Aula, novamente

Conto de Josha como (Seguir)

Parte da série Morte, novamente

WILLIAM

Como eu imaginava, todos ofegaram; todos fizeram caras estranhas; todos me olharam se como eu tivesse uma doença contagiosa, ou algo parecido. Menos um. Somente um daqueles bestas medrosos não me olhou com nojo ou medo. Ele me olhou como se eu fosse normal. Me olhou como se o fato de meus olhos serem totalmente anormais não fosse um problema. E aquilo me surpreendeu. Muito.

-Sr. William, pode se sentar- a professora disse com um sorriso simpático; pude ver que ela não se importava com meus olhos, ou ao menos fingia muito bem.

Sentei-me na última fileira, no canto, atrás do garoto que esbarrou em mim. Aquelas bestas ainda me olhavam se como eu fosse um animal, porém eu não dei bola; elas eram inferiores a mim; o que me importavam?

-Bom turma, todos abram seus livros na pág. 86, por favor. - a professora disse.

Como eu não tinha material, não abri; ia informar a professora sobre isso, quando ela disse:

-William, como você ainda não tem os livros, sente-se com Tomas, e acompanhe a aula om ele, por favor.

O garoto do esbarrão colocou a sua carteira de lado para que eu pudesse me sentar ao lado dele. Então o nome dele era Tomas.

- Como podem ver em seus livros, hoje iremos dar uma pequena revisada sobre os químicos mais importantes da historia antiga até a atual; vamos dar uma pe...- perdi a atenção na professora; eu já tinha estudado muito mais que aquilo em química; se eu quisesse, poderia tirar um diploma na dita matéria com toda a facilidade. Fingi que estava prestando atenção; eu tinha que aguentar aulas chatas para completar a missão, mas era meio irritante. Estava pensando em minha última vítima quando reparei que o garoto do esbarrão, Tomas, também parecia entediado, e estava pensando em algo de um jeito ainda mais compenetrado do que o meu; parecia estar com raiva.

-Você parece, digamos, irritado. - eu lhe sussurrei. O garoto estremeceu um pouco, como se tirasse o que estava pensando de sua cabeça com um balançar dela.

-Digamos que meus amigos às vezes me põem em perigo sem querer.

-Você poderia me contar a que tipo de perigos você se refere?- eu disse, e recebo como resposta um olhar um pouco receoso.

-Digamos que meus pais não sabem tudo sobre mim, por que se soubessem, me expulsariam de casa, ou algo do tipo.- ele me disse, e eu sorri, dizendo:

- Drogas? Álcool? Um filho não planejado?

Ele me olhou com um olhar divertido, como se todas as minhas afirmações fossem absurdas, engraçadas.

-Não, desse tipo não. É outra coisa- Ele me disse, rindo um pouco no começo, mas no final falando com um tom em que dizia claramente que não contaria.

Aquilo foi estranho; eu o vi pela primeira vez há uns 20 minutos, mas queria que ele confiasse em mim; isso era perigoso; estava me envolvendo demais. Graças a isso, não falei com ele o resto da aula; quando ele me perguntava algo, mesmo que fosse acerca da aula, eu respondia com uma afirmação ou uma negação, ou ignorava; até que ele percebeu que eu não queria conversa.

E foi assim até às 14 da tarde; tive que me sentar com ele em todas as aulas, mas ele entendeu realmente que eu não queria me aproximar, tanto que assim que o sinal tocou, ele se aprontou rapidamente e foi de encontro a um garoto e uma garota que o esperavam no ponto de ônibus na frente da escola. Senti-me estranho novamente. Isso realmente não era bom; alguma coisa me atraia naquele garoto; estava tão dentro de meus pensamentos que nem percebi onde estava indo. Até que esbarrei no garoto de novo.

TOMAS

Realmente William tinha olhos diferentes; porém, embora as pessoas ao meu redor ofegassem, com até mesmo um pouco de medo, eu não fiz tal coisa; muito ao contrário, eu comecei a admirar aqueles olhos; eles eram bonitos; diferentes, mas realmente bonitos. Fiquei curioso com aquele garoto, por isso não fiquei triste nem bravo em ter que dividir com ele meu livro. Quando a professora disse qual seria a matéria, fiquei um pouco decepcionado; eu já sabia aquilo; era muito bom em química; não o melhor, mas era bom. Por isso não fiquei com a consciência pesada quando comecei a viajar na maionese; estava pensando nas asneiras de Mari e Jônatas, o que me deixou irritado, quando o menino de olhos bonitos William, começou a conversar comigo em sussurros; e eu respondi; a conversa até que estava rendendo, embora eu não fosse contar para ele que eu era gay, quando de repente ele se fechou em si mesmo, ignorando o mundo ao redor; isso me irritou; foi ele que começou a conversar, e agora ele que não quer falar? Por isso eu simplesmente o deixei ali quando o sinal tocou, e o ignorei nas outras aulas, mesmo que nós sentássemos em dupla; sai correndo quando deu 14 horas, e me encontrei com Jônatas e Mari.

