Cap. 7

Conto de Itak como (Seguir)

Parte da série Em busca da felicidade

Niss - obrigado por me acompanhar.

Eu avisei no começo da série que seria bem diferente das outras.

Espero que você tenha paciência para acompanhá-lá até o fim. Beijos!!!

Ramon - muito obrigado por me acompanhar também. É bom saber que o Niss não é o único. Beijos!!!

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Por um momento eu achei que tinha ouvido errado aquelas palavras que pareciam uma faca. Fiquei parado olhando para Tony como se não tivesse entendido o que ele acabara de dizer. No mesmo instante, Tony se levantou, vestiu sua roupa e me pediu para que eu fizesse o mesmo.

Eu ainda estava parado na mesma posição, com o mesmo olhar de espanto e com a cabeça cheia de interrogações.

- André... Não fique com raiva, por favor.

- Eu não consigo entender o porquê de você agir assim. - disse a Tony enquanto me vestia.

- Eu não posso carregar a responsabilidade de te iniciar nessa vida, André. Talvez um dia, quando você for um pouco mais velho, você entenderá o porquê.

- Qual é o problema? Eu quero isso, quero isso contigo...

- Eu procuro um relacionamento sério, André. Eu não tenho mais 25 anos... Já estou chegando aos 40 e o tempo não volta.

Eu preciso focar em encontrar o que eu preciso, o que eu quero e sinto falta.

- E por que esse alguém não pode ser eu?

- Eu imaginava que você fosse inexperiente... Mas nunca imaginei, nunca passou pela minha cabeça que você fosse virgem. Qualquer outro homem de minha idade, no meu lugar, aproveitaria essa chance de fazer sexo como um virgem. Mas eu não sou assim, não quero e não vou me aproveitar de sua inocência.

- Todo virgem um dia perderá a virgindade...

- Sim!!! E é bom que você faça isso com alguém mais jovem...

- Acho que eu queria fazer isso com alguém como você, que parece ter caráter.

- André... Eu não estou pronto pra encarar isso. Eu quero um relacionamento sério... Mas você ainda é uma semente... Você ainda tem que ser plantado, regado, cuidado... Consegue entender?

Eu quero alguém que já saiba pelo menos um pouco como é se relacionar com outra pessoa, não quero ter que pegar na mão da pessoa e ter que guiar. Não gosto de me sentir como se estivesse controlando alguém.

E tem mais... Você ainda é novo e vai chegar o dia em que você olhará pra mim e se arrependerá de não ter experimentado outros homens, de não ter aproveitado mais sua juventude. Acredite em mim... Eu sei o que estou falando...

- Tony... Eu não sei o que dizer...

- Isso não significa que a gente tenha que cortar relações... Ainda podemos ser amigos. Acredito que eu possa te ajudar em muitas coisas, só não da maneira que você gostaria.

- Preciso ir embora... Acho que ainda tem ônibus pra voltar. Desculpe por não ser o que você queria...

- Não haja com uma criança, André.

- Uma criança que sabe o que quer e que não tem medo de tentar. - disse isso a Tony na tentativa de fazer com que ele repensasse.

- Não é medo de tentar, André. Bom... Acho que não adianta tentar te explicar...

- Eu sei que você sentiu algo por mim. Você não me chamaria pra sair um dia após a gente se conhecer e me traria em seu apartamento se não tivesse sentido algo.

O fato de você não querer transar comigo é só mais uma prova de que você gostou de mim. Eu não sei que valores e princípios são esses que te impedem de tentar algo que você quer.

E não me diga que você não quer, pois eu sei que você quer. Cada segundo que passamos aqui, cada toque e movimento seu, cada gesto seu para comigo deixou muito claro que você me quer.

Infelizmente eu não posso te forçar a nada, então é melhor eu ir de uma vez.

Depois de ter dito essas duras palavras, saí de seu apartamento sem nem olhar pra trás.

Dentro do elevador, descarreguei minha aflição. Comecei a chorar feito uma criança, como se alguém tivesse me tomado um brinquedo ou algo parecido. Eu não estava com raiva, não conseguia sentir raiva de Tony; estava apenas triste por a noite não ter terminado como eu imaginava.

