1X01 A Fuga do Futuro Rei

Conto de Gojimmy como (Seguir)

Parte da série O Quinto Reino

Theodoro - mamãe ?

George - filho, sua mãe não está bem. Melhor você sair...

Theodoro - mas eu quero ficar com ela papai.

George - depois meu filho.

Theodoro - mas pai...

Lara - eu... sinto muito meu filho.... Queria ver você crecer e virar um lindo homem...

Theodoro - mamãe...

George - por favor Theodoro deixe sua mãe descansar. Helena, tire-o daqui.

Helena - sim Majestade. Vamos Alteza.

Theodoro - não, eu quero ficar com a minha mãe !

Helena - nós precisamos sair...

Theodoro - não, mãe !

Lara - adeus meu filho...

George - Helena, leve ele.

Theodoro - me solta, mãe ! mãe !!!

Dez anos.... hoje faz dez anos que eu vi minha mãe pela última vez. Dez anos que Halmória perdeu não só sua melhor rainha em séculos de existência, como uma mulher incrível e uma mãe maravilhosa. Ela trazia luz para esse país e para o Palácio onde eu vivo. Com ela se foi boa parte da minha alegria e digo que isso também aconteceu com meu pai. Ele se isolou de mim após o falecimento de minha mãe e eu acabei sendo criado pelos empregados do palácio. Eu só o vejo em ocasiões especiais.

Ele é um excelente rei para Halmória, disso eu não tenho o que reclamar mas no último ano tudo que eu tenho feito tem girado em torno do meu treinamento para assumir o trono. Peso esse que eu não estou ansioso para experimentar, confesso. Em raros momentos como esse eu consigo fugir do palácio e ficar aqui no meio de uma floresta em uma montanha observando o vale onde fica Dartróvia, que é o principal reino do país e é onde eu moro. Eu venho aqui escondido para pensar, chorar sozinho as vezes e admirar a linda vista. Ficar sozinho é uma coisa rara e... bem... acho que talvez não tenha mais essa possibilidade pois Helena acaba de me encontrar.

Theodoro - você quase me assustou.

Helena - eu estou feliz que o encontrei.

Theodoro - tô ficando ruim em me esconder de você. Já vou voltar para o palácio, ok ?

Helena - temos que ir agora.

Theodoro - eu quero ficar mais um pouco aqui, qual o problema ? parece que meu pai descobriu que estou aqui.

Helena - mas Alteza...

Theodoro - Helena, eu quero ficar aqui ! E você sabe que quando estivermos sozinhos você não precisa me chamar de Al...

Ela estava com uma expressão nada agradável.

Theodoro - ...nós não estamos sozinhos aqui, não é ?

Helena - eu sinto muito.

Theodoro - você contou para ele ?

Helena - temos que ir.

Eu estou decepcionado mas mesmo assim a sigo e vejo que o lugar está todo cercado por guardas da coroa. Entramos no carro e voltamos para o palácio. Eu já estou de saco cheio de ser tratado feito uma criança pelo meu pai então eu vou até a sala do conselho, onde eu sei que ele está e mesmo sem ter marcado uma hora eu entro com muita raiva. Ele está em uma reunião com o primeiro ministro de Halmória, Jonas, que se curva assim que me aproximo.

Jonas - Alteza...

Theodoro - ministro.

George - posso saber o motivo desta entrada ?

Theodoro - o mesmo de o senhor ter enviado seus guardas atrás de mim.

George - onde você estava ?

Theodoro - ué, o senhor não sabe ? não é o dono de tudo ?

George - abaixe o seu tom de voz. Eu ainda sou seu pai.

Theodoro - pois age muito mais como meu rei do que como meu pai.

George - tudo que eu faço é para o seu bem !

Theodoro - bem ?? me tratando assim como criança ?

George - você não pode sair do palácio sem segurança e sem motivo !!!

Theodoro - isso aqui é uma prisão !

Jonas - seu pai está certo alteza...

George - ...Jonas ? não permiti que dirigisse a palavra ao meu filho.

Jonas - perdão majestade.

George - pode se retirar.

Jonas - com licença.

Ele faz a reverência e sai passando por mim com uma expressão de raiva.

