Despedida

Conto de GarotoComum como (Seguir)

Parte da série Epifanias

A noite realmente foi boa. Eduardo e Karina foram logo embora. Eu, Gabi e Pedro dançamos até as 3:00, quando o garoto se ofereceu a me deixar em casa.

Pela manhã eu terminei com Ricardo. Ele me chamou de todos os palavrões possíveis e me humilhou na frente da escola inteira. Mesmo assim eu o perdoei. Eu sabia quais as consequências de alguém que está se viciando em qualquer tipo de droga, como o próprio alcool. Por bem, tinha pessoas incríveis em minha vida, e eduardo estava entre elas.

Em relação aos próximos acontecimentos serei breve como os comerciais de remédios para gripe, nos momentos de recomendação para o uso. Até por que foi um momento importante, mas que eu prefiro "tocar superficialmente".

Eu recebi todo o apoio que precisava naquele momento. Sim. Eu me assumi publicamente na escola. Foi um duro momento de reconhecimento diário e de vergonha. Sofri pouco bullyng, até por que muitas pessoas gostavam de mim, então não tive tanta repressão. Meus pais souberam. Minha avó os contou. Eles entenderam e me apoiaram, mesmo que de longe.

Nesse meio tempo, Karina confessou a Eduardo que não o amava e que esse filho não era dele. Ela se arrependeu de tê-lo traído com um cara da faculdade de nossa cidade. É claro que ele a deixou.

Sendo assim, eu o chamei para conversar. Ele me disse que não queria ter dito o que disse na noite da festa. Só estava com ciúmes de amigo. Sim. De amigo. Eu agradeci a sinceridade. E da mesma forma fui sincero. Disse a ele que fui apaixonado pelo mesmo. Disse que por um momento acreditei que ele sentisse o mesmo, mas que naquele momento eu já havia entendido sua posição. Ele abaixou a cabeça e soltou apenas um "sim...você sabe. Desculpe amigo".

Sendo assim, após aquela conversa ficou claro que Eduardo não queria algum relacionamento comigo além de amizade. Eu o entendi. Mas meu coração ainda sofria. Percebi que desde o primeiro olhar eu já havia me apaixonado. Mas se não era possível eu não iria forçar nada. Por isso eu pedi que ele se afastasse de mim. Não com mágoas ou raiva, mas por amor de amigo, de irmão. Nenhum de nós gostaria de nos ver sofrer. Ou seja, sim, eu e Eduardo nos distanciamos. Gabriela ficou confusa em relação a isso, já que era amiga dos dois. Eu nem considerei o que minha amiga acharia disso. Pensando nisso, eu me decepciono comigo mesmo.

Por carência ou por impulso eu comecei a namorar Pedro. Nós éramos bem diferentes: ele gostava de se expor, eu não. Ele queria que rolasse algo mais entre nós, eu não. Ele queria sair, e eu só queria ficar vendo filmes com minha flor. Não durou 3 meses. Ele me traiu com Amanda. Sim a Louca. Então eu desisti. Meu coração estava quebrado demais para continuar. Gabriela ainda estava comigo, e me ajudou a aguentar tudo aquilo, foi minha parceira do início ao fim, até eu tomar minha decisão.

Contra tudo e contra todos, eu iria para São Paulo morar com meu pai. E assim se fez.

A parte mais difícil era deixar minha flor. Mas agora ela já não estava só, pois seu Antônio havia se mudado e estavam felizes. Então eu pensava em como minha jornada ali havia terminado. Eu precisava crescer de verdade. Amadurecer em tantos aspectos, então achei que recomeçar seria o ideal. Foi difícil. Falei com minha mão que passaria as ferias de natal com ela na Alemanha e de lá iria direto para São Paulo viver com meu pai.

No dia de minha despedida eu fui até a casa de Lucas - o garotinho que eu via como meu irmãozinho - e choramos juntos. Eu gostava tanto de conversar com ele. Ao chegar a rodovia para a cidade grande eu abracei com ternura minha avó e minha amiga Gabriela. Eu chorei muito. Principalmente pelo fato de saber que eu não estava feliz e que eu estava mudando completamente minha vida por correr atrás da minha felicidade e não ter encontrado.

