02x08 - Abismo

Conto de Fernando_kalleb como (Seguir)

Parte da série Tudo Que Eu Quero

Oeee seus maravilhosos, voltei aqui mais belíssimo do que nunca, com esse ep., lacrante, talvez um dos mais esperando, mas é isso aí gatos, E LÁ VAMOS NÓS...

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"Atiramos o passado ao abismo, mas não nos inclinamos para ver se está bem morto."

(William Shakespeare)

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- Preciso contar algo, sobre mim, algo que se eu não contar antes, estarei matando de uma tal maneira - Digo respirando fundo.

- Pode falar, agora é a hora - Ela fala.

Olho em seus olhos, minha voz fica trêmula, minha garganta dar um nó, começo a lágrimar, e agora era a hora de destruir. De destruir o Imperio de mentiras..

- Mãe, eu sou... GAY!

E tudo ao meu redor parecia estar escuro e a unica coisa que pairava naquela cozinha era nossas respirações, não sentia minhas mãos, procurava algum lugar para olhar, mas só conseguia olhar pro teto, tentando engolir o choro e logo em seguida contando de 1 até 10, mas nada dava jeito, aquele frio na barriga, tudo aquilo tava sendo demais.

Minha mãe me olhava, e aquele olhar era o único que eu não compreendia muito menos conseguia decifra-lo. Não sei se ela estava com ódio, com raiva, decepciona ou com nojo, a expressão em seu rosto era um tênue assustador entre o silêncio dela e o meu medo. Aqueles foram os segundos mais tenebrosos da minha vida, ela só me observava e eu tentando fica forte, mas tava sendo difícil.

- Gay? - Disse minha mãe procurando algo refúgio em suas palavras.

- Sim, eu sinto muito - Digo, pegando uma cadeira da mesa e sentando.

- Eu não... - Disse minha mãe olhando para os lados procurando palavras para entender e lidar com toda aquela situação.

- Eu sei que não tá fácil e...

- PORQUÊ? - Gritou minha mãe.

- Desculpa.

- Agora tudo faz sentido, o fato de você ser diferentes dps outros garotos, de não ter uma namorada nessa idade, de... O César? Vocês têm alguma coisa?

- Somos namorados.

- A quanto tempo - Pergunta minha mãe. Eu sinceramente não sabia onde ela estava tentando chegar.

- Já faz alguns meses.

- E desde quando você sabia que era dife... GAY? - Minha mãe pega uma cadeira e senta-se, na minha frente.

- Desde o ano passado.

- Como? Eu quero saber os detalhes.

- Onde você quer chegar com essas perguntas?

- Onde eu quero chegar? ONDE VOCÊ CHEGOU, EU SOU SUA MÃE. E O QUE VOCÊ FEZ? VOCÊ ME ESCONDEU ALGO TÃO IMPORTANTE, QUE O MÍNIMO QUE EU PENSO E QUE... VOCÊ NÃO CONFIA EM MIM - Exclama ela.

- Eu tava esperando o momento certo pra falar. Você acha que foi fácil esconder isso tudo de você?

- Sei que não foi. Mas eu tinha certeza que... Independente de qualquer coisa você confiasse em mim, mas vejo que estava errada. Ok. Eu preciso digerir essa informação, ainda te amo, eu... - Minha mãe levantou-se da cadeira e desligou os fogos do fogão e saiu da cozinha. Me deixando ali confuso.

Quando ela estava começando a subir as escadas, sigo-a, pois ali naquele momento vejo que o fato de eu ser gay, era só um detalhe e percebi que a mesma estava magoada.

- Foi na escada da escola. Tava chuvendo nesse dia, e o vi pela primeira vez, seus olhos foram de encontro aos meus e só baixei minha cabeça, e soltei um leve sorriso. E ali naquele momento eu havia percebido que eu gostava daquele garoto de olhos penetrantes e verdes - Digo, sorrindo e coçando a minha cabeça, e meio a isso ela para e fica ouvindo tudo - No começo não entendia o que eu tava fazendo, só sei que eu tava gostando, ah e o nome desse garoto é César, e até hoje não mudou nada, aliás só aumentou meu sentimento por ele. Mas nesse meio tempo eu beijei outros três caras, e cada um foi como uma "aventura", diferente, e quando penso nisso eu riu. E desculpa por eu não ter falado quem eu sou de verdade, desculpa eu ter me jogado nesse abismo de mentiras, desculpa, mas, por favor me entende eu não podia magoar você, eu não podia, eu não queira ver você sofrer. Desculpa, o que você quer que eu faça? Me martilize? Tô de coração aberto aqui pra você, por que eu cansei de mentir, pra você e pra mim. Por favor...

