Cap. 3

Conto de Itak como (Seguir)

Parte da série Em busca da felicidade

André abre os olhos e se assusta ao ver que já era meio dia. Seu plano de dormir o máximo possível havia dado certo. Ainda deitado começou a imaginar como seria sua noite na balada. Fantasiava todos os tipos de situações possíveis, dava asas à imaginação que sempre terminava numa noite incrível.

Depois de passar quase uma hora sonhando acordado, decidiu que já era hora de começar seu dia. Levantou-se e foi direto ao banheiro com uma toalha em mãos. Debaixo daquela ducha gelada, começou a acariciar seu corpo. Nunca havia tido relações com ninguém, e também não era acostumado a se masturbar, talvez por não sentir falta de algo que nunca teve ou talvez por culpa.

André ainda se sentia culpado por ter esses sentimentos. Mesmo tendo ficado com algumas garotas na tentativa de mudar sua sexualidade, sabia que não mudaria, até mesmo seu inconsciente o lembrava disso. Nunca havia tentado avançar o sinal com nenhuma garota antes, pois seu medo de falhar na hora H era maior que qualquer curiosidade de iniciar sua vida sexual, pensava que não sentiria atração o suficiente para manter sua ereção e, por medo de falhar e virar piada na escola, preferia permanecer virgem.

Ainda debaixo do chuveiro começou a se tocar e deixar a imaginação levá-lo a lugares e situações por quais nunca havia passado. Começou a masturbar-se pensando em um homem, sem nome, sem rosto, sem características físicas; só queria se aliviar e assim o fez.

Saindo do banho, se vestiu e foi até a sala. Sua mãe e seu pai o esperavam ansiosos. André tinha um irmão, Gustavo, dois anos mais velho; ele vivia com uma tia numa outra cidade por conta de seus estudos.

- Parabéns pra você, nessa data querida, muitas felicidades, muitos anos de vida. - Cantarolavam seus pais.

- Mãe, pai... Obrigado!!!

Na mesinha de centro da sala havia um bolo, alguns salgados, doces e refrigerante. Depois de todos se abraçarem, seu João agarrou um embrulho escondido e entregou a André.

- Parabéns, meu filho. Aqui está um pequeno presente meu e de sua mãe.

André abre o pacote e se depara com um lindo terno. Talvez seja um presente pouco comum para um jovem de 18 anos, mas notava-se uma alegria contagiante em seus olhos e gestos. Em seguida sua mãe lhe entrega um envelope dizendo que havia mais um presente.

- Mãe! Não precisava... Vocês nunca me deram dois presentes...

- Não, meu filho. Não é um presente meu. Esse é um presente que você deu a você mesmo. - Sua mãe diz isso enquanto André abre o envelope numa curiosidade incontrolável.

- Um cartão de banco? No meu nome? Não estou entendendo.

- André... Desde que você começou a trabalhar, eu exigi que 70 % do seu salário viesse para minhas maos a fim de contribuir com as despesas de casa. Mas nunca toquei nesse dinheiro, essa é a verdade. Eu tinha medo que você gastasse tudo com coisas supérfluas, então decidi impor isso a você. Todo o dinheiro que você me passou durante esses dois anos está guardado nessa conta. Agora que você já tem 18 anos, penso eu que terá maturidade suficiente para administrar seu dinheiro sem nos dar preocupação.

- O, o, obrigado! - André estava sem reação e uma lágrima escorreu de seus olhos.

A pequena comemoração fez com que André sentisse uma proximidade maior entre seus pais e ele. Lamentava a ausência de seu irmão Gustavo, e por um momento, quase abriu o jogo com seus pais. Sentia que era necessário revelar sua sexualidade, sempre foi um rapaz estudioso e responsável e não conseguia ver seus pais o renegando mesmo conhecendo seu caráter. Apesar de sua vontade ser enorme, conteve-se por medo.

Seus pais se arrumaram e avisaram André que iriam para casa de uns amigo e só voltariam a noite, provavelmente depois da "comemoração" de seu aniversário.

- Já estamos indo. Tenha juízo e divirta-se! - diz dona Ana antes de fechar a porta.

