As Controvérsias do Amor - Chapter 8

Conto de Cinnadia como (Seguir)

Parte da série Always

Oi oi meus anjos, primeiramente quero me desculpar pela demora, sei que demorei no último capítulo também, mas vocês devem saber como é uma correria no final do ano, e é quase impossível escrever em paz na casa de seus parentes, fora que estou escrevendo o capítulo de Vinicius e esse ao mesmo tempo, então foi difícil escrever rápido. Bom, só me resta implorar pelo vosso perdão 😔.

Henry Thorne: Migoo, que bom que gostou do amadurecimento do Nicollas, cuidado com as expectativas sobre Vinicius, ele é muito imprevisível, talvez tenha acontecido algo enquanto ele dormia, mas só talvez... É, apesar de ser triste só amadurecemos com nossos erros, temos que aprender com eles. Essa confusão com Rafael foi intencional, ele vai ajudar muito o Nicollas, talvez quase tanto quanto ele vai atrapalhar no futuro, spoiler? Não, não, isso vai acontecer de um jeito bem inconvencional. Ps1: Obrigado, pode não parecer, mas ela é um dos personagens principais da história, por enquanto só estou mostrando como ela é, altiva, poderosa e esperta, para se familiarizarem com ela, apenas trechos que mostram seu modo de pensar, sua visão do mundo. Ps2: Eu sei, senti como se estivesse cometendo um crime quando escrevi essa cena. Ps3: Tem muito simbolismo na história, e para Nicollas a separação representou muito mais do que o afastamento deles, mostrou para ele que as coisas podem dar errado também, que não basta apenas o amor incondicional e irracional que ele sente. Ps4: Obrigado😄 eu devo tudo a você, que foi quem anunciou minha série, desculpa pela demora, sei que foi difícil esperar, sou leitor também e conheço o sentimento.

SirFerrow: Desculpa pela demora 😁, tentei colocar mais pensamentos dele nesse capítulo, espero que goste. Boa leitura!

Jeeh_alves: Desculpa pela demora, aí está o capítulo, tenha uma boa leitura☺️

Bielrock: kkkk vou tentar não fazer de novo😜 hmm, vamos ver se isso vai acontecer mesmo. Obrigado, só queria dar um sustinho em vocês. Bjos.

Luã: Muito obrigado! Que bom que gostou da história, estou tentando deixá-la sempre melhor, e acho que seu desejo vai se realizar, se quiser saber é só ler o capitulo😘

E lá vai mais um capítulo!

___________________________________

Ali não estava mais Nicollas, o menino amável e educado, quem estava era Sr. Petriér, alguém desconhecido, e ansioso para testar seus limites. As margens iluminadas do lago representavam um desafio, e eu era um jogador ávido. Um menino surgiu, esse não usava manto, logo era um dos candidatos. Olhei o relógio, ainda eram 23:55, a ansiedade se tornou mais intensa, o que pensariam se eu chegasse antes da hora? Precavido? Ansioso? Sufoquei esse pensamento, Rafael dissera meia-noite em ponto, nada mais, nada menos. Outros meninos chegavam, 23:57, talvez Rafael tivesse se enganado, talvez eu devesse chegar antes, ou talvez o nervosismo tivesse tomado conta de mim. E de novo, como um clique, o modo automático de mim mesmo se acionou, ergui a cabeça, desafiando qualquer coisa perante a mim, 23:59, faltava pouco, só alguns segundos me separavam do meu destino, o qual me foi reservado, ele era meu lugar de direito. 00:00. Andei fluidamente, passos firmes e confiantes, altivo demais para me importar com os olhares dos outros candidatos. Meu olhar pousou sobre o grupo de encapuzados, nenhum tinha as máscaras do ultimo encontro, direcionei meu olhar para o rosto de Rafael, estava com o nariz vermelho devido ao frio, e em seus olhos estava um brilho que eu conhecia, orgulho. Por mais que eu quisesse, evitei sorrir, algo me dizia que aquela ajuda que ele me dava era uma vantagem desonesta com os outros. O grupo se moveu, ordenado e simétrico demais para ser espontâneo, era como se tivessem ensaiado.

