Depois da tormenta - 1x08

Parte da série Os altos e baixos de um adolescente.

Jason entrou no quarto a tempo de ver o bebê de Júlia saindo do quarto e ela mesma deitada em uma cama com uma enfermeira segurando um copo próximo a ela.

• Este suco está muito azedo, você quer matar uma mulher que acabou de dar a luz? – perguntou Júlia indignada

Aquela dramática, Jason já esperava o pior antes mesmo de entrar naquela sala.

• Me desculpe, senhora. Eu trarei um melhor – falou a enfermeira – Mais uma coisa, logo levaremos você para um quarto – disse ela se retirando

Júlia sorriu satisfeita e olhou a moça enquanto ela saiu, quando seus olhos bateram na porta, ela viu Jason e gritou para todos na sala.

• Chegou cedo! Quer que eu coloque o bebê no meu útero para que você possa ver o nascimento? – perguntou Júlia sarcasticamente

O pai dele estava com Jackson um pouco mais ao lado, o irmão de Jason estava um pouco melhor, mas as marcas no rosto dele denunciavam que ele andou chorando. Jason olhou para ele e piscou, pois ele também percebera que Jason andou chorando.

• Agora não – disse Jason percebendo que seu irmão já ia perguntar

• Julhinha! Eu sinto não poder ter estado aqui, sei que foi algo muito especial, peço desculpas – disse ele

• Tudo bem, você já me ajudou bastante! Não tenho motivos para reclamar – disse ela dando um sorriso sapeca

Jason se sentou ao lado da sua irmã e ficou ali alisando os seus cabelos e limpando o suor que ainda descia do rosto dela.

Os quatro ficaram ali trocando bobagens enquanto Júlia era obrigada a ficar no hospital, mas os garotos tiverem que voltar logo, pois teriam aula no dia seguinte.

Saíram do hospital sem dizer nada e não olharam uma para o outro, apenas esperaram um táxi passar por ali.

• Vai me falar ou tenho que te obrigar? – perguntou Jackson

• É complicado

• Eu tenho muito tempo, pode dizer

Jason não queria falar a história toda novamente, mas tinha que desabafar, os fatos com Victor tinham que ser levados em consideração.

Ele começou falando, logo de cara, que era gay.

Seu irmão ficou sem reação, mas resolveu esperar o resto da história antes de tirar alguma conclusão precipitada.

• Eu não entendo... você é gay?

Jason ficou surpreso, depois de ouviu todos os seus problemas, ele só conseguia dizer aquilo?

• Sou – respondeu ele

• Como isso aconteceu?

• Como assim?

• Como você virou gay? – perguntou seu irmão surpreso

• Eu não virei gay! – disse Jason indignado – Ninguém escolhe passar por isso, acha que eu estava andando e um dia pensei “Aw, vou virar gay! Está na moda” ? – perguntou em seguida

• Eu não sei, não consigo entender – falou seu irmão

• Eu já nasci assim, eu sempre fui desse jeito

• Então as conversas sobre meninas eram mentiras?

• Sim! – respondeu Jason irritado

Jackson ficou surpreso, a ficha ainda não havia caído. Ele não conseguia imaginar seu irmão co outro garoto.

• Por favor, diga alguma coisa – disse Jason

• Eu nem sei o que dizer, não esperava isso de você – respondeu Jackson

• Ora! Não vai mudar nada, eu ainda sou seu irmão, a única coisa diferente é que não me verá com uma garota – disse Jason com vontade de chorar

• E você acha que é fácil aceitar isso? – perguntou Jackson

Como seu irmão podia estar sendo tão egoísta?

• Você acha que é fácil para mim também? Eu sou julgado a cada passo que dou, não posso nem respirar sem ter que me preocupar com as consequências – disse Jason

Depois daquilo, a expressão de Jackson mudou, ele percebeu que Jason realmente estava passando por maus bocados. Agora estava se condenando, apenas por não perceber que seu irmãozinho passava por tudo aquilo calado e ele se drogava por menos. Estava realmente surpreso.

Jason olhava para o chão e já estava se acabando em lágrimas, queria apenas que aquele dia acabasse logo. Quando levantou a cabeça, recebeu um abraço caloroso do seu irmão. Retribuiu o abraço e ambos puderam trocar suas angústias, era como se cada um ajudasse o outro a segurar o peso dos seus erros.

• Vem, vamos pra casa – disse Jackson ao ver um táxi se aproximando

Os dois chegaram em casa do mesmo jeito que saíram do hospital: calados.

