Reações inesperadas 1x02

Parte da série A vida de Tom

Os minutos corriam como água em um rio, mas não eram entediantes, muito pelo contrário, cada segundo era aproveitado com a presença de Pedro.

• Mas me diga, senhor, para onde vai o barão? – perguntou Tom

Pedro abaixou o livro que segurava e olhou seriamente para Tom.

• Somos amigos há tanto tempo, eu já disse que pode me chamar só de Pedro

• Seria um insulto da minha parte – respondeu Tom

Pedro praguejou sozinho e resolveu responder a pergunta de Tom

• Ele foi visitar Lady Elizabeth – respondeu Pedro

Elizabeth era uma mulher de meia-idade que morava em uma cidade próxima dali, ela era uma amiga antiga do barão. Foi criada em cima muitos luxos, mas ainda assim era uma pessoa bastante humilde e generosa. Quando ela passava em frente a uma multidão, todos a olhavam, não pelo seu título, mas pelo nariz anormalmente grande.

Tom fez uma cara de desprezo, essas visitas eram sempre horríveis. Pedro percebeu a cara de Tom e entendeu logo em seguida.

• Sim, sim. Cristina virá para cá – disse Pedro voltando ao seu livro

“Vaca” pensou Tom.

Cristina é filha de Lady Elizabeth, uma dama muito maligna. Apesar de ter sido criada com os ensinamentos de sua mãe, ela tinha uma natureza egoísta, sempre voltada a si mesma. Ela tinha a mesma idade dos garotos e já os conhecia desde as memórias mais profundas de Tom. Mesmo sendo tão gananciosa, era dona de uma beleza natural estupenda, sendo cortejada por vários homens nobres da região. No entanto, ela só tinha olhos para Pedro.

• Quando ele vai partir? – perguntou Tom

• Logo após o almoço – respondeu Pedro sem olhar para ele

• Você não vai comer?

• Eu estava esperando você perguntar – disse Pedro fechando o livro

Pedro era muito guloso e Tom sabia disso, ria da cara dele sempre podia.

• Vamos lá – disse Tom rindo

Eles saíram da biblioteca e andaram pelos corredores. Já haviam percorrido grande parte do caminho, até Pedro pedir que parassem.

Pedro parou entre duas portas. Tom sabia que uma levava ao quarto do seu amigo, mas havia entrando pela outra.

• Você ficará aqui esta noite – disse Pedro abrindo a porta que até então era desconhecida para Tom

Eles entraram no aposento e Tom viu que não era um quarto simples de hóspedes. Era, na verdade, bem luxuoso.

Tinha uma cama de casal forrada com um tecido bem macio e brilhante, uma lareira enorme com algumas poltronas na frente e um armário rústico com a marca do artesão mais famoso da região. Nas janelas haviam alguns canteiros com flores bem coloridas.

Tom ficou encantado, mesmo que ele vendesse todos os móveis da sua casa, não conseguiria comprar um único que estava ali.

• Senhor, não precisa de tudo isso. Eu poderia dormir nos quartos dos criados – disse Tom

• Não seja bobo! É meu convidado esta noite – disse Pedro

Tom não podia recusar, então aceitou e pediu que continuassem para a cozinha.

Chegaram ao lugar e Tom olhou rápido para Maria, que estava servindo o prato para o barão naquele momento.

Maria sabia muito bem que Tom era apaixonado por Pedro, então fazia de tudo para ajuda-lo. Ele puxou-a para um canto e disse:

• Preciso que fique longe esta noite, eu estou pensando em dizer o que sinto – disse Tom

• Ai, ai! Você acha mesmo que ele gosta de você? – perguntou Maria

• Não, mas pelo menos não viverei uma mentira

• Se der errado e ele falar alguma coisa, não quero meu nome envolvido – disse Maria seriamente

• Tudo bem, eu sei que dos seus problemas – disse Tom

Maria era órfã, logo, não tinha lugar para ir. Seu emprego ali era, talvez, sua última chance de viver.

Tom acenou para Pedro se despedindo e foi para casa buscar algumas roupas.

A parte ruim de trabalhar para o barão era ter que andar de volta a cidade, a casa dele era muito distante.

Passou pelo gato velho e tropeçou novamente. Ele praguejou em silêncio e continuou, prometendo a si mesmo que algum dia colocaria um fim naquele bicho.