- Irmãos, todos vocês desvendaram as pistas que vos deixamos, e chegaram até aqui. Se mostraram dignos, mas além disso, espertos - pisquei atordoado, pistas? Que pistas? Apesar da confusão, não abandonei minha postura, algo me dizia que ela era mais vital do que nunca - Agora, para se tornarem, realmente, parte da Mänus, todos deveram conseguir ajuda de um membro já efetivado.

Alguns cochichos e expressões de surpresa. Rafael prosseguiu.

- Ele te guiará e te ensinará sobre nossa irmandade. Será seu melhor amigo dentro da Mänus.

O silêncio perdurou por pouco tempo, foi quebrado por um pigarro e uma pergunta.

- Devemos escolher alguém?

Rafael sorriu e foi acompanhado pelos outros garotos de manto.

- Você deverá conquistar alguém.

Dessa vez houve uma explosão de cochichos, todos pareciam surpresos.

Contudo alguém foi mais longe na ousadia. Gabriel Ethos perguntou, com escárnio nas entrelinhas.

- E como você supõe que consigamos alguém?

Chocado, perdi toda compostura e olhei horrorizado para Gabriel. A frase era carregada de uma agressividade polida, quase um desafio. Rafael não se deixou levar pela provocação, respondeu com naturalidade, entretanto tinha em sua voz um tom de poder que mostrava quem estava no controle.

- Essa questão é particular. Vocês deverão se valer dos métodos que preferirem.

Gabriel ostentou sua cabeça com altivez por mais um tempo, desafiando Rafael, mas logo se deixou acalmar.

Os outros falaram mais alguma coisa mas não prestei atenção, ainda estava petrificado com a ousadia de Gabriel. Pensando sobre o caso, tinha motivos para aquilo tudo. A família Ethos era a segunda mais rica e poderosa de toda Augustine, sempre foram bem de vida, mas sua ascensão financeira se deu a menos de vinte anos, com o advento da internet. Suas ramificações cobriam todas as áreas de merchandising e publicidade da mesma. Todo esse império só perdia para uma única família, os Aramash. Fazia sentido os ânimos acirrados entre as famílias, mas disso a uma afronta pública, era um grande passo, quase surreal.

A movimentação ao meu redor tirou-me do estado de ponderação, todos os candidatos estavam se retirando. Olhei uma última vez para o grupo da Mänus e parti junto com os outros. No caminho ouvia os mais diferentes comentários, alguns se perguntavam se poderiam subornar um dos membros da irmandade, outro apontou o erro do plano, todos os membros tinham tudo, ou mais, que qualquer um de nós. Alguém mais a frente comentou sobre a possibilidade de um parente, que já fosse membro, ajudá-lo, alguns assentiram, afinal aquela era de longe a estratégia mais inteligente. Um dos garotos levantou uma questão, enquanto todos estavam aflitos pensando sobre como iriam entrar na irmandade, Gabriel Ethos andava tranquilamente, tinha uma expressão de satisfação no rosto, como se já fizesse parte da Mänus. O que ele estava pensando?

Alguém teve o mesmo raciocínio que o meu, porém foi mais longe perguntou a ele se não estava preocupado. Gabriel riu como se tivesse ouvido uma piada, e respondeu casualmente:

- Eles só vão aceitar os melhores daqui - e sorriu deliberadamente, disseminando a discórdia - Os que podem oferecer alguma coisa real, algo sólido. E, por acaso, eu posso oferecer-lhes muito.

Compreendia a dimensão de suas palavras, era tudo verdade. Por que iriam se contentar com a escória enquanto podem ter os melhores? Era tão lógico, tão claro, e mesmo assim eu não consegui ver nada. Foi preciso outro jogar a verdade em meu rosto, para que assim, eu pudesse entender como a Mänus funcionava. Meu sentimento de impotência foi abrandado pela reação de outros meninos, que como eu, não haviam percebido. Eu não era o único.

