01x04 - NOVOS AMIGOS

Conto de escritor.sincero como (Seguir)

Parte da série AMOR DE PESO

Pai e Mãe,

Acabei de ver o meu segundo homem pelado. Sei que isso não deve ser bom de dizer aos pais, mas com vocês eu posso contar. Não me julguem, mas o Zedu é lindo. Tenho certeza que vocês gostariam de conhecê-lo.

Aquele café da manhã trouxe um clima meio esquisito para mim e o Zedu. A gente mal conversou e aquilo estava me matando. Será que ele ficou chateado? Acho que sim. Eu ficaria. Só uma pessoa mal educada entraria no banheiro daquela forma, mas, ao mesmo tempo, ele não fechou a porta, ou seja, a culpa era 50% minha. Depois do café eles foram embora. Fiz as tarefas de casa e coloquei uma música para relaxar. Enquanto ouvia 'Sovereign Light Café', do The Keane, pensei muito na minha jornada em Manaus.

Yuri: - O que eu estava pensando?! O Zedu gostar de um gordo?! Sou muito idiota. Acho que vou virar padre. Todo o homem que eu gosto vai embora ou não é gay.

Enquanto eu estava na bad, a Letícia recebia uma boa notícia em casa. Um dos diretores ligou e confirmou sua participação no comercial de sabão em pó. A minha amiga celebrou ao lado de sua mãe e foi até a minha casa para contar as novidades.

Giovanna: - Que máximo! Fama, dinheiro e poder.

Letícia: - Isso mesmo Gio. Temos que pensar apenas nas coisas boas.

Giovanna: - Mas eu quero ser descoberta por alguém, tipo a Gisele.

Letícia: - Também é valido.

Richard: - Eu quero ser médico. (deitado no chão e levantando de uma vez só) – E salvar pessoas!!!

Yuri e Giovanna: (se olham e começam a rir)

Giovanna: - Coitados dos teus pacientes.

Yuri: - É irmãozinho! Espero que escolha outra carreira.

Letícia: (pegando na cabeça de Richard) – Não liga para eles. Siga seus sonhos.

Em Parintins, a minha tia precisava fingir que nada havia acontecido entre ela e Carlos, mas era difícil evitar os sentimentos. E como nada na vida é perfeito, tia Olivia recebeu uma mensagem de Orlando.

Orlando: (mensagem de texto) – Saudades.

Olivia: (mensagem de texto) – Também.

Orlando: (mensagem de texto) – Quero te ver quando você voltar.

Olivia: (mensagem de texto) – Claro. As aulas das crianças começam na segunda-feira, mas vamos nos ver a noite.

Orlando: - (mensagem de texto) – Combinado.

Olivia: - Senhor. O que eu estou fazendo da minha vida?

No sábado, peguei meus irmãos e decidi passear no shopping. A gente foi um que fica razoavelmente perto de casa, o Manauara. É um lugar grande e bonito, dentro, bem na parte da praça de alimentação tem uma floresta linda. Adoro comer naquele lugar. Fomos de táxi e a minha irmã pediu para comprar algumas roupas.

Richard: - Eu preciso ir para a escola na segunda-feira?

Yuri: - Claro. (olhando no celular)

Richard: - E se eu ficar doente?

Yuri: - (olhando no celular) – Hum rum.

Richard: - Chato. (sentando no chão) – Não aguento mais esperar.

Yuri: - (olhando no celular)

Merda. Nenhuma mensagem do Zedu, por causa dele eu baixei o what'sapp no meu celular. Na maioria das vezes ele mandava links de músicas, matérias e vídeos. O silêncio me matava. Primeiro sofri com o Leo, e agora vou sofrer pelo Zedu. Nem tive tempo de me lamentar, quando vejo vários manequins virando, um em cima do outro. A gerente da loja vem carregando o Richard pelos braços.

Gerente: - Você conhece esse moleque?!

Yuri: - Não.

Richard: - Yuri!!!

Yuri: - Não me chamo Yuri. (esperando um tempo) – Tá, esse selvagem é meu irmão.

Graças ao Richard, passei parte do meu sábado arrumando manequim. Quando Giovanna voltou do provador e nos viu ficou assustada e passou direto. Traidora. Depois da confusão fomos comer na praça de alimentação. Eu realmente não conseguia entender o Richard. Ele era demais. E não era no bom sentido.

Yuri: - Giovanna. Eu vou no banheiro. Se o Richard pensar em sair do lugar, hoje ele vai dormir com o couro quente.

Giovanna: - Pode deixar.

A melhor parte de ser irmão mais velho era fazer ameaças, mas poucas funcionavam com o Richard, por que era mais fácil ele me fazer chorar do que o contrário. Quando cheguei no banheiro esbarrei com a última pessoa que eu gostaria de ver na face da terra.

Vando: - Olha só. As baleias também vão ao banheiro.

Yuri: - Vai se lascar.

Vando: - Olha. A orca é valente.

Yuri: (entrando em um dos banheiros)

Vando: (pensando) – Esse gordo é uma presa muito fácil. (tirando um tipo de super cola da mochila e colando a porta do banheiro)

Yuri: (mijando)

Vando: - Cuidado orca! Não vai ficar entalado na privada ou pior não vai quebrar ela. (rindo e saindo do banheiro)

Yuri: - Escroto. (fechando a braguilha e tentando abrir a porta) – Como assim?! Sério Vando?! Abre essa porta!!! (batendo) – Droga. Vando. Abre essa porcaria. Eu não acredito nisso. (pegando o celular, abrindo a câmera e vendo que o banheiro estava vazio) – Droga. Droga. (olhando o celular) – Sem sinal?! Tá. Vou esperar alguém. (sentando no bacio)

Giovanna: - O Yuri tá demorando. (olhando no celular e toma um susto ao levantar a cabeça) – Richard. Olha. (apontando para frente) – É a Fernanda Figueiredo.

Richard: - Quem é essa?!

Giovanna: - É apenas a blogueira de maquiagem mais badalada do momento. (correndo em direção a blogueira) – Eu quero uma selfie.