Eu realmente não sabia o que fazer, pois não queria voltar pra casa e nem queria falar com ninguém. Saindo do prédio, comecei a andar pelas ruas sem nenhum medo. Já era tarde e qualquer ser humano com juízo teria receio de andar sozinho na rua...

Parei em uma esquina pouco movimentada e me encostei num poste pouco iluminado.

Fiquei ali durante uns 15 minutos tentando me recompor e seguir meu destino.

Não demorou muito e um carro parou perto de mim, um homem aparentemente com 40 anos abaixou o vidro do carro e me chamou; cheguei perto do carro e ele me perguntou quanto era o programa.

Deixei aquele homem falando sozinho e comecei a caminhar, já sabia exatamente em que lugar eu deveria ir. Não tinha mais nada a perder, então tentei a sorte.

Chegando ao local, passei por aquela porta como se estivesse entrando em minha casa. Fui direto ao bar e pedi tequila e cerveja pra começar... Sempre fui muito tímido, mas estava tão triste e desnorteado que comecei a beber uma atrás da outra; não estava me importando se ficaria bêbado ou não, apenas queria esquecer o que eu tinha vivenciado há pouco tempo.

- Prazer!!! Eu sou Carlos, e você?

- Prazer, me chamo André.

- Nunca te vi por aqui antes...

- Se isso é uma cantada, poderia inovar, não acha?

- Eita... Você está afiado...

- Me chamo André, tenho 18 anos, acabei de terminar o ensino médio, só beijei um homem em minha vida e ainda sou virgem... Você tem algum problema com isso?

- Problema nenhum, André. Agora me diga: por que esta me dando todas essas informações?

- Porque eu acabei de levar um chute na bunda depois de dizer que eu era virgem e que não tinha experiência nessas coisas...

Nesse momento eu já não falava coisa com coisa, não sabia se estava fazendo papel de ridículo na frente de Carlos mas também não estava dando a mínima pra isso. Fui até o bar e comecei a pedir outros tipos de bebida e isso só piorou meu estado... Como não era acostumado a beber, não fazia idéia que quanto mais você mistura, mais rápido você fica bêbado.

Acho que Carlos começou a se preocupar quando me viu bebendo sem parar. Me lembro vagamente de ele me pedir pra ir com calma e pedir para que eu tomasse água por um tempo.

Pedi a Carlos que me esperasse ali dentro pois eu precisava fazer uma ligação.

Lá fora:

- Alô...

- Você é um homem mau...

- O quê?

- Por sua culpa eu estou tendo uma noite horrível... Eu não quero te ver nunca mais. Esquece essa bosta de sermos amigos. Para mim, não vai rolar.

- Onde você está, André?

- Você se importa?

- É claro que me importo.

- Se você se importasse, não teria me chutado da sua casa.

- André... Me diz onde você está agora, por favor.

- Estou no lugar que te conheci. Aqui eu encontrei o homem dos meus sonhos e aqui voltei para dizer adeus. ADEUS!!!!

Desliguei o telefone e comecei a chorar sentado no mesmo lugar onde passei ótimos momentos na noite anterior.

Senti uma tontura, um mal estar... Comecei a vomitar ali mesmo na calçada...

Lembro que algumas pessoas passaram por mim e perguntaram se eu precisava de ajuda e eu negava. Por um momento eu nem sabia mais onde estava... Tudo o que eu queria fazer era esquecer o inesquecível.

Vi uma pessoa parar em frente a mim e levantei um pouco para ver de quem se tratava.

- Vou te levar pra casa. Segure-se em mim.

- Eu não quero ir pra sua casa. Eu já te disse adeus, não se lembra?

- Agora você não tem mais querer... Você virá por bem ou por mal.

Depois dessas palavras eu apaguei...

Acordei pelado dentro do banheiro com a ducha em cima de mim. Aquela água estava tão gelada que me fez despertar um pouco. Lembro-me de ter vomitado mais algumas vezes enquanto aquela água caía sobre meu corpo e de repente, mais uma vez, eu apaguei.

- Bom dia, André...

- Bom, bom, bom dia... - minha cabeça doía de uma forma tão intensa, parecia que a qualquer momento ela explodiria...

- Coma um pouco. - Tony me deu uma bandeja que continha uma xícara de café, torradas, alguma frutas e um comprimido ao lado de um copo de água.