Quando chegamos aos dormitórios percebi que um garoto alto de manto havia nos guiado até ali, minha cabeça disparou em pensar sobre a possibilidade dele ter escutado o quê Gabriel tinha dito. Será que ele sabia que um membro estava por perto? Teria se arriscado dessa forma? Não esperava nada de Gabriel depois de sua afronta. Andei com a mesma altivez até o meu quarto, mas depois de fechar a porta, com o máximo de cuidado para não fazer barulho, a mesma se esvaiu, como se o modo automático tivesse sido desligado. Só restava eu, Nicollas, encantado e aterrorizado. Tirei o moletom e o dobrei com cuidado, fiz o mesmo com o restante da roupa e coloquei um pijama. As lembranças voltavam devagar, insistentes, e eliminavam qualquer resquício do humor com que estava a pouco. O encontro foi bom, mas passageiro, não conseguiu tirar de vez as sensações ruins que insistiam em voltar. Ah Vinicius. Por quê? Por que você tinha que fazer isso? E agora, como eu reagiria quando te visse? Me joguei na cama e fechei os olhos, eu correria atrás dos prejuízos, sejam eles quais forem.

O despertador tocava e tateei o criado mudo para desliga-lo, não obtive sucesso, abria vagarosamente os olhos e me sentei na cama, desliguei-o e esfreguei os olhos, esses encontros noturnos não faziam muito bem para meu descanso, meus pés tocavam levemente o chão frio, olhei para baixo e localizei minhas pantufas, coloquei-as despreocupadamente, me espreguicei. Parei por um segundo, eu tinha alguma coisa importante a fazer. O que era? Minha mente trabalhava lentamente, nebulosa de sono. Vinicius. O nome foi mais eficiente que qualquer despertador, agilizei meus passos e corri até o banheiro, fiz com o máximo de velocidade minha higiene e corri para me trocar, mas ali estava o caminho com mais bifurcações possíveis, o que vestir? Mamãe sempre me alertara sobre o perigo de se vestir errado, cada ocasião pedia um tipo determinado de traje, mas não me lembro de nenhum conselho sobre como me vestir quando vou encontrar a pessoa que eu gosto e estamos em um momento ... hmm, talvez delicado. Era obrigatório o uso de uniforme durante o período letivo, e como vivíamos na escola, Augustine disponha de uma linha de uniformes variados. Pelo que sabia havia um grupo de meninas, estudantes, da eletiva de Design que ajudavam os verdadeiros estilistas a criar novas coleções todo ano, obviamente já houveram desastres memoráveis, mas o sistema funcionava. Entre moletons, cardigans e jaquetas, optei por uma blusa fina e branca com o brasão da Augustine no lado esquerdo do peito, a calça azul marinho da escola e um tênis preto qualquer, caminhei até o espelho e encarei meu reflexo. Arrumei os cachos e apertei os lábios até se tornarem carmesim. Eu poderia conquistar alguém, não? Analisei todos os elementos da minha face, não era feio, talvez não fosse um ícone, mas definitivamente não era feio. Isso seria suficiente? Não saberia tão cedo.

Joguei os materiais dentro da mochila e sai do quarto, trancando-o. Ainda dentro do complexo de dormitórios comecei minha busca, olhava todos os rostos buscando os traços mediterrâneos únicos, mas meus olhos insistiam em focar nas faces dos candidatos, que ganhavam novos traços à luz do dia, repentinamente senti uma presença ao me lado. Me virei com esperança.

- Oi Rafael.

Ele me olhou com interesse, sempre com seu sorriso divertido.

- Desapontado?

A palavra me tirou da busca. Não, não, não. De forma alguma. Nicollas, mais cuidado com seu tom, disse a mim mesmo. Tentei recompensa-lo com um grande sorriso e uma leve hipérbole.

- Ah não, jamais.

Me arrependi logo depois. Aquilo foi fútil, não passou nem perto do que presumi, eu não estava flertando, estava tentando não parecer desapontado.

- Ainda bem - ele manteve o mesmo semblante, consegui respirar aliviado, minha tentativa de reconciliamento tinha dado certo - Então, já está pensando sobre quem vai ser seu veterano?

Ainda nem tinha pensado sobre aquilo.