Chegou em casa e gritou como sempre:

• Mãaaaaaae, cheguei! – disse Tom

Sua mãe estava na cozinha fazendo o almoço. Geralmente era sopa dos mais variados sabores, desde ossos até galinha.

• Como foi o seu dia hoje? – perguntou Louise

• O mesmo de sempre –respondeu sem ânimo – Mas fui convidado para dormir na casa do barão – disse se lembrando

Louise o fitou com olhos julgadores e colocou a colher sobre a mesa.

• O que você fez? – perguntou ela

• Nada! – disse Tom surpreso

• E por que isso agora? O barão nunca chama pessoas da cidade para a sua cara

• É verdade, mas o filho dele sim – disse Tom

Louise suspirou e disse:

• Só não vão aprontar nada, eu ouvi que Cristina está chegando à cidade! Sei muito bem de suas brigas

Nada passava despercebido aos olhos de sua mãe, era quase irritante esconder algo dela.

• Tudo bem, eu vou me comportar

• Assim espero – falou ela colocando os pratos sobre a mesa

Depois de comer, Tom pegou algumas roupas e as juntos formando uma “muda”.

Saiu de casa com um sorriso no rosto, era a primeira vez que passaria um tempo com Pedro sem estar trabalhando ao mesmo. Tomou cuidado para não esbarrar no gato novamente, pois ele já levantava a cauda, era como se fizesse de propósito.

Chegando a mansão, foi logo em direção a cozinha para procurar Pedro. Chegando lá, encontrou apenas Maria almoçando sozinha.

• Onde estão todos?

• O barão já partiu e Pedro foi para o seu quarto – disse ela entre uma colherada e outra

Tom não perdeu tempo e foi em direção ao quarto de Pedro, foi tão depressa que não se deu ao trabalho de bater na porta. Quando entrou, ficou totalmente envergonhado.

Pedro estava se preparando para o banho, já havia tirado toda a roupa estava prestes a entrar em um enorme recipiente que servia como banheira.

• Eu...eu...me desculpe, senhor – disse Tom vermelho como um pimentão

Pedro também estava visivelmente corado, mas ainda estava despido, então entrou rápido na banheira.

Os segundos passavam e aquele momento ficava mais constrangedor, Tom esperava ouvir uma grande bronca. No entanto, não foi isso que aconteceu.

• Você pode entrar também enquanto a água está quente – disse Pedro já calmo

Tom ficou ainda mais vermelho ao ouvir aquilo e tentou achar desesperadamente palavras para dizer algo.

• Isso seria inadequado, dois homens em uma banheira? – perguntou Tom

• Você acha mesmo que alguém questionaria o filho do barão? – respondeu Pedro rindo – E nós somos quase irmãos, ninguém iria olhar com maus olhos – completou em seguida

Tom estava confuso, mas ainda assim começo a retirar a sua roupa. Quando chegou a roupa de baixo, resolveu não tirar, pois percebeu que estava excitado com aquilo. Entrou na banheira com ela mesmo, foi para um canto e ficou lá encolhido.

• Venha aqui, deixe-me passar a esponja no seu rosto – disse Pedro

Tom se aproximou e, com aquele movimento, acabou escorregando no sabonete que estava no fundo da banheira. Caiu em cima de Pedro, com o pênis voltado para o abdômen de Pedro.

Sua respiração estava ofegante, o olhar de Pedro mudou ao perceber que Tom estava excitado. Tom tentou se levantar rápido, mas foi parado por Pedro, que o puxou para junto de si. Pedro beijou Tom sem perder tempo.

Tom ficou surpreso com aquilo, foi algo totalmente inesperado. Os braços de Pedro estavam se fechando em volta dele, os seus corpos escorregavam um no outro dentro d’água.

Ficaram por um tempo enorme ali, estavam apenas se descobrindo. Os beijos e os toques não paravam nem por um segundo, era um amor que lutava há muito tempo para se libertar.

Eles só pararam ao ouvir passar se aproximando do quarto. Afastaram-se logo e tentaram ao máximo disfarçar o que estava havendo, mas a porta já estava se abrindo.

Continua...

Comentários

Há 2 comentários.

Por wteens em 2013-09-23 00:27:18
Ótimo conto continue!
Por Kaka em 2013-09-08 13:22:50
Posta mais!!!!! Esse conto é ótimo, não pare agora!!!! ^^'