Em busca da felicidade - Cap. 16

Conto de Itak como (Seguir)

Parte da série Em busca da felicidade

Edward - obrigado por comentar. Como prometido, aqui está o capítulo com grande participação de Aline. Hahahhaha

Beijos.

Disturbia - É muito fácil se apaixonar por alguém como Tony, não é mesmo??? Hahhaha. A treta ainda nem começou... Quero ver se você vai acertar o que vai acontecer no decorrer da história. Beijos.

Niss - meu caro Niss, você, como sempre arrasando nos comentários. Infelizmente existe um Carlos na vida de muitos, não é? Com André não seria diferente!!!

Continue acompanhando. Beijão!!!

Pessoal! Desculpem-me mas hoje estou sem tempo para revisar o capítulo antes de postar. Agradeço a compreensão de todos!!!

Espero que gostem do capítulo de hoje... Esse foi um capítulo que eu, particularmente, adorei escrever. Escrevi imaginando as cenas ao vivo, com caras e bocas, rss rss....

Um beijo a todos vocês...

---------------////---------/-/-/-

- Estou ocupado esse fim de semana, Carlos.

- Pode ser na segunda-feira...

- Humm....

- André... Por favor!!! Se eu tivesse algum amigo com quem desabafar, não pediria a você. Acontece que todos os meus amigos são heterossexuais... E todos eles se afastaram de mim.

- Tudo bem, Carlos. Segunda-feira a gente se encontra pra conversar... Mas eu não poderei demorar muito.

- Poxa... Muito obrigado, muito obrigado mesmo. Sabia que poderia contar contigo. Muito obrigado!!!

- Então ficamos assim... Segunda-feira depois do trabalho a gente se encontra. Mandarei uma mensagem avisando o local, ok?

- Ok!!! Mais uma vez, muito menos obrigado.

- Boa noite...

- Boa noite, André...

Eu sabia que não deveria me encontrar com Carlos... Mas ele parecia tão sincero nas mensagens... Talvez ele realmente estava passando por um momento difícil e precisava de alguém para conversar.

Eu não consegui dizer não,pois eu me coloquei no lugar dele; eu sempre tive o coração mole pra essas coisas.

Minha única preocupação era decidir se iria ou não contar a Tony sobre essas mensagens; fiquei pensando no ataque de ciúmes de Tony e decidi não contar nada, afinal de contas, essa seria a única vez que me encontraria com Carlos.

Voltei a fechar os olhos e clamei pelo sono...

Acordei com um beijo de Tony me chamando para tomar café. Sentamos os três e começamos a conversar sobre o que faríamos naquela sexta-feira, Pedro e Tony pareciam estar muito felizes, a relação deles era realmente invejável.

Depois de nos arrumarmos, partimos rumo ao cemitério no carro de Pedro. Tivemos sorte porque o trânsito estava tranquilo e, num piscar de olhos, já estávamos lá.

Tony me disse que se eu quisesse, poderia esperar no carro, mas eu fiz questão de acompanhá-los.

Caminhamos uns dez minutos naquele cemitério enorme até chegarmos no túmulo dos pais de Tony e Pedro.

Pedro e Tony colocaram as flores e acenderam algumas velas enquanto eu apenas os observava. Os dois ficaram de joelhos, um do lado do outro, abraçados; fecharam os olhos e um silêncio pairou no ar.

Depois de uns dez minutos, se olharam e Tony fez um sinal com a cabeça. Foi então que Pedro começou a falar:

- Mãe... Pai... Estamos aqui mais uma vez... Hoje faz 17 anos que vocês nos deixaram...

