Quando Tudo Mudou

Conto de JoshRussel como (Seguir)

Chamo-me Diogo, tenho 22 anos e atualmente estou no segundo ano da faculdade, meu “amigo”, o qual fará parte desse conto, chama-se Alex e tem 23 anos, também está no mesmo ano de faculdade que eu, ambos cursamos Zootecnia.

Conheci o Alex numa das primeiras festas da faculdade logo no nosso primeiro ano do curso, estudamos várias matérias juntos desde o primeiro semestre, portanto posso dizer que possuímos um bom relacionamento e somos bons colegas, mas isso iria avançar um passo a mais desde que algo diferente e inesperado aconteceu entre nós dois.

Obviamente muitas das matérias do curso exigem mais atenção do que outras, mais dedicação e também a colaboração daqueles que sabem um pouco mais, o compartilhamento de conhecimento é indispensável, e foi assim que eu acabei precisando da ajuda do meu colega numa das matérias de nutrição animal da faculdade, pois a mesma exigia conhecimentos de operações matemáticas na área de química, algo que eu já nem lembrava tanto, pois já havia esquecido boa parte disso após o vestibular.

Sendo assim, combinei com o Alex sobre irmos à biblioteca, especificamente numa das várias salinhas de estudos que podem ser encontradas vazias de vez em quando para um grupo de até quatro pessoas. Como de costume, porque estudos em grupo, assim como em dupla, são algo muito comum em qualquer curso de graduação. Nos sentamos um em frente ao outro e eu comecei a dizer a eles as minhas dúvidas da matéria.

Era impressionante o quanto ele sabia do assunto, pois ele já havia feito um curso técnico em química durante o ensino médio, então tudo ocorreu normalmente como sempre e consegui esclarecer tudo o que queria. Sendo que a biblioteca fecharia às 22:00 e já eram 21:30, saímos e ele me deu a ideia de irmos tomar uma cerveja num bar próximo ao apartamento dele, algo que não recusei, pois havíamos gastado boa parte de nossa sexta à noite na biblioteca, daí fui de carona com ele até lá.

Chegamos até o bar, que estava bem vazio, apesar de ser sexta-feira à noite, mas isso não importava, afinal íamos tomar umas cervejas entre nós dois. Sentamos numa mesa mais distante do pessoal que também estava presente no bar, pois queríamos um pouco mais de silêncio para trocar umas ideias. Pedi uma porção de salgadinhos para acompanhar minha cerveja e ele quis tomar uma caipirinha.

Comentei com meu colega sobre uma garota que me chamava a atenção há mais ou menos um mês, mas desde então eu não havia conseguido coisa alguma com ela, foi então que o Alex disse que eu estava dando atenção a quem não merecia, o que de certa forma achei estranho. Foi então que ele olhou fixamente dentro de meus olhos e comentou que adoraria ter olhos tão azuis como os meus, falando que faria qualquer um afogar-se profundamente “nesse mar profundo” de paixão, não pude controlar a risada e falei a ele que isso não importava e que nunca tinha reparado se eu, mesmo possuindo olhos assim, era capaz de fazer o que ele falou.

Alex me respondeu que eu não fazia ideia, e que certamente isso já havia acontecido, mesmo eu nunca tendo reparado. Acreditei nele, pois eu sou muito ruim em observar o comportamento alheio, mesmo que as coisas estejam muito óbvias. O Alex terminou uma cerveja e começou a tomar a caipirinha, disse que estava ruim como os as investidas falhadas dele, então ele se levantou e disse que ia ao banheiro, mas que voltaria quando eu menos esperasse.

Vi ele falar com o cara do balcão de bebidas, mas nem pensei sobre o que era, olhei para a caipirinha dele sobre a mesa, que ainda estava cheia, olhei ao redor para ver se ele já tinha entrado no banheiro, e já tinha. Tomei um gole para ver se realmente estava ruim, e estava mesmo, Alex tinha toda a razão. De repente o estilo da música do bar mudou, achei que já era por ser aproximadamente 23:30 e o estilo sairia do sertanejo para o POP, a música que começou a tocar era chamada de “I Follow Rivers”, da cantora sueca Lykke Li, uma que gosto muito, apesar de a ter escutado somente umas três vezes.

Afim de esperá-lo voltar e sem ficar entediado na mesa, levantei para observar mais de perto um espelho decorado que estava ao lado da nossa mesa, arrumei o topete e olhei para a parte de baixo da moldura, pois a mesma estava com um pequeno arranhão e imaginei o quão perfeito todo o espelho seria sem ele, foi então que senti alguém me abraçar por trás, passando os fortes braços pela minha cintura e me prendendo, mas tudo de forma suave. A sensação me deu um frio na coluna, um tremor nas pernas e uma sensação muito esquisita na barriga, então vagarosamente levantei a cabeça e olhei para o espelho para ver quem era e exatamente o que estava acontecendo.

Era o meu colega Alex, juntamente com a música ele encostou seu rosto ao lado do meu por trás, senti sua barba, que sempre está arrumada e curta, arranhar levemente o lado de minha nuca e seu nariz encostar em minha orelha direita, pude sentir perfeitamente sua respiração, lenta e quente. Daí ele falou juntamente com a letra da música, que se encontrava exatamente na parte: “You're my river running high” (você é o meu rio correndo forte), “Run deep, run wild” (que corre fundo, corre selvagem).

Engoli seco. Fiquei completamente sem reação, nunca havia sentido aquilo antes, nem imaginaria que um dia iria sentir, ainda mais com meu colega, Alex, um bom colega. Ele me encarou pelo reflexo no espelho, seus olhos negros e sem limites de profundidade me deixaram estático, era incrível como nunca tinha reparado na perfeição de suas sobrancelhas retas e arrumadas em relação aos seus grandes cílios, era tudo perfeito.

Ele foi me soltando, engoli seco novamente, me virei devagar, pude olhar diretamente em seus olhos e ele mais uma vez deu a iniciativa, encostou seus lábios nos meus, colocou sua mão direita no lado esquerdo do meu rosto e a levou até minha nuca enquanto sua mão esquerda mais uma vez passou pela minha cintura até as minhas costas. Finalmente entendi tudo o que estava acontecendo, ele tinha pedido ao moço do balcão para que essa música específica fosse a próxima a ser tocada. Então levantei vagarosamente minhas mãos e as coloquei em sua cintura, comecei a retribuir aquele beijo. Ficamos assim durante uns 10 segundos, paramos para olhar um ao outro e nos abraçamos fortemente, foi aí que sussurrei no ouvido dele: “I follow you” (eu te sigo) “dark doom, honey” (destino sombrio, querido) “I follow you” (eu te sigo).

Quando a música acabou, nos soltamos lentamente, demos as mãos, olhamos um ao outro e sorrimos. Alex disse-me que eu era tudo o que ele queria e que depois de praticamente dois anos e meio ele teve coragem de levar as investidas mais a fundo e correr o risco de ser correspondido, e foi o que aconteceu.

Meu colega, que a partir daquele momento se tornou algo muito maior, fez questão de pagar a conta do bar e tínhamos certeza de que as coisas jamais seriam as mesmas como antes. Combinamos de irmos cada um à sua casa e que no sábado de amanhã ele viria até meu apartamento para continuar o início que demos à nossa história.

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