Capítulo 16 - First Time

Conto de Hunter Welch como (Seguir)

Parte da série Black Velvet

O dia de Cody Tyer começou com uma invasão. O garoto tinha acordado cedo, como sempre. Escovado os dentes, como sempre. Se exercitado um pouco no chão do banheiro, tomado banho, trocado de roupa… tudo na sua rotina normal. Ao voltar para o quarto Cody sentou na cama, encarando o celular. O garoto estava quase tocando a tela do aparelho quando sua porta abriu com violência.

-Já ligou? – perguntou o irmão mais novo, que obviamente tinha corrido até ali.

-Jimmy? Bate na porta, cara, depois você reclama de me pegar de cueca. – reclamou. – Eu tava prestes a ligar, antes de você quebrar minha porta.

-Igual você tava prestes a ligar ontem?

-Isso é diferente, eu… - novamente foi interrompido, com a chegada de Jason no quarto.

-Ele já ligou? – perguntou, arfando e com o rosto vermelho.

-Não, ele se acovardou de novo. Já tá ficando triste isso, Cody. Vira homem, pega o telefone e liga! – Derek puxou Jason para dentro do quarto, os dois sentaram na cama com Cody.

-Cara, se você não ligar pra ele… - e mais uma vez a conversa foi cortada, o pai dos Tyer entrou correndo no quarto.

-Ele já ligou?

-Não! – responderam Jason e Derek em uníssono.

-O que ele tá esperando? – questionou Carter, sem fôlego.

-Não sei, mas acho que ele quer ligar na hora que não puder mais! – respondeu Jason.

-EU TÔ AQUI, OK? – gritou Cody. – Eu tô aqui, e tô ouvindo vocês falando de mim. Eu vou ligar! Eu vou ligar. – repetiu, baixinho.

Cody pegou o celular, discou os números e esperou.

-ANDA LOGO! – berrou Derek, impaciente. – OU EU VOU PEGAR ESSE TELEFONE E EU MESMO VOU LIGAR.

-CALA A BOCA, JIMMY! – Cody apertou a tela como se quisesse furar e colocou o aparelho contra a orelha. – Tá tocando!

O quarto mergulhou em um silencio sepulcral.

-Ei, Riley, eu te acordei?! – Jason e Carter começaram a pular, como garotinhas. – Não? Ótimo! Eu… hm, você lembra que eu disse que sou do Conselho Estudantil? Eu tenho que ir no Baile de Natal da Brookstein. E eu queria saber se você… gostaria de ir comigo. Não, o Derek e o Jason vão também, então uma coisa de amigos! – Silencio e então: - Sábado, às oito. Me passa o endereço, e pode falar pros seus pais que eu te levo em casa na hora que eles quiserem.

Carter correu até a escrivaninha e pegou um bloco de anotações e uma caneta, entregando para o filho.

-Ok, pode falar, eu tô anotando. – Cody rabiscou, trêmulo. – Te vejo no sábado então. –Cody desligou, jogando o celular na cama. – Ele aceitou.

Carter gritou, junto com Jason. Os dois fizeram um high-five, que ecoou pelo quarto. Somente Derek continuava quieto.

-Por que você tá tão calado? O cara aceitou ir com você, agora só comemorar!

-É, eu sei. – enquanto isso Jason estava começando uma espécie de dança da chuva, acompanhado pelo Sr. Tyer.

– Ei, gente, para com isso!

-Qual é, amor? É normal comemorar depois desse drama todo. – respondeu Jason, ainda dançando.

-E é normal o rosto do Cody ficar verde?

Ninguém respondeu, porque se ocuparam em ver o garoto correr até o banheiro.

-Isso pode não ter sido a melhor ideia que a gente já teve. – falou, com voz fraca, ao voltar do banheiro. –E eu culpo vocês!

-Esse baile vai ser tão divertido! – exclamou Derek.

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-Tenta essa! – sugeriu Derek, esticando uma camisa pra Jason. Os dois estavam há horas no quarto de Jason, experimentando combinações de camisas e gravatas para o baile. – E por que diabos seu guarda-roupas é tão imenso?