Mas tanto para mim quanto para meu irmão, a lembrança de vocês permanece viva em nossos corações. Um ano se passou desde a última vez que estivemos aqui e, cumprindo a promessa que fizemos um ao outro desde que vocês partiram, estamos aqui para que vocês sintam que ainda estamos unidos, para que vocês sintam o amor que temos por vocês. - Pedro e Tony estavam chorando. - vocês foram os melhores pais que poderíamos ter. Obrigado por seu amor incondicional por nós dois, obrigado por tudo que vocês nos proporcionaram em vida e mesmo após a morte. - Nesse momento eu fiquei tão tocado que não pensei duas vezes, apenas me posicionei ao lado de Tony, de joelhos, fechei meus olhos e o abracei enquanto Pedro continuava. - Nós não seríamos o que somos hoje se não fosse por vocês, não teríamos o que temos hoje se não fosse por vocês; vocês nos ensinaram a amar, respeitar, dar sem esperar nada em troca... Vocês nos ensinaram o que é viver. Continuem descansando em paz e tenham certeza de que todas as nossas conquistas, dedicamos a vocês dois. Sei que todos anos falamos as mesmas coisas, mas não há como não falar uma vez que isso tudo é a pura verdade. Mãe... Pai... Obrigado!!

Ainda permanecemos por uns 20 minutos naquela posição. Acredito que cada um estava fazendo sua oração em silêncio e eu achei aquilo tudo muito bonito. Era lindo ver que mesmo após 17 anos, eles conversavam com seus pais como se estivessem vivos, ao lado deles, acredito que eles conseguiam sentir que eles estavam ali. Confesso que não consegui me controlar e também chorei junto com os dois. Nunca tinha passado por uma experiência assim, mas eu estava contente de poder estar ao lado de Tony naquele momento que era tão importante para os dois.

Os dois se levantaram e se abraçaram, Tony me chamou para me juntar aquele abraço coletivo e foi naquele momento que eu senti fazer parte daquela família. Agradeci a Deus em silêncio por me proporcionar aquele momento mágico.

Depois que Pedro e Tony se acalmaram, nos despedimos de seus pais e deixamos aquele local com o sentimento de dever cumprido.

Voltamos para casa e, enquanto Tony foi ao supermercado parar comprar algumas coisas, Pedro me chamou:

- André... Precisamos conversar.

- Estou aqui, Pedro.

- Lembra que eu falei que teria uma conversa contigo antes de ir embora?

- Claro que me lembro... Mas você não vai voltar pra Curitiba hoje, né?

- Não... Mas é melhor eu aproveitar essa oportunidade.

- Estou aqui. - sentei-me de frente para Pedro.

- Olha, André... Eu gostei muito de te conhecer, muito mesmo...

- Eu também, Pedro, de verdade.

- Eu percebi o quanto você gosta do meu irmão...

- Sério?

- Está estampado na sua cara, André... Eu estou muito feliz por saber que você vai cuidar de Tony.

- Sim, eu irei... Tenha certeza disso.

- Eu tenho... Só que as vezes, gostar não é o suficiente para cuidar de uma pessoa.

- Como assim?- perguntei.

- Há muitas pessoas que mesmo gostando ou amando seu companheiro, o machucam de várias formas; e é isso que me preocupa.

- Cara... No que depender de mim, seu irmão será o homen mais feliz do mundo.

- Eu espero que sim... Eu não quero parecer ameaçador, mas se você fizer meu irmão sofrer, você está ferrado.

- Seu irmão não irá sofrer. Confie em mim!!!

- André... Você ainda não conhece meu irmão direito... Quando se trata de sentimentos, ele não tem controle sobre si. Uma decepção é o suficiente para acabar com sua alto-estima; eu me preocupo com ele e não o quero ver na mesma situação que ele ficou em seu último relacionamento.

- Uma decepção?

- Quero dizer que ele se entrega quando começa a namorar... E se esse namoro tiver um fim e não for culpa dele, ele perde as forças. Entendeu?

- Legal sua preocupação com o Tony.

- Ele é meu único irmão e é a pessoa que eu mais admiro no mundo. - Pedro permaneceu em silêncio. - Então eu posso contar com você?

- Pode, Pedro. Vou dizer mais uma vez que você não precisa se preocupar. Eu estou tão feliz quanto Tony, jamais faria qualquer coisa para terminar essa relação.

