha barriga e meu peito, ao mesmo tempo que ouço Gustavo chegar ao seu ápice e urrar de prazer ao gozar dentro de mim. Logo depois ele joga seu peso em cima de mim e ficamos assim parados por alguns minutos, até nossos pênis amolecerem e nossos corações voltarem ao normal.

Minha cabeça ainda está zonza com tudo o que acabou de acontecer, enquanto ele está me abraçando por trás e fazendo carinho no meu cabelo.

- o que vamos fazer?

- como assim?

- sobre o que acabou de acontecer.

- precisamos fazer alguma coisa? Além de tomar um banho, é claro. - sua voz brincalhona faz eu me virar pra ele e o encarar, um pouco angustiado por ele não entender o tamanho da situação que nos enfiamos.

- Gustavo, você é meu chefe. Você sabe que o que acabou de acontecer não poderia ter acontecido.

- bom, isso eu sei.

- pois é, e aí?

- a gente dá um jeito. - ele sorri e se mexe, me olhando com a expressão leve e despreocupada.

- eu não quero que as coisas acabem mal.

- não vão. Confia em mim?

- bom, eu não sei.

Ele faz biquinho, fingindo estar magoado.

- confio, Gustavo. Só estou preocupado.

- então não pensa nisso agora. Vamos ser discretos, ninguém vai saber de nada se você não quiser.

Eu respiro fundo e olho pra ele, sentindo raiva por ele encarar tudo de uma maneira tão despreocupada. Caramba, ele é meu chefe e acabamos de transar! Não é possível que eu esteja exagerando, a situação é mais complicada do que ele pensa. Mas por hora, não vou me chatear e nem chatear ele por isso.

- sabe o que vamos fazer agora?

- hum.

- tomar um banho de banheira, morno e demorado, comer alguma coisa, porque quando eu faço sexo eu sempre sinto fome, e depois dormir abraçados e passar o domingo juntos.

- e depois?

- isso é você quem decide.

Eu faço uma cara de pensativo, fazendo ele reprimir o riso.

- acho que vou querer mais sexo.

- não teria como ter escolhido algo melhor. - ele fala e me planta um beijo rápido nos lábios, se levantando e indo em direção ao banheiro. Eu não sei ao certo se essa é uma boa ideia, mas eu nesse exato momento não me importo muito com mais nada a não ser seguir esse homem incrivelmente sensual para o banheiro e tomar esse banho morno e demorado que ele falou, pois isso me parece melhor do que qualquer coisa no momento.

Comentários

Há 2 comentários.

Por Elizalva.c.s em 2017-04-03 16:50:37
Esse capítulo foi bem excitante adorei,espero lê outros assim.😘😘😘😘
Por J.D. Ross em 2017-01-25 18:31:27
Este capítulo foi bem quente, eu gostei muito.