Segundo Dia de Aula

Conto de JoaoLucas como (Seguir)

Parte da série Amor de Ensino Médio

No dia seguinte, era uma terça feira: segundo dia de aula. Eu acordei antes mesmo do celular despertar. Não sei se estava bastante entusiasmado pra rever o Caio ou se pelo fato de ter dormido cedo na noite anterior, hoje acordei antes da hora. Levantei, forrei minha cama, fui até a sala e dei conta de que ninguém havia acordado ainda. Fui até o banheiro, lavei o rosto, escovei os dentes, fiz minhas necessidades e fiquei algum tempo me olhando no espelho. Eu estava me sentindo diferente, era como se o meu reflexo no espelho fosse a prévia de um novo "eu" que eu seria daquele dia pra frente. Eu estava com uma sensação boa dentro de mim. Queria cantar, dançar, sair pulando pelo apartamento como se tivesse num paraíso. Não é possível que toda essa sensação e mix de sentimentos que estavam explodindo dentro de mim era tudo paixão por um menino que acabara de acontecer. Mas isso não interessava, eu não queria saber o que era, queria viver e sentir essa experiência.

Resolvi eu mesmo preparar meu café, antes da minha mãe acordar. Assim fiz, peguei o leite na geladeira, o Ovomaltine no armário e misturei tudo num copão que já tenho costume de tomar café. Estava sem fome. Peguei apenas uma maçã e coloquei no bolso da mochila. Quando eu estava lavando o meu copo, meu irmão chegou atras de mim, me abraçou por trás e meu deu um beijo no rosto:

-Bom dia, maninho.

-Que susto Matheus! Bom dia

Matheus sentou na cadeira esfregando o olho ainda sonolento, e eu perguntei:

-Vai tomar café?

-Vou não João, vou só tomar um suco porque hoje vai chegar material na empresa aí eu tenho que estar lá mais cedo pra já preparar as planilhas de anotação. Tem suco pronto?

-Tem!

Fui até a geladeira, peguei a jarra e coloquei sobre a mesa ao lado de um copo. E logo voltei para as louças na pia.

-Matheus, meu pai vai com você?

-Ele vai só mais tarde.

-Você me deixa na escola então?

-Te levo, mas toma seu banho rápido porque ainda tenho que tomar o meu também.

-ok.

Deixei o pano de prato na costa da cadeira, dei um beijo no rosto do meu irmão e corri pro banheiro.

Eu fico muito feliz com a relação que tenho com meu irmão, apesar da diferença de idade, o fato de sermos meninos fez com que desde pequeno sempre fossemos muito apegado um ao outro. Na verdade, por eu ser o mais novo, era o xodó dele. Ele me tinha como um filho, fazia questão de demonstrar carinho e afeto e, sempre me protegia, principalmente dos babacões da escola. Enfim...

Já no banheiro, não tive tempo de respirar no box, lavei meu cabelo super rápido, me ensaboei, me lavei e já desliguei o chuveiro. Correndo muito me sequei e escovei meus dentes. Enrolado na toalha corri pro meu quarto e vesti meu uniforme. Quando eu estava amarrando meus tênis, Matheus saiu do banheiro. Sim, ele foi super rápido e já havia terminado seu banho. Foi nessa hora também que mamãe havia acordado e ainda sonolenta veio até o meu quarto me dar bom dia:

-Bom dia meu filho, está tudo bem? Está precisando de alguma coisa?

-Bom dia mãe. Tá tudo certo, estou pronto já! Meu irmão vai me deixar na escola.

-Que bom! Vou avisar seu pai então que ele pode dormir até mais tarde um pouquinho.

Mamãe voltou pro quarto e eu fui pra frente do espelho ajeitar esse topete. Minutos depois, Matheus grita da sala:

-Joao Luuucas, vamos embora! Olha a hora.

-To indo.

Apressado, peguei minha mochila em cima da poltrona e fui pra sala. Da sala mesmo gritei:

-Fui mãe; beijos. Te amo!

E do quarto minha mãe me respondeu com outro grito:

-Vai com Deus meu filho. A mãe te ama!

Tranquei a porta de casa e desci no elevador com meu irmão. Matheus estava uma gracinha naquele dia, com uma calça social cinza e uma camisa de alfaiataria azul. Ele estava ajeitando o cabelo no espelho do elevador, e eu aproveitei pra arrumar a gola de sua camisa.

Eu ia chegar muito cedo na escola aquele dia. Com certeza uns 15, 20 minutos antes do sinal tocar. Eu estava rezando pra pelo menos as meninas estarem lá ou até mesmo o Caio ou o Gabriel. Saímos da garagem do prédio exatamente 6:42, o colégio não era muito longe dali e minhas aulas só começavam 7:15.

Enquanto estávamos parados no semáforo, resolvi mexer na central multimídia do carro, mas não tinha nenhuma música que prestasse tocando nas rádios aquela hora da manhã e também não havia nenhum pen drive por ali. Então desliguei o som e voltei a olhar pra rua. Foi naquela hora que avistei um menino na rua, ignorei por um segundo, mas segundo depois paralisei e depressa olhei de novo pro tal garoto. Era o Caio. Ele estava indo pra escola. Meus olhos paralisaram nele. Eu queria descer do carro e ir andando com ele, ou então, abrir o vidro e oferecer carona a ele. Mas meu nervosismo e timidez não deixou que eu tomasse nenhuma das duas atitudes. O semáforo abriu e o carro saiu andando. Já era. Fui até a escola com o pensamento preso nele.

Quando cheguei no colégio, meu irmão estacionou o carro no outro lado da rua um pouco antes do portão da escola. Dei um beijo no rosto dele, e ele esfregou a mão no meu cabelo em gesto de carinho. E disse quando eu estava abrindo a porta do carro:

-Tem dinheiro pro lanche?

-Não precisa, trouxe fruta.

-Você quem sabe então. Boa aula.

Sorri pra ele, desci do carro, fechei a porta e atravessei a rua. Quando pisei na calçada, meu irmão gritou:

-Joao Lucas!!

Olhei pro carro e ele continuou:

-Meu pai vem te buscar ou quer que eu venha?

-Não precisa! Eu vou voltar andando com o pessoal da minha sala.

-Ok então.

Matheus deu ignição no carro e deu seta pra poder sair com o carro. Porém havia alguns outros carros parados no meio da rua na frente do Matheus, eram de pais de alunos da escola e seus filhos estavam descendo do carro e entrando no colégio. Meu irmão teve que esperar. No primeiro passo que dei na calçada para me dirigir até o colégio ouvi um "Psiu" atras de mim, quando olhei era o Caio. Dei um leve sorriso e ele piscou os olhos, retribuindo um sorriso e enroscando seu braço em volta do meu pescoço pra me cumprimentar.

-Chegou agora?

-Aham! Meu irmão me trouxe de carro

(...)

Fomos andando conversando. Entramos na escola, atravessamos o pátio, subimos as escadas, e sentamos num banco próximo a porta da nossa sala e ao lado da Thaís. Thais nos recebeu com um sorriso super entusiasmante. Caio a cumprimentou com um beijo no rosto e sentou ao meu lado. Eu também dei um beijo no rosto da Thaís e sentei entre ela e o Caio.

-vocês vieram juntos?

-Não não.... - tentei me justificar mas Caio foi mais rápido.

-Não! Encontrei com o João aqui na porta da escola.

-Ah sim!