Pedro me deu um abraço e disse que eu seria bem vindo na família. Em seguida Tony chegou do supermercado com várias sacolas e foi direto para a cozinha. Eu achava que nós iríamos sair para algum lugar, mas parece que eles mudaram de idéia e resolveram cozinhar.

O resto do do dia foi muito divertido, assim como o dia seguinte. Como eu precisei trabalhar no sábado, não tive tanto tempo com os dois, mas pude conhecer um pouco mais da história dos dois irmãos depois da morte de seus pais; não havia como não admirá-los.

Infelizmente o domingo chegou. Já eram quase dez da noite quando Pedro começou a se arrumar para voltar à sua rotina enquanto Tony protestava para que ele não dirigisse a noite por ser perigoso.

Apesar de Tony protestar o quanto pôde, Pedro seguiu em frente. A despedida foi muito triste, eu nunca vi dois homens grandes chorarem tanto.

Depois que Pedro deu partida no carro, Tony me abraçou e entramos de novo.

- Três ótimos dias. - disse Tony.

- É muito bom te ver feliz, Tony.

- E eu acho que é muito bom ter você como namorado, André. Obrigado por compreender que eu precisava desse tempo com meu irmão.

- Só fiz o que era certo; jamais brigaria contigo por essa bobagem. Na verdade, eu nem sei brigar. - comecei a rir.

- Eu já te dei motivos para brigar...

- Deu?

- Meu ataque de ciúmes, lembra?

- Aquilo era um motivo, Tony?

- Claro que sim... Eu estava errado!!!

- Posso te perguntar algumas coisas?

- Claro que pode, meu amor.

- Como se chamava seu ex e quantos anos ele tem hoje?

- O nome dele é Maurício e hoje em dia ele tem 22. Por quê?

- Curiosidade. Você tem fotos dele?

- Não... Quando o relacionamento acabou, eu me livrei de tudo que pudesse me fazer lembrar dele. Eu fiquei muito mal naquela época.

- Vocês ainda se falam hoje em dia. - abracei Tony.

- Seis meses depois que terminamos, ele pediu pra voltar e eu não aceitei. Eu já tinha passado pelo inferno em vida por causa daquele relacionamento e não tive coragem de tentar novamente. E além do mais, eu já sabia que o sentimento não era o mesmo, por isso não aceitei a proposta dele.

- E vocês nunca mais se viram?

- Por incrível que pareça, a última vez que eu o vi foi no dia em que fui te buscar na boate. Quando eu comecei a te carregar, vi que ele estava observando da porta.

- E vocês não se falaram?

- Não faço questão de falar com ele... E também estava carregando um homenzinho...-Tony sorriu.

- Obrigado por compartilhar sua vida comigo.

- Bobagem, amor. Você terá curiosidade em saber várias coisas no decorrer do tempo; e eu estarei aqui pra te responder qualquer pergunta. Bem... Quase todas. - Tony sorriu novamente.

Já era tarde e resolvemos dormir, mas não sem antes namorar muito.

Não sei se foi por causa da visita de Pedro, mas nossa relação íntima foi muito diferente.

Ao contrário das outras vezes em que Tony agia de um jeito mais safado, nesse dia tudo foi diferente. Eu conheci um Tony muito romântico e carinhoso na cama. O sexo foi perfeito, não sei descrever a vocês o quão bom foi.

Tony fazia tudo com muita calma, beijava cada parte do meu corpo como se ele tivesse todo tempo do mundo. Eu não sei se vocês já sentiram isso, mas quando minha pele entrava em contato com a dele,

Meu corpo parecia tremer. Era como se eu estivesse tendo orgasmos do início ao fim.

Tony era perfeito demais para ser verdade; eu o olhava, observava, admirava e não conseguia encontrar um defeito sequer. Sim, pois o seu ataque de ciúmes não era algo que eu considerava um defeito, na verdade, foi fofo.

Adormeci ao lado de meu homem sem pensar no que me esperava no dia seguinte. Acordamos um pouco tarde e foi aquela correria para chegarmos ao trabalho a tempo, mas graças a Deus, tudo correu bem.