Richard: (balançando a cabeça negativamente, olhando para a frente e encontrando Vando) -Ei. Eu conheço aquele cara. Eu não gosto dele. (indo em direção ao Vando)

Enquanto isso, eu continuava a espera de um milagre. Era impossível que ninguém entraria para me ajudar. Tentei mais uma vez forçar a porta e nada. Olhei para o celular e continuava sem sinal. Sentei novamente e coloquei a mão no rosto.

Yuri: - Tá vendo. Se eu fosse magro conseguiria pular para o outro box e sairia daqui. Eu sou um lesado mesmo.

Giovanna não estava nem próxima de ficar perto da Fernanda. Haviam outras meninas tentando a mesma coisa que ela: uma selfie. A minha irmã, então apelou para os seus talentos artísticos e fingiu um desmaio.

Homem: - Aquela menina desmaiou. (tentando segurar a minha irmã)

Fernanda: - Céus. Meninas, calma. Calma!!! (fazendo todas ficarem caladas) – A amiga de vocês desmaiou.

Garota1: - Eu não conheço ela.

Garota2: - Eu quero uma selfie Fernanda.

Garota3: - Fala o teu bordão.

Bombeiro: (pegando Giovanna no colo) – Vou levar essa garota para a sala de descanso.

Fernanda: - Eu acompanho o senhor. Será que essa garota está sozinha aqui? (acompanhando o bombeiro)

Richard continuou na missão de seguir o Vando. Eles foram parar no estacionamento, na distração, Vando acabou deixando o bilhete do estacionamento cair no chão. Ele entrou no carro e foi em direção a saida, mas precisou retornar por causa do bilhete. Vando saiu do carro estressado e refez parte do trajeto de volta.

Richard: (olhando para a câmera do shopping) – E agora?

Um caminhão parou bem em frente a câmera de segurança. Meu irmão aproveitou e furou os quatro pneus de Vando com uma agulha. Ele sorriu e escapou antes do caminhão sair. Vando precisou pagar outro bilhete e entrou no carro sem notar que os pneus estavam secando.

Richard: (sorrindo) – Tchau otário! (voltando correndo para a praça de alimentação)

Sim. Eu estava há 23 minutos preso no banheiro e não havia ninguém para me ajudar. Me encostei na parede e comecei a chutar a porta que era de vidro. Não demorou muito até eu conseguir quebrar. Finalmente, liberdade, doce liberdade.

Zelador: - O que significa isso?!

Yuri: (assustado)

No centro médio do shoppping, que era apenas uma sala com uma enfermeira, a minha irmã foi colocada em cima de uma maca.

Giovanna: (levantando e assustando todos)

Fernanda: - Você não passou mal?

Giovanna: - Claro que passei. Não acredito que de todos os lugares do mundo te encontraria aqui em Manaus.

Bombeiro: (rindo) – Essas adolescentes. (pegando no ombro de Giovanna) – Mas a senhora está encrencada.

Fernanda: - Seu bombeiro. Ela é uma criança. Pode liberar a gente. Ela promete que nunca mais vai fazer isso. Né?

Giovanna: (balançando a cabeça) – Sim.

Bombeiro: - Podem ir. (apontando para a saída)

Giovanna: - Obrigada. (saindo junto a Fernanda)

Fernanda: - Garota. Você é louca. (pegando no ombro de Giovanna) – Vamos tirar a selfie logo.

Giovanna: (preparando o celular e tirando várias fotos com Fernanda)

Fernanda: - Qual seu nome?

Giovanna: - Giovanna.

Fernanda: - Olha Giovanna, nunca mais faça algo tão maluco assim.

Giovanna: - Fazer algo maluco… hummm… Meu Deus do céu, Richard. (pegando na própria cabeça) – Fernanda. (abraçando Fernanda) – Foi um prazer te conhecer, mas eu preciso ir. (correndo de volta para a praça de alimentação.

No banheiro aconteceu uma mini confusão. O zelador chamou um administrador do Shopping e eu precisei falar sobre toda a situação. O homem averiguou a porta e constatou que alguém havia passado cola. Ele me liberou e eu voltei para a Praça de Alimentação. Encontrei Giovanna e Richard sentados no mesmo lugar.

Yuri: - (sentado)

Giovanna: - Onde você estava?

Yuri: - Tive uma emergência no banheiro. E porquê você tá suada?

Giovanna: - Eu? Por que tá quente aqui, oras. Vamos quero voltar pra casa.

Yuri: - Vamos. (levantando da cadeira) – Gente. Olhem…. É a Fernanda. (apontando para frente)

Giovanna: - Que Fernanda?! Vamos logo. Estou morrendo de calor. (piscando para Richard)

A minha tia tentou evitar o Carlos ao máximo. Eles se reuniram com importantes empresários naquela tarde e viram todos os documentos necessário. Na volta, eles estavam em silêncio no carro.

Carlos: - Sério? Vai fazer o tratamento do silêncio?

Olivia: - Já te expliquei. Somos colegas de trabalho…. E…. outra…. Você é meu estagiário.

Carlos: - Então é por causa do meu cargo? Isso te envergonha?

Olivia: - Claro que não. Mas não é certo.

Taxista: - É esse hotel? (parando o carro)

Carlos: - É sim.

Olivia:: (descendo do carro) – Não te esquece de fazer a notinha do táxi.

Carlos: - (entregando dinheiro do próprio bolso) – Obrigado. (saindo do carro e alcançando Olivia) – Vai fugir? E ainda por causa de um detalhe tão bobo?

Olivia: - Eu estou saindo com o Orlando.

Carlos: - Ele não gosta de você.

Olivia: - E você gosta?

Carlos: - Desde a primeira vez que te vi.

Olivia: - Não podemos ficar juntos. Você é o meu estagiário.

Carlos: (se aproximando de Olivia que não resiste) - Não fala isso. (beijando Olivia)

Olivia: - (empurrando Carlos) – Não.

Carlos: - Isso tudo porquê sou estagiário? Quer dizer se eu fosse juiz não teria problema?!

Olivia: (nervosa) – O que? (dando um tapa em Carlos) – Me respeite. Você não me conhece. (saindo correndo)

Carlos: (batendo na parede) – Idiota!!!

