Por trás dos olhares - Capítulo 01 - O herói sem capa

Conto de J.D. Ross como (Seguir)

Parte da série Por trás dos olhares

Saindo apressado de casa, já que, estava muito atrasado. Tivera combinado com Diego, chegar ao terreno do futuro campinho de futebol, próximo das dez horas. Já passava das 10:45 e ainda estava a caminho. Estranhou muito ao chegar e não encontrar ninguém, principalmente sua secreta paixão, que também não havia aparecido, sentou-se no chão, numa especie de barranco. Perdido em seus pensamentos, tentava justificar e entender aquela ausência em massa. Não era comum marcarem algo e não comparecerem, eram todos muito unidos, exclusivamente quando se tratava do campinho, era unanime o gosto pelo futebol, mesmo entre as meninas.

Viajando nos seus pensamentos, pode ouvir bem lá no fundo sons que pareciam ser vozes, eram tão fracas que ele não deu muita importância no inicio. Então elas ficaram mais fortes, tão claras se tornaram que ele saiu do “transe” em que se encontrava, meio a um salto, girou o corpo olhando em volta a procura da origem daquelas vozes. Pareciam vir de dentro da pequena floresta ao lado do campinho.

Se aproximou para checar, poderia ser alguém machucado ou mordido por uma cobra, isso era bem comum por ali. Quanto mais próximo chegava, mais nítida se tornava a voz, percebeu que a voz era de Diego, parecia pedir ajuda, sentindo seu coração acelerar, apressou o passo, quase correndo em direção da floresta. Com um pedaço de pau na mão foi abrindo passagem, havia uma trilha, contudo bem fechada, ele continuou e por entre as arvores pode ver, era Evandro um garoto de 16 anos, uns 10 cm mais alto que ele, cabelos cacheados e ruivos cobrindo as orelhas, branco com o rosto cheio de sardas, o que lhe rendeu o apelido de Ferrugem, corpo forte, fazia o tipo lenhador até no modo de vestir-se. Ele estava com o pau de fora, agarrando a cabeça de Diego.

- Chupa meu pau seu viadinho, eu sei que quer! Diego com a boca e olhos fechados tentava resistir - Ferrugem esfregava seu pinto na cara do garoto.

- Para por favor, socorro! - Gritava desesperado Diego - As lágrimas de joelho a frente daquele garoto perverso.

Raphael ardendo em cólera, avançou pra cima de Evandro, dando lhe pauladas, e chutes. Seu rosto estava vermelho como um pimentão, Ferrugem percebendo que levaria a pior saiu correndo mata a dentro.

- Isso não vai ficar assim, se preparem, por que em breve vocês terão o que merecem, suas bichas nojentas! - Aos berros sem olhar pra trás enquanto corria pela trilha fechada.

Ainda sentindo os efeitos da adrenalina, correu para Diego, que ainda encontrava-se de joelhos chorando no mesmo lugar, imóvel.

- Você está bem? Ele te machucou? - Ajoelhando-se para abraçá-lo - Só tremia e mal falava.

- Muito[...] obrigado[...] Rapha, eu não sabia[...] mais o que fazer! - Sussurrava aos soluços.

Ainda abraçado a ele saíram da pequena floresta em direção a casa de Diego. Que não parava de chorar, estava em choque. Rapha não sabia o que fazer, sentia-se tão ferido com aquilo, a raiva era tanta que ele passou a tremer também, a poucos metros antes de chegar em casa Diego começou a tossir sem parar, ele era asmático e por algum motivo começou a ter uma ataque de asma, Raphael não sabia o que fazer, tentava conversar e acalmá-lo, mas não estava funcionando, seus olhos estavam arregalados e a boca começou a ficar levemente roxa. Em desespero o pegou no colo e saiu gritando em direção da casa.