Apesar de sua religiosidade, dona Ana até que tinha uma mente aberta em relação a algumas coisas, mas ao se tratar de "pecados" que fossem contra as escrituras sagradas, ela virava a madre superiora do convento mais tradicional existe em algum lugar do mundo.

Logo que saíram, André ligou para Aline para contar como seu dia estava até então... Conversaram um pouco e combinaram de se encontrar às nove da noite. Tomariam um ônibus até o centro da cidade, pois Aline não queria pedir a seu irmão que os levassem. André se deitou, marcou seu alarme para uma hora e meia antes do horário combinado e dormiu.

Enquanto André dormia, Aline, toda afoita, estava testando todos os tipos de maquiagem possíveis. Escolheu a maquiagem vencedora e decidiu ir ao salão fazer mão, pé e cabelo antes de se pintar.

À noite chegou e André já estava de pé e banho tomado. Começou a vestir cada peça das roupas que Aline deu de presente e sentiu-se bem com a imagem final. Usava um jeans claro, um pouco largo nas pernas e uma camiseta um pouco colada. Nada que o deixasse o deixasse parecido com um cara super sarado de academia, mas ao menos não tinha barriga, e isso já ajudava bastante.

O ponteiro do relógio de parede marca 21:00h e André se encontra com Aline na rua. Ambos se elogiam e tomam o ônibus para o centro da cidade.

A balada ficava próxima ao centro e os dois logo encontraram o lugar.

Pararam, pensaram, respiraram fundo e abriram as portas do ponto de interrogação!!!

Depois de pagarem a entrada e entrar, ficaram deslumbrados com todas aquelas luzes, com o som alto e com a quantidade de homens. Alguns feios, alguns pegáveis e alguns muito bonitos. Também havia mulheres, mas em quantidade insignificante.

- Só espero que encontre algum hétero nessa balada. Também quero me divertir. - diz Aline com um sorriso enorme.

- Caramba! Imaginei tanto como seria aqui... E não é nada do que eu imaginava. Tantos homens bonitos que até tenho vergonha de estar aqui.

- Larga de ser besta. Você é tão bonito quanto os que estão aqui. Vamos beber!!!!

Aline vai até o bar e compra dois shots de tequila e duas cervejas.

André olha assustado:

- Tudo isso?

- A tequila é só pra esquentar. A cerveja vem depois. Não se esqueça que eu já fiz 18 anos. Não é minha primeira vez. - diz Aline entregando as bebidas para André.

- Como se toma isso?

- Coloque o sal na costa da mão, puxe o sal para a boca com a língua, tome a bebida e depois chupe o limão.

Fizeram o ritual da tequila e tomaram de uma vez. André sentiu o sangue subir no mesmo instante em que a bebida desceu.

- Meu Deus! Que forte... Pra quem nunca bebeu na vida, isso já é o suficiente para me levar em coma alcóolico.

- Não seja exagerado... Isso é só o começo.

André estava incomodado por ter de gritar a cada vez que quisesse falar com Aline, mas ao mesmo tempo estava feliz por experimentar algo novo.

Aline o carregou para o meio da pista e começaram a dançar. André, todo duro para a dança, tentava se mexer aos poucos. Arriscava um passinho aqui e ali com muita vergonha. Aline lhe disse para flertar com os homens que estavam por ali.

- Eu não sei como se flerta. Nem sei como devo me portar.

- É só você ficar olhando para um ou outro sem encarar demais. Se você encarar demais, vão pensar que você é desesperado. Faça o seguinte: escolha três homens que te interessam. Flerte com os três e se um não der certo, você ainda tem duas opções. Simples assim!!!

André ria da simplicidade como Aline lhe dizia essas coisas. Mas resolveu não seguir o conselho da amiga. Decidiu ficar apenas observando e deixar as coisas acontecerem naturalmente.

Já era quase meia noite e Aline percebeu que enquanto ela estivesse ali por perto, nada aconteceria. Então resolveu ir conversar com um homem que estava olhando para ela e que ela julgava ser hétero. André se desesperou ao saber que Aline o deixaria sozinho mas acabou entendendo a atitude da amiga.