Quando voltei em casa recebi uma ligação da Ramona, ela infelizmente não poderia ir dormir em casa por causa do pai dela, ele havia pegado uma virose. Brutus também mandou uma mensagem e falou algo sobre garotas e tetas. A Juliana também precisou cancelar por que encontraria os diretores cedo. Nossa, todo mundo me virou as costas. Tinha certeza que o Zedu não viria, principalmente por eu o ver pelado.

Yuri: (deitado na cama) – Ele não ia querer ficar com um viado.

Richard: (entrando e assustando Yuri) – O Zedu tá lá em baixo. (saindo do quarto)

Yuri: (levantando) – Zedu?

Em Parintins, Carlos tomou coragem e foi até o quarto da minha tia. Ele pediu desculpas pelas besteiras que falou, mas teve uma conversa franca com ela.

Carlos: - Eu gosto de você. Você é inteligente, bonita e tem um coração lindo. Eu sei que essa questão do trabalho é complicada.

Olivia: - Carlos. Eu tenho três crianças. Eu não tenho tempo para ter um relacionamento agora.

Carlos: (se aproximando) – Eu não me importo. (beijando Olivia que retribui)

Olivia: (falando entre os beijos) – Eu…. Não posso…. E se o nosso chefe… ele…. Souber de algo?

Carlos: (tirando a blusa) – Eu saio. Peço demissão. (deitando Olivia na cama) – Eu só quero ter você ao meu lado.

Sim, a tia Olivia não conseguia resistir ao charme de Carlos, ele por sua vez, parecia realmente gostar dela. Em casa, eu tentava agir o mais natural possível com o Zedu. Quando os meus irmãos foram dormir, a gente ficou jogando game até de madrugada.

Yuri: - Engole essa. (batendo com o controle na cabeça do Zedu)

Zedu: - Foi um golpe de sorte.

Yuri: - Amigo. 29 x 2 não é um golpe de sorte.

Zedu: - Tú conhece todas as magias.

Yuri: - (rindo)

Zedu: - O que foi?

Yuri: - Eu gosto do tú dos amazonenses. É fofo.

Zedu: - Temos o nosso charme. (passando a mão no cabelo)

Yuri: - Zedu. Tem algo que tá me incomodando… eu…

Zedu: - O que?!

Yuri: - Quero te pedir desculpas por ontem. Não queria ter entrado no banheiro daquela forma. Se fosse comigo eu morreria.

Zedu: - Fica tranquilo. Não fiquei chateado. Foi até engraçado, mas estou tranquilo.

Yuri: - Quer apanhar mais um pouco?

Zedu: - Quero fazer outra coisa. (beijando Zedu)

Yuri: (retribuindo o beijo)

Zedu: - Yuri?! Yuri?! Escolhe o teu lutador. Ou tá com medo?

Infelizmente aquele beijo não aconteceu, mas eu me diverti muito com ele. Estar com Zedu era algo bom, o assunto fluía de forma natural. A gente dormiu quase 4h, ficamos conversando por um tempo e pegamos no sono. Acordei e o meu príncipe ainda dormia. Ele ficava mais lindo ainda. Eu devo ser maluco, gostar de uma pessoa que nem ao mesmo é gay.

No outro dia, a Letícia acordou cedo e foi com sua mãe até a agência. As duas estavam felizes e visavam uma carreira de sucesso para a jovem.

Keila: - Filha. Você precisa ser firme com essas caras, eles são muito folgados. Qualquer coisa, deixa que a mamãe fala.

Letícia: - Pode deixar. Firme, folgados. (nervosa)

Inácio: - Olá, me chamo Inácio, sou um dos diretores que fez o teste com você. (pegando na mão de Letícia e depois da mãe dela) - Estamos muito felizes com a sua escolha. No vídeo, nossa, você ficou muito natural, mas eu espero que dessa vez você não caia.

Letícia: - Pode deixar. Não vou decepcionar vocês.

Inácio: - Então, a campanha será divida entre o comercial para televisão e uma sessão de fotos que vai para as redes sociais, além de revistas e outdoors.

Letícia: - Nossa. Que máximo.

Keila: - Vocês já tem um cronograma? Afinal, as aulas vão começar logo e a minha filha não pode ficar faltando.

Inácio: - Sim. Já verificamos e as gravações acontecerão no período da tarde. Já enviei tudo para o email da Letícia. Qualquer dúvida podem me procurar.

A minha tia chegou antes da hora do almoço. Ela decidiu nos levar para comer fora, Zedu foi o convidado de honra. Fomos a um restaurante bonito, mas haviam muitas pessoas. Esperamos pacientemente no belo sol de Manaus. Conseguimos entrar e ficamos no mezanino, me senti no Master Chef #SQN.

Olivia: - E vocês?

Giovanna: - O que tem nós?!

Olivia: - O que vocês aprontaram nesse final de semana?!

Yuri, Richard e Giovanna: - Nada.

Olivia: - Esse nada foi muito ensaiado.

Fernanda: - Oi, mocinha?

Yuri: - Fernanda. (levantando) – Como assim…. Eu não acredito.

Zedu: (olhando pra Richard) - Quem é ela?

Richard: (fazendo sinal de negativo com a cabeça)

Giovanna: - Oi. (ficando vermelha)

Olivia: - Tem certeza que não aprontaram nada nesse fim de semana?

Richard: - Tia. Um inseto gigante mordeu a senhora. (apontando para o pescoço de Olivia)

Olivia: - Preciso ir ao banheiro. (saindo apressada)

Giovanna: - Obrigada, Richard.

Yuri: - (tirando várias selfies com a Fernanda) – Eu adoro o seu trabalho, assisto, curto e comento todos os vídeos. Vem Zedu. (tirando fotos do amigo com a Fernanda)

Giovanna: - Já tenho um selfie.

Fernanda: - Não vai desmaiar não né?

Yuri: - Desmaiar? Giovanna!!!

Giovanna: - O quê?!

Fernanda: - Tchau meninos. Foi um prazer. (saindo)

Zedu: - Ela é bonita.

Yuri: - Nem tanto. Ela é mais simpática.

Zedu: - Deixa eu ver a nossa foto?

