O namorado da minha amiga 34

Parte da série O namorado da minha amiga 01

Um rapaz veio falar com Marcello que infelizmente poderia demorar mais que o previsto e perguntou se não nos importávamos em ter uma mesa no terraço. “Até preferimos” respondeu Marcello que ao pedir a conta soube por esse mesmo rapaz que era cortesia da casa pelo transtorno.

Achei simpático da parte dele e disse a Marcello “Simpático esse rapaz” Marcello respondeu “Simpático sou eu” e me deu um rosnado hihihi.

Agora ele começou a sentir ciúme as vezes. Pode?

O terraço é lindo, não é muito grande e pensei ser muito mais apropriado. Havia pouca gente, poucas mesas e a nossa tinha um vista linda. A comida é excelente “Nonno Ruggero, Ruggero era o nome no meu avô materno, Claudinho, meu nome era pra ser também, mas meu pai quis o nome do pai dele.” Marcello me explicou enquanto lia o nome da trajetória que fica no terraço.

Contou sobre era difícil para os avós dele no começo, quando chegaram e de como foi complicado para o seu pai fazer faculdade. Foi divertido ouvir sobre a infância dele e de quando ele roubava goiaba quando era criança. Marcello foi muito danadinho quando moleque.

Falamos sobre nossas vidas e fizemos mais planos decidimos voltar a São Paulo em novembro para registrarmos nossa união caso não possamos fazê-la em Brasília.

Após o jantar voltamos ao quarto nos trocamos e pedimos um táxi para nos levar ao bairro de Santana na zona Norte. Cruzamos aquela São Paulo superlativa tão diferente da minha Brasília provinciana, aberta, árida, amada.

Ao chegarmos fomos à área vip, achei um luxo desnecessário, pois estar ali já era imenso. O Arena Skol Parecia gigantesco e eu pequenino.

Björk (Simplesmente amo! A voz é diferenciada demais, a melodia é diferente do ritmo da voz, mas no final fica fantástico. Quando li que gostam dela, gostei ainda mais deles! - Jhoen)

Estar diante de Björk e ouvir da sua boca as coisas que ela diz foi uma experiência religiosa. Algumas pessoas da audiência pareceram não gostar do show, mas como diz Marcello “O delicado nem a todo paladar agrada”.

Quando ela cantou Hyper-Ballad, eu simplesmente levitei, chorei como uma criança enquanto Marcello, que chorava também me abraçava por trás. Não resistimos e nos beijamos ao som da música.

Em razão disso ouvimos de tudo desde o “uau” da galera, passando pelo “viadinhos, viadinhos” até o cumprimento de uma quase famosa global que disse a Marcello “vocês são lindos!”. “Está vendo?” Perguntou Marcello a mim num sorriso e seguiu dizendo “Você e eu! Somos assim, amados e odiados, mas nem todos os quebrantos, toda alquimia vão um dia nos separar” E voltamos a nos beijar ao som de vaias e aplausos.

Marcello nem se importou e mais zoaram conosco que realmente reprovaram nossa conduta. Cantamos todas as suas músicas junto com ela, coisa de fã latino eu sei, mas eu amo essa mulher por ela traduzir em palavras o que corre por baixo da minha pele.

Dali saímos após pouco mais de uma hora onde tivemos contato com o sobrenatural. Demos uma Volta pela cidade, enlevados pelo encantamento daquela noite. Voltamos ao hotel, tomamos uma ducha, fizemos amor e dormimos profundamente.

Björk Live Hiperballad http://www.youtube.com/watch?v=Beu3ZLr-UEA

(Outras que curto: It's Oh So Quiet, Army of Me, Human Behaviour, Violently happy, Oceania, Isobel, Jóga, All is full of love, Pleasure is all mine, Submarine, Oll_birtan, Where is the line, Who is it e Triumph of a heart e Mutual Core - Jhoen)

Na manha seguinte pedimos o café no quarto e deixamos o hotel, No aeroporto encontramos João e Rita, amigos nossos daqui de Brasília que foram ao show também, na volta, muita gente que estava no show à bordo.

Todos felizes, mas quando teremos eventos assim em Brasília? Perguntei a mim mesmo. Por mais que se pense que Brasília é a corte, não temos a efervescência do Rio, Sampa, Curitiba, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife ou Salvador. Às vezes nos sentimos na ilha de lost aqui.

Dormimos de mão dadas todo o percurso de volta. Passamos o resto da manhã de segunda juntos na casa dele e trabalhamos à tarde. Consegui evitar o tema da briga até hoje, mas logo mais à noite Marcello quer falar sobre o assunto.

Ai Deus, sei que não devo temer, mas ele está muito contrariado e quer saber quem me bateu, tenho medo. Em casa meu cunhado chegou e disse que logo, logo consegue um apartamento funcional, tomara. Encontrei parte de sua bagagem em meu quarto e já imagino que será difícil.

Meus pais estão estremecidos e há alguém telefonando lá em casa e quando qualquer pessoa que não seja meu pai atende, desliga. O número é de um telefone público e minha mãe está muito aborrecida como se soubesse de algo. Torçam por mim meus amigos, precisarei ter muita paciência. Amo vocês e posso sentir todo afeto que nutrem por mim.

“Cláudio Santiago, o que é isso que eu estou ouvindo? Repete pra eu entender porque eu acho que, ou estou ficando louco, ou não estou escutando direito” Trovejou Marcello, vermelho como uma pimenta e manifestando toda passionalidade do sangue italiano que corre em suas veias.