-E ai, como é o tal de William?- Jônatas me perguntou, com um interesse exagerado nos olhos;

- Não sei bem; não conversamos muito; alias, depois que ele iniciou a conversa, teve uma hora em que ele simplesmente começou a me ignorar;

- Hum, isso é suspeito; vai ver ele gostou de você e fez aquilo para te testar- Mari me diz com um tom confidencial, como se fosse algo muito importante.

- Há, deixa disso; acho que ele só é estranho mesmo, então.. - sou interrompido; o motivo? Estava falando com os dois enquanto íamos ao ponto de Ônibus, e eu, sem prestar atenção em volta, tropecei em William; ele não cai, mas eu caio; ou melhor, quase caio; ele me segura, de novo.

-Acho que você tem um talento para esbarrar nas pessoas, não?- ele me diz, com aquele sorriso estranho de novo no rosto.

- Pois é, - digo um pouco abalado. Porque ele estava ali?

- Porém não se preocupe, dessa vês acredito que a maior parte da culpa foi minha... Vocês, quais são seus nomes, se me permitem perguntar?- Ele diz, virando- se para meus amigos.

Ambos ficam um pouco nervosos, por que eles não gostam muito dos olhos dele, mas respondem até que calmamente.

- Prazer, meu nome é William, embora vocês já devam saber.- Ele diz e aperta as mãos deles; fico um pouco bravo; comigo ele não foi educado desse jeito.- Vocês 3 vão pegar o ônibus?

- Não. Eu e Jônatas, moramos a duas quadras daqui, então vamos a pé; Já Tomas mora mais longe, então só ele vai de Ônibus. - Mari responde.

-Que pena; seria ótimo conversar mais com vocês todos, porém o ônibus já esta vindo, então, até logo!- ele diz, pronunciando as palavras finais quase como uma ordem. Isso é algo inusitado, mas Mari e Jônatas pegam a deixa e, após se despedirem, vão embora rapidamente; eles realmente se sentiam nervosos com aquele cara.

-Bom então você quer se sentar comigo?- pergunto, já que ele aparentemente vai de ônibus.

Ele me olha um pouco, e diz que sim; estou entrando no ônibus quando caio, de novo, na escada; fico muito, muito vermelho, mas me levanto e começo a rir.

- Cara, você realmente deve achar que eu sou um panaca atrapalhado, né?- digo, e começo a rir de novo.

Ele olha para mim por alguns segundos, e começa a rir também. Eu continuo a rir, e nós só paramos um pouco depois, quando sentamos em dois bancos vagos.

- Você mora muito longe?- ele me pergunta.

- Tecnicamente sim; eu iria a pé se pudesse, mas minha mãe não gosta; por isso vou de ônibus. E você?

Ele me olha novamente com o sorriso misterioso:

-Não é tão perto.

Ele, então, volta a ficar quieto, como quando parou de conversar comigo antes. Isso me irrita um pouco, mas deixo para lá; se ele era diferente, o que eu poderia fazer? Vi minha casa, e me levanto. Ele se levanta também.

- Bom preciso descer. - digo.

- Ok; vou junto.

- Mas sua casa não é longe?

- Sim, mas também gosto de caminhar.

-Então tá: você que decide.

Desço do ônibus, e ele me segue. Na frente do portão de minha casa, viro –me para ele:

- Bom, até amanhã, eu acho, senhor diferente- digo, rindo um pouco no final. Ele ri um pouco, mas fica parado.

- Posso te fazer uma pergunta?- eu digo, e ele assente- é mesmo muito longe a sua casa?

- Sim, fica do outro lado da cidade.

-Você não quer então que meu pai te leve?

- Não- ele diz sorrindo.

-Você realmente gosta de caminhar tanto assim?

-Tecnicamente.

- Então porque você desceu do ônibus?

Ele me olha com um sorriso travesso, e diz:

- Digamos que, por você. - Ele sorri de novo, e sai assobiando, me deixando plantado na frente de minha casa.

Comentários

Há 1 comentários.

Por Fla Morenna em 2016-04-20 13:35:50
Fiquei curiosa ele gostou do Tomas ou ele faz parte da missão