02x18 - Segredos (Parte 2)

Conto de Fernando_kalleb como (Seguir)

Parte da série Tudo Que Eu Quero

Para você que começou a ler essa bagaça, tem que ler a primeira temporada, nenê, aqui o link:

https://romancegay.com.br/entrada/o_carinha_do_terceiro_1

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"Assim como existem dois lados de cada história,

Existem dois lados de toda pessoa.

Um lado que revelamos ao mundo

E outro que mantemos escondido."

(Emily Thorne)

.....

- E foi isso que aconteceu... - Digo para James.

Resumi o que havia acontecido, estávamos no meu quarto, só nós dois, Alberto havia ido para a sala.

- Nossa, mas, essa garota é doente - Exclama James, tentando entender o porquê daquela atitude.

- César, precisar saber, eu preciso falar com...- Antes que eu terminasse de falar, James me interrompe.

- Como é que é?! - James começou a berrar - Você não precisa não! Você pode falar pro Neto, e ele irá lá conversar com César.

- Não é momento para ter ciúmes.

- Fernando, você não precisa se meter nessa história, isso não é dá sua conta - Exclama James.

MAS É CLARO QUE É! - Grito.

James se assusta com a minha forma de ter falado com ele.

Eu pisei na bola.

James... - Digo, levando minha mão em direção a sua bochecha, o mesmo se levanta antes que eu pudesse tocar.

James vira de costas para mim, e começa olhar pela janela.

- Faça o que você achar melhor, então - Disse James, sua voz não demonstrava raiva, nem estava alterada, estava calma, eu não conseguia compreender se aquilo era ruim pra o nosso relacionamento - Eu vou passar em casa, resolver uns assuntos, depois a gente se ver.

James começa andar até a porta, mas eu rapidamente entro em seu caminho.

- Não fica bolado comigo, não. Por favor - Digo, segurando suas mãos e as beijando.

- Vou ficar bem. Só toma cuidado, tá? - Ele disse tentando segurar a preocupação comigo. Eu adorava quando ele ficava assim em relação a mim, eu me sentia tão seguro.

Assim quando ele saí, pego o celular e ligo pra Neto.

A gente marca de se encontrar em sua casa.

Me despeço de Alberto e da minha mãe. Por sorte Isabel não se encontrava lá, mas eu tava bem afim de conversar com ela, apesar de saber que esse assunto não é meu problema e na verdade nunca, nem quando eu estava com César. Quando saísse dá casa de Neto, eu ia atrás de James, em sua casa, queria me entender com ele.

Já estava de tardinha, o sol estava bem quente neste dia.

(NARRAÇÃO ÁLVARO)

- Eu não tô acreditando nisso, Álvaro! - Disse meu pai, bem estressado com a notícia das drogas na pracinha.

Eu estava numa delegacia, não muito longe da praça, perto no centro. Eu não estava numa cela, até porque ainda sou menor de idade, me encontrava em uma salinha, eu, meu pai é o delegado.

- Pai, eu, eu... - Tentei falar algo, mas não havia nada a ser dito, pois eu estava errado - Desculpa.

- Senhor, a quantidade era pequena, então, vejo que podemos entrar em um acordo - Disse o delegado para o meu pai, o mesmo prestava atenção atentamente em tudo que ele dizia - Ele pode fazer trabalhos comunitários durante alguns meses.

- O quê?! E se eu não quiser? - Digo, exaltado. Eu nunca que ia aceitar aquela humilhação, tá louco, aquilo era demais pra alguém como eu - Você não vai deixar, né? - Digo para meu pai, o meu arqueia um olhar com significado de cala a boca, muleque.

- Ou isso, ou uma casa de reabilitação - Disse o delegado tentando ser mais parcial possível.

- Ótimo. Ele irá prestar esse trabalho - Responde meu pai.

- Vou pegar uns papéis com as informações do que o rapaz irá fazer. Um momento.

O delegado saí dá salinha e só deixa eu e meu pai. Agora, ele ia me escurracar, pois aquele foi o primeiro momento que ficamos os dois sozinhos, depois do ocorrido.