“Marcello, desculpe não haver lhe contado antes, ocorre que eu não queria incomodar você e pensei que ele respeitaria o fato de estarmos juntos, na verdade senti vergonha por haver me envolvido com uma pessoa como ele tive receio em lhe contar, mas eu não sabia que ele era casado, tampouco que tinha filho.” Marcello deu um murro no tronco da árvore e berrou novamente

“Quem diabos é esse cara? Como é que ele encosta a mão assim em você? Isso não vai ficar desse jeito? E você, como é que você briga assim? Esse cara podia ter lhe machucado mais, olha o que ele fez, até hoje tem uma marquinha no seu rostinho. Eu estou com muita raiva, muita, muita mesmo. O ponto aqui não é só o fato dele ter lhe beijado, isso eu até entendo, não concordo, mas compreendo, eu mesmo quando a gente não namorava ainda me segurei para não lhe arrastar para um canto e lhe beijar, eu sou homem e entendo que às vezes o desejo em nós não é fácil de controlar, mas o fato dele haver lhe ferido eu não engulo” Disse Marcello, visivelmente irritado, quase que fora de si.

“Desculpe, sei que errei e peço que me perdoe por isso” disse eu a Marcello muito envergonhado do que eu ocultara e de toda situação em si.

“Claudinho, não havia como você saber que ele era casado, isso não foi culpa sua, ocorrem coisas como esta, aos montes, a todo tempo; caras que não se resolvem e levam vida dupla, eu entendo que você foi envolvido, você é inocente para lidar com esse tipo de gente mesmo” Ouvi de Marcello ao que respondi:

“A culpa é inteiramente minha sim, deveria ao menos ter lhe dito; pensei que poderia contornar a situação, mal ponderei, seria melhor não haver escondido o que fosse e enfrentar essa situação. Deveria ter pesado antes as consequências, errei feio, bem sei”. Marcello havia me buscado na faculdade e fomos para o Pontão onde vez por outra passamos certo tempo juntos.

Mas desta volta, o senti muito chateado, antes só havíamos estado ali em ocasiões felizes. “Estou triste, muito, muito triste, Coelhinho e com muita raiva daquele sujeito também. Poxa eu sou seu namorado, como é que você acha que eu estou me sentindo? Que droga! Eu quero encontrar esse cara e fazer um colar para mim com os dentes dele” Disse-me Marcello me fazendo sentir uma dor que jamais imaginei sentir, eu o havia magoado, não sei bem como, mas ele estava triste comigo, embora não dissesse, Marcello é um cavalheiro e jamais me diria que está chateado comigo para me preservar, mas e eu entendia a razão dele estar aborrecido.

“Porque não me contou tudo desde o princípio? Faço ou não parte da sua vida, eu sou ou não a sua metade de você? Quando é que você vai entender que agora somos um? Quando é que você vai perceber que isso que eu uso no meu dedo (disse ele apontando para sua aliança) é a coisa mais importante que eu já vivi? Você tem noção que esse inseto poderia ter lhe ferido pra valer? Ele é louco? Ninguém toca em você e fica sem receber o troco. Eu vou descobrir quem é esse animal e vou fazer ele se arrepender de um dia haver tocado no seu rosto”

Ao ouvir isso temi haver provido um problema a Marcello. Ele olhava dentro dos meus olhos enquanto me falava e pude ver uma profusão de sentimentos, tristeza, ira, amor, zelo, – ele estava segurando o choro, conheço Marcello, seus olhos estavam rasos d`água.

“Sabe, Marcello, sei que o que fiz foi errado, mas em tempo algum o que fiz foi com a intenção de fazê-lo sofrer, antes, o queria preservá-lo, você é muito valioso para mim e esse episódio infeliz que foi minha breve ligação com esse rapaz eu queria que você jamais soubesse. Perdoe-me” eu disse a ele com a voz já embargada.

“Não estou com raiva de você, meu príncipe. Razão da minha vida, jamais poderia sentir raiva do ser que mais amo no mundo, Claudinho, mas é como se alguém houvesse tocado em algo que é muito precioso para mim, estou sentindo ciúme, raiva, aborrecimento, há um monte de coisas dentro de mim agora, mas não é com você. Acho que eu também fui culpado em haver deixado você só por aqui. Eu deveria estar por perto” Disse Marcello me olhando fixamente.

“Não foi culpa sua Marcello, o que ocorreu sucedeu por inabilidade minha, deveria ter contado a você e não acho que não havia deixado suficientemente claro para ele que não mais o queria por perto.” Eu disse a ele que se virou, deu um sorriso meio triste e me perguntou “Ao menos você acertou ele de jeito?”

“Entre as pernas, nos rins, estômago e no queixo” Respondi a ele. “Ui, foi mesmo? Melhor assim” Soltou Marcello num suspiro e seguiu dizendo: “Menino, olha o que você faz comigo. Tem noção que se te acontecesse alguma coisa eu ia entrar em pane? Meu amor prometa-me que não mais vai me ocultar nada seja o que for podemos enfrentar juntos. Jure que eu vou saber sempre de tudo que ocorre contigo” Jurei e dele ouvi.

“Eu acredito em você e entendo as razões que o levaram a agir assim, mas o que ocorreu vai ter volta, ele jamais deveria ter chegado perto de você novamente” Notei uma frieza determinada e estranha que dele ainda não conhecia, não quanto a mim, mas quando ele disse que “iria ter volta”.

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