Olhos

Conto de Josha como (Seguir)

Parte da série Morte, novamente

WILLIAM

Penso em ficar e escutar o porquê de eles estarem rindo, mas deixo para lá; ´´Concentre-se na missão William; não deixe que nada o perturbe; não pense em nada mais, até que o seu objetivo seja concluído. ´´

Entrando na diretoria, vejo um homem pequeno, calvo, sentado em uma mesa cheia de papeis, bagunçada; fico enjoado de pensar em trabalhar em um lugar assim, sem ordem. Porém ignoro esse meu sentimento; preciso do máximo de aliados possíveis.

-Bom dia- digo enquanto vejo o homem virar seu rosto, antes concentrados naquela bagunça, para mim.

-Bom dia; você deve ser o aluno novo; seu nome é...

- William

- Isso; eu já sabia. – Ele diz enquanto se levanta da cadeira e me cumprimenta. - O Sr. Irá cursar o segundo ano do ensino médio, certo?

- Exato.

- Ótimo. Aqui estão seus horários.

Ele me entrega uma pequena folha na qual estão escritos os nomes dos professores e as disciplinas que eles lecionavam; Eu perdera a aula de matemática e a de história.

-Obrigado.

- Certo, só mais uma coisa; não são permitidos óculos de sol dentro das salas de aula.

Merda; agora eu fiquei bravo com aquele cara; que asneira era essa? Qual é o motivo para proibir óculos de sol dentro das salas? Afirmo com a cabeça, dessa vez mostrando a minha irritação, e saio da sala.

Isso ia estragar tudo; as pessoas não gostavam de meus olhos; se sentiam inseguras, e com razão. Eu não tinha tempo para voltar para casa e pegar lentes de contato, (que, por sinal, eu detestava usar). Como eu traria as pessoas para perto de mim? Como faria elas serem minhas aliadas, meus escudos, as pessoas em quem a culpa de meus atos seria posta? Não havia alternativa; eu não ia usar meu último recurso; eu teria que usar os métodos mais difíceis; eu odiava esses métodos ´´ e se todas as suas opções acabarem, se relacione; dessa de seu pedestal´´ eu ODEIO me relacionar; como eu faria isso?

-Merda, Merda, MERDA!- Eu gritei, assustando dois garotos que passavam por ali; porém eu não me importei; eu não queria mais fazer a minha missão; toda vez que eu chegava próximo de alguém, eu me machucava. Porém eu não podia deixar meus superiores na mão. Eu era o melhor no que fazia, e não ia decepcionar a ninguém, nem a mim mesmo.

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TOMAS

Eu estava um pouco irritado; após aquele esbarrão no garoto que se vestia todo de preto, inclusive os óculos, Jônatas e Mari não pararam de pegar no meu pé, dizendo que eu tinha muita sorte, por que toda vez, em qualquer lugar que eu ia, eu esbarrava em algum ´´bofe´´ Infelizmente, eu tinha que concordar; como eu sempre fui desastrado tropeçava em tudo; e em todos; essa era a quinta vez da semana, e nós estávamos na SEGUNDA-FEIRA! Os caras em quem eu tropeçava sempre diziam as mesmas coisas; `` Perdão, desculpe. ´´ Mas eu via a direção que seu olhos corriam; para minha bunda, para meu pau; o penúltimo nem se importou com a discrição e perguntou se gostava de dar.

Isso me deixava muito bravo; meus pais eram meio preconceituosos; eu não era, mas eles eram; bastante. Uma vez, quando eu fazia natação, um amigo meu me disse que era gay; eu era a primeira pessoa a quem ele contava, depois da mãe; eu me senti honrado por ele me considerar tanto assim, aponto de confiar a mim uma informação tão importante. Um dia nós estávamos conversando sobre como era triste que sua mãe achasse que ele precisava ir ao psiquiatra, enquanto eu me minha família comemorávamos o aniversário de minha irmã menor; tive que parar no meio da conversa para tirar foros dos meus familiares dando o presente para minha irmã; por causa disso não consegui apagar a conversa que tive com ele; ele sabia que eu apagava, sabia que meus pais eram piores que a mãe dele; eu mesmo disse isso a ele; porem eu me esqueci naquele dia, e quando minha mãe foi ver as fotos, ela viu a nossa conversa; ela ficou tão chocada por eu não ter contado aquilo a ela, que eu tinha um amigo gay, que deu um grito; ela conversou com meu pai, e ambos disseram que eu não podia mais ir a natação; eles tinham medo, medo de que eu fosse estuprado por aquele cara. Nem pude me despedir; eles cortaram qualquer ligação que eu tinha com o menino. Pelo que eu pude ouvir, ele tinha me mandado uma mensagem em que pedia se podíamos ter um encontro; eu não havia lido tal mensagem, mas eles sim. Nunca mais o vi; eu fiquei depressivo; acho que por que eu ia aceitar.

Graças a isso, meus pais não sabem que Jônatas é gay; eu não sinto nada por ele, nem ele por mim, mas eu ainda tinha raiva de qualquer pessoa que insinuasse que eu era, ou que eu tinha algum conhecido gay; se meus pais descobrissem, descobrissem que o filho mais velho deles era gay, eu não sei o que fariam.

Estava pensando nisso quando a professora de química entra; ela era a minha professora preferida; ela era a única pessoa, tirando Jônatas e Mari, que sabia que eu era gay; e ela me respeitava.

-Bom turma, hoje temos um aluno novo- ela disse- sejam cordiais e receptivos com o Sr. William. - Após ela dizer isso, pude ver que o aluno novo era o garoto em quem eu esbarrei antes. Ele estava sem os óculos de sol. Toda a classe ofegou quando ele entrou; eu entendi o motivo; as escleróticas dele (a parte branca dos olhos) eram pretas; e sua íris era vermelha. Acho que entendi por que ele estava de óculos antes.

Comentários

Há 1 comentários.

Por Fla Morenna em 2016-04-20 13:26:12
Show. Ele tatuou o olho?