Fugindo da verdade - 1x03

Parte da série A vida de Tom

Maria os olhou com uma expressão assustada. Não demorou para que caíssem os panos que ela segurava. Colocou as mãos na face e se virou totalmente envergonhada. As maçãs do seu rosto pareciam querer saltar dali.

• Eu não... É que... – Maria saiu de lá antes de dizer algo concreto

Foi aí que Tom percebeu o que estava fazendo. Ele levantou mais que depressa e começou a vestir as roupas que estavam no chão.

• Isso é um erro – ele dizia – Um grande erro

• Não, não vá! – Pedro protestou – Devíamos falar sobre isso – ele tentou convencer Tom

• Não temos nada para conversar! Imagina se fosse seu pai descobre?

• Ele não manda em mim! Eu sei o que eu quero – Pedro já dava sinais de que ia chorar

• Sinceramente, acho que não sabe o que está fazendo – disse Tom tentando reprimir, também, o choro

• Eu sei! Quero o teu cheiro, teus lábios, teus olhos e, principalmente, você – ele segurou Tom pelo braço – Eu nunca senti isso por um homem, apenas por você! Eu te amo!

Foi a vez de Tom ficar corado.

• Não sabe o quanto eu quis que isso acontecesse, por favor, não vá – Pedro já chorava

• Você não sabe o quanto eu quero, mas... Isso não pode dar certo – disse Tom antes de sair correndo e se acabando em lágrimas

Passou pelos corredores tão rápidos que, por um momento, achou que tinha se perdido. Saiu de lá sem pegar as roupas que havia trazido e pegou o caminha para a sua casa sem perder tempo. Pedro não iria procura-lo por, afinal, ele nunca tinha ido visitar Tom.

Chegou a casa e fechou a porta silenciosamente. Seria ruim explicar esta situação para sua mãe.

Correu diretamente para o quarto e se trancou lá. Voou para cama e começou a chorar sem parar. O Travesseiro era o único ouvinte e também abafava seu choro para que os ruídos não chegassem até as paredes. As lágrimas correram até seus olhos ficarem vermelhos de tanto chorar, não dormira um segundo naquela noite.

Seus pensamentos ficavam rodeando o momento e que finalmente conseguiu o que queria. Infelizmente tinha o “martelo” do bom senso que o dizia que aquela relação nunca daria frutos e estava fadada ao fracasso, era deprimente.

As horas iam passando e Tom continuava soluçando e achar a calma em si mesmo, mas o olhar de Pedro sempre voltava a sua mente, parecia um castigo, ele nunca chorou tanto como naquele dia.

O sol finalmente acordou e já estava a uma altura elevada para sair da cama. Os sons da rua já faziam parte do seu quarto.

Foi uma noite bastante difícil. O pior foi explicar a sua mãe o ocorrido.

• Você não ia dormir na casa do Barão?

A mãe jogou um peso para ele novamente. Ele inventou qualquer desculpa que acabou esquecendo depois.

• Ai, ai, Sr.Antônio! É bom não ter se metido em nenhuma confusão – ela falava enquanto apontava a colher para a cara dele

Dois dias custaram a passar. Tentou ao máximo evitar Pedro nesse tempo, mas eventualmente se encontravam, pois Tom ainda tinha que entregar os pacotes que eram para a casa do Barão.

Maria já tinha pedido desculpas milhões de vezes por ter interrompido o momento, mas não era culpa dela, o erro dela permitiu que Tom não cometesse o seu próprio erro.

• Eu já esqueci disso – Tom dizia sempre com um sorriso forçado

Mentira. Ele não tinha esquecido. Ia dormir tentando achar uma solução que o deixasse junto de Pedro. Era difícil explicar de onde vinha esse amor, mas não era só isso, tinha muito admiração e respeito também, mas o medo de Tom os impedia de ficar juntos. “Até quando?” – Pedro se perguntava.

No outro dia, Tom foi à loja de Greta entregar o Jornal da manhã e se viu uma cena chocante.

O barão estava passando pela cidade, mas ele não estava sozinho. Lady Elizabeth vinha com ele em uma Carruagem bem luxuosa e que brilhava muito na luz do sol.

Tom deixou a encomenda para Greta e deu um beijo na sua bochecha. Saiu de lá sem perder tempo. Como funcionário do Barão, ele tinha que estar na comitiva para dar as boas vindas.

Por pura sorte conseguiu chegar a tempo.

Estava muito nervoso e não via nada pela frente. Acabou esbarrando em algo na pressa que estava. Caiu no chão e sentiu uma pontada de dor.

• Você está bem? – Pedro esticou a mão para ajudá-lo

Pedro tinha uma expressão cansada, parecia que não dormia há algum tempo. Infelizmente ele continuava lindo do jeito que era, mas, naquele dia, estava excepcionalmente bem. Vestia uma roupa formal que destacava bem os seus traços do rosto, a gravata borboleta que usava tinha dado um charme especial.

Tom começou a ficar vermelho de novo, estava ficando excitado. Resolveu desviar logo o pensamento.

Pegou na mão de Pedro e foi teve o corpo cheio de boas sensações. Aquilo não tinha ajudado em nada em tentar esquecer o que estava acontecendo.

• Preciso falar com você – disse Pedro mordendo o lábio inferior

• Eu já disse, não podemos ficar juntos – Tom sacudia a cabeça tentando não olhar a expressão dele

• Eu entendo. Eu apenas não queria perder meu irmão, você é o único que me entende

Aquelas palavras pesaram no coração de Tom. Tinha vontade de fugir com Pedro até o fim do mundo, mas não tinha coragem de fazer isso.

• Eu também não quero perder o que temos – Tom disse finalmente

Eles deram um abraço amigável, porém doloroso para ambos.

Afastaram-se ao ouvir o som da carruagem abrindo espaço entre o jardim do barão. Correram e ficaram os dois nos seus lugares.

O barão desceu primeiro, seguido da sua amiga, Lady Elizabeth, e seus servos.

Tom cumprimentou todos que iam passando e lançou um sorriso para Elizabeth, ela já o conhecia de tempos atrás. Ela acenou com um gesto pela cabeça e continuou a andar. Estava tudo indo bem até ela descer, Cristina.

Tom sentiu uma enorme raiva ao vê-la, ela conseguia ser insuportavelmente bonita. Deixara os cabelos crescerem até a cintura, lábios rosados, nariz aquilino, busto bem desenhado de fazer inveja e um olhar forte e marcante. Era tão bruxa como bonita, Tom sabia disso.

Ela cumprimentou todos e deu um largo sorriso ao ver Tom, ela já andava em sua direção.

Continua...