- Eu não estou com fome.

- Eu não perguntei se você está com fome... Eu mandei você comer.

- O que eu estou fazendo aqui? Como eu vim parar aqui?

- Eu fui te buscar naquela boate onde nós nos conhecemos, esqueceu?

- Nós dormimos na mesma cama... Nós transamos?

- Não, André. Nós não transamos.

- Que droga... - comi tudo que havia ali e tomei o remédio...

Permaneci na cama e acho que dormi por mais alguma horas... Acordei por volta das 4 da tarde. Estava me sentindo bem melhor, a dor de cabeça havia diminuído consideravelmente, mas meu estômago estava um caos.

- Vocé está melhor? - perguntou Tony

- Estou, obrigado.

- Agora você se lembra de tudo o que aconteceu ontem?

- Sim... Me desculpe.

- Sua amiga te ligou e eu tomei a liberdade de atender seu celular.

- O que ela queria?

- Seus pais estão preocupados porque você não voltou pra casa e não deu notícias. Eu disse à ela o que aconteceu e pelo que me disse, ela iria "salvar" sua pele.

- Obrigado.

- Por que você fez isso ontem, André?

- Eu saí daqui muito triste... Eu só queria fazer qualquer coisa que arrancasse essa tristeza daqui. -apontei para meu peito.

- Muita coisa ruim poderia ter te acontecido caso eu não fosse te buscar. Você tem consciência disso, André?

- Sim. Mais uma vez, obrigado e me desculpe.

- O que você quer que eu fale agora?

- o que eu mais gostaria de ouvir nesse momento é que você repensou em tudo e que vai tentar algo comigo.

- E você não aprendeu nada, André. Uma atitude como essa vai me fazer mudar de idéia? É isso o que você acha?

- Eu juro pra você que eu não fiz o que fiz a fim de chamar atenção. Do fundo do meu coração, eu lhe peço desculpas pela milésima vez.

Você já é um homem experiente e com certeza já vivenciou algo parecido com isso.

Não me diga que você nunca fez algo estúpido por sentimentos...

- Já fiz coisas estúpidas sim... Mas sempre coloquei minha segurança em primeiro lugar.

Eu não sabia o que dizer para Tony. Eu tinha plena consciência de que eu estava errado e mesmo assim não conseguia pensar em nada. Naquele momento eu desejei ser um super herói ou apenas um mortal que tivesse algum poder especial. Eu precisava de uma força, alguma coisa que o fizesse mudar de idéia em relação a gente. Queria abrir os olhos de Tony de alguma forma.

Fiquei muito tempo ouvindo ele falar dos perigos que eu corro ao sair e não ter controle nenhum com bebidas alcoólicas.

Infelizmente ele falava coisas que me faziam ir ao chão... Queria reverter de alguma forma tudo aquilo mas estava de pés e mãos atadas.

Tony me fez prometer que eu jamais agiria daquela forma novamente, nem por ele e nem por ninguém.

Conversamos muito, muito mesmo; era fantástico a maneira como ele falava e me explicava as coisas. Acho que no fundo ele estava certo: eu realmente poderia aprender muitas coisas com ele, mesmo que fosse apenas como amigos.

Tentei me prender à essa pequena observação para juntar forças a fim de me conformar com tudo aquilo.

O telefone tocou e tive de atender. Do outro lado da linha, a voz de uma mulher nada feliz me dava ordem para volta à minha casa imediatamente. Eu sabia que quando minha mãe falava naquele tom era porque coisa boa não estava por vir.

Fui obrigado a me despedir de Tony e tomei o ônibus de volta pra casa.

Chegando em casa, ao abrir a porta já me deparei com minha mãe e meu pai sentados no sofá com cara de poucos amigos.

- Sente-se, André. Precisamos conversar....

------------continua--------------

Comentários

Há 3 comentários.

Por edward em 2015-10-10 16:29:10
Gente ri muito com a seguinte frase : Se isso é uma cantada,poderia inovar não acha?? Kkkk to amando essa série
Por Niss em 2015-10-02 23:42:43
Me perdoe Itak..... Agora que eu pude ler...
Por Ramom em 2015-09-29 21:13:29
Cada vez melhor, me tornando com certeza um leitor assídou, abraços!!