Meu pai é um cara complicado, ele nunca aceitou o fato de eu ser gay, sempre estavamos discutindo. Mas esse não era o maior ódio dele, o maior ódio era porque minha mãe havia Morrison no meu parto. E desde que me entendo por gente, ele sempre jogava isso na minha cara, sempre dizia que era para eu está morto no lugar dela, as vezes ele até me chamava de assassinos e quando me assumir em umas das nossas discussões só piorou nossa relação. Discutiamos quase todos os dias, com o tempo eu já havia me acostumado com aquele inferno.

- Drogas, Álvaro? - Pergunta ele apoiando os braços em uma mesa alí no centro da sala. Ele era magro, pardo e bem mais alto que eu.

- Desculpa - Digo com a cabeça baixa.

- Quando você vai tomar jeito, hein? Primeiro essa coisa de ser viado, agora um drogado. Um viado drogado?! - Grita meu pai - O que mais devo esperar? As coisas de casa sendo vendidas?! HIV?! Prostituição?!

- Eu não sou drogado, beleza. Eu não uso! - Digo, mas nada continha o ódio que ele tinha por mim.

- Sua mãe deve está no céu vendo isso... Morrendo de desgosto - Disse, ele respirando fundo.

- Desgosto?! - Disse, mas naquele momento eu sabia que ia explodir em cima dele - Desgosto sim, mas do senhor, por todos esses anos! Imagine, como ela estaria se estivesse viva, vendo o monstro que você se tornou! - Grito, com os olhos vermelhos, prestes a chorar.

Antes que ele diga algo o delegado entra na sala com uns papéis nas suas mãos. Ele entrega a meu pai que assina. Em um tinha o endereço e os horários. Meu pai assina e eu também. Pôde ler um pouco que o trabalho comunitário era numa casa para pessoas de terceira idade.

Ah, meu Deus. Cuidar daqueles velhos, não. Tudo menos isso!

(NARRAÇÃO CÉSAR)

Guto põe a mão na boca, ainda não acreditando naquela notícia.

E ainda estava sem palavras, íamos ficar mais alguns meses lá, sem a aprovação do projeto. Mas, agora com essa notícia. Nossa, eu estava com tanta saudade do minha mãe, até do meu pai, apesar de estarmos brigados.

- Eu tô indo na universidade indo assinar uns papéis e vê quando podemos voltar pra Manaus - Digo, colocando uma calça jeans é uma camisa - Avisa pro João, tá? - Digo, dando um selinho demorado em Guto, o mesmo não disse nada, só me observava. Não sei se ele estava feliz pelo fato de voltarmos para Manaus. Não importava, o importante era voltar. E antes que eu chegasse na universidade ligo para Neto, digo tudo, ele fica bastantes feliz com a notícia. Assim como eu.

(NARRAÇÃO FERNANDO)

Bato na porta e sua mãe a abre, logo em seguida ela me dá um abraço e um beijo.

Desde quando Neto havia saído dá clínica, sua mãe criou um carinho enorme por mim, eu sempre ia lá na casa deles, sempre ligava para saber com Neto estava, se ele estava na linha e essas coisas.

Subo para o quarto de Neto e vejo que ele estava no celular, alguém estava conversando com ele. Assim quando chego bato na porta que estava aberta e o mesmo faz sinal para eu ir entrando. Neto estava um eufórico, talvez, pela ligação, não sei. Ele saí dá ligação e vem me abraçar.

- Ferdes, olha tá cheiroso, tudo isso pra me ver? - Disse ele revirando os olhos.

- Não, né - Digo, rindo de suas palhaçadas.

- Então, você disse pelo celular que queria me dizer algo importante e blá blá blá... - Disse ele fingindo não se importar.

- É sobre César - Digo. Fazendo Neto ficar sério - E Isabel - Neto, agora estava curioso.

Explico as coisas que haviam acontecido horas antes, sobre Isabel. Neto fica andando de um lado para o outro, vermelho de raiva. Muita raiva.