-Porque eu tenho muitas roupas – respondeu, voltando do banheiro.

Derek se calou por um momento.

-E o blazer? – Derek suspirou, Jason ficava incrivelmente pornôlicia em sua roupa formal. – Eita porra!

-Que foi?

Derek se aproximou, tocando o tecido.

-O senhor está gostoso com esse terno, Sr. Litton. Muito gostoso!

-Ah, obrigado, Sr. Tyer. Devo acrescentar que o senhor também está muito lindo com esse moletom e essa touca molhados de neve que você se recusou a tirar.

-Baby, tá frio lá fora!

Jason calou Derek com um de seus beijos.

-Realmente tá frio lá fora. Quer ficar aqui, me aquecer?

O menor riu, nervoso.

-Eu tenho que ir pra casa, ver como o Cody tá, ele ficou todo nervoso com o incidente da camisa. – No dia anterior o irmão mais velho de Derek tinha surtado, ao perceber que nenhuma de suas camisas servia no seu corpo, o deixando com um aspecto de “Incrível Hulk em Transformação”. O comentário maldoso obrigou Derek a ir com o irmão numa loja de ternos assim que as ruas foram limpas. – E ele ainda tem ânsia de vômito toda vez que alguém diz a palavra “azul”. E seu pai nem tá aqui hoje, então você deve tá querendo dormir sozinho, não?

Jason tocou o queixo do menor, erguendo o seu rosto com delicadeza.

-Você tem uma mente pervertida! Eu queria que você dormisse aqui, dormisse de verdade. Eu te amo muito, Derek, amo mesmo, mas seu quarto não tem televisão e isso me enlouquece. O papai aqui precisa de um pouco de “emburrecimento”.

-Sério que você não tava querendo o que eu tô pensando?

Jason puxou o garoto até a cama.

-Derek, a gente fica se beijando, e fazendo carinhos. Mas eu vejo que você fica muito desconfortável se eu tento ir em algum lugar mais abaixo do seu pescoço. E que você fica tímido comigo, ou acha que não percebi você me obrigando a trocar de camisas no banheiro? Você fala muita putaria, porém você é inocente. Então eu não posso te forçar a nada. E nem vou! – disse, em um tom de voz tranquilizante. – Nós vamos com calma, quando você tiver pronto eu estarei aqui!

-Me desculpa, Jason, eu acho que é um passo grande num namoro. Eu amo você pra caralho e tudo mais, mas isso…

Com um dedo, Jason silenciou o menor.

-Eu não vou te desculpar, porque não tem nada pra desculpar. Sexo é um passo grande num relacionamento! Me desculpa por parecer que eu tava te forçando?

O menor sorriu, tirou o celular do bolso e digitou uma mensagem rápida.

-Seu irmão? – perguntou, sem ciúmes.

-Meu pai. Só avisando que hoje eu não vou dormir em casa.

Sorrindo, Jason achou um pijama não muito grande no seu armário, pro garoto não ter que ir buscar em casa. Não que fizesse diferença a cama de Jason ser maior que a de Derek, já que os dois não se desgrudaram por um minuto.

-E por que você acha que eu sou inocente? – perguntou Derek depois de alguns minutos de beijos mais quentes que o Saara.

-Porque você é! E é romântico. Você é muito novo pra sexo, e eu não ligo de esperar pra desfrutar de você todinho! – falou Jason, pressionando Derek contra o seu corpo.

-Ok, então. Mas eu não sou um romântico incorrigível por querer que minha primeira transa seja…romântica.

-Mas eu sou, porque quero que a minha seja assim!

Os olhos negros de Derek brilharam em compreensão, Jason era virgem assim como ele.

-E vai ser. No tempo certo – declarou Derek.

-No tempo certo – repetiu Jason.

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-JIMMY, É MELHOR VOCÊ ESTAR PRONTO! – gritou Cody, do corredor. Era sábado à noite, o dia do baile. O irmão mais velho esperava impacientemente enquanto Derek terminava de se vestir.