- Não - abaixei a cabeça, olhando para meus tênis, e me lembrei de uma questão curiosa - Rafael, eu não entendi o que você disse sobre pistas e...

- Isso não é nada, só um ... teste? - disse ele me cortando, parecia experimentar a palavra - Talvez menos que isso.

- Sendo assim, por que não fui testado?

- Porque eu sei que você não precisa de outro teste. A Mänus corre em suas veias, seu avô, seu pai, você é a terceira geração dentro da irmandade, uma das famílias mais antigas, talvez perca apenas para os Galadinovic nesse quesito.

- Então teme que não consiga passar nos testes, mas quer que eu dê sucessão a linhagem.

Rafael parou, agora sério, me fazendo parar também, olhou para mim de um jeito intenso, me senti exposto diante daqueles olhos azuis tão penetrantes.

- Você não precisa de outro teste porque eu sei que você é inteligente, perspicaz, uma grande promessa para nós.

Fiquei até zonzo com a torrente de elogios que foi desferida contra mim, a primeiro momento emudeci, não sabia com reagir diante daquilo, logo depois achei melhor retomar a antiga pauta de nossa conversa.

- Talvez eu não consiga achar ninguém. Não comecei a decidir quem eu quero, sequer como conquista-lo.

- Não creio que seja um problema para você.

Rafael parecia muito confiante disso, e eu não queria quebrar suas expectativas. O complexo principal despontava no horizonte, o vento frio chicoteava meu rosto e me fazia questionar a escolha da blusa fina. Talvez eu pudesse voltar no intervalo, mas enquanto isso teria que aguentar os calafrios, abracei minha cintura. O silêncio opressivo pesava entre Rafael e eu, fazendo-me questionar se deveria permanecer ao seu lado. Apesar do temor continuei andando junto a ele até a entrada, lá eu consegui articular uma frase.

- Vou para minha sala.

Ele sorriu e respondeu:

- Eu também vou para a minha.

- Te vejo depois.

Ele acenou com a cabeça e andou na direção oposta. Suspirei, alguma coisa estava errada. Aquilo tudo era quase como um, pasmem, flerte. Minha mente riu-se do pensamento, eu não era ninguém perto Rafael, nem era bonito o suficiente para fazê-lo se apaixonar por mim, não poderia ser isso, ele estava sendo gentil, me ajudando, seja qual for a sua intenção, me envergonhei só de pensar sobre essa possibilidade. Seria aquele um teste da irmandade? Não parecia viável, testar cada candidato daquela forma, demoraria muito tempo, e em algum momento todos perceberiam o que estava acontecendo. Eu era especial? Se sim, por que? Não era uma escolha mais óbvia Gabriel Ethos? Afinal ele representava muito mais do que eu. Aquilo me atingiu como um tsunami, todos nós não passávamos de representações, cada um representava alguma coisa. Rafael era a rede unificada e sólida de hotelaria de luxo, Gabriel era as ramificações, igualmente sólidas, de publicidade virtual. E eu? O que eu representava? Mal sabia sobre o quê meu próprio pai tinha, eu deveria saber disso, afinal sentia que estava entrando em um jogo do qual não sabia minhas cartas.

O barulho da multidão de alunos pareceu diminuir, meus olhos se focaram em apenas uma coisa. Vinicius. Os problemas da irmandade, as ajudas de Rafael, tudo sumiu no momento que contemplei aquele rosto. Ele parecia completamente perdido, não sabia como pegar seu café da manhã, e a multidão o jogava de um lado pro outro. Meu peito se aqueceu e caminhei em linha reta até ele.

- Bom dia.

Depois de falar isso me arrependi. Será que ele me trataria normalmente?

- Ah, oi.

Não parecia diferente.

- Precisa de ajuda?

Ele sorriu e meu coração disparou. Pensei que nunca mais veria aquele sorriso.

- Está tão evidente assim?

Ri de sua pergunta.

- Não, de forma alguma. Vem aqui - indiquei o caminho - pega sua bandeja e depois entra em uma das filas.

Ele pegou a bandeja, olhou para as mesas repletas de alimentos variados.

- Qual me recomenda?