Durante meu almoço, combinei com Carlos de nos encontrarmos num shopping não muito distante de meu trabalho. Senti um aperto por fazer aquilo sem o consentimento de Tony, quer dizer, sem ele ao menos saber.

Enfim, prometi a mim mesmo que seria só essa vez, porque o motivo era sério demais para ser ignorado. Mas e se Carlos pedisse para nos encontrarmos novamente? Aí eu teria que conversar com Tony e explicar que eu apenas queria ajudar...

O resto do dia foi corrido até chegar a hora de me encontrar com Carlos. Saí do trabalho e Aline me ligou:

- Amigo... Você vai pra casa do seu namorado hoje?

- Oi, Aline. Não... Hoje não. Por quê?

- Vamos dar uma saidinha, então.

- Ai, Aline. Hoje eu estou muito cansado... Pode ser amanhã?

- Humm... Ok, então. Combinamos amanhã.

- Beijo!!!

Cheguei ao shopping e Carlos já me esperava na praça de alimentação.

- Oi, André. Que bom que você veio.

- Oi!!! Eu disse que viria, não disse?

- Sim... E estou feliz que você veio. Feliz em saber que posso contar com um amigo.

- Como estão as coisas, Carlos?

- Ah, cara. Tá muito difícil... Acho que as coisas lá em casa nunca voltarão a ser iguais. E é tudo minha culpa. - Carlos colocou a mão em seu rosto como alguém que estivesse prestes a chorar.

- Ei!!!! Calma, cara. Você tem que dar tempo para que sua família se acostume com isso. Olha o meu caso, por exemplo, minha mãe não conversa comigo desde que eu saí de casa.

- Você saiu de casa?

- Sim.

- Está morando com o seu namorado?

- Não, não!!! Estou morando com mais três rapazes.

- Cara... Você é corajoso.

- Eu precisava fazer alguma coisa... A situação em casa estava insuportável.

- Eu entendo, André... Estou passando por isso é não está sendo nada fácil. Desculpe-me... Eu precisava conversar com alguém sobre isso.

- Tudo bem... Eu me coloquei em seu lugar e não tive como negar esse pedido de ajuda. - Assim que terminei de dizer a palavra "ajuda", senti duas mãos em minhas costas.

- Oi, André. Você não estava cansado hoje?- Aline? O que você está fazendo aqui?- pergunto totalmente assustado, como se eu estivesse fazendo algo errado. E na verdade, eu estava.

- Te chamei para dar umas voltas, mas como você estava cansado e não quis, resolvi vir sozinha. Que coincidência te encontrar aqui.

- Pois.... Pois é, né. - comecei a gaguejar.

- Olá!!! Sou Aline, melhor amiga de André. - Aline se direcionou a Carlos de uma forma muito, mas muito sarcástica.

- Prazer, Aline... Eu sou Carlos.

- Carlos? O menino da boate?

- Vejo que André já falou de mim. - disse Carlos.

- Mas é claro que sim, Carlos. O André não me esconde nada, não é mesmo, André? - Aline falou olhando para mim com o sorriso mais sínico do mundo.

- Sim, Aline. - Respondi.

- Carlos... Você pode me fazer um favor?

- Claro... O que você quer?

- Pode ir ali e comprar um big mac? Estou morrendo de fome, sabe...

- Posso sim...

- Aqui está o dinheiro...

- Aline!!!- interrompi. - Na verdade estamos no meio de uma conversa séria...

- Sério??? Ai meninos, me desculpem!!! Não queria atrapalhar, mas vou ficar aqui assim mesmo. Quem sabe eu não possa ajudar, né?- Aline continuava com o sarcasmo enquanto Carlos se levantava para ir até o balcão comprar o big mac.

- O que você está fazendo, Aline?

- O que eu estou fazendo? A pergunta é o que VOCÊ está fazendo. - o olhar sínico de Aline se transformou em um olhar de reprovação.

- Aline... Ele precisava conversar. Ele está passando por problemas, precisava de um amigo.

- E desde quando vocês são amigos? Até porque pelo que eu saiba, vocês só se viram uma vez.