Digo essas palavras do fundo, mais bem fundo mesmo do meu coração, eu nunca pensei que tudo aquilo seria tão difícil, mas já tava ali não podia mais voltar.

Ela desce de onde havia parado nas escadas e senta-se no sofá, e da uns tapinhas no sofá com um gesto de "senta aqui".

Eu ando em direção ao sofá e sento-me nele, ela olha pra mim, e dar um leve sorriso, como se tudo tivesse bem, mas eu só abaixo a cabeça, pois eu não sabia se aquele sorriso era algo bom ou algo ruim.

- Eu te amo. E não há nada que mude isso nesse mundo, e o fato de você ser gay não é nenhum bicho de sete cabeças, hoje em dia isso é pouco comum, e vai ser estranho no começo, mas nós vamos nos adaptar, se quiser a gente vai fazer até terapia junto - Disse minha mãe, com os olhinhos vermelhos.

- Tá mãe, não é pra tanto. Obrigado, se você soubesse o quão estou aliviado, é como se eu tivesse tirado um caos, um grande caos de nossas vidas. Agora, sem segredos entre nós, tuda verdade que eu escondia não existe mais. Sem mágoas, sem segredos - Digo colocando minha cabeça em perna.

- Isso, sem segredos, mesmo filho - Disse minha mãe avoada, pensando em algo distante. Não importava, não naquele momento.

- Agora que eu já sei de tudo, eu quero saber sobre você e César e esses três garotos.

Bem, não é fácil falar essas coisas para uma mãe, ainda mais eu, que sou super tímido, mas na medida do possível fui falando, cortei algumas partes. Falei que estava com César, que beijei James na sala, que beijei Neto na frente de sua casa, e sobre Miguel não falei tanto detalhes, só disse que, foi na festa aí.

- Pronto e acho que só - Digo, rindo.

- Nossa, já ouvi demais, bom vou dormir, pois o dia de hoje, foi diferente - Diz minha mãe, com um ar confuso.

- E bastante? E sobre seu namoro? - Pergunto.

- Isso não vai atrapalhar nada, e caso, ele não aceitar, eu termino. Simples. Nao vou escolher um namorado qualquer ao invés do meu único filho.

- Ok, te amo, eu vou fazer uma ligação agora, boa noite - Saiu do sofá e começo a subir as escadas, quando ela me chama.

- Ah meu filho, e quanto a seu pai? Você vai falar quando pra ele? - Pergunta minha mãe.

- Um problemas de cada vez mãe, com ele converso no meu aniversário, boa noite - Digo.

- Boa noite, não se esquece que te amo - Fala minha mãe.

- Não vou esquecer - Digo.

Subo para o quarto e pego o celular que estava no bolso e vejo que estava descarregado, deixo ele carregando e aproveito para tomar um banho, antes de ligar pra César.

( NARRAÇÃO CÉSAR)

- Ok. Depois do dia de hoje você vai conseguir. Você consegue, é agora. E lá vai - Digo descendo as escadas.

Vou até a sala, onde estava eles dois, respiro fundo e digo:

- Pai, mãe? Eu preciso conversar com vocês...

- Fala aí, meu filho - Responde meu pai.

Meu pai era mais alto que eu, tinha um bigodinho e olhos eram como o meu, moreno claro, e cabelos grisalhos curtos. Já minha mãe vivia de cabelo amarrado, ela era baixinha, era branca, e tinha cabelos pretos e olhos castanhos escuro.

- Fale meu filho - Fala minha mãe, com aquele jeito comum de mãe, doce.

- Eu não sei como dizer isso mas, aconteceu - Digo sentando no sofá.

- Vamos direto ao ponto Césinha - Fala meu pai.

- Pai, mãe, eu já sou adulto e tô numa faculdade boa, e já tenho certeza das minhas escolhas, e tenho noção das suas consequências e eu amo vocês...

- Você vai sair de casa? - Interrompe minha mãe, um pouco aflita.

- Deixa o garoto falar, mulher - Agora foi meu pai interrompendo ela.

- Não, é isso - Digo.

- Pode falar, estamos aqui pra isso - Fala minha mãe.

- É que... Eu... - Tava gaguejando muito, não conseguia falar nada, olhava para todos os lados, e não saia nada. E meus pais me olhavam, prestando bastante atenção no que eu iria dizer.

- Eu... Eu... Ajudei o Neto, a não se matar! - Digo. E só consigo pensar comigo "DROGA, DROGA, DROGA"

- Ele voltou a fazer aquelas coisas? - Pergunta minha mãe.

- Sim, ele foi internado em uma clínica de reabilitação, eu ajudei a mãe dele - Digo abaixando a cabeça, e reprovando minha covardia.