George - eu tenho que proteger você acima de tudo. Eu prometi isso para sua mãe.

Theodoro - devia ter prometido ser mais pai e menos rei.

George - eu não posso, pois sou os dois, e um dia você vai me entender.

Theodoro - não peço que esse dia chegue logo.

George - mas vai chegar filho.

Theodoro - com licença.

Eu saí e assim que coloquei a mão na porta...

George - eu também sinto a falta dela !!

Eu parei mas não me voltei para ele, abaixei a cabeça e senti uma lágrima escorrendo pelo meu rosto. Eu levantei a cabeça e saí da sala sem falar mais nada. Fui andando com lágrimas descendo pelo palácio até chegar na ala leste onde fica a minha residência oficial. Assim que entrei me deparei com a última pessoa que esperava ver hoje.

Theodoro - o que você faz aqui ?

Samuel - vim ver como você está.

Theodoro - estou bem, já viu, agora pode ir embora.

Samuel - não me trate assim por favor.

Theodoro - e como você espera ser tratado Samuel ?

Samuel - como alguém que ama você.

Theodoro - você nunca me amou e eu também não amei você. Você e eu não temos mais nada e agora vai embora por favor.

Samuel - você estava chorando ?

Ele tenta tocar meu rosto mas eu não deixo.

Theodoro - não me toque.

Samuel - é óbvio que você está triste. Deixa eu cuidar de você.

Theodoro - você não sabe cuidar nem de você mesmo.

Samuel - eu sei que hoje é um dia difícil por causa da sua ma...

Eu pego ele pelo colarinho da camisa e o jogo contra a parede.

Theodoro - nunca mais abra sua boca imunda para falar da minha mãe, entendeu ?

Samuel - Theodoro, o que é isso....

Theodoro - você entendeu !!!

Samuel - sim...me solta por favor...

Alguns guardas entram pois o barulho foi um pouco grande e eu solto ele e digo que está tudo bem.

Theodoro - ...o Conde já estava de saída, não é Samuel ?

Ele me olha com ódio e depois sai andando com raiva.

Eu vou para o meu quarto e me deito. Fico pensando e acabo pegando no sono. Eu acordo somente no outro dia de manhã com Helena entrando no meu quarto e abrindo as cortinas.

Helena - bom dia.

Theodoro - o que eu fiz para merecer isso ?

Helena - seu café da manhã está pronto.

Theodoro - não quero, e seja lá o que for para eu fazer hoje desmarque. Eu quero dormir até morrer.

Helena - você não costuma ser tão dramático.

Theodoro - eu só quero um tempo para mim.

Helena - mas o compromisso de hoje eu acredito que você vai querer ir. É uma visita ao orfanato em Dressten.

Theodoro - com o Bernardo ?

Helena - na verdade com a Samira.

Theodoro - mas essa visita seria com o Bernardo, eu lembro do acordo.

Helena - melhor que seja com a Samira.

Theodoro - e por que ?

Helena - por nada.... ela não é sua amiga também ?

Theodoro - sim, mas normalmente não existe motivo para que seja mudado um representante.

Helena - de repente o Duque vai fazer outra coisa....

Theodoro - você tá me enrolando...

Helena - eu ? ora essa....

Theodoro - está sim ! eu te conheço !

Helena - vá tomar um banho e se arrume.

Theodoro - isso tem coisa do meu pai, né ?

Ela tenta disfarçar mas não consegue.

Theodoro - Helena....

Helena - ok, ele pediu para trocar.

Theodoro - eu sabia !! mas espera... qual foi o motivo disso ?

Helena - Theodoro por favor...

Theodoro - ...Helena se você não me disser eu vou até o quarto dele, vou o acordar e vou perguntar. E talvez eu seja exilado por causa disso.

Ela me olha como se estivesse desistindo de tudo.

Helena - me promete que você não vai ficar irado.

Theodoro - tenho motivos para isso ?

Helena - me promete !

Theodoro - eu prometo.

Helena - ele quer que você seja visto com a Samira. Isso vai acalmar a imprensa sobre você ainda não ter uma noiva.

Eu já esperava isso do meu pai. Eu levanto da cama e vou em direção a porta.

Helena - ei ! onde você vai ?