Thais olhou pra mim com um olhar malicioso. Eu sorri mas logo desviei meu olhar pros lados, tentando ver quem estava por ali, e meus olhares foram direto pro final do corredor. Lá estava o bolinho do 3º ano de novo, no mesmo lugar. Nesse mesmo instante Caio olhou pro mural de recados e começou a conversar com Thais sobre o intercalasse que teria no primeiro semestre. Eu sem ter o que dizer sobre tal assunto continuei olhando pro grupinho no final do corredor. E o tal garoto bonitinho estava novamente olhando pra mim. Mas desta vez ele não me ignorou, me fuzilou com um olhar 43. Não sei qual era a dele, se não foi com a minha cara e estava tentando me afrontar, estava com vontade de me bater ou algo do tipo... ou se realmente o garoto era gay e havia se interessado por mim. Poderia ser encubado, sei lá, ou até mesmo assumido. Mas foda-se, Isso não me interessava. Não queria me aprofundar no assunto, mas que ele era uma gracinha isso não podemos negar. Ele estava desorientado, não estava mais prestando atenção no que seus amigos falavam, apenas sorria, mas seu olhar e atenção estavam focados em mim. A menina que estava a sua frente percebeu que ele estava no mundo da lua e virou pra trás pra ver pra onde o garoto estava olhando, e ao dar de cara comigo, a menina da um tapa no peito do menino. Não consegui escutar o que ela disse mas provavelmente chamou sua atenção pelo fato dele estar me olhando. Depois disso eu abaixei minha cabeça e não quis mais olhar para aquele lado. Minutos depois Laura e Gabriel chegam e logo atras deles: Julia. Os três de um a um cumprimentam Caio, eu e Thais nessa ordem. Laura sentou ao lado da Thais reclamando que estava com muito sono enquanto Julia e Gabriel ficaram em pé na nossa frente.

Ainda era 7:05, ficaríamos ali sem fazer nada, conversando, por uns 10 minutos. Caio resolveu contar pro Gabriel do tal interclasse e os dois começaram a conversar sobre. Enquanto as meninas falavam sobre o que fizeram na tarde e na noite do dia anterior. Fiquei dividido, queria conversar, só não sabia em qual assunto entrava. Caio incomodado com o meu silêncio, tentou me puxar pro assunto deles:

-Joao, hoje na última aula vai ter aquele treino que te falei, você podia ficar!

-Ué, não vai ter aula?

-Vai mas a última aula é de Educação física. Aí como te falei rola aquelas escolinhas. E quem não participa é dispensado mais cedo. Aí pode ir pra casa.

Nada respondi, fiquei olhando pra ele com um olhar de interrogação, não entendendo muito a lógica daquilo, então Caio continua falando tentando explicar:

-Tipo, é uma aula extra mesmo entendeu? Não vale nota no boletim. Que nem artes! Você faz aula de canto, dança e teatro só se você quiser...

Gabriel interrompeu a fala do Caio:

- Tem as aulas mas não é obrigatório, tá ligado!? A mesma coisa são os treinos. E essas aulas são sempre as últimas do dia, aí quem não participa, é liberado mais cedo.

-Aaaah entendi.

Eu não respondi ao Caio, dizendo se iria ficar pra ver o treino ou não. Estava pensando ainda na possibilidade mas provavelmente iria ficar. Novamente meus pais não sabiam que eu seria liberado cedo, porque eu não vou participar dos treinos. E nem das aulas de artes que eu acabei de descobrir que tinha. Então ficaria lá assistindo o Caio jogar e iria embora pra casa no horário normal que terminaria a aula. Afinal eu não teria nada melhor pra fazer em casa, e ficar ao lado do Caio era tudo o que eu mais queria. Enfim... o sinal soou e era hora de entrar pra estudar. Novamente aquele grupinho de meninas nerds foi o primeiro a entrar na sala. Logo atrás entrou Thais, Laura, Julia, eu, Caio e por ultimo Gabriel. Todos nós nos ajeitamos nas mesmas carteiras do dia anterior. Era aula de Filosofia. Uma das minhas matérias preferidas, não iria me distrair naquela aula com ninguém, nem mesmo com o Caio.

Rapidamente o professor, Aroldo, se apresentou e pediu para que apenas os novatos se apresentassem, sentados mesmo. Graças a Deus! Me poupou de toda aquela humilhação de ter que levantar e dizer meu nome pra todos ouvirem. Affs.

Em questão de minutos o quadro estava todo escrito com um conteúdo sobre "Filosofia da arte". Me encarreguei de copiar em meu caderno cada palavra com as mais variadas canetas coloridas que tinha dentro do meu estojo. Caio levantou pra ir até a lixeira esvaziar o seu apontador e quando voltou jogou uma daquelas sobras de lápis que ficam no depósito do apontador em cima do meu caderno. Me deixei levar na brincadeira e falei com ele:

-Idiota. Besta! - Brincando

E joguei a tal sujeira de lápis em cima dele. Ele sentou, aproximou seu rosto do meu e quase me beijando falou num tom de ironia:

-Me ame mais!

Eu fiquei nervoso. Nessa hora eu senti a respiração do Gabriel soprando em cima da minha boca e no meu queixo enquanto ele falava. E o olho dele ficou muito perto do meu. Assim como nossos narizes. Juro, eu fiquei tenso. Sem ter o que responder, a única coisa que veio em mente foi dar um tapa de leve (sem força) no rosto dele. Na verdade nem pegou no rosto, minha mão bateu no ouvido e no pescoço dele. Ele entendeu que era brincadeira, e se deixou levar assim como eu, mas simulou uma cara de dor. Abriu a boca numa expressão de "não acredito que você fez isso", e em meio a risos, tanto meu quanto dele, Caio disse:

-Isso vai ter volta.

Gabriel e Thais só fizeram plateia pro final da nossa brincadeira. E logo se manifestaram:

-Uoooooou. Tapa na cara! Eu não deixava barato.-Gabriel

-Ele vai ver. Vai ter troco. - Caio

-Tô falando... aguarda só onde vai dar toda essa implicância. Ou vai terminar em namoro ou então em morte. - Brincou Thais.

Caio apenas deu uma gargalhada. Eu pensei que ele ia dor um fora na Thais ou respondesse algo do tipo "Morte mesmo" ou "prefiro a segunda opção" mas ele preferiu só rir mesmo. Deixou subentendido que no fundo ele gostou do sentido da brincadeira hahaha e eu também.

Mas aquele momento de distração terminou ali mesmo. Eu voltei pro meu caderno, Caio também. Assim como Gabriel e Thais.

Terminada a aula de Filosofia, engatamos na aula de matemática. Por coincidência, o professor morava no mesmo prédio que eu. Eu já tinha esbarrado com ele no corredor e na garagem do prédio algumas vezes. Mas nunca passou de um "bom dia!" ou então "Boa tarde!", "Boa noite!". Não tínhamos intimidade, na verdade nunca tínhamos conversado. Eu fui saber seu nome ali, naquele momento, na sala de aula. Ele também já era professor daquela turma, então já conhecia cada um. E percebendo os rostos novos, fez questão de ir em particular na carteira de cada novato, se apresentar e saber o nome de cada aluno novo. Éramos 4 novatos, eu e mais 2 meninos e 1 menina.

Quando ele chegou na minha carteira, deu um sorriso muito espontâneo e simpático, demonstrando ter lembrado de mim lá do prédio.

Abaixou-de ao meu lado e apoiando na minha carteira começou uma apresentação amistosa:

-Olá. Tudo bem?

-Tudo! Rs - sorri timidamente

-Meu nome é Pablo. Prazer! O seu qual é?

-Joao Lucas Rs

-Joao Lucas, o nome do meu sobrinho Rsrs

-Rsrs

-Entao Joao Lucas, eu vou dar aula de Matemática pra você. Aqui no colégio a gente tem a Matemática 1 e 2. Eu vou trabalhar a matemática 1 que envolve mais análise combinatória, financeira, probabilidade, arranjo, enfim, você vai gostar do conteúdo. Vou tentar trabalhar de forma bem dinâmica pra nossas aulas não serem aquele bicho de sete cabeças kkkkkkkkkkkkkk

Eu retribui a gargalhada. Ele estava tentando ser simpático. Até que ele era divertido. E até agora, ele era o professor mais novo que tinha. Deveria ter no máximo uns 30,32 anos. Antes de se levantar e voltar pra sua mesa, Pablo falou:

-Qualquer coisa que você precisar, alguma dúvida, você pode me chamar.

