Tenho um amigo

Parte da série Triste amor

Estavamos abraçados. Allan estava com seus braços apertando meus ombros. Eu amava aquilo. Cada segundo próximo a ele me fazia sentir melhor. Eu tentava segura-lo ali o máximo possivel, mas era dificil. Eu estava fiando fraco e meus braços estavam cedendo aos fortes abraços dele. Após alguns minutos, o sinal do termino do intervalo soa.

-Você quer faltar a aula.- Pergunta ele, se preocupando comigo. Eu estava cansado de fugir, de tentar ser quem eu não era. Eu havia sofrido muito. Mas estava confuso.

-Não. -Digo na duvida, mas com garra.

-Tem certeza, eu posso pedir pro meu pai pra você perder a ultima aula.

-Não. -Repito agora tendo certeza do que queria. -Eu vou voltar, eu to cansado de ser quem eu não sou, to cansado de fingir ser quem eu queria ser. Eu vou voltar e vou encarar eles de frente.

-Tudo bem, qualquer coisa você pode contar comigo. -Ele sorri. Seus olhos pareciam o seu a noite, e seus dentes eram as estrelas, eu estava flutuando naquilo.

-Você vai voltar comigo não vai? -pergunto com medo de ter que voltar sozinho.

-Óbvio. -Ele me puxa pela mão e começamos a andar. -Alias, sobre o beijo, eu nem sei o porque tinha feito aqui. É que eu precisava que você percebesse que eu gosto de você, mas como um amigo. Eu nâo sabia se você ia me escutar se não o beijasse.

A frase havia deixado meu emocional no chão. Agora estaria mais facil raciocinar sabendo que ele não me amava, mas isso era atormentador. Não soube o que fazer, então faço o mínimo para mante-lo perto de mim.

-Não tem problema.

-Você ainda é meu amigo né?

-Sim. -Respondo mentindo mas aceitando o fato de ele não me amar.

Continuamos a andar, meus olhos estavam prestes a ver um lugar calmo e bonito quando chegamos no corredor da morte. O mesmo corredor do qual eu vi aquele garoto com meu pedaço de papel. Aquilo era assustador. Andamos até pararmos na frente da porta da sala. Allan olha para mim e sorri, então, ele abre a porta.

Eu entro e logo vejo ele, o garoto que havia pego o pedaço de papel. Ele estava ali, sentado atrás de minha cadeira. Eu tinha medo dele. Eu tinha ódio. Como ele tinha conseguido o papel. Ele tinha roubado? Ele tinha roubado. Ele tinha me visto escrevendo e depois roubou ele. Foi isso.

Ando até a cadeira sem evitar os risos dos outros alunos, provavelmente planejando modos de me atacar.

-Olha quem ta ai? Se não é o viadinho...-todos riem. Meus olhos se enchem, mas Allan toca meus ombros e logo percebo que não estou sozinho.Me sento na carteira.

-Da próxima vez, não deixa o papel cair no chão -completou ele.

-Deixa ele em paz, Michel. -Gritou Allan, fazendo todos olharem apenas para os dois.

-Eu não quero, por que, se apaixonou por ele? -Perguntou Michel com um sorso idiota no rosto. Não havia deixado de me fazer olhar para eles.

-Acho melhor você parar, Michel.

-E eu acho melhor você parar de achar.

Todos estavam estaticos esperando algo pior acontecer. Todos queriam ver briga e sangue. Mas o pior, todos queriam ver o Michel se ferrar. Por mais que todos sofressem nas mãos dele, ele era a diversão da turma, e todos precisavam disso.

-Você esqueceu quem sou eu? Esqueceu que eu posso afundar você?

-E você esqueceu o que eu sei? -Allan agora estava com medo. Como o lixo do Michel poderia saber de algo ruim sobre o garoto mais lindo do mundo.

Allan era doce, bonito e perfeito, não tinha como faze algo horrível, mas parecia ter feito. Pelo menos pelo ponto de vista de Michel. Allan se sentou. Ele estava com medo? Possivelmente.

Michel se vira e volta para o seu lugar. Eu estava com muita raiva, mas também estava muito curioso a respeito de Allan. O que teria de ruim com ele? Me viro e tento esquecer o que tinha acontecido, mas não dá. Apenas tento sobreviver ate a professora chegar na sala.

