A hora em que tudo desmorona Parte 2 - 1x07

Parte da série Os altos e baixos de um adolescente.

Jason foi abastecido de alegria naquele momento, era como receber uma boa notícia várias vezes e, de fato, estava.

De repente, ele começou a ficar tonto e sentiu uma dor muito forte. Olhou para baixo e viu sangue, o seu sangue. Não estava entendendo nada, buscava compreensão no local, mas só ouvia alguns ruídos da voz de Arthur. Concentrou-se e ouviu o que ele estava dizendo.

• Sai pra lá, cara! Eu não curto esse tipo de coisa! – disse Arthur

Jason levou sua mão ate o seu rosto e sentiu uma dor vinda da maçã do seu rosto. Tudo fazia sentido agora, ele havia recebido um soco certeiro no rosto.

• O que você estava pensando?! – perguntou Arthur gritando – Que eu gosto de você?! É isso? – perguntou em seguida

• Não, eu... – disse Jason

• Não importa! Você não tem o direito! – prosseguiu ele gritando – E quer saber? Eu só virei seu amigo por pena, pois pensava que os boatos eram mentiras, mas eu estava errado – completou ele

Aquelas palavras foram inesperadas, uma sensação pior que um tapa, na verdade, Jason preferia ter levado outro soco no lugar de ouvir aquilo.

• Eu...eu...eu não entendo – disse Jason chorando

• Nem eu! Isso é nojento, eu tenho nojo de você – falou Arthur – Não chegue perto de mim nunca mais – disse ele saindo logo em seguida

Jason viu Arthur se afastando, a cada passo que ele dava, uma dúzia de lágrimas saia dos seus olhos. Não se levantou, ficou ali debaixo daquela árvore por muito tempo.

“Como pude ter sido tão estúpido?”

“ Coisas assim não acontecem comigo, era bom demais para se verdade.”

Percebeu que sua vida estava em um momento de ilusão, sua amizade havia criado um sentimento que não foi correspondido pela outra parte. Não tinha palavras para descrever a dor, apenas sentia, e era muito forte.

Levantou-se, não pensou em nada, e saiu andando sem rumo.

Subiu uma rua adjacente a Pinheiro e, não muito distante, achou um bar. Entrou e se sentou.

Olhou o preço das bebidas e pediu a mais forte. O senhor que estava no balcão levantou a sobrancelha, como alguém que diz “Você não é muito novo?”.

Jason apenas colocou a mão no bolso e tirou mais do que o necessário para algumas doses. O homem não discutiu, passou por uma porta com um tipo de cortina e voltou com uma bandeja com alguns drinks.

Jason não bebia, mas não estava pensando em nenhuma consequência, apenas fez.

Já estava no 5º drink quando ouviu uma voz conhecida.

• -Jason! – disse alguém se aproximando

Ele se virou e viu alguém inesperado, era Victor.

• O que você está fazendo aqui? – perguntou Jason surpreso

• Eu moro por aqui, esqueceu? – respondeu Victor rindo

• O que você... – começou Victor

Victor viu as bebidas e concluiu por si só o que havia acontecido. Ele se sentou e olhou para Jason por alguns instantes.

• O que aconteceu? – perguntou ele

Jason ouviu muito essa pergunta ultimamente, era algo que o deixava triste. Como queria esquecer, parou de pensar e começou a contar a história para um desconhecido. Se fosse uma prostituta ou uma velha fofoqueira, ele ainda falaria, queria apenas ouvir outra pessoa e não alguém que o fez se sentir como um lixo.

Victor ouvia atentamente e suspirava de vez em quando. Jason fazia pausas para beber mais um copo e continuava logo em seguida.

• Cara...Eu não sei o que dizer – disse Victor

• Não precisa dizer nada, eu fui um idiota pro achar que ele gostava de mim

• É, foi mesmo

Jason não ficou ofendido, não foi uma dor capaz de substituir o que sentia naquele instante.

• E como está se sentindo? – perguntou Victor

• Como se algo tivesse sido arrancado de mim e logo depois, destruído – falou Jason soltando mais lágrimas

Droga. Ele odiava que o vissem chorando, não gostava de parecer mais fraco do que realmente era.

• Eu...eu tenho que ir – falou Jason se levantando

Bem, ele tentou, mas as doses já estavam fazendo efeito. Cambaleou um pouco e quase caiu, teve sorte por Victor se levantar rápido e segurá-lo.

• Caaalma – disse Victor

• Eu estou bem, me larga

• Você age sempre assim quando tentam te ajudar? – perguntou Victor

Jason olhou para Victor e deixou que ele visse o seu rosto abatido. Era uma visão horrível, se existisse alguém na sombra do fundo poço, esse alguém era o Jason.

Victor se aproximou e deu um abraço demorado em Jason, este não recusou, pois realmente precisava daquilo.

• Vem, eu te levo até a sua casa – disse Victor

• Você não precisa fazer isso

• Não preciso, mas eu quero – disse ele

Jason sorriu e eles saíram do bar, descerem pelo caminho até chegar a Rua Pinheiro. Jason olhou para a árvore e começou a relembrar o ocorrido. Ainda estava doendo muito. Olhou para o lado e viu Victor à sua espera, ele não parece estar com pressa.