-CODY, SE VOCÊ GRITAR MAIS UMA VEZ EU JURO QUE EU VOU QUEBRAR ESSE SEU NARIZ. – rebateu Derek, também aos gritos. O garoto encarou seu reflexo, ajeitou a gravata e pegou o telefone. Estava a centímetros da porta quando ouviu uma batida. –PORRA, PODE IR PROTEGENDO ESSA CARA FEIA SUA!

Derek escancarou a porta, com a mão fechada já pronta pra golpear, contudo parou de chofre ao perceber quem batera.

-Ah, oi bebê. – o menor ficou envergonhado. –A gente pode fingir que você não ouviu os gritos? E as ameaças.

-Eu esqueço qualquer coisa que você me pedir. – Jason só tinha uma palavra pra descrever Derek: maravilhoso. O seu cabelo preto estava penteado e com gel (que ele roubara de Jason), e o terno caíra de forma incrível em seu corpo pequeno. – Você tá lindo!

-E você também.

-Ótimo, os dois são lindos, os dois se amam. Será que a gente pode ir agora? – resmungou Cody, indo pra saída.

-Se eu matar ele você promete me visitar na penitenciária? – perguntou Derek, irritado.

O caminho até a casa de Riley foi feito em silêncio, com Cody dirigindo calado e Derek lhe lançando olhares severos pelo retrovisor central. As ruas, agora limpas diariamente, estavam vazias.

-Tem certeza que é aqui? – perguntou Jason, assim que o carro parou.

-É o endereço que ele me deu. Será que ele me enganou? – os três olharam pela janela, contemplado a maior casa que eles já tinham visto na vida: a fachada era imensa, com varandas em vários cômodos dos andares superiores. As portas de vidro e janelas imensas deram aos garotos a sensação de que os moradores dali eram muito fãs de luz natural. O muro alto e os portões impediam uma visão completa, mas aquela casa parecia se estender por quilômetros. – Uou, isso realmente muda nossa definição de riqueza, hein Jimmy?

-Qual era a definição de riqueza de vocês?

-Jason Litton! – responderam.

Derek tirou o celular do bolso.

-Eu vou mandar uma mensagem pra ele. Avisar que estamos esperando na frente da Basílica de São Pedro. Caramba, se eu soubesse que o Riley era rico assim você nunca teria tido uma chance comigo, Litton. – falou, rindo.

-Lógico que teria, você me ama.

-Calem a boca, ele tá saindo. – ordenou Cody. Derek deu uma olhada pela janela, e lá estava o loiro, saindo do portão e indo até o carro. – Droga, eu devo abrir a porta pra ele? Ou não?

Sem esperar resposta Cody saiu do carro. Riley sentou no banco da frente, enquanto Jason e Derek se beijavam no banco traseiro.

-Isso é nojento, sabia? Vocês me enojam – comentou o loiro.

-Cala a boca, Brewer.

O caminho dali até Brookstein foi calmo, Jason e Derek só precisavam falar uma palavra que logo os outros dois estavam conversando animadamente. Quando chegaram novamente Cody saiu do carro primeiro, sendo incrivelmente cavalheiro com Riley.

Derek nunca tinha ido à escola do irmão antes, de forma que era tudo uma novidade. Cody caminhou a frente deles até o ginásio, de onde alguns alunos entravam e saiam sem parar. O lugar estava minuciosamente decorado: as arquibancadas tinham sido retiradas, o chão estava coberto de neve artificial, com alguns flocos ampliados pendurados do teto.

-Eu e o Derek vamos dançar – avisou Jason. Ele e o namorado se misturaram a multidão, pulando ao som da música eletrônica. Uma coisa que os quatro repararam era que aqui e ali encontravam dois meninos abraçados, ou duas garotas se beijando. Ninguém encarava, ou apontava. – Tá vendo? Bem-vindo ao século XXI, meu amor. – e arrancou um beijo de Derek.

Cody e Riley foram para o outro lado do ginásio, o maior guiando o loiro pelo braço, com o toque suave e educado.