Yuri: (mostrando a foto de Zedu e Fernanda)

Zedu: - Não. As fotos de ontem, que a gente tirou antes de dormir. Passa pra mim. Eu prefiro elas, nem conheço essa moça.

Depois daquele almoço agitado, voltamos para a casa. A titia Olivia passou o resto do dia com uma echarpe em volta do pescoço. Os meus amigos me convidaram para ir até a Ponta Negra. Nossa, o pôr do sol daquele lugar é lindo. Infelizmente as férias estavam acabando, mas aquele momento era apenas o início da nossa aventura.

Ramona: - Vamos tirar uma selfie!!! (tirando a foto) – Pronto. A última recordação dessas férias.

Yuri: (batendo palmas)

Brutus: - Tá maluco grandão?

Yuri: - Lá no Rio, as pessoas costumam aplaudir o pôr do sol. E o de hoje está excepcional. (aplaudindo)

Todos aplaudindo. Uma moça perto da gente ouvia em um rádio a música “Pôr do Sol', da Xandreli. As minhas férias fecharam com chave de ouro.

Pôr do sol brilho radiante

Esconde ouro ou diamante o que tu tens de bom

atrás do monte, brilhou raio solar, vai logo buscar

uma paixão, um amor distante

que sempre a faz lembrar, que o mundo é bom

desde que você possa amar

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Olhei para o Zedu e a luz dourada do sol o deixava mais lindo. A Letícia colocou a cabeça no meu ombro. O Brutus deitou a cabeça no colo da Ramona. Do nada, o Zedu pega e deita a cabeça no meu ombro também. A gente ficou admirando aquele monumento que se mantinha brilhando com tanta força.

Yuri: - Ela é perfeita.

Zedu: - Quem?

Yuri: - A mãe natureza.

Letícia: - Sim. Maravilhosa.

Zedu: (sorrindo) - É verdade. Ela é perfeita.

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Pôr do sol, janela amarela, ilumina o quarto escuro

não há mais breu, apenas ela, sonhando

com um amor que a vida te deu

o que será que ela busca nesse amor que sede de amar

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Minha tia admira também o pôr do sol da Janela de casa. Ela pega no pescoço e lembra de uma conversa que teve com Carlos antes de embarcarem no Aeroporto de Parintins.

Carlos: - Eu não me arrependo de nada. Faria de novo. Se você quiser me demitir vá em frente, faça. Eu faria de novo. Você vale a pena. (entrando no avião)

Olivia: - Carlos.

Carlos: - (olhando de volta)

Olivia: - Nada aconteceu. (passando pelo Carlos e entrando no avião)

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Romance bom, menina que sabe sonhar

Então põe-se o sol, mas não a esperança dela

há inocência em pensar que seu amor a espera

toda vez que o sol esconde e se vai, ela o ama

Hoje é o grande dia. A primeira coisa que quis fazer ao acordar foi falar para vocês. Estou nervoso, mas sei que os meus amigos estarão ao meu lado. Será que vou conseguir passar por esse ano sem me meter em confusões?!

Diego: - Acordem!!!! (entrando de volta em seu quarto)

Giovanna: (saindo do banheiro) – Vish. Coitado. Estou acordada há duas horas. Acha que é fácil fazer toda essa produção? (entrando no seu quarto)

Olivia: - Vou tomar banho. Saio em 10 minutos. (entrando no banheiro)

Sim. A rotina das aulas na minha casa eram uma loucura. A minha tia não era tão organizada quando se tratava de coletividade. Os meus irmão iam de carona com ela, por que era caminho, e eu pegaria carona com meus amigos, ou seja, a gente ia de ônibus. O lado bom é que qualquer ônibus que passasse no Centro da cidade servia. Recebi o uniforme, mas mandei fazer uns reparos, principalmente na calça, acho que a costureira fez um bom trabalho.

Zedu: - Não esquenta. A escola é tranquila. Você vai fazer novos amigos.

Yuri: - Eu já tenho vocês.

Letícia: - Você vai tirar de letra. Não precisa ficar tão nervoso.

Brutus: - Grandão. Se precisar pode contar comigo… eu bato em todos.

Ramona: - Uiii. Valentão. Espera só a Tia Ray te pegar.

Yuri: - Quem é tia Ray?

Ramona: - É a Dona Raimunda, a inspetora. Ela sabe tudo o que a gente apronta.

Letícia: - Ano passado, ela sabia que o Brutus ia jogar uma bomba no banheiro feminino.

Brutus: - Nem era uma bomba. Era um catolé.

Zedu, Ramona e Letícia: - Bomba!

Caminhamos os cinco até a escola. Eu queria muito ser confiante como eles eram, mas não conseguia. Letícia encontrou algumas amigas, era um grupo bem descolado e ficou no meio do caminho. Brutus encontrou os seus colegas de futebol e parou também para conversar. Ramona fez várias selfies na frente da escola e surtou quando encontrou as amigas, pediu licença e se reuniu com elas.

Zedu: - Ei, não pira não. Ali naquela parede tem o nome de todos os alunos. Vamos lá.

Yuri: - Tá…

Alicia: - Oi, José Eduardo. (o beijando)

Zedu: (se afastando) – Oi. Que bom dia mais atrevido.

Alicia: - Vai dizer que não gostou? Senti tanto a sua falta. Você não me ligou.

Zedu: - Sabe como é… férias… quero distância de tudo o que me lembra a escola.

Yuri: (pensando) – Toma. Chupa essa sua vaca!

Zedu: - Ah. Esse é o meu amigo Yuri. Ele veio do Rio de Janeiro e vai estudar conosco.

Alicia: - (beijando Yuri no rosto) – Bem vindo. Espero que goste da cidade. (olhando pra Zedu) – Amor, precisamos falar com a Carol. (levando Zedu)

Yuri: - Ótimo. (indo até o quadro de avisos e verificando onde é a sala) - Yuri…. Yuri…

Diogo: - Você deveria usar óculos. Parece um míope.

Yuri: - Oi?

Diogo: - Você parece um míope desse jeito, uma pessoa que não enxerga direito.