Victor se aproximou e segurou à mão de Jason, sua mão estava quente e receptiva, transmitia paz e força.

• Obrigado, eu não sei o que aconteceria se você não estivesse lá – disse Jason

Victor se inclinou e beijou Jason, as borboletas voltavam a voar, mas era uma sensação nova e eletrizante.

• Não... – disse Jason se afastando

• Por que não? Eu quero e você também! – disse Victor

• Não é verdade, eu não estou me sentindo bem e nós nem nos conhecemos direito. É errado – falou Jason colocando as mãos no rosto

Victor o olhou indignado por alguns segundos. Não discutiu, apenas entendeu que realmente não era um bom momento.

• Acho melhor eu ir embora, se cuida – disse Victor se despedindo

• Te vejo na escola – falou Jason

Jason seguiu para a sua casa. Estava bastante pensativo, aprendeu algumas lições naquele dia, por mais que Victor fosse um cara legal, o seu coração ainda batia por Arthur.

Chegou à sua casa e colocou a mão na maçaneta levemente e a pressionou, a porta abriu sem muito esforço. Jason ficou surpreso, a porta ainda estava aberta? Já era tarde, marcavam mais de dez horas no seu relógio.

Entrou na casa e estava tudo escuro, procurou a lâmpada da entrada e não desistiu até ouviu o “Clic” dela acendendo.

Tudo estava no lugar, a casa não tinha sido invadida.

Não deu muita importância, apenas seguiu para o seu quarto. Ele queria ficar sozinho e dar um jeito de esquecer tudo.

Entrou no quarto e pegou logo o celular e fones, iria escutar música até dormir. Mas não o faz, assim que a tela do iPhone acendeu, viu a quantidade de ligações perdidas, eram do pai de Jackson.

“Ah não. O que será aconteceu agora?” perguntava para si mesmo enquanto discava o número do seu pai.

Esperou alguns segundos e logo ouviu a voz na outra linha.

• Onde é que você estava?! – gritou seu pai

• O que houve? – falou Jason ignorando a pergunta

• A Júlia está em trabalho de parto! – continuou ele

• O QUE?! ME DIGA O NOME DO HOSPITAL! – disse Jason alterando a voz

O pai dele passou as informações mais que depressa e pediu que ele esperasse, pois chamaria um táxi para pegar Jason.

Ele vestiu outra roupa e tentou, em vão, tirar as marcas de tristeza do seu rosto. Pensou ainda em fazer alguma coisa no cabelo, mas ouviu o som da buzina apitando.

Desceu as escadas, fechou a porta de casa e entrou no carro.

Jason passou as informações ao motorista e este não perdeu tempo, pisou no acelerador e partiu.

Eles prosseguiram pelas ruas, apenas as luzes dos postes revelavam a cara de Jason. Aquele dia estava ficando cada vez mais insuportável, certamente seria um dia que ele nunca esqueceria.

Pensou por muito tempo e não viu o táxi parar, só recobrou a consciência depois de o taxista chamar sua atenção.

Pagou ao homem e seguiu para o hospital.

O lugar estava cheio, pacientes iam e vinham de todos os cantos. Ao passar pelo balcão, ouviu a recepcionista falar com um médico sobre um homem que acabara de levar um tiro, parecia que a noite não foi ruim apenas para Jason.

• Com licença, você pode me ajudar? – disse Jason em direção a recepcionista

• Claro! Me diga do que precisa – respondeu ela exibindo um sorriso

• Eu quero saber onde se encontra uma paciente, Júlia Tavares, por favor – respondeu Jason apressado

A mulher se virou por um computador e o olhou por alguns instantes.

• -Ela está na sala de operação 2, é só pegar aquele caminho e seguir pela esquerda – falou ela apontando para um dos corredores

Jason não perdeu tempo e seguiu pelos corredores pisando forte, seus passos eram ouvidos do começo ao fim daquele lugar.

De repente, um som enche todo o lugar.

• AAAAAAAAAAAAAAAARGH

Jason percebeu que era a Júlia gritando. Ele soltou seu casaco no chão e correu o mais depressa que podia em direção ao som.

Parecia que a casa passo que ele dava a sala ficava dois passos a frente.

Era tudo ali, toda aquela adrenalina se resumia a uma única porta e era justamente ela que ele tentava alcançar desesperadamente.

Colocou a mão sobre a maçanete e abriu a porta, tudo ficou claro.

Continua...

Comentários

Há 3 comentários.

Por reny em 2013-09-11 16:42:14
Arthur vaciloou .... Qurro ver os doi juntos <3
Por fozzi em 2013-08-23 20:56:40
#applause
Por Oi em 2013-08-11 01:08:20
Perfeitoooooo....ARTHUR SEU FILHO DA PUTA MORRA DESGRAÇADO!Jason ainda vai brilhar muito com o vitor eu acho.#ROAR