- Como...Por quê? - Perguntava Neto horrorizado com a atitude de Isabel.

- Eu também não consigo entender, mas alguém tem que avisa a César sobre a verdade. Ele não pode mais ficar se martirizando por algo que nunca aconteceu em sua vida - Digo pensando em como tudo aquela história era bizarra.

Neto me olha de uma forma estranha, como se soubesse de algo também, mas não sabia como me dizer.

- Fernando, isso quem falará será Isabel, não temos o direito de se meter nisso, é a vida deles - Neto fala, dá uma pausa por alguns segundos, como se estivesse procurando as palavras certas pra me dizer algo - César saberá o quanto antes, pessoalmente no caso...

- Como assim, pessoalmente... - Digo pensando um pouco, até que cai a ficha.

- Por esses dias. Ele estará de volta - Neto segura em minha mão e mostrar um sorriso amarelado - Não se preocupe com esse assunto, irei fazê-los de uma forma ou de outra conversarem. Se preocupe com James, seu namoro, o acampamento que será daqui a alguns dias, casamento da sua mãe que será no final do ano e em passar de ano, também, tá? - Disse ele, como um conselho.

Não digo nada, só forço um sorriso para ele. Apesar de não querer aceitar, era isso mesmo que eu tinha que fazer. Sem querer acabei criando uma situação desembaraçada com James e eu tinha que me resolver. E quanto o retorno de César, não sabia o que esperar. Não fazia parte da minha vida.

- Você tem razão. Era só isso, eu tenho que ir a um lugar, resolver meu problema - Digo, revirando os olhos e rindo.

Rindo, mas de nervosismo.

(NARRAÇÃO ÁLVARO)

Eu nunca tinha ficado tão feliz de voltar para casa, meu pai subiu e foi logo para seu quarto. Enquanto eu cozinha tomando água, pensando no dia louco que foi aquele.

A campanhia toca.

Abro e fico surpreso a abrir a porta, era Isabel.

- Ora, ora, ora - Digo com um sorriso sarcástico - Entre.

A mesma entra e digo pra ela me acompanhar até a cozinha. Oferece água e a mesma recusa.

- Que honra ter a pessoa mais integra  e verdadeira que eu conheça na minha casa - Digo, com ironia - O que você quer?

- Luan me ligou e disse o que havia acontecido na praça. E claro eu queria vê com meus próprios olhos - Disse a desgraçada rindo - Eu falei que você ia cair.

Eu só tava olhando pra cara de pau dela e queria saber até onde ela iria.

- O que vai acontecer? Quantas semanas de trabalho comunitário? Ou melhor quantos meses? - Disse Isabel se abrindo na gargalhada. Naquele momento eu queria partir pra cima dela, mas me controlei.

Vaca.

- Tempo suficiente até César saber que você nunca esteve grávida, linda - Digo, arqueando um olhar mortal a ela.

O jogo, ele vira.

Isabel ficou sem reação, o sorriso dela havia sumido na hora, sua cara era uma mistura de raiva com preocupação, ela respirava fundo, tentando manter o controle. Ela estava suando frio, era divertido vê-la nervosa daquela forma.

- Do que você está falando? - Disse ela forçando um sorriso.

- Isabel, para, garota a sua máscara caiu. Eu já sei do seu acidente, da falsa gravidez, até do falso aborto para fazer César sofrer. Você tem problemas garota. Até onde pensa que ia chegar com essa mentira? E o seu pai, Isabel? Porque ser monstro e matar um ser inocente, acho que ele entenderia. Agora, mentir esses anos todos, é questão de carácter, garota - Digo.

- Tá aí, eu mentir, sim! - Disse ela batendo palmas pra si mesma - Mas se eu sou má carácter e você, hein? Somos iguais, Álvaro - Disse ela, se aproximando - Você queria colocar drogas na bolsa de um inocente e por quê? Por causa de macho. Que irônico.

Meus lábios tremem de raiva daquela pilantra. Como ela era um lixo de pessoa.

- César saberá tudo em breve - Digo, com os dentes trincados - Fora da minha casa!