- Não importa quantas vezes a gente se viu. A questão é que ele está precisando de ajuda e eu não podia negar isso a ele. Eu faria a mesma coisa por qualquer um de meus amigos, inclusive você.

- Era só o que me faltava né? Você me comparar com essa bicha pão com ovo.

- Não estou comparando, Aline. Você me conhece... Você sabe que eu gosto de ajudar as pessoas.

- Então você escute muito bem o que eu vou te dizer agora, André... Larga de ser idiota e tentar bancar a madre Tereza; você tem um namorado e, agindo dessa forma, você vai acabar com seu relacionamento.

- Vamos mudar de conversa que o Carlos está voltando.

- Pode deixar!!!

- Aqui está seu lanche, Aline. - Carlos entregou o lanche para Aline e sorriu.

- Carlinhos... Você se importa se eu ficar aqui com vocês?

- Claro que não.

- Viu, André? O Carlos não se importa.

- O Carlos está sendo educado, Aline. - falei.

- Que bom!!! Adoro pessoas educadas.

Carlos... Eu estava contando aqui para o André.

- Contando o quê?

- Você não vai acreditar no filme que eu vi hoje. Era assim: dois homens se amavam e estavam felizes juntos, mas aí apareceu uma bicha e começou a fazer inferno na vida dos dois.

- Sério? - Carlos falou já entendendo a indireta.

- Seríssimo, menino. Essa bicha não se tocava, sabe? Ficava inventando desculpas e tudo mais pra poder estar perto do casal...

- Qual o nome filme? - Carlos entrou no jogo de Aline e eu só queria sumir dali.

- O nome do filme era... Ai meu Deus!!! Me esqueci. - Aline gargalhou alto, tão alto que todas as mesas que estavam ao nosso redor pararam para assistir aquela atuação de atriz impecável.

- Então se você se lembrar do nome, fala pro André... Ele pode me escrever depois. Estou louco pra assistir também.

- Pode deixar...se eu lembrar, eu conto.

- Acho que está na hora de irmos para casa, não acham? - interrompi a conversa.

- Claro que não, André. Estou adorando conversar com seu amigo Carlos.

- Acho que o Carlos não está se sentindo muito bem. - continuei.

- Então vamos chamar seu namorado, André. Ele pode examinar o Carlos.

- O Tony é professor, não médico. - respondi com a cara fechada.

- Ah, é verdade. Que cabeça a minha!!! - Aline continuava com seu teatro.

- Não se preocupe, André. - disse Carlos sorrindo. - Também estou adorando conversar com sua amiga.

- Viu, André? Ele está adorando... A propósito, por que você não chamou o Tony? - Aline insistia em me colocar numa posição desconfortável.

- O Tony estava ocupado, Aline.

- Que peninha!!! Mas tudo bem... O que importa é que estou aqui pronta pra ajudar em qualquer coisa. - disse Aline.

- Muito obrigado, Aline. - Carlos e eu dissemos juntos.

- Carlos... Você tem namorado? - perguntou Aline.

- Não!!! Estou solteiro!!!

- Quanto tempo?

- Um ano!!! Mas já estou pronto pra me relacionar novamente.

- Percebi...

- Percebeu? - perguntou Carlos.

- Sim... Afinal de contas, um ano é suficiente pra se preparar para experiências novas, não acha?

- Você está absolutamente certa... É tempo suficiente mesmo.

- Pois é... Já tem algum gatinho em vista?

- Não exatamente... Estou estudando algumas possibilidades e probabilidades.

- Se precisar de ajuda, é só falar comigo. Tenho vários amigos gays!!!- Aline mentiu.

- Pode deixar... Mas não gosto de coisa arranjada. Prefiro quando tudo acontece naturalmente. - Carlos respondeu olhando para mim.

- Eu também. Temos muito em comum, Carlos. É muito bom quando tudo acontece naturalmente, né? Você nunca sabe onde você vai encontrar sua alma gêmea... Às vezes pode ser até mesmo numa boate, não é mesmo?