-Muito bem, voltem para seus lugares. Não quero ninguem fora do lugar ordenado no inicio das aulas. -A professora parecia legal. Era negra e seu cabelos cachiados. Parecia ser muito severo, mas também muito legal. -Ah temos um aluno novo.

Abaixo o olhar. Todos olham e riem. Baixo, mas riem. Aquilo me matou por dentro. Primeiro dia de aula e eu ja tinha beijado um garoto, sofrido bullying e me apaixonado. Isso não era justo. Eu estava menos do que perdido.

-Lucas. -Parece que as palavras doem ao sair de minha boca. Mas também, parece que elas estavam sufocando, e quando falei, me aliviei de uma raiva incrivel.

-Não escutei, meu querido. -disse a professora com as mãos atras das orelhas.

-É Lucas.- disse mais alto, sentando eratamente e esquecendo os outros alunos, fazendo com que na sala, só reste eu, a professora e o Allan. Mas isso não ajudou. Assim que termino de pronunciar meu nome, um garoto nos fundos grita "O viadinho da turma". Todos riem, minha auto-estima vai no chão, mas não demonstro isso.

-Ei, o quê é isso?- ele gritava com a turma. Todos ficaram em silencio. Minha vontade era de deixar de existir, mas o Allan estava ali pra me acalmar.

Allan, porque ele não olhava pra mim. Ele só olhava para a frente, como se estivesse se culpando a algo. Eu sei o que era. Ele estava com certeza pensando na ameaça de Michel. Aquele garoto era podre. Ele era ruim de natureza. Já conheci milhares de pessoas como ele. Ele, não era bom. Olho para ele. Em seu mundo, sozinho, solitário. Isso nao podia acontecer. Um menino tão perfeito não pode se sentir mal. Me viro na mochila e pego um pedaço de papel. Começo a escrever enquanto a professora estava virado para o quadro.

"Você tá pensando no que aquele merdinha disse não tá?" Escrevi.

"Não. É outra coisa."

"Você pode confiar em mim, do mesmo jeito que eu confio em você."

"É... a historia é longa."

"Se quiser contar, é so escrever."

"Eu tava no jogo da garrafa, o Michel também. A única regra era não evitar o beijo. Eu tirei um garoto. Eu exitei, mas tive que beijar. Michel tirou uma foto. Ele sabia sobre como meu pai é e agora usa ela para me ameaçar. Ele diz que vai contar pra ele se eu não fizer a cabeça de meu pai pra qualquer coisa. Tudo. Se ele se mete em problema, eu tenho que ajudar senão ele mostra a foto. Isso ta me irritando. Por favor, não me faz pensar nisso agora"

Após ler aquilo, meu coração disparou. Olho para ele. Fico mal por não poder abraçar ele ali mesmo. Ele estava querendo chorar. Era possivel ver nos olhos dele. Mas não era um choro de tristeza, e sim de odio. De ódio a si mesmo. De ódio por michel. Faço que não com a cabeça e ele parece compreender que eu não quero que ele chore.

A aula foi passando e a vontade de abraçar o Allan aumentava cada vez mais. Chegando o fim da aula, o Allan foi o primeiro a se levantar e sair. Eu, então, estava arrumando meu material o mais devagar possivel. Parece que consegui. Fui o ultimo a sair. Levanto da cadeira e ando até a porta. A escola parecia estar vazia. Eu saio dela então. Passo por Allan. Ele estava chorando sentado em baixo de uma arvore...sozinho. Me aproximo dele. Incrivelmente, quando ele me percebe chegando ele limpa as lágrimas.

-Não.-Digo ordenando que ele não parasse de chorar. -As vezes, chorar é a única coisa que alivia a dor.

-Como você sabe?- Perguntou ele.

-Acredite, eu aprendi da pior maneira.

-Seus pais... eles te aceitam?

-De certa forma sim. Eles não ACEITAM, mas sabem que eu sou assim e não tentam me mudar. Eles não gostam de quando eu troco carinhos com outros garotos na frente deles.

