Cap. 4

Conto de Itak como (Seguir)

Parte da série Em busca da felicidade

André saiu da boate e parou na calçada furioso. Não estava acreditando no quão azarado ele era, porém, reconheceu que deveria ter ouvido a explicação daquele cara mais velho.

Antônio saiu da boate e avistou André na calçada do outro lado rua. Atravessou a rua com o olhar fixo em André fazendo gesto com as mãos;

- Garoto!!! Deixe-me explicar o que aconteceu, por favor.

- Não se preocupe com isso. Naquela hora eu fiquei cego de raiva, mas agora consigo perceber que você teve algum motivo para fazer aquilo.

- Aquele cara sumiu, não é mesmo?

- Sim... - André falava com um tom de decepção.

- Você pode me fazer um favor antes de eu te explicar o que aconteceu?

- Se estiver ao meu alcance...

- Pode me esperar aqui por vinte minutos? Prometo que voltarei.

- Tudo bem. - Respondeu André com uma certa curiosidade.

- Ah... Quase me esqueci. Eu me chamo Antônio, prazer!!! Mas todos me chamam de Tony...

- Prazer! Me chamo André, Tony.

Antônio sorriu e fez sinal para que André o esperasse. Caminhou pela rua até André o perder de vista numa curva. Vinte minutos depois, Antônio reaparece com uma pequena mochila...

- Aqui tem um pacote de lenço umedecido e uma camisa que eu acredito que vai servir em você, pois fica apertada em mim. Vá ao banheiro e se troque.

André ficou espantado com a atitude de Tony. Não que esse gesto fosse motivo para ganhar um prêmio, mas o simples fato de Tony se preocupar com ele já mostrava que ele era um homem de bem. André entrou novamente na boate e foi direto para o banheiro. Limpou-se e percebeu que a camisa tinha ficado ótima em seu corpo. Por um momento, sentiu uma pontinha de alegria e ansiedade ao pensar em tudo o que tinha acontecido, afinal de contas, Tony fora o primeiro homem dentro da boate que realmente lhe chamou atenção. Saiu do banheiro com um novo sorriso e foi ao encontro daquele homem tão cuidadoso. No meio do caminho encontrou Aline. Ela ainda estava com o mesmo rapaz, aos beijos. Pediu licença e a avisou que estava fora da boate conversando com um homem que acabara de conhecer. Aline fez sinal positivo e André se foi.

- Muito obrigado pela camisa. Ficou perfeita.

- Não precisa agradecer. Era minha obrigação depois do que se passou...

- Conte-me, por favor. - André disse isso olhando bem em seus olhos.

- Bom... Eu vi aquele cara colocando alguma substância no copo que te entregou. Ele fez isso enquanto você foi ao banheiro. Eu fiquei de longe observando... Mas quando vi que não conseguiria chegar a tempo, a única idéia que me veio foi a de atirar meu sapato.

- Foi um tiro certeiro. Você deveria entrar em algum campeonato de tiro ao alvo. - Ambos sorriram...

- Então você me perdoa?

- Na verdade eu devo lhe agradecer. Na hora eu não consegui entender nada, por isso agi daquela forma. Se você não tivesse agido, sabe lá onde e com quem eu estaria agora...

- Quantos anos você tem, André?

- Fiz 18 hoje... Bem, já passou da meia noite, então tecnicamente foi ontem. - André sorriu e pensou se deveria ter mentido sobre sua idade. Estava muito claro que já estava, de alguma forma, se interessando por Tony... - e você tem quantos anos?

- Tenho 38... Velho, eu sei...

- É a idade do meu pai. - André logo se arrependeu de ter feito essa comparação desnecessária.

- Realmente eu poderia ser seu pai... - diz Tony meio envergonhado.

- O que você faz, Tony?

- Sou professor de inglês. E você deve ser universitário, acertei?

- Quase!!! Estou esperando o resultado do vestibular.

- O que você escolheu?

- Psicologia!!! Você dá aula em qual universidade?

- Dou aula para o ensino médio e alguns cursos. Também dou aula particular.

- Que legal!!! Eu admiro muito quem escolhe ser professor, pois aguentar aluno não é fácil.