- Chega, Aline!!! Alterei meu tom de voz. - eu não sei se você me escutou, mas o Carlos veio aqui porque precisava conversar. Você chegou aqui e começou a jogar indiretas e fez o clima ficar insuportável.

Levantei da mesa e intimei Carlos a me seguir. Deixamos Aline sentada na mesa enquanto caminhávamos para não sei onde. De repente, ouvi um grito e várias pessoas parando na frente da mesa de Aline.

Não sabia o que estava acontecendo mas resolvi voltar; Aline tinha vomitado e estava com cara de quem estava passando mal.

Imediatamente eu a segurei e pedi a Carlos que me ajudasse a parar um carro na rua.

Saindo do shopping, Carlos conseguiu parar um táxi, eu o agradeci e pedi desculpas pelo ocorrido dizendo que precisava levá-la ao hospital. Carlos foi compreensivo e apenas desejou melhoras a Aline.

Entrando no táxi, Aline pediu para levá-la até minha casa enquanto eu insistia em ir para o hospital. Paramos em casa e Aline pagou o taxista dizendo que podia ficar com o troco, pediu desculpas pelo cheiro desagradável e saiu do carro caminhando como se nada tivesse acontecido.

- Vamos logo, André. Preciso de um banho, não posso voltar pra casa assim. Ainda bem que não vomitei na minha saia!!!

- Aline?

- O quê?

- Você não está passando mal? - perguntei enquanto subia as escadas. Morávamos em um pequeno prédio de três andares.

- André... A próxima vez que eu precisar enfiar meu dedo na garganta para forçar o vômito, considere-se um homem morto.

- Eu não acredito que você fez isso. - falei indignado.

- Cala a boca e abre logo essa porta.

- Você é louca. - abri a porta.

- Boa noite, Edgar. - disse Aline.

- Que surpresa!!!

- Os outros rapazes estão aí?

- Não... Estou sozinho.

- Olha!!! Sei que vocês têm as regras de vocês e que eu não deveria aparecer aqui sem avisar, mas olha pra mim. Estou toda vomitada e preciso de um banho.

- Claro, claro. A casa é sua. Já falei que você não precisa avisar para vir aqui.

- Sim... Mas os outros rapazes podem não gostar.

- E esse apartamento está no meu nome... Quem não gostar, que se mude.

- Obrigada, Edgar. Você é um fofo. - Aline se dirigiu ao banheiro.

- Mas você já está se sentindo melhor? - perguntou Edgar.

- Estou sim!!! Vomitei de propósito. Minha blusa está suja, alguém pode me emprestar uma camiseta. - Aline perguntou e em seguida entrou no banheiro.

Edgar ficou sem entender muita coisa, mas foi até nosso quarto e separou uma toalha e uma camiseta para Aline.

- Ahhhhhhhhh!!!- Aline gritou. - Tem uma minhoca no meu pé.

- Minhoca? - perguntou Edgar.

- Ah não... É o macarrão que eu comi hoje no almoço. - Aline respondeu rindo alto.

- Acho que depois dessa, você não vai mais querer correr atrás dela. - eu disse a Edgar.

- Aí é que você se engana, André. Nunca conheci uma mulher tão espontânea em minha vida. Minhas intenções em relação à Aline continuam as mesmas.

- Nossa!!! - comecei a rir.

- Mas o que aconteceu? - perguntou Edgar.

- Uma longa história, Uma longa história.

- Então depois você me conta... Tome!!! Leve essa toalha e essa camiseta para ela.

Entrei no banheiro e pelo barulho, percebi que Aline lavava sua sandália. Sentei-me no vaso enquanto ela tomava seu banho...

- Você não tinha o direito de fazer isso, Aline.

- Tinha o direito sim. Fiz, faria e farei novamente se precisar. E você pense duas vezes antes de levantar sua voz pra mim de novo. Não se esqueça que minhas unhas são afiadas.

- Desculpe- me, mas você passou dos limites. -entreguei a toalha para Aline por cima do box.