-Obrigado!

Pablo foi pra frente da classe e começou a falar um pouquinho do ano, falou sobre vestibular, motivação, a importância do tempo de estudo em casa. Os conteúdos que ele trabalharia ao longo do ano. Explicou também os critérios de avaliação da escola, enfim... essa primeira aula com ele não passou de conversa. Até que foi bastante interessante tudo o que ele disse. Quando demos conta já era hora do intervalo. Assim que o sinal tocou e a turma saiu euforicamente pro pátio, Gabriel pegou um envelope dentro de sua mochila e desceu dizendo que teria que ir na secretaria entregar esses documentos e resolver um negócio pros pais dele. Caio ficou comigo e com as meninas. Saímos todos da sala juntos, as 3 foram na frente conversando novamente sobre meninos bonitos da escola, principalmente do 3º ano e, eu e Caio fomos logo atrás delas. Caio estava pegando dinheiro em sua carteira e contando algumas moedas. Quebrando o silêncio entre nós dois, Caio tornou a perguntar se eu iria ficar:

-Você não respondeu se vai ficar pra assistir o treino hoje ou se vai embora.

-Eu vou ficar!

-Sério? Legal! - senti entusiasmo em sua fala.

-Seus pais vem te buscar hoje? Se não eu te deixo em casa depois, que nem ontem.

-Acho que não, avisei meu irmão que iria voltar com vocês.

Caio deu um sorriso feliz mas logo abaixou a cabeça. Dava pra ver o brilho no olho dele quando me olhava sempre que estávamos conversando. Eu sentia também uma coisa gostosa por dentro sempre que estava perto dele. Eu sentia vontade de tocar aquela pele branquinha sempre que ele estava perto de mim e queria ficar horas olhando pra aquele rosto e admirando cada detalhe do Caio, principalmente o sorriso.

Quando chegamos lá em baixo no pátio, as meninas seguiram em sentido à cantina, Caio também, ele iria comprar seu lanche, então o acompanhei.

Na fila, começamos a conversar nós 5. As meninas estavam dizendo que iriam embora cedo porque não iam participar de treino nenhum. Caio como jogador, com aquele papo incentivando os outros a começarem a treinar. Enfim, quando percebemos já era nossa vez de fazer o pedido. Ao terminar de pedir seu lanche à moça da cantina, Caio virou pra mim e disse:

-Quer alguma coisa?

-Eu? Não! Não! - respondi num tom muito tímido.

-Eu pago!

-Não quero nada não!

-Tem certeza?

-Absoluta!

A moça da cantina tentando ser simpática brincou comigo:

-Aproveita que esse menino bonito tá dizendo que vai pagar. Porque é a coisa mais difícil. Oh menino pão duro! Rsrs - a moça brincou, muito simpática.

-Rsrs não quero nada mesmo não, obrigado!

-Oh tia. Que isso? Assim você queima meu filme rsrsrs - Caio entrou na brincadeira

Nós três sorrimos. E já com os lanches em mãos e pagos, saímos da cantina e procuramos um banco pra sentar. Todos os bancos ao redor do canteiro estavam ocupados. Num canto do colégio tinha uma parada mais alta, pareciam dois degraus compridos de fora a fora. Os alunos usavam pra sentar. Na verdade acho acho que foram construídos com esse intuído mesmo. Enfim... decidimos ir pra lá mesmo.

Eu sentei no degrau de cima, ao lado da Thaís. Laura também sentou ao lado da Thaís. Já julia preferiu sentar no degrau de baixo assim como Caio.

Caio tocou a região do meu joelho e coxa mandando eu abrir um pouco a perna. E ele sentou bem no meio das minhas pernas. Eu só conseguia ver seu couro cabeludo. Em silêncio, ele comia seu pastel de forno e tomava uma bebida preta que eu não conhecia. Parecia coca cola mas não era pois não tinha gás. Pelo visto era bastante popular aquela bebida por ali. A maioria dos alunos estavam com essa tal garrafa de rótulo amarelo na mão. Inclusive as meninas. Em São Paulo não vendia isso. Fiquei com curiosidade de experimentar.

Terminei minha maçã e coloquei aquele miolo ao meu lado no degrau, pra depois poder jogar fora. Caio ainda estava comendo e resolvi interagir com o pessoal:

-O que é isso que todos vocês estão bebendo?

-Isso o que? Guaraviton? - Laura

-Não sei o nome, esse negócio preto.

-Não é possível que você não sabe o que é um guaraviton. - Thais

Caio virou um pouco a cabeça podendo olhar pra mim estranhando o fato de eu nunca ter bebido isso.

-Nunca bebi, gente.

-Impossível! - Caio

-Ué gente, em São Paulo não tem essas coisas não. Se vende por lá, não é muito comum não porque eu nunca vi isso lá onde eu morava.

-Gente kkkkkk - Thais

As meninas começaram a rir, Incrédulas.

-Toma, experimenta!- disse Caio estendendo a garrafa pra mim. Peguei e puxei o tal líquido pelo canudo. De cara só senti gosto de guaraná. Era gostoso, muito gostoso. Todos me olhavam e aguardavam ansiosamente o que eu iria achar:

-Ah! É gostoso. Isso parece basicamente aqueles xaropes concentrados de guaraná. É uma versão melhorada daqueles sucos de copinho.

-É a mesma coisa que aqueles sucos de copinho. - Thais

Caio levantou, amassou o guardanapo que estava segurando o pastel, bateu a mão na calça pra tirar a poeira. Eu estendi a garrafa de volta pra ele mas ele só respondeu:

-Pode beber!

Dei mais uma puxada no canudo. Ele pegou o resto da maçã e a enrolou junto do guardanapo, e ficou olhando pra minha cara:

-Termina aí pra eu jogar a garrafa no lixo.

Quando terminei de beber, ele pegou a garrafa da minha mão e foi andando até a lixeira pra jogar tudo fora. Fiquei olhando-o, admirando ele andando. Caio tinha uma corpo lindo, seu peito ficava marcando na blusa de uniforme. E seu bumbum tinha um tamanho e formato legal.

-Gente, e o Gabriel que até agora nada! - comentou Thais

-Verdade! - Julia

-Ih deve estar resolvendo esse negócio de matrícula aí. Ele comentou comigo que o colégio ligou pra casa dele ontem dizendo que estava faltando uns documentos na ficha dele.- Laura

-Todo ano é isso. - Thais

-Não é possível né!? Eles devem perder esses negócios. Todo ano eles pedem comprovante de tipo sanguíneo e uma foto minha 3x4. E todo ano eu trago. -Julia.

-O que está rolando? - Caio

Caio voltou e sentou novamente no meio das minhas pernas, no degrau de baixo. Eu fiquei com vontade de ficar mexendo no cabelo dele. Ele também com certeza só sentou ali porque queria ficar encostado em mim. Mas a timidez não deixou ninguém encostar em ninguém.

-A gente tá falando do Gabriel que está até agora na secretaria. - Laura

-Aaah pode crer. - Caio

Caio ficou com a coluna e o corpo inclinado pra frente e com os braços apoiados sobre a perna.

Eu precisava deixar minha timidez de lado e ser um pouco abusado caso eu realmente quisesse o Caio, porque pelo visto ele não iria se abrir pra mim tão facilmente se eu não fosse deixando ele a vontade comigo aos poucos. Portanto, resolvi ser um pouco abusado, puxei ele pelo ombro para que ele pudesse se encostar em mim. Ele deixou o corpo mole e encostou em mim. Suas costas encostaram na minha virilha. Ele parecia ter gostado e sua intenção era realmente essa desde o início quando sentou no meio das minhas pernas. Eu não podia acariciá-lo pelo fato de estarmos na escola. Mas só de tê-lo encostado em mim eu já estava feliz.