Theodoro - vou falar com ele.

Helena - está louco ? você me prometeu...

Theodoro - prometi... olha, eu estou muito calmo.

Eu saio primeiro que ela e a tranco dentro do meu quarto. Vou andando quase que correndo para o outro lado do palácio onde ficar a residência do meu pai. Assim que entro dou de cara com Vicente, o secretário-geral do rei.

Vicente - bom dia Alteza. Em que posso o ajudar ?

Theodoro - eu vou falar com meu pai Vicente, com licença.

Vicente - ah, claro, eu terei o imenso prazer de marcar uma reunião de vossa alteza com o Rei.

Theodoro - não (risos) acho que você não entendeu. Eu vou entrar agora e falar com ele.

Vicente - eu não posso permitir alteza. O Rei não pode ser incomodado agora.

Theodoro - eu vim falar com meu pai e não com o Rei.

Vicente - isso não é possível pois são a mesma pessoa.

Theodoro - você está debochando de mim Vicente ?

Vicente - de maneira nenhuma alteza.

Theodoro - então saia imediatamente da minha frente antes que eu perca a paciência.

Eu passei por ele e fui procurar meu pai. O achei na sala de jantar, ele estava tomando o café da manhã e assim que me viu parou.

George - está se tornando especialista nesse tipo de entrada ?

Vicente - eu tentei o impedir Majestade....

George - ...Vicente, Vicente... eu sei. Pode nós dar licença por favor.

Vicente sai da sala junto com os outros empregados que estavam servindo meu pai.

George - quer se sentar ?

Theodoro - não. Eu vim perguntar por quê o senhor mandou trocar o Bernardo pela Samira no meu compromisso de hoje ?

George - eu não vejo problema em você ir com ela, afinal ela é sua amiga não é ?

Theodoro - sim, ela é. Mas eu creio que o motivo seja para que eu seja visto com ela e para que as pessoas possam ficar especulando sobre nós dois.

George - eu não lhe devo satisfações sobre meus atos como rei, mas foi isso sim. Você ser visto com ela vai acalmar um pouco a imprensa.

Theodoro - de que imprensa estamos falando ? da que sempre critica tudo que eu faço ? que sempre levanta questionamentos sobre o futuro do país nas minhas mãos ? desde quando nós servimos a esse tipo de gente ?

Meu pai para e fica me olhando.

George - é somente sobre o futuro de Halmória que estamos falando.

Theodoro - é um peso muito grande que eu tenho que carregar, o senhor não acha ?

George - por isso está sendo treinado. Quero que você seja um excelente governante.

Theodoro - e quanto eu terei que sacrificar da minha vida para isso ?

George - quanto for necessário. Assim como eu fiz !

Theodoro - casou com minha mãe por conveniência ?

George - basta disso... eu amei sua mãe e isso que importa.

Theodoro - eu quero ser feliz com alguém que amo também.

George - e você vai ser... sendo com a Duquesa ou com alguma mulher de outro país.

Theodoro - mulher ? eu gostaria de lembrar ao senhor que eu não sou heterossexual.

George - CHEGA !! Eu não quero ouvir isso nunca mais !! fora daqui.

Theodoro - o senhor não me respeita...

Eu ne virei e saí andando e secando minhas lágrimas. Assim que entrei em minha residência cai nos braços de Helena que me confortou como faz sempre.

Helena - vou cancelar a visita...

Theodoro -... não, eu vou. Prepare tudo por favor.

Helena - sim.

Voltei para meu quarto e após tomar um banho e me arrumar eu fui até a porta principal onde um carro me esperava para ir com Helena até o Reino de Dressten. Eu sempre que vou até lá, gosto de ir pela estrada. Pode ser demorado mas são as melhores vistas que temos no nosso país.

Chegamos na frente do orfanato e tinham muitos fotógrafos e repórteres. Eu desci do carro e cumprimentei a todos e deixei que fizessem algumas fotos minhas mas não respondi nenhuma pergunta. Entrei e assim que vi Samira fui correndo até ela. Nos abraçamos

Samira - como é bom ver você meu amigo !

Theodoro - é ótimo te ver Samira.

Samira - pena que os motivos não são dos melhores não é ?