- Passei nada... Você ainda vai me agradecer pela minha atuação de hoje. Mais respeito porque o mundo acaba de ganhar uma atriz.

- Realmente...

- Olha, André... Isso não está certo. Como você sai com aquela bicha sem o Tony saber?

- Ele precisava de ajuda, Aline.

- Ok... Mas você não acha que seria decente falar com seu namorado sobre isso? Você gostaria que ele fizesse as coisas sem você saber? - Aline saiu do box já vestida e se agachou na minha frente.

- Eu sei que por um lado eu estou errado.

- Por um lado não, por todos os lados, André.

- Tá bom, tá bom. Eu posso estar errado, mas eu te garanto que foi com boas intenções.

- Meu amor... O mundo está cheio de boas intenções. Você faz suas escolhas e depois paga as consequências, pense muito bem antes de se encontrar com aquela bicha de novo.

- Eu sei...

- Se o Tony terminar contigo por culpa daquela bicha, vou dar na sua cara.

- Tony e eu não vamos terminar. Nunca!!!

- Continue agindo dessa forma e você vai ver se ele não termina, seu idiota.

- Você está agressiva.

- Sim, estou. Já te disse que você é um irmão para mim. Eu me preocupo contigo e quero o seu bem. Você provavelmente não consegue enxergar as coisas, mas quem está de fora sempre enxerga melhor. E se eu estou te falando pra cortar aquela bicha, é porque eu sei do que estou falando. - Aline saiu do banheiro.

- Edgar, meu anjo. Me desculpe por tudo...

- Que isso... Precisando, estamos aqui.

- Eu usei uma escova de dentes que estava ainda na embalagem, depois eu compro uma e devolvo.

- Você acha que vou te cobrar uma escova de dentes?

- Ahhhh... Também usei o shampoo, condicionador, listerine e o sabonete líquido.

- São todos meus... Não precisa comprar nada.

- Já que você insiste... Preciso ir para casa antes que meus pais se preocupem. Beijo a vocês!!!! E André... Pensa no que eu eu te falei.

Aline se despediu de Edgar com um abraço e um beijo no rosto e ele ficou tão feliz que até parecia que o beijo tinha sido na boca.

Tomei um banho e me deitei. Chequei meu celular e havia várias ligações perdidas e algumas mensagem de Tony.

- Alô!!!

- Oi, Tony. Me desculpe por não ter atendido. O telefone estava no silencioso e eu não percebi.

- Aconteceu alguma coisa?

- Aline estava aqui até agora.

- Você parece estar com a voz triste. Estou certo?

- Impressão sua... Só estou cansado!!!

- André... Você quer me falar alguma coisa?

- Não... Eu realmente estou cansado. Como foi seu dia?

- Uma correria... Mas como eu passei o dia pensando em você, tirei de letra todos os imprevistos.

- Que bom, meu bem. Também pensei muito em você.

- Amanhã você vem me ver?

- Vou sim... Pode esperar que eu vou.

- Então vou deixar você descansar. Te adoro, viu?

- Eu também te adoro. Boa noite.

- Boa noite, amor.

Desliguei o telefone e logo adormeci. Estava com a consciência pesada por esconder tudo isso de Tony, mas acho que seria pior se tivesse contado. As palavras de Aline também não saíram da minha cabeça, talvez ela tinha razão ou talvez ela só estava se preocupando demais.

Que dia, meu Deus, que dia!!!

---------continua----------

Comentários

Há 2 comentários.

Por Felex11 em 2015-10-25 13:16:19
Aline é otima atriz amei a ironia dela... tony é um amor de pessoa estou a espera de ver o proximo...estas de parabens s historia esta legal escreves bem amei tudo
Por Niss em 2015-10-24 19:13:14
Viiinhaaduuu!!! Hahaha adoreeeeeei a atitude da Aline, e se o Tony terminar com o André por causa do Carlos, eu vou dar só na tua cara Itak... hahaha. Bem emocionante no começo, os dois irmãos, unidos, compreensíveis. Maravilhoso. Adorei e estou ansioso pelo próximo. Kisses, Niss.