Laura Cutucou Thais para que olhasse como Caio estava a vontade no meu "colo". Provavelmente ela não comentou nada porque sabia que ele iria se irritar e sairia de onde estava sentado. Mas que aquele momento foi fofo, isso foi. Queria eternizar e tê-lo pra sempre só pra mim.

Ele sempre era muito hétero e se comportava de forma muito masculina até então, tentando de qualquer forma camuflar o fato de ser gay para que ninguém percebesse. Mas aos poucos ele parecia se entregar a mim, ignorando qualquer tabu e rotulações. Não estou dizendo que ele se transformou num super ativista gay. Não é isso, mas ele passou a lidar melhor consigo mesmo, se aceitando. Isso foi muito bom pra ele. Enfim...

Como dizem, alegria de pobre dura pouco, o sinal soou dizendo que era hora do Caio sair do meu "colo" e todos nós voltarmos pra sala. As meninas levantaram primeiro, todas batendo a mão no bumbum pra tirar a poeira da calça. Caio levantou em seguida e estendeu a mão para que eu levantasse. Segurei sua mão e ele me puxou. Limpei minha calça também. E caio também fez o mesmo. Nós 5 atravessamos o pátio e subimos as escadas juntos. Entramos pra sala e nada do Gabriel aparecer.

Depois do intervalo teríamos a seguinte grade de aula:

História

Matemática

Educação física

E professor de história, Narcisio, já estava em sala de aula. Sentamos em nossas cadeiras e nos preparamos pra continuar assistindo o vídeo que não deu tempo de ver todo no dia anterior. Mais ou menos depois de uns 10,15 minutos de vídeo rolando, alguém bate à porta e logo a abre. Era Gabriel. O professor pausa o vídeo:

-Licença, professor.

Gabriel foi direto ao professor e entregou a ele um pedaço de papel escrito pela secretária da escola, onde estava justificando o motivo dele estar chegando atrasado na sala.

-Tudo bem. Pode sentar no seu lugar.

Gabriel sentou-se e o vídeo continuou rolando. Até que era interessante mas história por si só já é chato e cansativo. Os alunos já estavam entediados e não aguentavam mais. Ficamos os 50 minutos da aula em silêncio assistindo o tal vídeo.

Aquele professor, Narcísio, era estranho, de poucas palavras e rédia grossa. Quando o sinal tocou mostrando que sua aula tinha terminado, ele levantou em silencio, desligou o projetor, pegou seu material e saiu da sala sem ao menos despedir dos alunos. Affzao.

E logo em seguida Pablo retornou pra nossa turma. Ele tinha carisma, conversava bastante com a gente e era divertido e simpático. Ele distribuiu uma folha com 45 exercícios de múltipla escolha. Era uma revisão do conteúdo do ano anterior. Pablo disse que com base nessa folha ele testaria nosso nível de aprendizado do ano passado e o que demonstrássemos ter mais dificuldade, ele nos ensinaria de novo esse ano. Assim fizemos, eu estava focado em resolver cada problema daquela folha. Não estava difícil, tenho que confessar. Julia foi a primeira da turma a terminar, faltando 10 minutos pra aula acabar ela gritou:

-Acabei!

-Traz pra mim sua folha, Julia.- Pablo

Como ela tinha sido a única da turma a terminar e ainda faltavam 10 minutos pro término da aula, o professor começou a corrigir ali mesmo, e julia ficou ao lado acompanhando a correção.

Eu fiquei agarrado em 2 questões. Eu não era muito fera em logaritmo, e não tinha gravado todas as regras. Passei os últimos 10 minutos tentando resolver essas duas questões. Conforme os alunos iam terminando, eles iam entregando a folha. Tal como Laura, Caio, Gabriel.... nessa ordem. O sinal tocou, Thais e eu ainda não tínhamos acabado. Eu resolvi chutar as duas ultimas questões, apelei pra letra D de Deus em ambas as questões. E entreguei a folha ao professor.

Caio estava saindo da sala junto com o Gabriel, eles iam pro vestiário trocar de roupa pra poderem treinar. Thais iria embora assim como todas as outras meninas. Já que nenhuma dela praticava as aulas de educação física.

Juntei todo o meu material, peguei minha mochila e desci sozinho em sentido a quadra. Quando eu estava no corredor um garoto saiu apressado do banheiro, com uma mochila nas costas e um tênis na mão, e nos esbarramos, literalmente nos batemos. Quer dizer, ele esbarrou em mim. Eu por educação, mesmo não sendo minha culpa pedi desculpas sem antes mesmo de ver o rosto do tal garoto. E ele da mesma forma. Mas quando eu vi seu rosto, era o tal garoto bonitinho do 3º ano. Fiquei sem ar. Esqueci do Caio na hora e só conseguia enxergar a beleza do rosto daquele garoto. Ele me fuzilou com os olhos. Não demonstrou nenhuma reação, nem de desejo, nem de ódio. Continuava não conseguindo decifrar a maneira que olhava pra mim. Ele saiu apressado na minha frente em direção a quadra. Enquanto andava, virava a cabeça toda hora pra trás pra poder olhar pra mim.

"aí meu Deus, o que que eu fui arrumar pra minha vida!?" pensei comigo.

Ignorei aquele garoto e continuei meu percurso até a quadra. Entrei pelo portão da arquibancada e sentei próximo a grade que separava a arquibancada da quadra. Não vi Caio por ali, nem Gabriel. Haviam apenas 3 garotos sentados no chão da quadra mexendo em suas mochilas, dois rapazes, provavelmente treinadores (professores) esticando a rede de vôlei e, outros 2 meninos se alongando no canto da quadra. Na arquibancada também havia um grupinho, alguns meninos e meninas. Eles estavam um pouco distantes de mim e numa das últimas fileiras da arquibancada. Provavelmente eram do 2º ano turma B ou C pois nenhum deles eram da minha sala.

Não demorou muito pro Caio sair da porta que levava ao vestiário acompanhado de 5 garotos, um deles era o Gabriel. Ele estava vestindo um short muito justo preto, que chamava a atenção do tamanho do seu bumbum, uma camiseta da escola, tênis e um meião Branco que ia até sua canela. Ele estava uma gracinha e muito, muito gostoso. Ao me ver, dá um sorriso e vem até onde eu estava. Ele encostou na grade e estendeu suas duas mãos que seguravam sua mochila e os tênis que estava calçando antes:

-Deixa isso aí com você!

Levantei e peguei sua coisas, coloquei ao meu lado. Caio enfiou a mão no bolso do short, retirou seu celular e disse:

-Toma! Fica com meu celular também!

Levantei e peguei seu celular. Caio deu um sorriso pra mim e voltou pra perto dos meninos. E eu sentei no mesmo lugar que estava. O grupinho que estava sentado na arquibancada começou a cochichar olhando pra mim. Provavelmente queria saber quem eu era, afinal nunca tinham me visto ali e não entenderam porque Caio estava conversando comigo e deixou suas comigo. Inclusive ouvi alguns "Psiu", "Ei", "Ou", "Oh menino!", e algumas gargalhadas ... mas ignorei, não perdi meu tempo nem olhando pro lado. Não estava querendo ser alvo de chacota.