Theodoro - (risos) sim, me desculpe por meu pai te usar assim.

Samira - não se desculpe, não é a primeira vez e não vai ser a última (risos) Ainda bem que esperei aqui dentro, senão seria um prato cheio para nossos amigos lá fora.

Theodoro - sim. Mas então, vamos entrar ?

Samira - sim, vamos.

Entramos e fomos recebidos pelos responsáveis pela instituição. Eles nos mostraram o prédio e como tudo funciona e depois fomos conhecer as crianças. Elas estavam assustadas e todas treinadas para cumprir com protocolos e antes que elas se curvassem para nós eu tive que tomar uma atitude.

Theodoro - pessoal, vocês não precisam fazer nada disso. Nós viemos aqui para brincar com vocês.

Helena - (sussurando) Alteza o que está fazendo ?

Theodoro - (sussurrando) eles são só crianças Helena.

Samira - vamos começar com um pouco de conversa ?

Theodoro - ótimo, vocês podem perguntar o que quiserem.

Eles ficaram muito mais tranquilos quando nos sentamos no chão com eles e deixamos que fizessem perguntas. Logo depois eu fui para o pátio joga futebol com alguns meninos e a Samira ficou brincando de bonecas com algumas meninas. Eu estava sem o blazer e com as mangas e pernas da calça dobradas e isso quase fez com que Helena tivesse um infarto. Ela me chamou desesperada e discretamente num canto.

Helena - não acho que isso seja vestimenta adequada à um príncipe.

Theodoro - eu estou jogando futebol.

Helena - eu preciso liberar a entrada da imprensa para que eles façam algumas fotos, é melhor o senhor se recompor.

Theodoro - não vai dar... melhor você liberar os fotógrafos para ir para casa porquê meu time está perdendo e aquele menino disse que eu não vou conseguir fazer um gol nele. Com licença.

Helena - THEO... Alteza, por favor...

Theodoro - eu que peço por favor, vai descansar.

Eu volto para meu jogo e acabo não me dando conta de que era para passar uma hora e ficamos a tarde toda. Claro que meu pai ficou sabendo e mandou que imediatamente um helicóptero fosse me buscar.

Theodoro - eu não tenho um dia desses há muito tempo.

Samira - foi muito bom mesmo. Mas parece que seu pai não gostou muito.

Theodoro - não me importo.

Samira - evita entrar em conflito com ele, ele é seu pai afinal.

Theodoro - nada que ele faça hoje vai me tirar essa paz.

Samira - ótimo.

Theodoro - mande um abraço ao seu irmão.

Samira - pode deixar.

Voltamos para Dartróvia já quase anoitecendo e assim que chegamos no heliporto do palácio e eu desci do helicóptero Vicente estava ao meu aguardo.

Vicente - Alteza...

Theodoro - aconteceu alguma coisa Vicente ?

Vicente - o Rei exige vossa presença imediatamente na sala do conselho.

Theodoro - diga ao meu pai que estou cansado, amanhã eu falo com ele.

Vicente - ele foi claro que o senhor deve ir.

Eu olho para Helena e ela balança a cabeça em sinal positivo.

Helena - vá, é melhor.

Eu sigo Vicente até a sala do conselho e ele abre a porta e me anuncia para meu pai. Depois ele sai e fecha a porta.

George - sente.

Theodoro - por que me chamou ?

George - eu quero entender o que está acontecendo com você ultimamente.

Theodoro - resolveu ser mais meu pai do que rei agora ?

George - Theodoro não estou brincando !

Ele bate na mesa e fica me olhando seriamente.

George - você mais uma vez me desobedeceu, quebrou o acordo e fez de uma visita ao orfanato um circo.

Theodoro - eu só estava dando um pouco de atenção aquelas crianças que por motivos variados foram criadas longe dos pais. Me lembra a minha vida.

George - não estamos aqui para falar do passado. Você tem que começar a agir com sabedoria ou não vai ser um bom rei.

Theodoro - e quem disse que eu quero ser rei pai ?

George - VOCÊ VAI SER ! QUEIRA VOCÊ OU NÃO. E VAI SER O MELHOR REI QUE ESSE PAÍS JÁ TEVE !!