- Ele não saberá, não. Eu vou acabar com você até lá - Disse, Isabel, num tom de ameaça.

- Não se eu acabar com você primeiro, cadela - Digo bem perto de seu rosto - Vaza!

Isabel solta uma gargalhada e saí de casa.

Precisava falar com César e com o pai dela, contar a verdade, mas como?

(NARRAÇÃO FERNANDO)

Bato na porta da casa do James. Ninguém me atende. Bato mais forte.

James a abre e fica surpreso com a minha presença ali.

- Oi...- Tento encontra as palavras, mas só olhava para seu corpo, ele estava sem camisa, só com um samba canção, fico admirando aquela pele branca e os sinais espalhados pelo corpo dele, os gominhos da sua barriga me deixava pouco - Desculpa não avisar - Digo, um pouco sem graça.

- Fernando, está tarde, não era você tá aqui é um pouco longe da sua casa e é perigoso - Disse James, num tom calmo - Mas, entra aí, tô sozinho.

Já era mais de 19h, James morava um pouco longe, mas nunca foi um problema, digamos que quando surgia essas situações, eu sempre dormia na sua casa ou ele na casa do meu pai comigo.

- Vamos lá pro quarto - Disse ele, bem frio. Ele não tinha nem me dado um beijo se quer.

Fomos para sei quanto e eu sentei na na cadeira giratória que ficava perto do seu computador. James deitou na cama com as mãos atrás da cabeça, olhando para o teto.

- Então... - Disse James, quebrando o silêncio.

- Então eu conversei com Neto sobre o assunto de César...

- Isso é sério? - Disse James colocando as mãos na cara e se sentado na cama - Você aqui em casa pra falar dos problemas do César?

- James...

James se levanta e puxa a cadeira giratória que tinha rodinhas, para perto dele na cama e volta a sentar.

- Me escuta, Fernando - Começava James - Não sei se você já ouviu falar na teoria do asfalto.

- Asfalto, quê? Onde você quer chegar? - Pergunto, super confuso.

- A superação de um amor mal vivido, ou um meio amor amado, é uma escolha. É como o asfalto. Para fazer o reparo de um asfalto é preciso escolher entre o tempo necessário para que aquele buraco seja restaurado corretamente, ou não ter paciência e só colocar resto de matérias dentro para concertar o problema naquela rua. A superação é assim, a rua é o seu coração, a espera é o tempo necessário para que a ferida seja curada e os matérias são as pessoas que você usa para tentar cobrir ou ocupar o vazio que restou em você... - Eu já sabia onde ele ia chegar, meu coração batia forte, eu estava com medo. James respira um pouco e começa a olhar para o chão, seus olhos começam a marejar. E continua - Mas, a moral dessa teoria não é somente mostrar a você as escolhas possíveis, a moral também é: Quantas vezes você me jogou dentro desse seu vazio interior, e lembrou daquele que fez esse vazio, César?

- James, não é assim. Você... Você não é um material - Digo, segurando o choro.

Fernando, você acha que não, porque é assim que você pensa, ou se forçar a pensar. Mas, você não percebeu uma coisa superar é diferente de esquecer. E você não o esqueceu - Fala James com as lágrimas escorrendo nos seu rosto.

- Eu gosto de você - Digo, já sentindo as lágrimas rolando em meu rosto também.

- Para de se enganar - Grita James - Você pode até gostar de mim, mas é à ele, à César que você ama.

- Não! O que houve hoje, só foi uma preocupação à tôa - Digo, tentando minimizar tudo aquilo.

- Só você que não percebeu - James respira e se acalma - Fernando, desculpa, mas não posso conviver com isso, é doloroso. É melhor terminamos. Pode ser pior no futuro.

- Não faz isso, James - Digo, apavorado.

- Fernando, por favor, vai embora - Disse James, me olhando com os olhos inchados.

Limpo meu rosto com as mãos e saiu de lá.

Minha cabeça tava girando, e eu estava sentindo uma dor tão grande. Eu só queria chegar em casa, me jogar na cama e dormir bastante.

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