Não demoro muito pra um dos treinadores apitar e dar início ao jogo. Caio era bom, um dos melhores do time dele. Ele sempre defendia a bola e atacava com arremessos certeiros que marcavam ponto pro time. Ele sempre jogava em complô com um garoto negro que também era fera no vôlei. Sem duvida os dois e mais um garoto loiro de cabelo cacheado do outro time eram os três melhores jogadores dali. Foram eles que praticamente levaram o jogo nas costas. Eu sorria e vibrava a cada ponto do time do Caio. E sempre que podia ele olhava pra mim e sorria. Caio era realmente um rapaz muito educado, gente boa e incrível. Além de ser muito fofo e literalmente um príncipe. Por fim, o jogo terminou com a vitória do time do Caio, 3 sets a 1. O garoto de cabelo cacheado tentou mudar o quadro mas sozinho do outro lado não conseguiu dar conta dos arremessos do Caio e do outro menino que não conhecia.

Ao terminar a partida, Caio estava pingando suor, veio até mim e eu imediatamente entreguei a ele sua mochila, seus tênis e seu celular. Brinquei com ele:

-Nem transpirou ein!?

-Isso não é suor não. É água mesmo kkkkk

-kkkkk

-Já volto, tá!?

-Ei, seu celular!

-Deixa aí com você!

-Vou te esperar ali fora ein

Caio já estava um pouco distante de mim,e apenas respondeu com um gesto de "Beleza".

Caio foi em direção ao vestiário e eu em sentido ao portão de saída da arquibancada. Fiquei aguardando-o perto do bebedouro. Até que Caio demorou um pouco. Eu já estava desassossegado. Eu odeio esperar muito. O bolinho dos meninos saiu, Gabriel passou por mim deu um sorriso e foi embora. O pessoal que estavam na arquibancada também passaram por mim. Os treinadores também e, nada do Caio. Aposto que ele estava com vergonha de sair no meio dos meninos e ser zoado por eu estar esperando ele e a gente ir embora juntos, mesmo eles não sabendo quem eu era, eu poderia ser primo dele, Sei lá. Mas obviamente zoariam de namoradinho e blá blá blá. Ah enfim, sei lá, vai saber o que passava na cabeça do Caio. Depois de algum tempo ele apareceu no portão, com a mochila nas costas, uniforme do colégio, chinelo e balançando o cabelo com a mão pra poder secar.

-Foi mal, tive que tomar um banho.

-Sério? Nem percebi, tava só criando raízes aqui no bebedouro enquanto te esperava

-Ei quem faz as piadas aqui sou eu kkkkkkk

-kkkk

-Mas desculpa mesmo por ter demorado.

Sorri e entreguei a ele seu celular, ele pegou o celular e já o enfiou no bolso da bermuda. E saímos andando em direção a calçada. Quando eu penso que não dá pro Caio ficar mais lindo, ele aparece com o cabelo todo molhado de banho tomado. Que coisa mais fofa gente.

A gente saiu conversando sobre o jogo, fiz alguns comentários sobre a atuação do Caio dentro de quadra, e ele me dando algumas explicações sobre pequenos deslizes que ele deu durante a partida. Estávamos tão distraídos que não vi que meu pai estava com o carro estacionado na porta do colégio. A gente estava prestes a atravessar a rua pra irmos embora a pé quando ouço uma buzina. Olhei pro lado e vi meu pai fazendo sinal com a mão:

-Ah não! - comentei num tom de desânimo e frustração. Eu queria ir a pé e sozinho com o Caio.

-O que foi?

-Meu pai!

Caio olhou para o carro na mesma expressão que eu.

Não acredito que ele estava ali. Eu tinha falado pro Matheus que não precisava me buscar porque eu ir a pé com o Caio. Ele deve ter esquecido de falar isso com Papai. E eu também tinha esquecido de avisar meu pai que não precisava me buscar porque eu ia a pé. Mas agora ele estava ali. E estragou tudo. Meus planos de ir sozinho com o Caio foi por água a baixo. Affs. Enfim...

Fui até meu pai. Caio ficou parado na calçada onde estava.

Bem humorado o meu pai disse:

-Peguei no flagra ein!

-O que?

-Aonde pensa que o senhor ia?

-Pra casa!

-Hmmmm. E o rapaz ali? Quem é? Seu namorado?

-Paaaai... - revirei os olhos perante o comentário desnecessário do meu pai. Olhei pro Caio por um segundo, ele me olhava com uma expressão de interrogação do tipo "o que está acontecendo?" e, tornei a olhar pro meu pai:

-... ele não é meu namorado. É meu amigo!

-Hmmmmm. Bom... entrem, eu levo vocês!

-Sério isso?

-Anda logo. Vamos!

Minha expressão foi de total desanimo. Fiz sinal para o Caio vir. Atravessei na frente do carro, abri a porta e sentei no banco da frente. Muito tímido Caio sentou no banco de trás, logo atras de mim, e logo ao entrar no carro, mesmo tímido tentou ser simpático:

-Licença. Tudo bem?

Meu pai percebeu o desconforto do Caio e tentou agir o mais natural possível:

-Tudo certo e você?

-Bem!

-Como você se chama rapaz?

-Caio!

Eu desassossegado e entediado fui olhando a rua pelo vidro do carro. Meu pai ia conversando com o Caio descobrindo mais sobre a sua família e blá blá blá. Eu estava morrendo de vergonha, não tinha onde enfiar minha cara. Quando paramos no semáforo numa avenida super movimentada próximo a rua onde morávamos, meu pai perguntou pro Caio:

-Onde você mora garoto?

-Eu moro no Parque São Clemente. Mas o senhor pode me deixar em qualquer lugar por aqui que já está bom demais. Daqui pra minha casa é um pulo.

-Não, imagina. Vou te levar em casa!

-Não precisa não, Sr Fabrício, sério mesmo.

-Que isso. Faço questão!

Ao invés de fazermos o contorno e entrarmos na rua a esquerda. Atravessamos o sinal e seguimos a avenida direto e muito lá na frente entramos numa rua de pedra a direita. Meu pai parecia saber o caminho, já eu nunca tenho ido para aqueles lados. Ao adentrarmos naquela rua, comecei a perceber que as paisagens ali eram diferentes do centro, enquanto onde eu morava prevalecia o comércio, prédios, casas e ruas de asfalto super movimentadas. Onde o Caio morava a paisagem era mais vegetal. Inclusive senti diferença no clima. Incrível isso. As ruas eram de pedras, silenciosas e não se via pessoas andando pelas calçadas, quase nunca passava carro, e as casas eram distantes uma da outras. Só era possível ver altos muros de pedra e trepadeiras e portões que impediam de ver dentro do terreno. Era possível ver também muita vegetação, lagos, e muitas árvores de topos altos e largos. Era literalmente lindo. Parecia uma espécie de condomínio, não sei, não sabia dizer pois nunca tinha ido ali antes. As casas pareciam ser grandes e bonitas. Com certeza os moradores dali não pertenciam a classe média. Caio foi dando as instruções pro meu pai saber onde era sua casa, "direto", "agora vira à esquerda" e blá blá blá. E quando chegamos a frente de um muro coberto por trepadeira com altos dois portões de madeira, Caio disse, é aqui. Olhei vislumbrado para sua casa. Fiquei literalmente envergonhado. Caio agradeceu a meu pai:

-Muito obrigado pela carona Sr Fabrício.

E esbanjou delicadeza e educação:

-Quando quiserem visitar. Já sabem o caminho. Serão super bem vindos.

-Juizo ein rapaz. - brincou papai

-Pode deixar. Rs Tchau Joao a gente se fala no WhatsApp.

-Tchau Caio.

Caio fechou a porta, atravessou na frente do carro, e interfonou em sua casa. Papai esperou o portão abrir pra podermos sair. O portão abriu, Caio deu tchau e entrou. Papai buzinou e engatou a ré carro, saindo da rua da casa do caio e voltando pra rua daquele bairro. Papai brincou comigo, repetindo a fala do Caio:

-"Tchau Joao, a gente se fala no WhatsApp"

-Affs. Vai ficar zoando. Pensei que o adulto aqui fosse você, tá parecendo criança. - respondi seco, estava sem humor pras piadinhas bobas do meu pai.