- Socorro, alguém me ajude por favor! - Diego olhe pra mim, tente respirar, meu amor não ouse fazer isso comigo - Correndo e chacoalhando ele - Que a esta altura parecia estar desmaiado

O portão parecia nunca mais se aproximar.

- Dona Sueli, Dona Sueli! - Gritava ele do portão, já quase sem voz.

- Meu amor, respire por favor, não desista - Já com o rosto encharcado por suas lágrimas.

Eis que a porta se abre e uma mulher jovem, muito bonita, de olhos exageradamente azuis aparece na porta, era dona Sueli mãe de Diego.

- O que houve querido! - Dizia ela correndo para o portão com os olhos arregalados.

- O Diego esta tendo algum tipo de ataque, acho que ele não está respirando, - ele precisa de um médico.

- Me dê ele aqui, eu sou médica - ela o pegou no colo e correu para dendro, menos nervosa do que era de se esperar.

Ele a seguiu pedindo desculpas, chorando e dizendo:

- Me desculpe por demorar em trazer, mais ele é pesado - Ajuda ele por favor! - Se ajoelhando a beira da cama onde ela o colocara.

- Querido respire e se acalme, já passamos por isso antes! - Arrumando o filho numa daquelas máscaras de oxigênio - Ele vai ficar bem, isso é mais comum do que você imagina - A teimosia é genética, sempre sai de casa sem a bombinha, agora com oxigênio ele irá melhorar. Não é tão grave como parece.

Alguns minutos depois Diego abre seus grandes olhos azuis, para felicidade e alívio de Raphael, que não arredou o pé do lado da cama. Sem pensar muito avança sobre o garoto dando-lhe um grande abraço.

- Promete que não fará mais isso comigo? Você quase me matou de susto.

- Me desculpe Rapha - Retribuindo o abraço.

- Você ainda não prometeu! - Afrouxando o abraço para encará-lo.

- Tá certo, eu prometo - Sorrindo e voltando ao abraço.

- Ótimo, precisa levar a bombinha com você! - Com uma cara muito brava - Hoje seu amigo estava com você e o trouxe - Precisa ser mais responsável filho, e se você estivesse sozinho? - E se eu estivesse no hospital trabalhando? - Dizia ela com movimentos de mão e braço muito característicos daquelas personagens de tias italianas adoráveis que se vê em filmes e novelas. -deixarei vocês conversarem e vou fazer um lanche. - Indo em direção a cozinha.

Eles não falaram nada, ficaram ali abraçados até que Raphael soltou, sentou-se na beirada da cama, ainda lhe segurando uma das mãos. Não cansava de olhar para o rosto de seu amor, que agora tinha a pele rosada como de costume. Foi quando de supetão.

- Você contou alguma coisa para minha mãe? - Com um olhar de desespero apertando a mão de Raphael.

- Disse apenas que você teve um ataque na rua e eu lhe trouxe - Passando a mão no cabelo dele - Se você não quiser contar a ninguém sobre aquilo, será um segredo apenas nosso.

- Eu prefiro que isso fique em segredo - Segurando a mão dele com as duas mãos - Você me trouxe pra casa no colo?

Sim, foi o único jeito, você parecia estar desmaiado!

- Você me salvou duas vezes hoje! - puxando-o para um outro longo abraço.

- Não foi nada, quando precisar eu sempre estarei por perto - Sussurrou ao ouvido dele.

- Eu sei, meu Amor! - Respondeu num sussurro quase inaudível - Frouxando o abraço para poder olhar nos lindos olhos verdes dele - Sorrindo e acariciando-lhe o rosto.