Yuri: - Eu sei o que é míope. E não, ainda não tenho nenhum tipo de problema na visão. (olhando novamente para o quadro) – Ah… achei… 1° ano – B – sala 2. (saindo)

Diogo: - É na outra direção.

Yuri: - (voltando na direção oposta) – Obrigado.

Diogo: (tirando uma carteira de cigarros do bolso) – Hum… interessante.

Tia Ray: - (pegando a carteira de cigarros) – Vai muito interessante mesmo. Já pra sala.

Diogo: - Qual é tia Ray. Deixa eu ficar com um pelo menos.

Tia Ray: - Vaza. Moleque abusado.

Diogo: - Porra. Lá vai eu ter que comprar cigarro. (saindo)

Tia Ray: (cheirando o cigarro) – Até que o cheiro é bom. Depois vamos ver o gosto. (rindo)

Entrei na sala e sentei em uma das primeiras fileiras, Diego entrou em seguida e sentou no fundão. Não demorou muito e Letícia entrou. Ela pediu pra gente sentar no fundo da sala. Ela disse que o primeiro dia definiria o lugar de cada um na sala, então para as provas, eles preferiam sentar no fundo da sala.

Letícia: - Onde você estava? Te procurei por um tempão.

Yuri: - Eu fui abandonado por todos vocês.

Letícia: - Para de drama.

Yuri: - Quem é aquele garoto?

Letícia: - O nome dele é Diogo. É um ogro, trata todo mundo mal.

Yuri: - É. Eu percebi.

Ramona: (entrando na sala) – Olha. Achei vocês.

Yuri: - Que bom.

Ramona: - Yuri tá super alegre com o início das aulas.

Yuri: - (levantando as mãos) – Iupiii!!!

Brutus: - (entrando) – Caramba. Vocês sumiram! (sentando ao lado de Ramona)

Yuri: - Vocês que me abandonaram.

Brutus: - Tá com raivinha, grandão?

Yuri: - Não.

Letícia e Ramona: - Tá sim.

Não muito longe dali, os meus irmãos também começavam uma nova jornada. Claro, que para eles a adaptação era mais fácil, infelizmente para os outros isso significava problemas.

Richard: - Ei, garoto?

Aluno: - Oi?

Richard: - Que tú trouxe para o lanche?

Aluno: - Sanduíche, suco de laranja e uma maça.

Richard: - Eu quero a maça.

Aluno: - E se eu não quiser dar?

Richard: - (segurando o aluno pelo pescoço) – Eu disse que quero a maça.

Giovanna: - Richard. O que significa isso?

Aluno: - Me ajuda. Ele é louco.

Giovanna: - Solta o menino.

Richard: - Queria pegar a maça. (ainda segurando o aluno)

Giovanna: - Maça? Cadê?

Richard: - Dá a maça pra ela.

Aluno: (entregando a maça para Giovanna)

Giovanna: - Obrigada. (saindo) – Ah, e solta o menino. Agora!

Richard: (soltando o aluno) – Estraga prazeres. (acompanhando Giovanna)

Sim. A diversão para alguns ia começar, infelizmente, para mim seriam três anos fugindo dos bullyings. Às vezes, eu queria ter a mentalidade do Richard e conseguir revidar tudo o que fazem comigo. A primeira aula que tive foi de Matemática, a professora parecia ser legal, mas o assunto que eles estudam, eu já vi na oitava série, ou seja, a escola era um pouco fraca. No intervalo, fiquei só novamente, os meus amigos foram resolver seus problemas e a vaca da Alicia não soltava o Zedu. Fiquei na quadra de esporte, enquanto comia meu sanduíche.

Diogo: (acendendo o cigarro) – Você quer?

Yuri: - Eu não fumo, obrigado.

Diogo: - Está gostando da escola?

Yuri: - É legal.

Diogo: - (sentando ao meu lado e fumando)

Zedu: - Oi?!

Yuri: - Oi?

Zedu: - Tá tudo bem por aqui?

Yuri: - Sim, porquê não estaria? Olha. (apontando para Alicia) – A tua dona tá te procurando.

Zedu: - Putz. Deixa eu ir lá. (saindo)

Diogo: - (rindo)

Yuri: - O que foi?

Diogo: - A tensão entre vocês.

Yuri: - Que tensão?

Diogo: - Você gosta do gatão ali.

Yuri: (levantando) – Sai fora cara. (saindo)

Diogo: (fumando e rindo)

Cara idiota. Enquanto passava no corredor para entrar na sala, ouvi algumas piadinhas. Era o grupo de futebol da escola, parece que aquele ano não seria realmente fácil para mim. Andei em passos largos e entrei na sala. Não havia ninguém. Sentei na minha carteira e me senti solitário. Estava com raiva dos meus amigos, mas por um lado entendia que eles tinham suas vidas.

Zedu: - Está aqui o seu suco.

Alicia: - Graças a Deus. (pegando o suco e tomando) – Demorou muito.

Zedu: - A fila da lanchonete estava cheia.

Alicia: - E o que você acha de a gente ir para o porão?!

Zedu: - Estou sem camisinha.

Alicia: - Não tem problema. Eu tomo a pilula.

Zedu: - Não estou afim.

Alicia: - Nossa. Você mudou voltado das férias.

Zedu: - Sim, voltei. As pessoas mudam Alicia, isso às vezes faz bem. (saindo)

Alicia: - Nossa. Todo estressadinho. (tomando o suco)

Diogo entrou na sala e pediu desculpas pelo comportamento. Ele disse que era bacana e assumia isso. Pelo menos ele estava falando comigo. Conversamos sobre diversas coisas, ele era de Belém, e odiava Manaus, gostava de ir ao cinema e era fotografo nas horas vagas.

Diogo: - Vai ter uma exposição na quarta-feira. A artista é uma amiga minha.

Yuri: - Sério? Qual vai ser o horário?

Diogo: - A tarde. Podemos ir após a aula. A gente almoça por aqui e vai.

(Sinal tocando)

Yuri: - Claro.

Diogo: - A gente combina melhor hoje a noite. (anotando seu número no caderno de Yuri)

Zedu: - Oi?

Diogo: (levantando as mãos) – Calma. Você não está atrapalhando nada.