-Kkkkkkkkkk está estressado? Só porque vim trazer o namoradinho em casa?

-Não estou estressado! E eu já falei que o Caio não é meu namorado!

-Ok. Falando sério agora meu filho, você sabe que não precisa mentir pra mim. Você tá gostando desse menino?

-Aí meu Deus, vai começar com esses assuntos...

-Ué, meu filho. Eu sou seu pai e estou tentando ser seu amigo também. Toda vez que eu e sua mãe tentamos conversar sobre isso com você, você tenta fugir...

-Óbvio! Não gosto de ficar conversando disso.

-São coisas normais da vida, Joao Lucas. Qual o problema de você dizer pra mim, que sou seu pai, que você está gostando desse menino, esse tal de Caio.

Suspirei fundo e nada respondi.

-Não vai ter diálogo né!?

-Não, pai!

-Então tá bom!

Meu pai concordou, me respeitou e não tocou mais no assunto naquele momento, mesmo achando que o correto era eu me abrir e não ficar guardando as coisas só pra mim. Fomos em silêncio até chegar em casa. Entramos no prédio, desci do carro e subi pra casa. Entrei na sala em silêncio, novamente minha Irma tava deitada no sofá da sala vendo desenho animado. E entusiasmada quando me viu, me chamou pra deitar com ela:

-Joaaaaao. Vê desenho comigo?

-Agora não Eduarda. Talvez outra hora!

-Por favor!!

Dei um beijo na testa dela:

-Depois tá Dudinha. O irmão está com dor de cabeça agora.

Meu pai fechou a porta da sala e eu fui pro meu quarto. Ao me ver, da cozinha mamãe diz:

-Como foi a aula hoje, meu filho?

-Normal mãe. Depois a gente fala disso, tá!? Ah! E não vou comer, estou sem fome.

Mamãe ficou sem entender o motivo de eu estar daquele jeito, seco, sem humor e super desanimado, mas também não me questionou.

Entrei pro meu quarto e fechei a porta. Sentei na cama e comecei e desamarrar meus tênis, lá do meu quarto eu ouvia minha mãe conversando com meu pai na cozinha. Estavam falando de mim, Papai falando do Caio, e contando pra mamãe tudo o que aconteceu desde que ele viu a gente saindo juntos de dentro do colégio até os meus comportamentos estranhos depois que o Caio desceu do carro. Estressado, desamarrei o tênis, joguei contra a parede, peguei o fone de ouvido dentro da mochila, pluguei no celular e deitei na minha cama,ainda de uniforme e tudo, ouvindo minha playlist do Spotify. Queria relaxar, Precisava ficar relax... pensar um pouco sobre a vida e tudo o que estava acontecendo. Talvez nada daquilo era necessário e eu estava fazendo um pouco de drama. A situação não era pra tanto e eu só estava piorando as coisas agindo daquela maneira. Eu precisa ser paciente, muito paciente. Eu sabia que as coisas não seriam tão fáceis. Mas eu estava com tanta vontade de tocar o Caio, beija-lo e tê-lo pra mim que eu já estava ficando aflito. Eu precisava trabalhar o meu psicólogo. E subir um degrau de cada vez. Pensando em todas essas coisas eu acabei cochilando. Acordei com meu irmão me acordando. Ele realmente é um fofo.

De tanto eu me mexer na cama meu celular já estava no chão e o fone todo embolado em baixo de mim.

-Joao! Joao! Joao Lucas! Acorda, Joao Lucas!

Depois que meu irmão me deu algumas sacudidas, eu abri lentamente os olhos, ainda muito sonolento. A primeira coisa que vi foi meu irmão em pé ao meu lado. Eu estava com a sensação de que tinha dormido muito e que já era o dia seguinte.

-Nossa. Que horas são?

-Já vai dar 6 horas. Minha mãe falou que você não almoçou, chegou e dormiu.

-Tava sem fome.

-Toma, come esse pão.

Matheus me estendeu um prato com um sanduíche de requeijão e salame e um copo de suco de melancia. Sentei na cama, peguei o prato e o copo de suco e comecei a comer. Meu irmão foi até a porta do meu quarto e a fechou. Caminhou até minha e sentou ao meu lado. Ele estava com uma expressão não muito boa.

-Vai pode falar.

-Falar o que Matheus?

-Ah, Joao Lucas! Não me enrola. O que que está rolando?

Coloquei o prato no criado mudo ao lado do copo.

-O que meu pai e minha mãe te falou?

-Você pode comer enquanto fala! - Matheus pegou o prato e o copo e me entregou de novo. E continuou:

-Eles não me falaram praticamente nada! Quem tem que falar aqui é você!

Eu estava sendo empurrado contra a parede. Quando eu disse que eu tinha uma relação muito boa com meu irmão e que ele me tinha como um filho, eu estava me referindo a esses momentos também. Sabendo que não ia ter jeito, comecei aos poucos a falar:

-Ah! Eu vou falar porque preciso mesmo desabafar e falar isso pra alguém...

Matheus me olhou com as sobrancelhas levantadas, retirou os sapatos, desabotoou a manga da blusa e se acomodou na minha cama, cruzou as pernas e colocou uma almofada no colo.

-Pode falar. Tô te ouvindo...

-Você lembra do Luan né!?

-Como não lembrar.

-Então. Você sabe que depois dele...

-...Você nunca mais teve ninguém. Sim, eu sei!

-Isso. Mas deixa eu falar...

-Tá bom! Desculpa! Continua

-Aí né... (pausa)... eu conheci um garoto na minha escola.

-Disso eu já sei Joao Lucas. Você nunca leva celular pra mesa de jantar e ontem você ficou viciado nessa porra, digitando e rindo pra tela do celular igual um bobo e não comia direito. Obviamente, só podia ser alguma paquera.

-Pois é. Mas ele é encubado!

-Encubado?

-É! Aí meu Deus como eu vou explicar!? ... (pausa)... Ele não é assumido, ele não se aceita...

-Hum! Tá, entendi! E esse tal garoto é o que agarrou você pelo pescoço na hora que te deixei na escola?

-É! Eeeeei você viu?

-Hum! Faz sentido. Óbvio que eu vi! Eu estava parado ali né, não tinha como não ver, enfim, continua...

-Aí Matheus, que vergonha.

-Vergonha de mim Joao Lucas? Já vi cenas piores, você agarrado com Luan no seu quarto lá em São Paulo. Pelo amor de Deus. Pra cima de mim não. Mas vai, continua...

-Tá, ok! Então... mas o nome dele é Caio tá!? Enfim... aí eu tava tentando ficar mais próximo do Caio. Pra ele se abrir e ficar mais a vontade comigo. Aí ontem ele me trouxe em casa com um menina que estuda com a gente. E hoje a gente viria sozinho. Mas aí o Papai chegou lá e estragou com tudo.

-Foi só isso? Aí você fez seu show de esterismo? Ficou putinho, não comeu....

Nada respondi, meu irmão tinha razão, não tinha necessidade disso tudo. Eu exagerei no comportamento. Matheus continuou:

-Maninho, posso te dar um conselho?

Balancei a cabeça que sim.

-Vai devagar tá, por favor. Você conheceu esse menino ontem. Eu sei que a gente vê alguém, e acha a pessoa bonita e já logo fica cismado com ela, quer pegar, beijar, namorar, transar... enfim, acha que é a alma gêmea, que foi amor a primeira vista e que vão ser felizes para sempre juntos. Principalmente pra você que é mais difícil, ter que achar alguém que também seja gay. Mas não coloca a carroça na frente dos bois. Quando você namorou o Luan eu te dei o mesmo conselho, "vai devagar, não pressiona, deixa as coisas acontecem com calma e no tempo certo" e o que você fez? Foi lá e começou a namorar o menino com 15 dias que vocês tinham ficado a primeira vez. E o que aconteceu? Foi tudo lindo e maravilhoso no início mas depois de um mês e pouquinho, ele foi lá e terminou com você. E você ficou igual um palhaço chorando, quase entrando em depressão. Então por favor, não repita o mesmo erro.