“Meu Deus ele me ouviu chamá-lo de amor e me chamou de meu amor também, ele sente a mesma coisa por mim[...] ”

Seu estomago dava voltas, milhões de borboletas estavam desgovernadas voando de um lado para o outro lá dentro e seu coração estava a mil. Seu corpo arrepiava-se com cada palavra que saia da boca de Diego. Ficaram conversando por horas. Só foram interrompidos por Dona Sueli que veio trazer-lhes dois copos de achocolatado, biscoitos de manteiga e alguns sanduíches de presunto com queijo. Que Raphael recusou educadamente dizendo que era alérgico a qualquer coisa que levasse carne de porco. Porém, ela foi à cozinha e voltou com dois sanduíches somente de queijo que dessa vez não pode negar, agradeceu e os dois comeram conversando sem tirar os olhos um do outro. Rapha nunca teve uma refeição tão saborosa e agradável na vida. Já passava das 17:00 quando lembrou-se que tinha que ir para casa, aos sábados ele e a mãe iam para casa de sua avó para um jantar em família. Com muitas tias e apertões nas bochechas.

Desejando ficar, ele despediu-se de Diego com um abraço e um beijo no rosto.

- Se vemos amanhã? Sorrindo.

- Sim claro, passo aqui te pegar, pode ser?

- Que horas você vem?

- Amanhã só posso sair depois do almoço, passo aqui as 13:30, tudo bem pra você? - Disse isso com um certo nó na garganta. Não queria ficar nem mais um minuto longe dele.

- Ok, vou estar te esperando!

- Ótimo, tchau [...] Meu amor - disse ele sorrindo e desenhando as palavras somente movimentando a boca sem emitir nenhum som..

- Tchau [...] Meu amor - Respondeu sorrindo e sem emitir som também.

Antes de sair e fechar a porta, ele beija a mão e sopra na direção de Diego. Que sorri e finge pegar o beijo e coloca a mão contra os lábios sugerindo que estava recebendo o beijo. Invadido por um motivação muito forte, seu corpo estava quente suas mãos suavam e a respiração se tornara ofegante, Raphael antes de sair fecha a porta e vai em direção a Diego, que sorri e senta-se na cama. Coração acelerado. Raphael se aproxima e com as duas mãos, segura o rosto dele perto das orelhas, beijando-o apaixonadamente, Diego simultaneamente agarra com as duas mãos a gola do casaco, e o puxa para si. Narizes se roussando, Lábios sendo mordiscados e respirações ofegantes, eram apenas alguns dos resultados daquele beijo. Depois do beijo mais delicioso e esperado que já experimentara Rapha olhau nos olhos de seu amor.

- Sei que parece bobagem, mas eu gosto muito de você! - Encarando Diego.

- Eu também, só não sabia como te dizer! - Sorrindo e puxando ele novamente para um segundo beijo.

Nesse momento eles conseguem ouvir ao fundo uma música que parecia vir do quarto ao lado onde dormia a irmã de Diego. Débora a irmã mais velha dele, com 16 anos, cabelos longos e lisos, corpo bem desenhado, era uma belíssima mulher. Muito desejada entre os garotos do grupo. O que acabava sendo o motivo de Diego ser chamado de cunhadinho, por quase todos os garotos.

“From the very first time

I rest my eyes on you girl

My heart says follow through”

Ao ouvir este verso da canção, eles se olharam e riram muito.

Despediram-se novamente e dessa vez ele realmente foi saindo. Ao passar pela sala se despediu de Dona Sueli.

- Tchau, obrigado pelo lanche, estava ótimo! - Sorrindo e se dirigindo para a porta.

- Por nada querido, já vai? é cedo ainda - Levantando-se do sofá para acompanhá-lo até a porta.

- Preciso ir pra casa, vamos jantar na minha avó hoje! - feição um pouco entristecida.

- Entendo, coisas de família - dando tapinhas em suas costas - com toda a correria acabei não lhe perguntando, más qual é seu nome querido?

- Ah me desculpe, eu me chamo Raphael! - Esticando a mão para um aperto de mãos.

- Muito prazer, posso te chamar de Rapha? - Sorrindo e apertando a mão do garoto.

- Claro, pode sim.

- Obrigada por ajudar meu filho, apareça mais vezes, até breve - Disse ela com olhos marejados.