Sorri contidamente e caminhei até a mesa de frutas, cereais e iogurte, ele caminhou atrás de mim e, depois de uma curta espera na fila, pegou uma tigela e começou a misturar diversos tipos de cereais. Me foquei em meu café da manhã, peguei um pratinho e alguns pedaços triangulares de abacaxi, derramei um quantidade generosa de mel sobre eles e olhei para a variedade de iogurtes a minha disposição, não poderia ficar debutando por muito tempo, havia uma fila enorme atras de mim, peguei um natural e adicionei granola, um dos hábitos adquiridos com Michelle.

Aquilo bastava para mim, olhei para trás e vi Vinicius me seguindo.

- Aonde quer se sentar?

Ele lançou o olhar sobre as mesas do refeitório, todas lotadas, e voltou a me encarar.

- Vamos lá fora?

Assenti e andamos até os bancos que circundavam o complexo principal, quando chegamos lá colocamos nossas bandejas de lados opostos, de forma que eu e Vinicius ficássemos lado a lado.

- Que isso?

Disse Vinicius apontando para minha taça de iogurte.

- É iogurte e granola.

- Granola é igual a um cereal?

Ri da comparação.

- Sim - disse alegremente - só um pouquinho mais saudável.

- Aposto que deve ser horrível.

Disse ele sorrindo.

- Não é tão ruim. Essa daqui tem castanhas e uvas passas, então fica mais gostoso ... - parei de falar por que Vinicius começara a tentar, falhando miseravelmente, conter o riso - hey, qual é a graça?

- Você gosta de uva passa?

Balancei a cabeça, afirmando ofendido.

- Qual é o problemas das passas?

- As "passas" - disse ele rindo incontrolavelmente - são um desastre culinário. Ninguém gosta disso.

- Claro que não! Existem pessoas que gostam sim de passas!

Ele conseguiu reunir um pouco de seriedade e perguntou, ainda rindo.

- Quem?

- Bom, eu gosto, e tem o... o... - ele me encarava com uma descrença divertida, e eu não conseguia lembrar de mais ninguém que gostasse da iguaria - há, tem muita que gosta!

- E com muita gente você quer dizer você.

- Aposto - disse eu tentando defender a honra do meu café da manhã - que existem mais pessoas que gostam de uvas passas do que pessoas que gostam dessa mistura de cereais aí!

Vinicius parou e ergueu sua tigela com diversos tipos de cereais, encarou com uma admiração intencionalmente cômica.

- Ah Nicollas, isso é o auge da criação culinária humana, provavelmente o prato do século.

Foi minha vez de rir.

- Isso só tem uma mistura de cereais.

- E é aí que entra a genialidade da coisa! Cada sabor se completa, se mistura e temos coisas novas!

- Ou temos uma mistureba.

- O menino não sabe nada da vida - disse ele, fingindo seriedade - vou te mostrar o que é um café da manhã!

Ele pegou uma colherada cheia e a levou até meu rosto, parando a centímetros da minha boca.

- Não vou comer isso.

- Não - disse ele de uma forma manhosa - por favor experimenta.

Olhei para a colher, repleta de flocos de tamanhos, cores e formas diferentes, e depois olhou para ele, suplicando para não me forçar a comer aquilo, mas minha negativa foi quebrada por aquele rosto dengoso, jogando seu charme descaradamente sobre mim. Ah Vinicius.

- Ok.

Disse abrindo a boca relutante, ele sorriu e colocou com cuidado a colher dentro dela, meu coração começara a bater freneticamente, sentindo a tensão dele na colher, fechei minha boca e ele a tirou. Sentia gosto de frutas do Fruit Loops, do chocolate de alguns cereais, e dos flocos de milho açucarados da Kellog's. Não era tão ruim, só um pouco diferente.

- Viu, você amou!

- Não exagera.

- Amou sim!

- Eu acho - disse eu, com um sorriso presunçoso tomando forma - que você deveria experimentar a granola.

- Engraçado, eu não acho.

- Você tem que provar! Para ser justo.

Ele deu de ombros e se aproximou, estendi a taça em sua direção, esperando que Vinicius a pegasse.