Yuri: (soltando um sorriso abafado)

Diogo: (indo para sua carteira)

Zedu: - Tá tudo bem?

Yuri: - É a segunda vez que você pergunta isso hoje.

Zedu: - Não quero que nenhum babaca mexa com você.

Yuri: - Ele estava sendo amigável.

Zedu: (sentando ao lado de Yuri) – Amigável, sei. Precisa tomar cuidado com esse tipinho.

Yuri: - Zedu… vem cá. Você não deveria tá com a Alicia não?

(Alunos entrando)

Zedu: - Ok. (indo para a carteira dele)

O resto da aula foi até que legal. O professor de artes era muito engraçado, além de bonito. A parte chata se apresentar para o resto da turma. Depois da aula terminar a gente foi direto para a parada de ônibus. Nossa, o Centro de Manaus é lotado nesse horário. Vi o Diogo de relance em um dos ônibus.

Letícia: - E o que achou da escola nova?

Yuri: - Interessante.

Zedu: - Se eu fosse você teria cuidado com o Diogo.

Letícia: - Ele te fez alguma coisa?

Brutus: - Pode falar grandão… se ele te fez algo… eu….

Yuri: - Calma. Ele foi legal comigo. Vocês desapareceram na hora do intervalo e ele puxou assunto.

Ramona: - Que estranho. Ele sempre foi indiferente.

Brutus: - Precisando da gente.

Letícia: - Lá vem o nosso ônibus.

Brutus: - E parece que tá lotado.

Cheguei em casa acabado. Nossa e já havia lição de matemática. Ainda bem que eu já sabia o assunto e seria fácil. A minha tia decidiu pagar uma condução para os meus irmãos. Eu comecei a fazer o almoço, nada demais, frango, arroz com brócolis e farinha. Eles chegaram quando eu estava terminando.

Giovanna: - Estou faminta.

Richard: - Eu também. (jogando a mochila no sofá)

Yuri: - E como foi o primeiro dia de aula?

Giovanna: - Normal. Fiz várias amizades. (sentando na cadeira) – Fraguinho, adoro frango é uma carne magra.

Richard: - Eu também fiz amizade. Um menino até dividiu o lanche dele comigo.

Yuri: - Que bacana. Escutem, depois de comer passem água no prato e coloquem no lava louças. Vou tomar um banho.

Na empresa, a minha tia ganhou uma nova medalha, a de evitar os lugares que o Carlos estava. Ele também não facilitou e pareceu ser onipresente. No almoço, o Carlos aproveitou e sentou junta a titia.

Carlos: - Você sabe que o voto de silêncio não funciona comigo.

Olivia: - (susurrando) – O que fizemos foi errado. A gente pode ser demitidos, eu tenho três bocas para sustentar.

Carlos: - (fazendo uma careta) – O que?!

Sheila: (sentando) - Boa tarde. Nossa hoje o almoço está apetitoso. Agora me contem? Como foi a viagem?

Olivia: (tomando um suco e tossindo)

Sheila: - Calma, amiga. Cuidado. Conta, Carlos, como está a terra do boi bumbá? Eu adoro aquele lugar…

Carlos: - Ótima. Levei a Olivia para passear em cada lugar bonito. Ela deu várias voltas.

Olivia: - Realmente. É uma cidade maravilhosa, mas muito pequena. (arrumando o óculos) - Uma viagem muito curta.

Carlos: - Mas você aproveitou cada momento. Até gritou.

Sheila: - Gritou? Como assim?

Carlos: (nervoso) – Digo… quer dizer… gritou quando viu o bumbódromo.

Olivia: - Gritei… gritei mesmo… porque pelas fotos aquele lugar parecia maior… me decepcionou. (saindo da mesa) – Com licença.

Sheila: - Que pena. As coisas em Parintins são pequenas mesmo né?

Carlos: - É! (tomando suco)

O segundo dia de aula foi tranquilo, a gente teve Química, Geografia, Português e História. Nada demais também, assuntos que já conhecia, fiquei meio desapontado, pois, os meus amigos falaram que era uma das melhores escolas. Não sou inteligente, mas ver matérias que você já sabe é muito chato. Dormi duas vezes na sala de aula.

Diogo: - Ei. É amanhã.

Yuri: - Sim. Já falei com a minha tia e ela deixou. Hoje a noite vou congelar o almoço dos meus irmãos e podemos ir.

Diogo: - Traz outra roupa, ninguém merece ir de farda, né?

Yuri: - Claro. Eu… eu estou indo para o ponto de ônibus. Vamos?

Diogo: - E os teus amigos?

Yuri: - Sumiram. Ainda bem que eu já sei quais coletivos passam na minha casa.

Fomos caminhando até o ponto de ônibus, recebi uma mensagem das meninas falando que não era para eu esperar por elas, as duas iam fazer compras. Naquela tarde conheci um pouco mais do Diogo, ele era um cara simples e esperto. Sabia sempre alguma informação sobre qualquer coisa.

Yuri: - Você não é tão ruim.

Diogo: - Como assim?

Yuri: - Falaram que era para eu ter cuidado com você.

Diogo: - Teu namorado?

Yuri: - Que namorado?

Diogo: - O Zedu. Ele ficou com ciúmes por que eu me aproximei de você.

Yuri: - Deixa de ser besta. Eu e o Zedu somos amigos. Apenas isso.

Diogo: - Quer dizer que eu tenho uma chance?

Yuri: - (nervoso) – Chance? De… de que?!

Diogo: - De conquistar você.

Yuri: - Olha. (fazendo sinal com a mão) – O meu ônibus.

Diogo: - Até amanhã. E nada de furar.

Meu Deus. Aquilo não podia ser real, o Diogo disse mesmo aquelas palavras?! Ele queria me conquistar? Eu ainda não o tinha visto como um namorado, mas parando para pensar. Ele era inteligente, alto, moreno claro, um rosto de homem com uma barba bem-feita e usava óculos.

Zedu: (mensagem de texto) – Pq você n me esperou?

Yuri: (mensagem de texto) – Esperei e mandei msg, pra vc e o Brutus.

Zedu: (mensagem de texto) – Eu te vi com o Diogo na parada.