- Eu gosto, sabe... Acho gratificante poder passar um pouco do meu conhecimento para os alunos. Não só para os alunos, digo no geral mesmo.

O silêncio pairou no ar. André já estava totalmente envolvido por Tony e isso ele deixava transparecer involuntariamente. Era tão surreal ele estar ali, conversando com um homem 20 anos mais velho que ele, no meio de uma calçada e em frente e uma boate gay... Sentiu como se aquele tinha sido o melhor presente de aniversário de todos os tempos. Não pelo fato de estar em uma boate gay, mas sim por estar conversando com um homem que havia despertado seu interesse, tanto na parte sentimental quanto carnal. Estar ali conversando com Tony o fazia sentir coisas que até então eram totalmente desconhecidas. Sentia um calor dentro de seu corpo, uma excitação fora do comum. Tudo que queria naquele momento, era ficar mais próximo de Tony e poder sentir sua pele encostar na dele.

Por outro lado, Antônio também tinha se interessado por André, mas havia uma diferença gritante entre os dois além da idade... Antônio era um homem bem mais velho e bem mais experiente. Apesar de não conhecer André, podia ver a pureza em seu olhar... E não era apenas isso que o preocupava... Tentar alguma coisa significava correr um grande risco de se machucar, pois ele sabia o que queria, mas também pensava no futuro.

- Você veio sozinho pra cá? - perguntou Tony.

- Não. Uma amiga veio junto comigo. Ela está lá dentro se pegando com um rapaz...

- Você, gay, vem pra uma boate gay e sua amiga é que se deu bem? Rss

- Eu pensei exatamente isso quando vi ela se pegando com o cara lá dentro. - André respondeu eufórico.

- Bom, André... Acho que é isso né... Desculpe-me mais uma vez pelo que ocorreu. Não quero atrapalhar sua comemoração, então acho melhor você voltar pra lá e comemorar as horas que faltam pra terminar a madrugada. E quanto a camisa, fique contigo. É meu presente de aniversário para você... Feliz Aniversário!!!!

Nesse momento, Tony parabenizou André com um abraço. Parecia um simples abraço para Tony, mas para André, aquele era o primeiro abraço que dava em um outro homem. Tinha um sabor especial. Mesmo estando vestido, era como se ele pudesse sentir sua pele queimando junto com a pele de Tony... Foi inevitável não se excitar naquele momento.

Tudo o que André conseguia pensar naquele momento, era que Tony era o homem em quem ele pensava ao se masturbar. Até então esse homem não tinha nome e nem rosto, mas agora ele estava ali, em sua frente, lhe dando um abraço, sentindo o calor de seu corpo e provocando sentimentos inéditos.

André segurou Tony forte... Tão forte como quando alguém segura alguma coisa com medo de deixar cair ou perder. André pensava que aquele poderia ser o momento certo pra ter sua primeira experiência com outro homem. Ainda abraçado a Tony, ele moveu sua cabeça numa posição que os deixou frente a frente, olho no olho, e lhe pediu um beijo:

- Me beija! - André pediu um beijo e notou que Tony ficou completamente sem reação, o que o fez duvidar se ele queria ou não.

- André... Eu acho que não é uma boa idéia...

- Por favor!!!

André olhou bem no fundo dos olhos de Tony como se estivesse despindo seu interior, sua alma, sua essência e qualquer tipo de sentimento que Tony estava sentindo naquele momento.

Tony olhou André nos olhos, levou uma de suas mãos na nuca e a outra no pescoço de André, se aproximou lentamente... Encostou seu nariz no nariz de André e ficou fazendo movimentos delicados. Movimentos esses que só quem já fez, sabe o quanto é bom, pois cria uma excitação fora do comum... É o mesmo que estar provocando o desejo antes de receber a recompensa, uma arte de sedução muito eficaz, principalmente para André que era virgem em todos os sentidos; Apesar de Tony imaginar que André era inexperiente, não imaginava que era virgem...

Tony continuou esfregando nariz com nariz e foi deixando seus lábios tocarem de leve os lábios de André. Era como se tudo estivesse em câmera lenta. Não era um contato desesperado, mas sim uma demonstração de afeto que geralmente não existe entre duas pessoas que acabaram de se conhecer. Tony olhou mais uma vez para André e finalmente deixou que seus lábios procurassem o caminho certo. Beijou André com toda ternura e delicadeza possível... Levemente deixava que sua língua procurasse a de André, seus lábios estavam em chamas, pedindo mais, mordiscava os lábios de André e isso o levava à loucura.