Jason bebeu um pouco de água e subiu as escadas. Entrou no seu quarto e se deitou do jeito que estava. Dormir era o único remédio para tudo aquilo.

Começou a lembrar do aconteceu naquele dia. O Soco de Arthur ainda estava doendo, o olhar que ele fez depois do beijo ainda assombrava Jason.

Apertou o travesseiro com muita força e soltou as lágrimas, começou a liberar sua dor, pouco a pouco. Sentiu um toque e ao levantar a cabeça, viu seu irmão, ele também estava chorando.

Ele não disse nada, apenas se deitou ali e abraçou Jason. Os dois conversaram durante muito tempo, ora sobre a morte de Jheniffer, ora sobre Arthur. Ficaram consolando um ao outro sem dormir nem por um segundo.

Em algum momento, caíram no sono abraçados. Nenhum dos dois sabia dizer em que horário isso aconteceu.

• Acordem, preguiçosos! – disse Júlia berrando

Jason levantou rápido e viu sua irmã parada em sua frente, ela aparentava estar muito feliz. Aquela maluca era dura na queda, já havia saído do hospital.

• Não irritem esta ex-grávida cheia de hormônios, eu estou cheia de energia e com um bebê, não vou pedir outra vez que se levantem – disse ela saindo do quarto e rindo bem alto

Jackson já acordava também, Jason olhou para ele e não pôde conter um sorriso. Ele estava horrível.

Expulsou seu irmão do quarto e foi para o banheiro tomar banho. Ao passar pelo espelho, viu seu que um canto próximo a sua boca estava marcado. As lembranças queriam voltar a torturá-lo, doía pensar naquilo, tentaria não pensar naquele idiota.

Tomou um banho maravilhoso que deixou seu corpo ativo novamente, já se sentia melhor o suficiente para voltar ao seu dia-a-dia.

Saiu do banheiro e pegou a camisa que estava jogada no chão. Checou seu celular e percebeu que Amanda andou lhe ligando, ela com certeza já estava sabendo, mas não sabia se era a verdade mesmo ou algo acrescentado por Arthur.

Desceu as escadas e se juntou a mesa com todos. Júlia deixou seu bebê dentro de uma cestinha sobre o balcão, o bebê tinha um lacinho na cabeça, o que indicava que era uma menina. Ela era tão gordinha e rosa, Jason deu muitos abraços nela antes de sair de casa.

Jason saiu de casa e fechou a porta. Resolveu ir por um caminho mais distante para não ter que passar pela Rua Pinheiro. Era cedo, ele mesmo estava estranhando ter saído àquela hora.

Estava andando calmamente por uma rua meio deserta, quando de repente ouviu um barulho de cachorro que ele já conhecia. Procurou pelos lados para procurar aquele pitbull assassino e viu Victor se aproximando com o maior sorriso do mundo. Era triste, pois naquele momento, Jason preferia enfrentar o cachorro a conversar com Victor.

• Oi – disse Victor sem demoras

• Oi

• Está melhor? – perguntou ele

• Estou melhorando – falou Jason com um sorriso no canto da boca

• Olha, sobre aquele beijo, não precisa acontecer nada se você não quiser – disse Victor

• Eu não sei... Não quero pensar nisso agora, mas obrigado por me respeitar – disse Jason

O clima começou a ficar pesado, uma atração começava a surgir entre os dois, mas nenhum ousava falar disso. O momento foi quebrado com pitbull puxando a coleira, ele já corria em direção a grama rala.

• Parece que eu tenho que ir! – disse Victor rindo – Te vejo na escola. Até – completou ele

• Até lá – falou Jason se despedindo

Jason saiu de lá o mais rápido possível.

A cada passo que dava, aparecia um pedaço da escola. Ele ia enfrentando muitas coisas naquele dia e ainda tinha que contar a história toda para Amanda. Era realmente muito desagradável.

Ele entrou na escola e não viu ninguém, a entrada ainda estava fechada.

Sendo assim, escolheu esperar na laranjeira, um lugar que sempre o abrigou quando ele precisava.

Quando estava chegando perto, ele viu movimentos atrás árvore e tentou ver o que estava acontecendo. Quando o viu, ficou sem palavras.

Lucas e Amanda estavam se beijando loucamente embaixo da laranjeira.

Continua...

Comentários

Há 1 comentários.

Por fozzi em 2013-08-23 21:14:15
continua logo...ta perfeito