-Você tem movimentos bons, Tyer. – comentou o menor, depois de vários minutos dançando sem parar. Os dois foram até uma mesa com bebidas e aperitivos.

-Não tão bons quanto os seus, Brewer.

-O que eu posso fazer? É o jeito Smurf! – os dois gargalharam.

Cody se aproximou, falando próximo ao ouvido de Riley, tentando se sobressair sobre a zoeira de música e gente gritando.

-Você quer sair daqui? Se quiser posso te mostrar um pouco da escola.

-Claro, eu vou adorar!

Os dois saíram sem serem notados. Cody o levou até perto dos prédios em que ele tinha aula. A escola era simplesmente imensa, de forma que eles resolveram parar perto de uma árvore alta para descansar um pouco.

-Espero que o tour gelado não tenha machucado seus pés.

-O guia fez valer a pena. – respondeu, com um sorriso que não parecia dele, era quase… apaixonado. – Você vai sentir falta daqui?

-Um pouco, sempre adorei essa escola! E a propósito, obrigado por ter aceitado vir com a gente. Sei que você devia ter planos melhores pra fazer no sábado a noite.

Riley espanou um pouco de neve dos ombros. A noite estava incrivelmente gelada, com flocos caindo aqui e ali.

-Na verdade eu não tinha. Foi muito legal da sua parte me chamar!

-Não tinha como te esquecer, Thor Adolescente! Você é… impactante demais!

O loiro se aproximou, Cody sentiu sua boca ficar seca.

-Cody, eu preciso te dizer uma coisa.

-Pode falar. – respondeu com um sorriso.

-Eu penso em você! Muito! E eu sei que é estranho, eu sou amigo do seu irmão e tudo mais. Mas é que eu penso em você bastante, e quando eu to pensando em você eu fico…calmo, e tranquilo. E acredite em mim, eu não sou calmo e tranquilo! – o menor falava incrivelmente rápido, era até difícil para Cody acompanhar.

Cody se aproximou mais ainda, tocando os ombros de Riley.

-Eu também penso em você! Muito! E eu não dou a mínima pra quem são seus amigos, porque eu não ligo pra eles. Eu ligo pra você e – sua voz vacilou um pouco.- eu gosto de você!

O menor riu, seus olhos azuis realçados na pouca claridade.

-Eu gosto de você também.

Riley ficou na ponta dos pés, Cody se abaixou. Seus lábios se tocaram, por um bom tempo.

-Sabe de uma coisa? – perguntou Riley, rindo. – Esse foi meu primeiro beijo com outro cara.

-Meu também! E foi bom?

-Preciso de um referencial. Me beija de novo e a gente compara.

-Ok. – respondeu Cody.

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Era tarde da noite e Derek e Jason eram um dos últimos ainda dançando, com mais alguns casais, incluindo o mais novo casal: Riley e Cody. Os morenos se moviam lentamente, ao som de uma música tão romântica e doce como os dois.

-Já deve ser mais de meia-noite, certo? – perguntou Jason.

-Com certeza, por quê?

-Feliz Natal, Derek Tyer! – disse, depois de beijar o menor.

-Hoje é o dia 24, não o 25, esqueceu?

-Não, mas eu e você não jogamos conforme as regras, jogamos?

Derek olhou pra cima, encarando os olhos negros de Jason. Em três meses eles foram de ódio completo para o amor mais profundo e forte que um dia já existiu.

-Não mesmo. Feliz Natal, Jason Litton!

Comentários

Há 2 comentários.

Por edward em 2017-05-24 17:06:46
Cada vez melhor! Amei o novo casal
Por Rafinhah em 2017-05-24 16:58:20
Aiii meu deus, o episódio mais fofo de qualquer serie ja lida nesse site 🎶💕 to apaixonado pelos quatro amores[Jimmy(rsrs) Jason, Cody e Riley, Ahh, como eles são fofos juntos, que continue assim, so espero mais um pouco de drama! Louco pelo próximo ep, Bjus!