André, totalmente inexperiente, sabia que não tinha como comparar o beijo de Tony com o de outro homem, mas tinha certeza de que aquele beijo estava sendo perfeito para sua primeira vez. Ficou de perna bamba... Era tão forte o que sentia que pensou que iria explodir. Queria ficar ali o resto da noite nos braços daquele homem que estava lhe proporcionando uma experiência incrível. Não queria parar de beijar, tinha medo de acordar de um sonho e não saber mais o que era sentir os lábios de Tony grudados nos seus.

Beijaram- se durante um longo tempo até que Tony interrompeu o beijo:

- Você está bem, André?

- Melhor do que você imagina...

- Gostei muito do seu beijo, rapaz.

- Pois por mim, ficaria te beijando até ficar com câimbra na boca, se é que isso é possível. - os dois caíram na gargalhada.

- Preciso te confessar uma coisa, André... Eu nunca fiquei com um cara tão novo assim... Nunca fiquei com nenhum homem que fosse 5 anos mais novo que eu...

- Preconceito de idade?

- Não, não é isso. Eu acho que sempre procurei relacionamentos... E ficar com pessoas muito jovens geralmente não é a melhor opção pra quem procura algo sério.

- Por que você diz isso?

- Porque homens muito jovens ainda não têm muito discernimento... Geralmente querem aproveitar a juventude e dificilmente se prendem a um compromisso.

- Você quer um compromisso comigo, Tony?

D

- Eu não acho que as coisas funcionam assim... Acabamos de nos conhecer. Eu adorei te beijar e ficar aqui contigo, mas vamos devagar, ok?

- Como você quiser... - André não esperava que Tony fosse falar algo desse tipo, mas por ser inexperiente, achou melhor ficar calado e deixar as coisas acontecerem.

- Acho melhor entrarmos. - diz Tony apontando para o relógio.

- Então vamos. Quero aproveitar o resto dessa noite.

Conversaram um pouco mais e anotaram o telefone um do outro.

Ao entrarem na balada novamente, procuraram um sofá que ficava bem ao fundo e ficaram se curtindo o resto da madrugada.

Aline viu seu amigo trocando beijos e carícias com Tony e ficou satisfeita, com o sentimento de dever cumprido. Tudo que queria era a felicidade de seu amigo e pelo visto, André estava muito, mas muito feliz mesmo.

A madrugada foi dando espaço ao clarear do dia... Já eram mais de 5 da manhã e as pessoas começaram a ir para suas casas.

Aline foi até o sofá onde André estava e o viu dormindo nos braços de Tony. Não queria acordá-lo mas já era hora de caçar o rumo de casa.

Tony presumiu que Aline era a amiga de André, pois era a única mulher que sobrou naquele local. Ele fez um sinal de que iria acordar André e ela consentiu.

Gentilmente, Tony beija a orelha de André e sussurra:

- Ei!!! Está na hora de irmos para casa...

- Não quero! - responde André ainda sonolento.

- Amigo... Temos que ir... Melhor a gente não abusar da liberdade que nossos pais nos deram, não é mesmo?

André se levanta contrariado. Sabia que já era hora de ir pra casa, mas por algum motivo tinha medo de não estar com Tony, tinha medo de que ele não o procurasse e que aquela poderia ser a única vez que o veria.

Apesar de todos os seus temores, teve de ir.

Se despediram com um beijo demorado e cada um seguiu seu caminho . Antônio com a certeza de que queria conhecer mais aquele rapazinho, e André com o medo de que aquela seria a primeira e única vez com Antônio.

* Espero que estejam gostando do decorrer da história. Sei também que muito gostariam de que tivesse mais "ação", mas ainda chegaremos nessa parte mais pra frente.

Abraço a quem estiver lendo. ;)

Comentários

Há 1 comentários.

Por Niss em 2015-09-09 00:59:37
Me desculpe a demora!!! Mas, já estou aqui de volta!!! Bjs