- É meu filho, você tirou seu amigo de um abismo, você salvou ele, você é uma boa pessoa, tenho orgulho de você - Exclama meu pai.

- Cesinha meu filho, eu tenho a sensação que não era isso que você ia dizer - Fala minha mãe.

- E não era mesmo, mas deixa pra lá, é bobagem - Digo.

- Você falou várias coisas, até sobre sua faculdade. Tem certeza que é bobagem?

- É, meu filho tem certeza? - Pergunta minha mãe.

- Então, ok. Eu tô namorando! - Digo com uma respiração ofegante.

- Sério, ah meu filho e quem foi a sortuda? - Pergunta meu pai, com um sorriso estampado no rosto.

Respirei fundo e pensei em todos os momentos com Fernando, e me lembro que tudo aquilo foi bom, e não queria que aquilo acabasse, e por isso que eu disse a verdade, me libertando de um abismo, um abismo no qual, não existiria, não ali, nem daqui pra frente...

- Sortudo. É o Fernando! E antes de qualquer pergunta pu julgamento, sim, eu sou gay! - Repito com um tom sereno.

Minha mãe olha pra mim, e logo em seguida abaixa sua cabeça e coloca as mãos sobre a testa, ela estava confusa. Quando vou olhar em direção ao meu pai, só vejo dele vindo em minha direção, e sua mão pesada voando em meu rosto. Seu tapa foi tão forte, que ali naquele momento, eu só queria chorar. Mas fiquei firme e forte.

- Pode bater o quanto quiser isso não vai mud... - Sou interrompido por outro tapa, dessa vez, eu fiquei cambaleando, até eu me encosta na parede.

- FILHO MEU! NÃO VAI SER VIADO! - Fala meu pai.

Aquelas seis palavras foram mais dolorosas que o dois tapas que ele havia me dado.

- Sinto muito, mas eu sou um VIADO - Falo com a voz trêmula.

Quando ele vinha pronto pra dar o terceiro tapa, minha mãe se levanta e se põe entre nós dois.

- NINGUÉM BATE NO MEU FILHO! NO NOSSO FILHO - Fala minha mãe.

- É isso que esse moleque precisa, você numca educou ele direito. Onde eu errei! Eu não mereço tanta humilhação, ter um filho Vi...

- SE VOCÊ FALAR ESSA PALAVRA NOVAMENTE, SERÁ A ÚLTIMA VEZ! - Retruca minha mãe.

- Mas é claro, mais uma vez você vai passa a mão na cabeça desse menino, por isso ele assim, mimado, mas agora é a hora de mudar e fazer ele virar homem de verdade! - Fala meu pai, tirando seu cinto.

- PRA BATER NELE, VOCÊ TERÁ QUE ME MATAR! - Fala minha mãe.

- Você vai ficar do lado disso, dessa coisa, essa aberração? - Fala meu pai.

- Ele é o meu filho e não há nada que mude isso, ei vou aceita-lo de qualquer forma.

- Aceitar, você tá maluca? O que os vizinhos vão pensar?! O que o resto da família vai falar? Que eu sou pai de um boiola?! - Fala meu pai indignado.

- E que os outros vão pensar é problema deles. E se vieram falar da vida do MEU FILHO, vou mandar tudo pro INFERNO! Você é pai de um homem, que é um rapaz honesto, você deveria sentir orgulho - Fala minha mãe estarrecida.

- Orgulho? - Meu pai olha pra mim e aponta com seu dedo - EU TENHO NOJO DE VOCÊ! - Logo em seguida ele sobe para seu quarto, mas consigo ver que seus olhou estão vermelhos.

Quando ele se vai, me encosto na parede, e vou deslizando até o chão, e abraço minhas pernas e começo a chorar. Minha senta do meu lado, e com sua mão puxa o meu queixo.

- Eu te amo, apesar de qualquer coisa - Disse logo em seguida, me abraçando.

- Vou embora! É o melhor a se feito! - Digo limpando minhas lágrimas.

- Ninguém não vai a nenhum lugar! Amanhã ele vai tá de cabeça fria, e vamos todos conversar civilizadamente, como uma família, a família que nós somos. Agora vai la pra cima limpa esse rostinho e descansar, eu te prometo que vai ficar tudo bem.

Subo com muita pressa para o meu quarto, vou direto ao banheiro e fico sentado no box, chorando por uns dez minutos, até eu me der conta que, eu não tava errado, eu fiz o certo, me levantei limpei meu rosto, e soltei um enorme sorriso.

- Tô livre desse abismo - Digo, deitado na cama.

Já eram 00:00, e finalmente Fernando me liga.

- Amor? Como foi- Fala Fernando do outro lado.