As palavras do meu irmão como sempre eram as mais sábias. Ele sempre tinha razão. E dava os melhores conselhos. Eu fiquei com vontade de chorar, queria abraçar meu irmão, chorar e ficar no colo dele pensando em tudo!! Tudo mesmo. Ele percebendo que meus olhos começaram a encher de lágrimas, continuou:

-Eu vim conversar com você porque desde ontem, meu pai e minha mãe estão preocupados com você querendo saber porque você tá diferente. Eu sabia que era por causa de menino e disse a ele que iria descobrir. Falei com você também, você sabe que não consegue esconder nada de mim. Mas pensa no que eu te falei tá!? Não se cobra muito, deixa o menino ir no tempo dele. Se ele gostou de você também, ele vai fazer de tudo pra chegar em você e vocês vão conseguir o que querem. Mas calma tá Joao Lucas. E você não precisa ficar estressado e descontar tudo na minha mãe e no meu pai porque eles não merecem isso, eles fazem de tudo pra você ter o melhor. E também tentam ser seu amigo, mas você é quem se fecha pra eles. Pensa nisso tá!?

Eu dei um sorriso pro meu irmão em sinal de agradecimento por todas as palavras que ele me falou. Ele chegou perto de mim, segurou minha cabeça e me deu um beijo na testa.

-Mas agora me fala, ele é bonito? Não reparei muito em sua fisionomia. Quantos anos ele tem? ........... blá blá blá

Matheus começou a me fazer mil e uma perguntas sobre o Caio, eu fiquei entusiasmado, comecei a sorrir e comecei a falar como ele era e de todos os meus momentos junto com ele desde quando fomos apresentados:

-Então, ele é um gato, ele é branquinho....... ele ficou muito sem graça quando eu olhava pra ele kkkkkkk e isso era fofo, o jeitinho dele......... blá blá blá. Ficamos um tempo conversando numa boa. Hora e outra gargalhávamos sobre algum comentário que eu fazia e assim o tempo passou. Quando eu dei conta a gente já estava com a barriga doendo de tanto rir, Matheus estava deitado com os braços abertos e eu deitado ao lado dele com a mão apoiada no peito do meu irmão.

-Aiai... tomara que vocês deem certo. E espero que ele te trate muito bem!

-Tomara! Tomara também que meu lanche não tenha ficado ruim porque agora que eu lembrei que não terminei de comer kkkkkkk

-kkkkkkkkkk seu louco, pensei que você já tinha comido!

-Não kkkkk

Matheus levantou rindo, ajeitou a roupa, colocou em cima da cama as almofadas que a gente tinha derrubado no chão, pegou seus sapatos e me deu outro beijo na testa:

-O irmão te ama tá!? E quando quiser conversar ou contar qualquer novidade sobre esse tal de Caio você pode me procurar.

Eu abracei muito forte o meu irmão e ele fez um carinho nas minhas costas.

-Bom, agora eu vou deixar você terminar de comer e vou lá acalmar meus pais e dizer a eles o que está acontecendo e que já está tudo bem!

Meu irmão levantou e saiu e, antes dele encostar a porta do meu quarto, ele a abriu e brincou:

-E levanta pra tomar um banho e escovar esses dentes porque já tô sentindo um cheirinho desagradável kkkkkk

-Palhaço kkkkkkkkkkk - joguei uma almofada na direção dele mas não pegou nele porque Matheus fechou a porta do quarto antes.

Eu estava me sentindo melhor, motivado a seguir todos os conselhos que meu irmão me deu. Peguei meu celular, liguei o Wi-Fi e deixei chegar todas as notificações enquanto eu comia meu sanduíche. Tinham chegado mensagens do pessoal de São Paulo no grupo da família, mensagens no grupo dos meus antigos amigos de Bauru, mensagem no grupo com Caio,Gabriel e as meninas e mensagens privadas do Caio.

Me encarreguei de terminar de lanchar e ler todas as mensagens. Não respondi ninguém, literalmente ninguém. Vi que não havia nada de importante nos grupos de SP, no grupo com Caio e o resto do povo li que eles estavam marcando uma noite do pijama na casa da Laura na sexta e no privado, li que Caio me mandou mensagem cedo perguntado se eu tinha chegado bem em casa, e outras mensagens mais tardes mandando eu ler o grupo e saber porque eu não estava online. Enfim, desliguei o Wi-Fi do celular de novo e fui até a cozinha. Mamãe estava preparando o jantar e disse:

-Deixa isso aí na pia que depois eu lavo.

Minha Irma ainda estava vendo TV na sala e meu irmão conversando com meu pai na sacada do apartamento. Entrei pro banheiro, liguei as musicas que gosto de ouvir enquanto tomo banho e fiquei horas lá, fiz minhas necessidades, escovei os dentes, passei creme de tratamento no cabelo, tomei banho bem demorado. Passei uns cremes no rosto, e quando eu estava quase saindo do banheiro, meu irmão bate na porta:

-Anda logo Cinderela. Quero tomar meu banho!

-Ah espera! Já to saindo.

Minutos depois sai enrolado na toalha e entrei pro meu quarto. Vesti meu pijama e peguei no meu celular. Havia outra mensagem do Caio:

"O senhor pode fazer o favor de me responder" - 18:03

"João Lucas o que está acontecendo? Dá pra me responder?" - 18:20

Não estava a fim de responder. Deixei o celular em cima da cama e fui pra sala brincar com a minha irma. Eduarda ao me ver, abre o sorriso mais gostoso do mundo, e entusiasmada me chama:

-Joao Lucaaaas!

-Oi bebe! - sentei ao lado dela, abracei-a e a enchi de beijos.

-Quer brincar comigo de Barbie?

-Vamos! Pega lá as bonecas!

Eduarda desceu do sofá e foi até o quarto, voltou de lá puxando uma caixa cheia de bonecas. Sentamos no tapete da sala e começamos a brincar. Não tinha nada mais gratificante que ver minha Irma sorrindo, feliz. Eu perdi a noção do tempo brincando com ela. Meu irmão já estava de banho tomado e estava na cozinha conversando e ajudando mamãe. E meu pai provavelmente estava no quarto. Quando dei conta já era 20:25 e mamãe estava chamando todos pra jantar.

Peguei Eduarda no colo e a levei até a mesa pra comer, sentei ao lado dela e arrumei seu pratinho. Eu estava com pouca fome pois fazia pouco tempo que tinha comido aquele sanduíche que o Matheus me deu, portanto arrumei pouca comida pra mim também. A essa hora provavelmente Matheus já tinha contado tudo sobre Caio pro meu pai e minha mãe. Eles já estavam sabendo de tudo e já estava tudo bem. Por isso a hora do jantar transcorreu numa maior naturalidade e paz de sempre. Quando terminei o jantar, como sempre deixei a louça na pia e fui para o meu quarto. Deitei na minha cama, peguei meu celular e respondi a mensagem do Caio:

-oi!

Ele visualizou e segundos depois me ligou pelo WhatsApp.

-Porra! Quer me matar de susto?

-O que?

-Tô te mandando mensagem desde cedo garoto. E você não respondeu nenhuma.

-Eu estava me sentindo mal aí não mexi no celular.- tive que mentir. Mesmo não querendo.

-O que aconteceu?

-Ainda não sei. Parece que deu queda de pressão

-Você se alimentou?

-Não começa com esses papos de mãe.

-Estou preocupado com você. Só isso!

-Já to melhor já.

-Que bom! Se não vai ter que ir ao médio pra ver isso.

-Hum. E você me ligou porque?

-Porque queria falar com você ué! Não me respondeu hora nenhuma, resolvi ligar.