Eu me senti magoado com os gritos dele e mesmo segurando algumas lágrimas escorreram pelo meu rosto.

Theodoro - eu posso renunciar.

George - renuncie. Entregue o país nas mãos de seu tio Walmor e veja tudo indo por água abaixo.

Theodoro - eu não escolhi isso.

George - Eu também não escolhi e nem seu avô e nem nenhum dos que vieram antes de nós e isso não é justo. Mas para o bem de todos que vivem aqui nós temos que manter o governo longe das mãos do seu tio.

Não tenho como rebater as palavras dele então eu abaixo a cabeça e sinto meu coração apertar.

Theodoro - posso sair ?

George - sim filho.

Eu me levanto e vou para o meu quarto e me tranco e não abro para ninguém nem mesmo Helena. Eu comecei a pensar sobre essa prisão psicológica que é não poder fugir do meu " destino ". Eu talvez não tenha opção mas antes de virar um exemplo eu preciso me conhecer fora desse cenário.

Eu levanto da cama e vou até o canto do quarto. Arrasto uma mesa e as cadeiras e levanto uma parte do carpete. Meu cofre esta logo ali então após colocar a senha eu pego tudo que há nele. Um notebook, uma identidade falsa, dinheiro e algumas joias que... digamos... sumiram do cofre real. Eu abro um e-mail secreto que tenho e mando uma mensagem para um amigo, Gustav. Ele é uma pessoa que como eu digo consegue coisas que as outras não conseguem.

No outro dia de manhã eu acordo com alguém batendo na minha porta e então eu abro.

Theodoro - como você conseguiu entrar aqui ???

Gustav - fala baixo ! e fecha essa porta. Não importa, esse palácio tem mais falhas na segurança que você imagina.

Theodoro - eu sei bem disso.

Gustav - você disse que é urgente, tô aqui.

Theodoro - preciso de um favor.

Gustav - i... lá vamos nós. Da última vez que te fiz uma favor eu quase fui parar na cadeia perpétua. Isso porquê seu pai quase descobriu sua identidade falsa.

Theodoro - eu sei, mas não descobriu.

Gustav - imagina se tivesse descoberto.

Theodoro - Gustav, a questão é que eu preciso de um passaporte.

Gustav - o que você vai fazer ???

Theodoro - eu só quero dar uma volta.

Gustav - você tem aviões e helicópteros a sua disposição para ir onde quiser.

Theodoro - não é bem assim. Eu tô preso nesse país a não ser que seja compromisso oficial.

Gustav - e para onde vossa alteza real quer ir ?

Theodoro - não pensei.

Gustav - ótimo ! vou ter que pensar nisso.

Theodoro - então vai me ajudar ?

Gustav - pra que serve os amigos ? e isso vai te custar cinquenta mil.

Theodoro - sem problema.

Gustav - o que você vai fazer com essa sua cara de príncipe ?

Theodoro - como assim ?

Gustav - ah sério ? você pode se vestir de saco de lixo e ainda vai ser o cara mais gato desse mundo.

Theodoro - obrigado (risos)

Gustav - nessa circunstância isso não é um elogio.

Theodoro - o que vamos fazer então ?

Gustav - vou ter que dar um jeito nesse seu cabelo e rosto perfeitos.

Ele da um tapa na minha cara.

Theodoro - ai... Você bateu no futuro rei.

Gustav - você nem quer ser rei que eu sei.

Theodoro - vamos focar aqui.

Gustav - me encontra na ala desativada do aeroporto hoje as duas da manhã. E tenta não ser reconhecido até lá.

Theodoro - certo.

Gustav - agora eu vou embora antes que seu pai descubra que estou aqui.