- Não, não. Eu te dei na boca, para ser justo - disse ele, usando minhas próprias palavras contra mim - você também tem que me dar na boca.

Oh.

- Eu ... eu - gaguejei levemente pensando sobre o que aquele ato significava - talvez ...

- Há, vamos lá, é uma coisa simples, olha - ele pegou em minha mão, senti o toque acalantado eriçar meu corpo, como se uma onda elétrica atravessa-se-nos. Guiou-a até a colher e fez com que eu a pegasse - pega a colher, e leve até minha boca.

Meus olhos pousaram sobre sua boca, extremamente bem desenhada, repleta de luxúria e desejos obscuros desconhecidos a mim, era o convite perfeito para a perdição.

Minha mão trêmula empunhou debilmente a colher, peguei um pouco de granola e iogurte e levei até sua boca. Minha respiração fora, inconscientemente, cortada, Vinicius abriu sua boca e coloquei a colher lá, ele fechou e continuou olhando para mim, tão sensual e instigante, tirava-a lentamente, meu olhar preso ao seu, hipnotizado, deslumbrado com as possibilidades contidas naqueles olhos negros como uma noite sem estrelas. Ele deu seu veredicto, me tirando do transe em que estava

- Poderia ser pior.

À primeiro momento não respondi, olhei para o lado abaixando minha cabeça, desviando-me daqueles buracos negros, que tão impiedosamente me atraíam.

- É, poderia.

- Tudo bem?

Reuni o máximo de mim e sorri, mesmo sem querer. Ele não é assim, minha mente alertava, você jamais vai conseguir suprir seus desejos. Sim, aquela era a triste verdade, Vinicius nunca seria meu, poderia desfrutar de sua presença, embriagar-me da alegria que seus toques me traziam, mas ele nunca seria igualmente feliz. E de repente eu era egoísta, egoísta por desejar ele ao meu lado, mesmo sabendo que não era algo de seu querer. Egoísta por esperar algo inato a ele. Egoísta por exigir uma chance.

- Sim.

Vinicius não se deu por satisfeito por minha resposta monossilábica.

- Certeza?

- Aham.

- Sério? Por que essa mudança foi meio repentina.

- Absolutamente bem.

O tilintar do sino encerrou nossa conversa. Me virei e peguei minha bandeja mas fui surpreendido pela grande mão de Vinicius, que pela segunda vez hoje fazia contato com a minha.

- Pode deixar que eu levo.

Minha voz desapareceu na garganta, a sensação de formigamento quente onde sua mão tocava bania qualquer possibilidade de raciocínio lógico.

- Não precisa.

Seus olhos negros focavam em mim com uma intensidade descomunal. Seu rosto era pura gentileza.

- Não se preocupe.

Sua mão deixou a minha e tomou a bandeja ao meu lado, levantou e eu o segui. Caminhamos silenciosamente até o refeitório.

- Bom eu acho que vou para minha sala agora.

Vinicius sorriu e respondeu.

- É, eu também vou. Te vejo depois.

Andei vacilante até minha sala. Por que ele tinha que ser assim? Me provocava até o limite da lucidez e depois negava.

Chegando lá vi um tumulto em volta do mural de notícias, decidido, entrei entre as pessoas e via um cartaz muito elaborado com um grande título, " O Reino de Augustine ", anunciando o Baile de Boas Vindas, naquela sexta-feira, esse ano ao estilo gala monárquica. Algo se agitou dentro de mim, não sabia o quê, mas sentia que algo iria acontecer naquele baile.

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Entrei na sala e vi um tumulto em volta do mural de recados, olhei com pouco interesse e andei até meu lugar, sentei-me e abri um dos livros, aleatoriamente, folhei sem muito entusiasmo, apenas esperando o professor chegar. Minha visão periférica captou Beatriz andando com um sorriso de ponta à ponta.

- Michelle, o Baile de Boas Vindas foi anunciado.

Sua empolgação era palpável, ela parecia estar prestes a soltar alguns gritinhos de animação.