- Ah eu falei, amanhã te conto, e você? - Pergunto a Fernando, mudando de assunto.

- Nossa foi um pouco complicado, mas ela aceitou, e ainda ta digerindo as informações.

- Nossa amor que bom.

- César, o que houve? A sua voz tá diferente. Eu te conheço.

- É conhece mesmo.

- É sobre o Neto.

- O Neto? Mais o que houve com ele?

- Ele foi internado em uma clínica de reabilitação.

- O que? Não, não, não. Quero ve-lo.

- Amanhã vamos lá, te prometo, mas hey, não se preocupa não, ele vai ser bem cuidado lá.

- Tomare.

- Já tá tarde, hoje o dia foi muito UAUU, tô cansado. Amanhã passo aí e te pego.

- Tá meu amor, boa noite. TE AMO TÁ?

- TE AMO MAIS.

Desliguei o celular, e só peguei meu coberto e dormir.

Acordei no dia seguida cedo, fiz minhas necessidades e me arrumei depressa, e quando desci meus pais já estavam tomando café da manhã.

- César, pra onde você vai? - Fala minha mãe.

- Tô indo ver Neto - Digo.

- Bem outro macho dele - Fala meu pai com tom de deboche, lendo um jornal.

- Macho? Não! Mas que eu já peguei, isso já! - Falo jogando um deboche, mas debochado que o seu.

- Seu moleque...

- NÃO. O QUE CONVERSAMOS ONTEM NO QUARTO?- Fala minha mãe.

- Bom, querida papai, só quero que você saiba que não vou me abater pelas merdas, desculpa pela palavra, que você disse ontem, eu tô feliz comigo mesmo, e espero que um dia você perceba o quanto isso é desnecessário. E que um dia você perceba que eu nunca vou deixar de AMA-LO - Meu pai olha em meus olhos, e volta a ler seu jornal, como se tudo aquilo fosse besteira - Bom, deixa eu ir. Até.

Chego na casa do Fernando e mando mensagem pra ele, pois ainda não tava preparado pra enfrentar a sua mãe.

- Bom dia, amor - Falo Pro Fê, puxando e beijando-o.

- Bom dia meu amor, vamos? - Fala ele, com aquele jeito fofo de sempre.

Nós formos e demoramos mais ou menos, 30 minutes para chegar na clínica de reabilitação. Chegando lá, fizemos nossos cadastros de visita, e entramos. Acabamos por descobrir que Neto estava no banco que fica no jardim.

Fomos a esse jardim, não foi difícil de achar Neto. Chegamos perto, e vimos que ele está tomando suco com pão e manteiga dentro. Quando chegamo mais perto, Neto nos avista, e levanta-se, e começa a andar em nossa direção.

- FERDES - Disse Neto abraçando Fernando - POR FAVOR, ME TIRA DAQUI. SOCORRO. ESSE LUGAR ME DAR MEDO!

Olho para o Fernando e ele me olha, com os olhinhos castanhos vermelhos, já caindo em prantos...

(NARRAÇÃO JAMES)

O dia tava muito bonito, com um sol digno de se aproveita, resolvo ir jogar vôlei naquela manhã, mas iria jogar só, tava afim de pensar.

Saiu de casa e vou para a mesma quadra que sempre jogo vôlei. E fico jogando a bola na parede. Quando de repente ouço uma voz, uma voz de um abismo que eu não ouvia já fazia um bom tempo.

- Joga mais alto, você consegui - Ele fala, já adentrando na quadra.

- Você? Mas...

- Eu te conheço meu querido, sei seus lugares preferidos, não me subestime James, não subestime seu ex. O passado manda lembranças, tava com saudades? Pois eu tava, E eu só digo uma coisa: EU VOLTEI! - E ecoava por toda a quadra o grito, de Álvaro.

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Eitaaa porra, gosto é assim, taí amores, mas um ep., comentem critiquem façam o que quiser, tamos aqui pra isso, e é isso aí. Até semana que vem meus boys. Bjoos.

02x09: O passado manda lembranças:

César descobri um segredo do passado, capaz de destruir, tudo entre ele e Fernando, Álvaro tem uma linda surpresa pra Fernando, Álvaro e Isabel se conhecem, e Luan beija... Xiu, segredinho...

Comentários

Há 2 comentários.

Por edward em 2015-11-18 14:45:39
Caralhoooooo muito bom.só achei que o pai do César foi muito duro .
Por Niss em 2015-11-15 22:29:34
Viiiiaaadooo! Mana dos céus! Pela parte da mãe do Nando fiquei orgulhoso, assim como pela mãe do Cesinha, mas, o pai dele, representou a maioria dos pais de gays... Triste. Espero pelo proximo. Kisses, Niss.