-Hum!

-Nossa Joao Lucas! Você tá diferente. Não quer falar comigo, eu desligo, euem.

(Silêncio)

-Desculpa Caio, desculpa...

-Euem! Quero te ajudar só!

-Desculpa mesmo.

-Tá beleza. Mas você está bem?

-Uhum e você?

-Também. Só fiquei com saudade de você

-rsrsrs

-O que foi?

-Nada rs porque?

-Você tá rindo aí

-É que eu estranhei você falar que tá com saudades de mim. Você não fala essas coisas rs mas até que eu achei fofo

-Rs são tantas coisas que deixo de falar...

-E você quer falar agora?

-Melhor não! Depois!

-Tá bem! Você quem sabe!

-Esqueci de te dizer que gostei que você ficou pra me ver jogar hoje na escola.

-Rsrsrs também adorei ver você jogar.

(Silêncio)

-Caio? Tá aí?

-Uhum!

-ah tá! É porque você ficou em silêncio

-Não sabia o que falar rs

-Tive uma ideia, vamos jogar?

-Jogar? O que?

-Tipo assim, um fala uma palavra e o outro vai responder com outra palavra, a primeira que vier em mente com base na palavra que foi falada antes. Tipo, eu falo CASA aí você fala TELHADO aí eu falo ANTENA aí você fala SINAL.... e assim vai

-Entendi. Gostei! Vamos jogar

-Beleza! Eu começo ou você?

-Pode ser você!

-Ok. Então vamos lá... (pausa).... CALOR

-Piscina

-água

-mangueira

-sujeira

-calçada

-rua

-portão

-colégio

-professor

-aluno

-menino

-criança

-mãe

-amor

-beijo

-abraço

-Quero!

-Kkkkkkkkkk te dou!

-o que? A bunda ou o abraço?

-os dois! Kkkkk

-eita kkkkkk só vem!

-mentiraaaaaaaa. Kkkk eu só To brincando!! Para. Você que é um safado!! Kkk

-Digamos que um pouco kkk

-Besta. Idiota kkk

-Já disse, me ame menos kkk

-E se eu não conseguir?

-Eita, essa brincadeira tá ficando séria, é melhor a gente parar.

-Eu só tô brigando tá!?

-Sei. Conheço bem esse "só tô brincando". Enfim, Tô ficando com sono.

-Vai dormir entao meu anjo?

-meu anjo?

-Aham! Porque? Não gostou? Não quer que eu te chamar assim?

-Não, não é isso, é que sei lá, nenhum menino me chama assim... (pausa).... mas até que eu gostei.

-Rsrsrs posso te chamar de outros apelidos carinhosos também, é só você deixar

-Rsrs (pausa)... tô caindo de sono mesmo tá!? Vou desligar- ele pareceu cortar o assunto.

-ok. Dorme com Deus!

-Dorme com Deus também!

-Tchau!

-Tchau!

(Silêncio)

-Não vai desligar? - ele perguntou

-Desliga você primeiro!

Segundo depois ele desligou. Tirei o telefone da orelha e respirei fundo enquanto olhava por alguns segundos a foto do Caio no WhatsApp. Fechei o aplicativo e coloquei meu celular no criado mudo. Virei pro lado, me ajeitei na cama, fechei os olhos e cai no sono.

Comentários

Há 12 comentários.

Por Jeffs em 2017-01-18 02:56:51
Entro todo dia pra ver se ja tem o novo episodio e sempre me decepciono pois estou ansioso pra continuar a ler.
Por JoaoLucas em 2017-01-17 04:35:05
Gente agradeço a todos os comentários. Estou muitíssimo feliz com o feedback de vocês. Obrigado mesmo pelas mensagens, parabenizaçoes, você São demais!!!!!!! É isso que está me motivando a continuar escrevendo. Infelizmente, eu viajei nesses últimos dias e isso fez com que eu não postasse de imediato os próximos capítulos da série. Eu estava com dois capítulos prontos já escritos no bloco de notas prontos para serem publicados. Mas pra minha surpresa, infelizmente, hoje quando fui acessá-los não os encontrei. Sinceramente, ainda não sei o que aconteceu com o meu aparelho celular para que todas as minhas anotações fossem apagadas. Tentei fazer de tudo para recuperá-los mas todas as tentativas foram falheis. É uma pena é, isso me deixa triste porque os capítulos estavam incríveis, as histórias estavam demais, ricas em conteúdo. Terei que reescrevê-los tudo de novo!!! Isso pode demorar algum tempo. Por isso venho pedir oficialmente as minha sinceras desculpas a vocês por esse transtorno. Mil desculpas, espero que vocês não desistem de acompanhar os próximos capítulos do conto. Não sei se ficará bom porque o ocorrido acabou me desestabilizando mas farei ao máximo por vocês para que fiquem bom. É isso, desculpas mais um vez e a gente se encontra em breve.
Por Briel17hot em 2017-01-12 21:21:22
Realmente um ótimo conto... Sou bi e queria ter essa coragem de chegar para alguém e contar minhas opções... Mas enfim, ótimo conto... Queria eu estar apaixonado assim por alguém como você ou como Caio... Dois fofos que eu espero que dêem muito certo... E que sejam muito felizes se a história tomar os rumos que eu espero que tome... Parabéns e quero dizer que se sua história é realmente verídica, ela é linda... Queria eu também ter um irmão bom e amigo como o seu... Gostei bastante de seu conto e espero ancioso pelo próximo capítulo.
Por ferchan em 2017-01-12 16:05:15
Gente, que tudo! Estou sem fôlego 💜
Por Felipe Storm em 2017-01-11 13:16:05
minha nossa... eu... minha nossa kkkkkkk eu sorri a cada parágrafo desse conto. MDS. olha eu queria dizer que eu sou veterano aqui no Site. Já estou por aqui a quase 4 anos e nunca... eu disse NUNCA que eu li uma história tão verídica e perfeita assim em toda a minha história no Romance Gay. Você está completamente de parabéns. tão poucos capítulos e tanta emoção de nostalgia, humor, aquela sensação de quando cê se identifica com a história, o personagem, o grupo de amigos KKKKK sério. você está completamente de parabéns e vou ler cada capítulo até o final dessa história fantástica. se continuar perfeito desse jeito eu tenho uma proposta pra te fazer assim que terminar... se depender de mim na metade das história eu já vou tá doido pra te chamar KKKKK enfim. aguardo atenciosamente por próximo capítulo. muito obrigado pela nostalgia. Até Breve
Por Elizalva.c.s em 2017-01-10 18:40:57
Amei essa série,muito fofa estou ansiosa por novos capítulos.parabéns....😍😍😍😘😘😘
Por ♥ estrelinha ♡ em 2017-01-09 03:26:45
Eu amei esta série e não perderei nenhum capítulo, realmente é muito boa , já "viciei" rsrs♥
Por Jeffs em 2017-01-09 02:26:13
Qero mais. Qt mais eu leio mais tenho vontade de continuar.
Por Jeffs em 2017-01-09 02:20:58
Qero mais. Qt mais leio mais ansioso fico pro prox cap dessa história.
Por Diva em 2017-01-08 23:55:47
Que capitulo fofo kkk... adorei
Por Tyler Langdon em 2017-01-08 19:56:28
Eu ri, dei gargalhadas. Fiquei "ooooown", me encantei. Não imagina o quão bom é esse conto, sério. De longe daria um ótimo filme de comédia romantica. E esse irmão e familia muito linda? E eu shippo horrores o João com o Caio. Ansioso para ler mais 😍😍
Por Javo Cast 3 em 2017-01-08 19:52:09
Nossa... Estou gostando muito da história e do modo como você escreve, prende a minha atenção, espero que o próximo capítulo não demore para sair, estou muito ancioso a espera do próximo capítulo.