Yuri: (mensagem de texto) – Sim. Ele acompanhou já que vcs sumiram do mapa

Zedu: (mensagem de texto) – Eu já te falei sobre ele. Toma cuidado.

Yuri: (mensagem de texto) – Para Zedu. Ele é meu amigo, pelo menos ele me ajudou. E vc nem deveria ficar chateado, poq vive me abandonando

Zedu: (mensagem de texto) – Tá, Yuri. Vc q sabe

Minha primeira DR com o Zedu foi pelo whats'app. Que romântico. Eu não entendia a cabeça daquele garoto, ele não deveria ficar tão preocupado comigo. Ele tinha a namorada dele para cuidar. Mas preciso confessar que adorei vê-lo com ciúmes da minha amizade. Cheguei em casa, fiz o almoço dos meus irmãos e decidi dormir um pouco.

Naquela tarde a minha tia decidiu almoçar com o Orlando. Ela queria tirar o Carlos da cabeça de uma vez por todas. Eles foram em um restaurante de comida regional, o Orlando sabia que a minha tia era apaixonada por peixe, na verdade ele não sabia, ligou para mim e perguntou. Após o almoço, o ficante da minha tia decidiu ser ousado e foi para um motel. Lá, eles tiveram bons momentos, mas a minha tia ficou com a consciência pesada.

Olivia: - O que tá acontecendo com você? (olhando para o espelho) – Você não era assim. Eu preciso falar para o Orlando… ou melhor… não vou contar… ele vai pensar que eu sou uma oferecida… e…e… quanto ao Carlos? Meu Deus. O que vou fazer? (olhando para cima) – Eu preciso de um sinal. De uma direção.

Sim, a minha tia chamou a atenção de dois homens gostosos, mas não sabia o que fazer. Eu pelo contrário, chamei a atenção de uma pessoa que não me interessava em nada, mas decidi dar uma chance para o Diogo, afinal, eu não queria ficar sozinho. E se desse certo, o meu lance com o Diogo, eu abriria o jogo com a minha tia.

Diogo: (mensagem de texto) - Não esquece de amanhã.

Yuri: (mensagem de texto) – Não vou. Já escolhi minha roupa.

Diogo: (mensagem de texto) – Te assustei?

Yuri: (mensagem de texto) – Com o que?

Diogo: (mensagem de texto) – Em dizer que me interessei em você?

Yuri: (mensagem de texto) – Não.

Diogo: (mensagem de texto) – Ah tá. Pq n é todo dia q vejo um gordinho tão gostoso.

Yuri: (mensagem de texto) – Então é apenas sexo?

Diogo: (mensagem de texto) – Não sei. Pode ser, mas tbm pode não ser. Tive dois relacionamentos até agora e os dois com gordos. Vc me daria um ótimo namorado, mas acabamos de nos conhecer.

Yuri: - (mensagem de texto) – Entendi, mas o apressado aqui é você.

Diogo: - (mensagem de texto) – N sou apressado. Apenas fui sincero em dizer que você faz meu tipo, afinal, o Zedu pode querer antes, e eu preciso garantir o meu.

Yuri: - (mensagem de texto) – Para de implicar com o Zedu. Somos amigos e ponto.

Diogo: (mensagem de texto) – Se você diz.

Naquela noite, eu tive um sonho muito bom. Sonhei que transava com o Zedu e o Diogo ao mesmo tempo. Infelizmente, o despertador do celular tocou e eu precisei levantar. Na noite anterior já havia preparado a comida dos meus irmãos. Eles precisavam apenas colocar tudo no micro-ondas. Escolhi roupas leves, afinal, as tardes em Manaus são quentes demais. Encontrei os meus amigos na parada.

Brutus: - Pensei que não vinha hoje grandão.

Letícia: - Eu já tava te ligando. (colocando o celular na mochila)

Yuri: - Desculpa. É que hoje a tarde não vou voltar pra casa e precisei encaminhar o almoço dos meus irmãos.

Ramona: - A tua tia não costuma cozinhar?

Yuri: (rindo) – Deus me livre. Ela é uma ótima advogada, mas uma cozinheira horrível.

Zedu: - E pra onde você vai hoje a tarde?

Letícia: - Verdade. Tão independente da gente. (pegando na bochecha de Yuri)

Yuri: - Bobos. Enfim. Vou para uma exposição com o Diogo.

Letícia: - Sério?

Brutus: - O Diogo, o doido?

Zedu: - Eu falei pra ele. (sendo irônico)

Yuri: - Gente. Ele é legal. Ele foi super bacana comigo. Talvez vocês tenham essa visão dele por falta de contato.

Letícia: - Amigo. Só não te acompanho por que eu vou fazer a prova de roupa pro comercial.

Brutus: - Vou malhar.

Ramona: - Tenho medo do João. Não vou não.

Yuri: - Gente. Sou bem grandinho, até por demais, pra falar a verdade. Vou ficar bem. É uma exposição de fotografia.

Zedu: - Deixa ele gente. Ele é grandinho.

Zedu estava ficando muito chato. Na escola, ele quase não falava comigo, a Alice tomava todo o tempo dele. Na quarta-feira, conversei com o Diogo sobre a exposição. Ele disse que era de um amigo dele que havia participado de uma excursão pela Amazônia. A forma como ele falava de fotografia me deixava animado. No intervalo, a gente foi para o lugar especial dele.

Diogo: - E os teus amigos? (mordendo um sanduíche)

Yuri: - O que tem eles?

Diogo: - Na hora que a gente foi comprar lanche, eles ficaram olhando para nós.

Yuri: - Impressão sua. Eles estavam com os amigos deles. E eu preciso fazer amizades também. Agora se você não quiser ser visto comigo… (levantando)

Diogo: - Senta aí. (puxando Yuri) – Eu apenas pensei que você ia se importar com os comentários.

Yuri: - Hunf. Comentários não querem dizer nada. E meus amigos são legais.

Giovanna tentava entrar para o grupo das descoladas, mas para a surpresa dela, tal grupo não existia. Então, a minha irmã caçula começou a analisar o perfil das coleguinhas de escola. "Ridículas", pensava a minha irmã. Durante uma aula Geografia, uma garota virou para a minha irmã e tentou puxar assunto.