Eu entrei no ônibus e acenei para todos que de fora me avistavam. Enquanto o ônibus saia, vi Eduardo chegando até eles que apontavam para a janela a fim de que ele me visse. Eu apertei os lábios e o cumprimentei com a cabeça. Ele parecia triste. Acho que pelo fato de sermos amigos mas estarmos naquela circunstância.

Enquanto o ônibus se afastava eu relembrei tudo. Absolutamente tudo o que vivi naquele ano e percebi que "tudo bem". Aquilo era a representação claro do que é a vida. No começo daquele ano eu era o garoto "perfeito" que apenas existia. Em seis meses tudo o que poderia acontecer aconteceu e eu deveria aprender com tudo. Assim eu terminei a minha jornada naquele lugar que por tanto tempo eu chamei de "lar".

Então agora eu seguiria em frente...e em frente...e em frente

E quando as pessoas sozinhas

No mundo concordarem

Haverá uma resposta

Deixe estar

Pois embora possam estar separados

Eles verão que ainda há uma chance

Haverá uma resposta

Deixe estar

Deixe estar, deixe estar

Deixe estar, deixe estar

Haverá uma resposta

Deixe estar

---- 3 Anos Depois ----

- Atenção Atenção a todos! - meu pai bateu na taça com um garfo para chamar a atenção de todos ali - Eu gostaria primeiramente de agradecer a todos pela presença, todos são muito importantes para mim e para meu filho. Mas agora gostaria de pedir um brinde a esse incrível rapaz pela aprovação em Medicina! - e todos aplaudiram - Eu sei que foi uma longa jornada filho, desde a sua chegada a São Paulo, a desistência do curso de Engenharia Civil e o ano de cursinho. Mas você chegou onde queria e eu tenho muito orgulho de você. Brinde!

Eu abracei calorosamente meu pai enquanto meus tios tentavam conversar comigo.

- E então Adam. Já escolheu qual faculdade? Passar em 2 não é pra qualquer um viu. Soube que tia Rosa ficou muito esperançosa de voltar já que você também passou na faculdade de lá

- Voltar não está nos meus planos tio. Por isso minha escolha ainda é cursar aqui em São Paulo mesmo. Mas estou feliz. Logo logo será a matrícula e estou bem ansioso.

- Não precisa ficar filho. Como eu disse, tudo ao seu tempo. Muita gente fica preocupada em começar Medicina acima dos 20. Você tem 20, está novo, bonito, tem uma carreira incrível pela frente. Acredite. - disse meu pai sentando-se ao nosso lado. Eu apenas agradeci e continuei a aproveitar a festa.

Naquele dia eu entrei e meu quarto e olhei pela janela do nosso apartamento. Já era pouco mais de 18:00. O sol estava se pondo, então dei um tempo para refletir enquanto o vento balançava meus cabelos negros. Pensei em como as coisas mudaram para mim em 3 anos. Em como eu mudei e finalmente estava feliz. Meu pai entrou no quarto e ficou ao meu lado. Aparentemente ele sabia no que eu estava pensando, então ficou ali esperando que eu falasse algo.

- Eu estou pronto pai. - disse olhando em seus olhos.

- Pronto? Pronto pra quê Adam?

- Pronto pra voltar.

Ele sorriu, entendendo o recado.

- Então que assim seja.

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Sim. Comecei esse conto há três anos. E como já disse há algumas semelhanças entre mim e o Adam. São elas:

1- Adam e eu temos o nome com a primeira letra "A".

2- Eu canto.

3- Eu também danço

4- Participei de muitas peças e já usei meu domínio com arte de pinceis pra conseguir dinheiro extra

5- Eu era considerado o partido perfeito

6- Passei em Medicina (sim eu consegui)

7- Tenho uma amiga chamada Gabriela

Dentre outras semelhanças..

Ao longo desses três anos algumas coisas mudaram e eu sinto que escrever sobre algo, mesmo que fictício pode ajudar a muitos garotos a terem esperança e é nisso que eu acredito. Não desista do amor ou da felicidade.

Então é isso. Epifanias está de volta. 3 anos depois. O que será que mudou? Onde estão os amigos e família de Adam? E ele? Será que seu coração se curou? Veremos.

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