Cap. 2. FERIDAS

Parte da série Reencontros e Despedidas

Já faz uma semana desde que André voltou para cá. Acho que desde que André voltou fez com que um sentimento, que antes estava adormecido dentro de mim, aflorace. Eu nem sei explicar, não conseguia parar de pensar nele e eu até minha mãe percebeu isso.

Mas infelizmente as vezes as alegrias duram pouco e se tornam passageiras.

Era uma quarta feira, nós havíamos saído 11:30 do colégio, mas como eu André vinhamos caminhando da escola pra casa nem tivemos noção do tempo passar. Quando cheguei em casa já era mais que meio dia, e logo que cheguei em casa, minha manhã que tinha um tom azul celeste se tornou uma tarde cinza áspera.

Logo quando abri a porta vi aquele homem sentado no sofá da sala e concerteza ele havia bebido e discutido com minha mãe pois ela estava abatida e triste. Eu passei por ele calado e com ar de poucos amigos. Então ele puxou meu braço com tanta força mais com tanta força, que achei que fosse quebra-lo, e falou:

-onde você estava seu vagabundinho?

Minha mãe respondeu com voz tremula: ele tava na escola, agora solta o braço dele Zé.

CALA SUA BOCA MULHER PORQUE EU NÃO DEIXEI VOCE FALAR NÃO. Falou ele gritando e apertando cada vez mais o meu braço.

-Eu vou perguntar mais uma vez... ONDE VOCE ESTAVA??

Eu já não aguentava a dor então falei: eu estava na escola e vim caminhando com o André e gente perdeu a noção do tempo.

A então quer dizer aquele moleque voltou e agora você tá todo apaixonadinho e abanando o rabinho pra ele é. Falou ele perto do meu ouvido.

Ele não é um “moleque” como você diz. Falei ainda sentindo muita dor.

Eu não quero saber, eu não quero filho meu se interessando por macho e apertou meu braço cada vez mais forte. SE EU SOUBER QUE VOCE ANDA DE CASINHO COM AQUELE EU TE MATO!!!! Gritou.

Eu já não aguentava mais passar por tudo aquilo então num ato desesperado de me soltar dei uma cotovelada nele e consegui me soltar então disse:

-Por favor se você não suporta ter um filho gay então me mata pois eu sou, é isso mesmo EU SOU GAY... Gritei. Então vai fazer oque? Vem e me tira de todo esse sofrimento pois se não for você eu mesmo farei. Eu já não aguento mais isso.

-cala sua boca sua ABERRRAÇÃO.

-Você agride sua mulher e seu filho diariamente e eu que sou a aberração?

Cala sua boca sua aberração... Gritou e me enforcou contra a parede e quando eu já quase não tinha mas ar em meus pulmões ele me derrubou, rasgou minha blusa e disse:

-se é assim você merece muito mais do que uma surra seu lixo e logo depois cuspiu na minha cara. Ele tirou seu sinto e o enrolou em sua mão deixando apenas uma parte pequena com a fivela do cinto para fora e começou a me bater.

Eu sentia minha carne arder e ouvia os gritos de desperto da minha mãe. Aquele monstro passou horas me batendo e só parou quando seus braços estavam cansados. E depois me trancou no meu quarto.

Enquanto chorava de dor eu pedia a deus para proteger a minha mãe daquele monstro pois eu não ficaria naquela casa nem mais um minuto. Então peguei tudo que eu podia e coloquei dentro da minha mochila enrolei um pano no meu braço e soquei a janela até o vidro quebrar então pulei da janela. A dor do pouso foi quase que insuportável pois cai de costas e as minhas feridas ainda Estevam abertas.

Estava de noite e não sabia para onde ir. Então sai correndo sem rumo até chegar em um ponto de ônibus, não importa o destino eu pegaria o primeiro ônibus que chegasse. Então demorou mais ou menos uma hora até o ônibus chegar. Eu fui o último a no ônibus mas quando eu coloquei o primeiro pé para subir senti uma mão segurando e ouvi uma voz tremula dizer:

Por favor não vá... Era André, e ele estava em prantos...

[Continua]

Comentários

Há 2 comentários.

Por edward em 2017-02-04 23:30:54
Estou adorando
Por Elizalva.c.s em 2017-02-04 14:03:24
Amado sua história ta ficando cada vez melhor fiquei emocionada.😍😍😍😘😘😘😘😘