Ele sai sorrateiramente e some nos corredores. Eu pego uma mochila que fica escondida no meu closet e coloco alguns moletons comuns e escondo novamente. Fico no meu quarto o dia inteiro contando os segundos para sair e ir para fora desse palácio. O dia todo fiquei no quarto, nervoso esperando chegar a hora marcada. E quando a madrugada se estabeleceu em Dartróvia eu respirei fundo e me preparei para uma aventura. Peguei minha mochila e coloquei uma roupa comum de cor escrura para não ser se fácil identificação. Esperei a hora da troca de guarda e saí andando pelo palácio desviando quando aparecia alguém. Eu fui pelos cantos até o lado sul e saí pela parte de trás. Andei no meio do jardim e tentando desviar dos lugares onde haviam câmeras de segurança. Me joguei no meio das flores quando uma equipe de guarda se aproximou, eles estavam fazendo a ronda. Eles se afastaram e eu corri para o outro lado e assim que estava mais distante andei até o haras. Me escondi em uma das baias e me despedi do meu cavalo. Ganhei ele quando tinha cinco anos e ele é meu melhor amigo. Assim que me despedi dele eu sai pelos fundos da baia e subi em uma árvore que fica encostada no muro do palácio. Toda vez que chego na altura do muro eu penso em desistir pois é muito alto. Eu pulo no muro e jogo minha mochila do outro lado no meio dos arbustos. Depois eu pulo e me escondo quando vem um carro da quarda patrulhando o em torno dos muros do palácio. Assim que eles passam eu corro o mais rápido que posso para me afastar do perímetro do palácio. Entro num beco de uma rua deserta e coloco um casaco com um capuz que vai esconder meu rosto até chegar no aeroporto, depois eu pego um táxi e vou até o aeroporto. Fico meio perdido pois nunca entrei no aeroporto pelos meios comuns e apesar de estar tarde ele está cheio de pessoas. Eu fico olhando para os lados e uma pessoa da limpeza chega próximo a mim.

Gustav - não olha direto pra mim, me segue.

Theodoro - está bem.

Nós vamos até uma parte do aeroporto que está sendo reformada e entramos num banheiro.

Gustav - você demorou. Cheguei a achar que tinha desistido.

Theodoro - claro que não.

Gustav - é, você está mesmo decidido. Eu não levei muita fé mas vamos ao trabalho.

Theodoro - o que é isso ?

Gustav - vou dar um jeito em você. Precisa ficar igual o da foto da identidade e do passaporte.

Theodoro - com uma tesoura e tinta de cabelo preta ?

Gustav - senta aí.

Gustav corta meu cabelo todo e me deixa quase careca e depois pinta ele de preto.

Gustav - agora está igual. Mas para completar veste esse óculos.

Theodoro - ainda tenho cara de príncipe ?

Gustav - sim pois tirar isso de você é quase impossível mas está mais disfarçado.

Theodoro - tudo bem.

Gustav - aqui está seu passaporte com visto e uma passagem para o Brasil.

Theodoro - Brasil ?

Gustav - sim, Rio de Janeiro mais especificamente. Você vai curtir.

Theodoro - espero.

Gustav - também tem dois mil reais que é o dinheiro deles. Vai ser útil até você trocar seu dinheiro.

Theodoro - obrigado. Nesse pacote tem seu dinheiro e mais um pouco.

Gustav - obrigado. Espero que não sejamos descobertos, não quero ir pra cadeia.

Theodoro - não vou deixar isso acontecer, prometo.

Gustav - promete também que eu vou morar no palácio quando você for rei.

Theodoro - isso é um fato, meu amigo.

Nós nos abraçamos.

Gustav - se diverte mas com muito cuidado.

Theodoro - pode deixar.

Gustav - vai logo que o vôo sai daqui a pouco.

Assim que volto para o local comum do aeroporto eu abaixo e capuz do casaco e vejo que não sou reconhecido e a sensação é maravilhosa. Assim que passo pelo portão e tudo da certo eu entro no avião muito feliz. Avião muito diferente do que estou acostumado. Muitas cadeiras e muitas pessoas. Eu me sento e fico olhando em volta e pensando que pela primeira vez estou fazendo minha vontade e isso é incrível.

Próxima parada, Brasil.

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E aí pessoal, tudo bem ?

Eu havia postado a apresentação dessa série um tempo atrás mas comecei a escrever outra que não deu muito certo aí parei com essa. Mas decidi abandonar minha outra série e dar atenção a essa pois essa história é melhor e eu estou gostando muito de a escrever. Você que leu A vida de John e Ninguém é perfeito por favor leia essa série pois é a melhor que escrevi até agora.

Deixem seus comentários do que acham dos dois primeiros capítulos.

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