Poucos minutos se passaram e Aline já estava aos beijos com o homem.

"Estamos numa balada gay e a Aline se dá bem... E eu.... Nada!rss" pensou André.

André já estava meio alto por conta da tequila e cerveja e estava gostando daquela sensação.

Foi até o bar, pediu mais uma cerveja e ficou por ali. O bar era em forma retangular, cheio de bancos ao redor. Sentou-se em um dos bancos e viu algo que lhe chamou atenção na outra ponta do bar, quase de frente pra ele. Lá estava um homem, um homem mesmo, já devia ter mais de 30 anos. Seu nome era Antônio, tinha 1,79 de altura, mais ou menos 75 kg, moreno claro, da mesma cor de André, usava cabelo baixo, vestia um jeans, uma camiseta bem colada e uma camisa de botão preta, aberta, por cima da camiseta branca.

André percebeu que o homem também olhava para ele, mas não sabia o que fazer. Não tinha a mesma cara de pau que muitos têm em flertar e partir para o ataque. Imaginava o que aquele homem fazia ali sozinho.

Do nada, André sente uma mão encostar em seu ombro...

- Prazer! Meu nome é Maurício, tenho 22 anos e nunca te vi por aqui.

- Prazer. Me chamo André. - fala André com aquela voz surpresa e com a cara indo ao chão de tanta vergonha.

- É a primeira vez que você vem aqui?

- Sim! Minha primeira vez numa balada gay.

- Eu percebi. Muitos rapazes estão de olho em você.

- Estão, é?

- Claro! Você é carne nova no pedaço. Logo, atraiu vários olhares.

Maurício parecia um cara legal. Por ser o primeiro a conversar com ele, resolveu lhe dar crédito. Do outro lado do bar, Antônio olhava André conversando com Maurício atentamente. A conversa parecia fluir muito bem.

André sentiu vontade de ir ao banheiro:

- Perdão, Maurício. Preciso ir ao banheiro. Você me espera aqui?

- Claro que sim! Daqui não saio para nada. Vou comprar mais uma bebida pra gente, ok?

André faz sinal positivo e se dirige ao banheiro. Maurício pede duas bebidas e Antônio observa atentamente cada movimento...

Assim que chega as bebidas, Maurício olha para os lados e discretamente coloca alguma coisa em um dos copos e André chega logo em seguida. Maurício entrega o copo de bebida que continha a substância duvidosa e pede para fazer um brinde.

Antônio logo percebeu do que se tratava e saiu rapidamente de seu lugar para evitar o pior. Percebendo que mesmo gritando, André não ouviria. Então, num momento de desespero, faz algo totalmente inusitado.

André já levava o copo à sua boca quando, de repente, um objeto voador acerta em cheio a mão de André fazendo com que toda a bebida desse um banho em André. Sua camiseta ficou encharcada de cerveja e toda sua alegria havia desaparecido. Logo em seguida, Antônio chega ao local pedindo desculpas a André. Do chão, Antônio recolhe seu sapato e tenta se explicar:

- Perdão, rapaz! Eu...

- O que você fez? Atirou seu sapato em mim? Você é louco. -interrompe André muito irado.

- Calma! Deixe-me explicar...

- Não quero ouvir nada! Obrigado por estragar a única noite de minha vida em que eu estava me divertindo. Muito Obrigado!!!

Nisso, André que já estava quase chorando, tenta se esquivar das pessoas que estavam em seu caminho. Antônio foi atrás de André...

Continua...

* Pessoal! Espero que tenham gostado desse capítulo. Estava muito extenso e resolvi dividir. Me desculpem caso encontrem muitos erros de gramática. Não tive tempo de revisar.

Quem estiver lendo, por favor, dê seu feedback. Isso é importante para a construção da história.

Abraço a todos!!!!

Comentários

Há 1 comentários.

Por Niss em 2015-09-04 00:17:55
Bom, entendo o fato de o André ser novo nesse quesito, ainda bem que o Antonio viu, imagina só o que poderia acontecer!!! Espero pelo proximo... Niss