- Legal. Olha, não quero te desanimar, mas todos já sabemos do baile. Sempre acontece na sexta-feira da primeira semana da voltas as aulas.

A menina continuava a sorrir, como uma criança escondendo um segredo.

- Sim, mas esse ano é temático!

Minha expressão de surpresa fez com que Beatriz assumisse um semblante de vitória por ter me surpreendido.

- Pensei que nunca mais iam dar um baile temática depois do Luau.

O Luau tinha sido um verdadeiro desastre, todos deveriam ir vestidos a caráter havaiano, com estampas floridas e coloridas, contudo um grupo mal intencionado foi ao baile de sungas, biquínis e saias de palha havaianas, o então diretor quase teve um surto, e os bailes adquiriram um tom mais sério, geralmente um jantar seguido de uma dança inocente.

- Sim, mas vão dar! - disse ela, com a excitação aumentando a cada instante - E o tema é monarquia, " O Reino de Augustine "! Todos trajados à gala monárquica.

Revirei os olhos.

- Metade dos presentes não vão ir vestidos como devem.

Beatriz perguntou:

- Por quê?

Ri com leveza.

- Eles não sabem o que monarquia significa.

Ambas rimos. Sempre me impressionava com o intelecto ridiculamente inferior de alguns ali.

- Você é tão má - e ela riu-se mais um pouco - Eu amo isso.

Lancei um sorriso para ela. Ao pensar no baile algo se agitou em mim, não sabia o quê, mas sentia que algo iria acontecer naquele baile.

Comentários

Há 5 comentários.

Por indieboy em 2015-12-22 17:05:05
estou simplesmente amando, li tudo de uma vez e estou ansioso pelos próximos episódios!!!
Por Sirferrow em 2015-12-21 17:20:32
Primeiramente, VOCÊ QUER ME MATAR DE ANSIEDADE? Pensei que tinha desistido da série, já estava em depressão kkkk. Ótimo capitulo, estou gostando cada vez mais da história. Nicollas está cada vez mais maduro isso é bastante visível no decorrer dos capítulos (você demorou tanto que tive que reler tudo pra relembrar kkk). Não desista nunca dessa série maravilhosa (Sua escrita está cada vez mais excepcional). E por favor, NÃO DEMORA!! Obrigado. Kk
Por Sammy Fox em 2015-12-21 16:41:49
Super ansioso para esse baile, gente deve acontecer algumas coisas descoladas com uns certos personagens rsrsrs achei o vini um fofo nesse capítulo e senti faíscas entre rafael e nicolas, cada vez melhor
Por BielRock em 2015-12-20 13:19:18
Ufa, aleluia que volto, tava tendo um treco já. Velho, tô shippando horrores o Rafa com o Nic *-* acho o Rafa um romântico misterioso e eu quero que o Nic escolha ele. Tô amando sua história demais demais demais só não demora mais a postar ein. Achei o Vini super fofo hoje, mas não shippo ele com o Nic #fato. Que baile ein, aposto que vai acontecer vaaaarias coisas nesse baile aí. Beijos e até a próxima 😘
Por Henry Thorne em 2015-12-20 12:27:05
Até que enfim voltou :') espero que esteja tudo bem migo, bom o capítulo foi um tanto surpreendente, Vinicius de bem e carinhoso com Nicollas foi meio... ham esclarecedor, o que pode ser amor pode ser amizade, estou super ansioso pela narração dele, eu percebi uma coisinha, o Nicollas esta mais forte com os encantos do vinicius, ainda esta se deixando levar, mas esta bem mais controlado, demorei para perceber isso e amei, o personagem está crescendo :') Não sei por que eu shippo o nichollas com o rafael, mas ele vai arranjar problemas para ele como você me disse, só quero saber se vai ser intencional de maneira maldosa. Sobre o baile de boas vindas eu acho que vai acontecer algumas coisa meio reveladora, só espero que não seja algo que prejudique o nic. Ainda bem que voltou! Amei esse capítulo, estou muito triste com o fraco movimento daqui, ainda bem que teve capítulo novo dessa série maravilhosa para alegrar o meu dia :') e saber o que estar por vim :3 beijos e abraços fique bem