Cláudia: - Giovanna. Essa pergunta cinco que diz sobre quantos estados existem no Brasil a resposta é 33, né?

Giovanna: - 33? 33? Você tá brincando né? Não chegou nem perto. Deus me livre que esse país tivesse mais estados. A resposta certa é 26. Tá precisando estudar hein. Depois tira zero na prova e não sabe por que. E olha que estamos no terceiro dia de aula.

Alunos: (rindo e fazendo comentários)

Professora: - Giovanna? Isso é jeito de tratar a colega?

Giovanna: (sorrindo) - Desculpa professora.

(sinal tocando e alunos saem em disparada)

Professora: - Giovanna. Espere. Preciso falar com você.

Giovanna: - Alguma coisa de errado? (sentando na cadeira)

Professora: - Eu não gosto de comentar sobre a vida dos meus alunos, mas essa menina que você destratou na frente de todos... ela... ela está passando por um período muito difícil...

Giovanna: - Todos nós passamos por momentos difíceis, mas isso não é desculpa para revisar o assunto antes da aula.

Professora: - Ela perdeu os pais... Giovanna... ela perdeu os pais. E desde o início das aulas você foi a primeira pessoa com quem ela interagiu.

Giovanna: (perplexa) - Eu... eu não sabia... eu.... desculpa professora.

A minha tia continuava firme na missão de evitar o Carlos, mas o destino sempre dava um jeito de deixar os dois juntinhos. Até mesmo em um elevador quebrado.

Olivia: - Isso não tá acontecendo. (batendo na porta do elevador) - Socorro!

Carlos: - (sentando no chão) - Vish.

Olivia: - (virando) - A culpa é sua. Você fez isso.

Carlos: - Claro. Eu tinha planejado isso há semanas.

Olivia: - Você não vai fazer nada?!

Carlos: - Fazer o que?!

Olivia: - Abrir essa porta... e a gente pode....

Carlos: - Claro. Não assistiu Premonição?

Olivia: - Carlos. É sério! Eu quero sair daqui.

Carlos: - Não tem como. Com certeza os técnicos já estão dando um jeito. Se acalma. Quanto mais agitada você ficar, mais quente vai ficar. Senta.

Olivia: - Deixei o meu celular no escritório. Cadê o seu?

Carlos: - Estou sem o meu também.

Olivia: - Oh Deus. (sentando distante do Carlos) - Ok. Vamos esperar.

Minha irmã saiu para o intervalo e encontrou Cláudia sentada em uma parte distante do refeitório. Ela pegou seu lanche e sentou ao lado da garota.

Giovanna: (oferecendo um doce) - Desculpa.

Cláudia: - Porquê?

Giovanna: - Por ter sido uma vadia com você.

Cláudia: - Tudo bem, estou acostumada. A minha mãezinha dizia que precisamos ser pacientes.

Giovanna; - Ela com certeza está certa. Ah... tem problema eu sentar com você?

Cláudia: - Não. Pode ficar a vontade.

Lucas: - Ei, Cláudia. Quais os nomes dos Estados do Brasil? (rindo)

Giovanna: (levantando) - Escuta aqui garoto. Não vem tentar dar uma de engraçado não, que eu vi a tua resposta também e está bastante errada. Pega esse teu cabelo de imitação barata do Thiago Iorc e vai procurar o que fazer.

Lucas: - Garota louca. (saindo)

Cláudia: (rindo)

Giovanna: (sentando) - Deus. Duas damas não podem nem comer em paz.

Depois do intervalo, a gente estudou inglês e história. Eu gostava dos dois professores, eles tinham uma metodologia muito dinâmica, abusavam de vídeos, áudios e fotos. Quase não sentia sono durante essas aulas. No final da aula, encontrei Zedu em uma praça na frente da escola.

Zedu: - Não vai falar comigo?

Yuri: - Sim. Eu não tenho problemas em falar com você na frente dos meus amigos.

Zedu: - O que isso quer dizer?

Yuri: - Nada. Zedu.Nada.

Alicia: - Oi, Yuri. Oi, amor. (beijando Zedu) – Então… vamos? (olhando para Zedu)

Zedu: - Vamos. (saindo com Alicia)

Ramona: - Essa mulher arrasta o Zedu por todo canto.

Yuri: - Nossa. Nem te vi chegar. (se assustando) – Quando olhou para o Brutus e a Letícia. Onde vocês estavam?

Letícia: - Somos ninjas. (rindo)

Brutus: - Ninguém é um gênio igual a você. Fui na biblioteca pegar uns livros.

Letícia e Ramona: (rindo)

Letícia: - Você? Livros? Faça me o favor. Tava paquerando a nova bibliotecária.

Diogo: (chegando) – Oi, Yuri.

Yuri: - E ai?! Gente esse é o Diogo. Diogo essa é a gente. (rindo sozinho da própria piada) – Brutus, Letícia e Ramona.

Diogo: - Oi, galera. Então, vamos?

Yuri: - Gente… até mais. E Letícia me fala sobre o resultado da prova de roupas. (saindo com João)

Diogo: - Vamos almoçar ali naquele restaurante e aproveitamos para mudar de roupa.

Yuri: - Tudo bem.

Chegamos e pedimos a comida. Estava tudo uma delicia e conversei bastante com o Diogo. Sério, eu não conseguia enxergar o homem escroto e ignorante que todos falavam. Depois de almoçar, fomos até o banheiro. Ele colocou a mochila no chão e tirou toda a roupa, ficou apenas de cueca. E, nossa, ele tinha um corpo bonito até.

Diogo: (ficando em frente a Yuri) – Você não vai tirar sua roupa?

Yuri: - Eu… é…. digo…. ficar pelado?

Diogo: - Sim. Porquê não?

Yuri: - Eu não estou acostumado a ficar pelado assim...

Diogo: - Sei. Você é do tipo que tem vergonha do próprio corpo, né?

Yuri: - Eu.... eu....

Comentários

Há 1 comentários.

Por Arthur em 2016-12-12 15:58:16
Série perfeita