-Tá, mas eles ainda te amam, muito né?

-É... e qual o problema?

-Se ele descobrir sobre a foto, ele vai me matar

-Mas é melhor ser franco do que viver com uma mentira.

-Você... ja namorou quantos meninos? -Perguntou ele, tentando mudar de assunto. Ou não. De certa forma essa pergunta havia me deixado curioso.

-Eu ja namorei dois. O Felipe e o Anderson -Respondi sem exitar na curiosidade e raiva que tinha sobre eles.

-O que aconteceu? -agora ele estava mais calmo. Ele estava prestando atenção em mim e esquecendo suas magoas.

-O Felipe era um cachorro igual seu ex. Nós namoramos e ele disse que se não fossemos transar ele ia terminar comigo. Eu só tinha 11 anos. Nem gostava tanto assim dele. Mas ele tinha 15, isso era o maximo. Depois de uns tres meses me apareceu o Anderson. Fomos amigos por três semanas e ele me pediu em namoro. Estavamos juntos até uns meses atras quando o vi beijando outro garoto. Eu fiquei tão mal que dispertei uma coragem incrivel e no meio de beijo eu comecei a brigar com ele. Descobri que ele só tava comigo por causa de meus pais. Eles são empresários e tem uma loja de roupas deles e o Anderson só queria as roupas.

-Isso foi muito mal. Desculpa eu não queria fazer você pensar neles.

-Não precisa se desculpar. Mas e as garotas? Me fala, com quantas já namorou? -perguntei. Queria saber ao maximo sobre sua vida. Queria saber por que estava me apaixonando.

-Nem sei. Sempre fui do tipo namoradeiro. As meninas sempre faziam fila para namorar comigo. Acho que só me apaixonei mesmo por uma delas. A Larissa. Ela era da minha igreja. Nos namoramos por um tempo. Ai terminamos. Meses depois, nos voltamos... e estamos juntos até hoje. -Aquela história havia me destruído ainda mais. Não era pelo fato dele ser namorador, mas sim pelo fato de ele estar namorando uma garota,pela qual está apaixonado.

A conversa se estendia por muitos minutos até que o carro de minha mãe para em frente a porta do colégio. Eu me levanto e me dispeço de Allan. Ele era tão lindo. Ele continuou lá. Entro no carro e olho de novo para ele, mas ele não estava mais lá. Começo a procurar para descobrir onde eles estava quando o vejo andando na direção de seu pai. Que estava na porta do colegio. Ele estava com um cara muito estranha. Eu estava com medo pelo Allan. Medo do que o pai dele poderia fazer.

-Namorado novo? - minha mãe me olhava com uma carinha safada. Ela sempre fazia esse tipo de brincadeiras comigo.

-Não... só um amigo. -Meu animo cai ao lembrar que Allan não tivera me beijado verdadeiramente, mas algo dizia que era tudo muito real.

-Ótimo... namorar um garoto logo no primeiro dia de aula é ta pedindo pra se ferrar.

Minha mãe acelera com o carro. Nós andamos até em casa. Em um silencio, mas com pensamentos longos, lembrei do que Allan tivera me contado, um amigo que foi um tremendo canalha. Eu queria abraça-lo e dizer que eu nunca cometeria um erro daqueles, mas não, eramos apenas amigos... bons amigos.

Comentários

Há 6 comentários.

Por Fox em 2013-09-26 23:02:55
traaaaaaaaaaaaaaa Rompeu mulher, :D
Por Fox em 2013-09-26 23:02:36
Arrazou, casem logo. <3
Por Thiago em 2013-09-25 20:09:27
Muito legal.. por favor continuaa! :))
Por Fox em 2013-08-30 07:07:09
Ain, poxa tadinho de vc, e do Allam, nossa continua, pooooooooor faaaaaavor.
Por Perley em 2013-08-21 11:07:43
Que situação triste essa, ai ai ai ai como você foi se apaixonar no primeiro dia de aula, seja você mesmo e nunca deixe os outros pisar em você, revide pois se não eles vão te fazer de gato e sapato.
Por Oi em 2013-08-19 19:06:08
Que perfeito...ms os contos são pequeno e demorados ...fora isso muito bom