- Não foi nada, tchau! - Acenando e dirigindo-se ao portão. Repetiu o aceno ao fechá-lo e sumir por trás do muro.

A felicidade era tanta que explicar o que sentia era impossível. Estava tão leve que poderia sair voando, afinal, o seu amor secreto também gostava dele. Haviam até se beijado e foram três vezes, dois beijos foram longos, demorados e deliciosos, o ultimo apenas um “selinho” de despedida. O caminho para casa parecia estar lindo, nem o esgoto correndo a céu aberto lhe incomodava dessa vez. Nada podia lhe tirar aquela alegria. Junto as lembranças aquela canção não lhe saia da cabeça, tanto que vinha murmurando pelo caminho.

“I don't wanna wait in vain for your love

I don't wanna wait in vain for your love

I don't wanna wait in vain for your love”

Más, quando virou a esquina deu de cara com Felipe, menino franzino, cabeça raspada, primo de Vinicius seu melhor amigo.

- Eae Rapha, fui na sua casa te procurar. - Disse ele estendendo a mão.

- Eae, foi me procurar por que? Apertando a mão do garoto.

- Você não soube? - cor ar de espanto.

- Soube do que? - Meio sem interesse naquela conversa. Felipe era o tipo de pessoa que não se podia confiar, linguarudo graduado “em falar mais que a boca”.

- O Vinny foi atropelado lá perto do mercado! Usando uma voz esganiçada, bem mais aguda que de costume.

- Como assim, quando isso aconteceu, ele tá bem? Fala logo Felipe - Desespero crescente e aparente em suas feições.

- Ele tava indo pra casa da Mari de bike e um opala bateu nele, quase em frente ao mercado. Ele está no hospital.

- Ele está bem? Que merda desembucha! Com um nó na garganta e sentindo vontade de esmurrar aquele magrelo linguarudo, que aparentemente só frouxava a língua quando não era preciso.

- Calma Rapha ele esta bem, foi só um susto, minha tia disse que ele volta pra casa hoje ainda. Parece que ele só quebrou o braço. - Com um certo desdem na voz.

- Ok, faz o seguinte eu vou pra casa tomar um banho, assim que ele chegar você passa lá em casa me avisar, quero vê-lo! Beleza? Seguindo o caminho de casa.

- Pode deixar brow, quebro essa pra você! - Movimentando as mãos e com os dedos em formato de “V” apontando para baixo, querendo parecer com os rappers da TV.

“Então foi isso, este foi o motivo que ninguém apareceu lá no campinho, todos devem ter ido na casa dele, meu melhor amigo e eu não estava lá, que merda.”

Cheio de preocupação e sentimentos confusos, chegou em casa. Apressou-se para tomar banho, depois de sair do chuveiro foi a cozinha pegou duas bananas para comer. Explicou tudo que acontecera para sua mãe, dizendo que ficaria em casa, tinha que ir ver Vinnicius, precisava saber como ele estava. Ela concordou e saiu desejando melhoras ao Vinny. Sentindo-se culpado e preocupado, deitado em sua cama não conseguia esquecer Diego, tudo aquilo que acontecera com seu amigo era horrível, porém ele não podia negar que estava feliz pelos momentos que passou com Diego. Relembrava aquelas cenas, os beijos e aquela música não lhe saia da cabeça. Tudo era tão bom, os sentimentos, a canção, os beijos, ter seu amorzinho nos braços e saber que seu amor era correspondido, lhe aquecia o coração.

Espero que gostem.

Deixem comentários, com sugestões, criticas construtivas ou apenas dando uma força.

Forte Abraço

Até Breve

J.D. Ross

Comentários

Há 1 comentários.

Por Elizalva.c.s em 2017-01-21 23:57:33
Maravilhoso,não tem nada melhor que as sensações de sentir o primeiro amor muito lindo,parabéns❤❤❤❤😘😘😘😘